• Presidente em exercício discursou no Global Agribusiness Forum 2016, em São Paulo, e disse que objetivo é 'colocar o Brasil nos trilhos em dois anos e meio' caso seja ratificado no cargo
José Roberto Gomes e Álvaro Campos - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O Presidente da República em exercício, Michel Temer, voltou a afirmar na manhã desta segunda-feira, 4, durante a cerimônia de abertura do Global Agribusiness Forum 2016 (GAF 16), em São Paulo, que “apanhou o Brasil em um momento difícil”. “Os senhores sabem as dificuldades que estamos enfrentando”, disse a uma plateia formada por diversos representantes do agronegócio brasileiro e de outros 40 países. “Em 47 dias de governo já fizemos muita coisa. Conseguimos fazer a conexão entre o Legislativo e o Executivo.”
Temer agradeceu o manifesto de apoio a seu governo, que recebeu minutos antes de seu discurso, e lembrou da expressão “verba volant scripta manent”, em referência à carta enviada então à presidente Dilma Rousseff, no fim do ano passado. O manifesto é assinado por 46 entidades e destaca o ministério formado por Temer.
O presidente em exercício afirmou ainda que “constituímos o governo em poucos dias”. “Montamos uma equipe econômica que há muito tempo não se via e escolhemos um ministro da Agricultura (Blairo Maggi) aplaudido pelo setor”, disse. “Precisamos fazer a pacificação nacional, religar todos os brasileiros”, acrescentou.
Temer também aproveitou a ocasião para frisar que tem “maioria extraordinária na Câmara (dos Deputados)”, lembrando a aprovação da Desvinculação das Receitas da União (DRU) e da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Gastos Públicos, “elaborada com lideranças do Congresso”.
Ainda a respeito dos gastos públicos, Temer comentou que seu governo “deu respiro fundamental para os Estados”. “Estados estão em dificuldades e nós conseguimos fazer reprogramação do acordo da dívida”, disse, acrescentando que pede, “em contrapartida”, que os Estados também limitem seus gastos.
Ele afirmou que seu objetivo é “colocar o Brasil nos trilhos em dois anos e meio”, caso seja ratificado no cargo após a votação final do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado, marcada para agosto. Ele participa hoje da cerimônia de abertura do Global Agribusiness Forum 2016 (GAF 16), em São Paulo.
“Se conseguir isso, já basta”, disse Temer. “Após agosto pretendo viajar a vários países para incentivar o investimento no Brasil. Para recuperar emprego é preciso confiança, que gera investimentos”, comentou. Para ele, o investidor externo está aguardando a definição política para voltar a investir no País.
Temer aproveitou o evento para falar sobre o aumento dos gastos para o funcionalismo público, o qual, segundo ele, já estava contemplado no orçamento deste ano, que prevê déficit de R$ 170,5 bilhões. “O aumento do funcionalismo já estava negociado e é abaixo da inflação. Se não déssemos ajuste já negociado, movimentos políticos cobrariam. Seria desastroso”, disse, frisando que o governo ainda está em “contenção forte” de gastos.
Para finalizar, Temer afirmou que manterá os programas sociais. “Enquanto houver pobreza, precisamos do Bolsa Família e do Minha Casa Minha Vida. O primeiro dos direitos sociais é o emprego.” Além disso, Temer fez um afago ao agronegócio nacional, dizendo que o Brasil “é o grande celeiro do mundo” em termos de produção de alimentos.
Alckmin. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), falou no evento que o destino colocou nas mãos de Temer “o desafio de retomar a primavera de democracia, crescimento e paz” e ressaltou que o mandatário terá seu apoio nessa tarefa.
Além de Alckmin, também estão presentes diversos ministros e o governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB).