Por Vandson Lima, Raphael Di Cunto e Maria Cristina Fernandes – Valor Econômico
BRASÍLIA - Em articulação comandada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e que contrariou o governador paulista Geraldo Alckmin, o senador Aécio Neves teve seu mandato como presidente do PSDB prorrogado até maio de 2018. A medida visa evitar a precipitação da disputa interna pela candidatura tucana à Presidência da República, em 2018, e significou uma clara derrota para Alckmin.
A manobra contou, inclusive, com o apoio do chanceler José Serra, ele próprio um dos "presidenciáveis" do partido. Nos bastidores, tucanos avaliam que a união de Aécio e Serra busca frear a ascensão de Alckmin, que saiu fortalecido das eleições municipais ao bancar a bem-sucedida candidatura de João Dória. A Executiva nacional do partido aprovou a mudança por 29 votos a 2. Os dois votos contrários foram dos deputados Silvio Torres e Eduardo Cury, ligados a Alckmin.
PSDB prorroga mandato de Aécio no comando da sigla
Em uma articulação capitaneada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e amplamente apoiada dentro do partido, Aécio Neves (MG) teve seu mandato no comando do PSDB prorrogado até maio de 2018.
A Executiva nacional da sigla, que também terá sua permanência estendida pelo período, aprovou a mudança por 29 votos a 2. A medida visa evitar a precipitação da disputa interna pela candidatura tucana à Presidência da República, em 2018. Mas o resultado deixou claro se tratar de um revés para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin que, como Aécio, foi pessoalmente avisado da iniciativa pelo ex-presidente. Os únicos dois votantes contrários à mudança são justamente nomes ligados a Alckmin: os deputados federais Silvio Torres, que integra a Executiva e também foi reconduzido, e Eduardo Cury.
"A decisão retira da pauta de 2017, que será um ano complicado e com uma agenda econômica a enfrentar, qualquer tipo de disputa ou desentendimento. Precipitar a disputa em um partido que se fortaleceu tanto nas eleições municipais poderia levar à perda de quadros, em razão da vitória de um determinado grupo político", defendeu Aécio.
Ministro de Relações Exteriores e também cotado para a candidatura presidencial, José Serra apoiou a decisão e ressaltou a necessidade de o partido concentrar esforços no auxílio à gestão do presidente Michel Temer. "Trazer disputas de 2018 para cá seria péssimo para o PSDB, para o governo e para o país. É uma solução que ajuda a manter a unidade do partido e concentrar nossos esforços para que o governo Temer dê certo", observou. Nos bastidores, tucanos apontam que a junção de forças de Aécio e Serra visa frear a ascensão de Alckmin, que saiu muito fortalecido ao bancar a bem-sucedida candidatura de João Doria a prefeito da capital paulista.
Segundo tucanos, FHC procurou previamente tanto Aécio quanto Alckmin para tratar da extensão dos mandatos, que não é uma novidade no partido: José Aníbal (SP) e Sérgio Guerra (PE) e Teotônio Vilela (AL) já tiveram, em oportunidades anteriores, os mandatos prorrogados antes do ano eleitoral com o mesmo argumento: evitar a antecipação da disputa interna.
Na reunião ontem, em Brasília, foi apresentada uma carta de FHC, presidente de honra da sigla e que está em viagem nos EUA, em favor da mudança. Ligados a Alckmin, Torres sustentou uma postura mais dura, defendendo que a prorrogação dos mandatos fosse no máximo até fins de 2017; e Cury disse que não era contra, mas que achava a condução incorreta, pois a mudança sequer constava na pauta da reunião. Mas foram vencidos.