“Não se trata de atrair “eleitores do centro”, mas de atrair os eleitores em geral. É preciso que o candidato tome posição e diga com clareza o que pensa fazer no país como um todo, mas sem esquecer que as “pessoas” têm aspirações e demandas concretas, e é em função dessas expectativas que agem.
A polarização atual está centrada na política e o presidente foi eleito em um momento no qual cabia uma agenda negativa (dizer não ao PT, não à criminalidade e não à corrupção). É se de esperar que em 2022 o eleitorado queira uma agenda positiva.
Centrada em seus interesses concretos. Decência política e retomada do crescimento para gerar emprego devem ser a pauta do centro. Eficiência na segurança pública. Melhor educação, saúde e mobilidade urbana. “Brasil em primeiro lugar”, sem um governo que fragmente a sociedade e polarize a vida política.
Eleições não são o melhor momento para pactos. Os candidatos, isso sim, devem se comprometer com as instituições, mesmo sabendo que nossa cultura política tradicional é personalística e clientelista. Bom candidato tem convicções e lidera: imprime sua marca, não repete o que supõe que todos querem.
O candidato deve, ao mesmo tempo, criticar a fragmentação partidária e prestigiar as instituições da democracia, como o Judiciário e o próprio Congresso. A Constituição é o pacto básico. Há que cumpri-la; a lei vale para todos. Não é preciso inventar a pólvora...”
*Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, ex-presidente, O Globo, 17/11/2019.