sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Opinião do dia: Dora Kramer

Efeito colateral. A reação do governo ao cenário do Banco Santander pode de fato inibir analistas de mercado de traçar perspectivas da economia ligadas ao resultado das eleições.

Mas poderá também ter despertado a percepção geral sobre a vocação intervencionista e o gosto pelo autoritarismo dos atuais ocupantes do Palácio do Planalto e adjacências.

Dora Kramer é jornalista. Sinuca de bico. O Estado de S. Paulo, 31 de julho de 2014

Aécio vai lançar campanha contra votos nulos e abstenções

Vote em alguém. Tucano vai lançar vídeos sem nome nos quais associa slogan da Justiça Eleitoral pelo comparecimento no da votação à idéia de ‘mudança’; avaliação do comitê do PSDB é de que votos brancos e nulos e ausência são mais benéficos a Dilma

Débora Bergamasco - O Estado de S. Paulo

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), vai anunciar na semana que vem sua adesão ao movimento #VempraUrna, uma campanha oficial do Tribunal Superior Eleitoral. O comando da candidatura do tucano avalia que as altas taxas de intenções de votos nulos e brancos nas pesquisas e as abstenções podem favorecer a reeleição da presidente Dilma Rousseff no primeiro turno.

Em um vídeo que será veiculado nas redes sociais de Aécio, o candidato vai comunicar seu apoio à campanha do TSE. Ao mesmo tempo, o PSDB passará a divulgar gravações produzidas pela equipe de marketing da candidatura tucana que fazem alusão à campanha oficial do tribunal. A peça partidária, porém, inclui sutilmente a ideia de "mudança", jamais contemplada na publicidade oficial da Justiça Eleitoral.

Em um dos vídeos, o jingle diz: "Vem pra urna pra fazer a diferença, que mudança não acontece com indiferença" e "vem, Brasil, que esse país é cheio de beleza, que a gente não merece ter tristeza".

O objetivo é tentar convencer o eleitor que está descrente da política. Conforme a mais recente pesquisa Ibope sobre a corrida presidencial, 25% dos eleitores não têm candidato ou pretendem votar nulo ou em branco. Em julho de 2010, também a pouco mais de três meses das eleições, essa taxa era bem menor, de 19%, de acordo com levantamento do mesmo instituto.

Desconhecimento. Tucanos atribuem o fato ao desinteresse por eleição especialmente dos jovens entre 16 e 24 anos e à chamada taxa de desconhecimento dos presidenciáveis de oposição. Se houver uma redução das taxas de abstenção e de votos nulos e brancos, a campanha do PSDB acredita que Aécio e outros oposicionistas serão os beneficiados, reforçando a possibilidade de segundo turno na disputa presidencial.

No cenário de um 2.º turno entre Dilma e o tucano da mais recente pesquisa do Ibope, Aécio aparece com 33% das intenções de voto. A presidente tem 41%. No cenário do 1.º turno, Dilma tem 38% contra 22% do tucano.

No material produzido pela equipe do presidenciável do PSDB não haverá nenhuma referência a candidatos ou a partidos políticos, dando um caráter suprapartidário.
Aécio não vai aparecer nos materiais de divulgação e sua participação ficará restrita ao vídeo em que vai dizer publicamente que apoia a ação.

Estão sendo produzidos videoclipes em ritmo de rock, samba, forró e xote. Além de jingle, cartoon, descanso de tela, template, panfletos e outros materiais gráficos, que serão distribuídos por militantes tucanos, entre blogueiros, nas redes do partido e para quem mais quiser ajudar a divulgar a ideia.

A abstenção é outro fator determinante para que o candidato concentre o esforço de seus marqueteiros nesta ação eleitoral. Em 1998, o índice foi de 21,5%. No pleito de 2002, foi de 17,7%. Em 2006 o número atingiu 16,7%. E em 2010 a taxa de faltosos voltou a crescer, atingindo 18,1%.

Rede social. Os vídeos não deverão ser veiculados no programa eleitoral gratuito de Aécio no rádio e na TV. A aposta é na divulgação por meio da página do Facebook da campanha. A página do candidato na rede social acaba de atingir 1 milhão de seguidores. O número foi comemorado pelo marketing do PSDB, mas internamente admite-se que a plataforma ainda está longe de obter protagonismo na campanha, pois o Brasil possui 142,8 milhões de eleitores, segundo o TSE.

Nordeste merecerá atenção especial, afirma Aécio Neves

• Tucano diz que planeja investimentos e um grande choque de infraestrutura na região

Suzana Inhesta - O Estado de S. Paulo

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, afirmou nesta quinta-feira que a região Nordeste merecerá uma "atenção especial" na campanha. "Estamos construindo um plano para o Nordeste, com investimentos, com grande choque de infraestrutura, atração de novos investimentos, inclusive com regras tributárias específicas", afirmou hoje a jornalistas, na inauguração de seu comitê na capital mineira.

O candidato informou que, na semana dos dias 12, 13 e 14 de agosto, estará viajando pelos Estados do Nordeste apresentando a discussão desse plano com acadêmicos, universitários, organizações não-governamentais, prefeitos, vereadores, entre outros. "Levaremos exemplos do que fizemos em Minas Gerais. Ao final do nosso mandato, gastamos três vezes mais per capita na região mais pobre de Minas do que nas regiões mais ricas", declarou. "Mas o Brasil inteiro é prioridade".

Não é a primeira vez que Aécio acena com medidas específicas para o Nordeste. Em junho, em visitas a Pernambuco e à Paraíba, o candidato havia prometido o programa "Novo Nordeste", específico para a região, onde o PT teve larga vantagem nas últimas eleições presidenciais.

Comitê. Pessoas com faixas, camisetas, adesivos da campanha dos candidatos da coligação "Todos por Minas" e "Muda Brasil" tomaram conta da calçada do antigo Hotel Del Rey, no centro da capital mineira, no início da tarde de hoje para a inauguração do comitê do candidato do PSDB à Presidência da República. Outro grupo - composto em sua maioria de jovens - tomou conta da Praça Afonso Arinos para recepcionar o candidato ao governo do Estado, Pimenta da Veiga (PSDB), seu vice, Dinis Pinheiro (PP), e o candidato ao Senado, Antonio Anastasia (PSDB).

Os três foram os primeiros a chegar à praça, por volta das 13h25, e caminharam pelas ruas do centro até o antigo hotel, um dos mais movimentados durante as décadas de 50 e 60, localizado nas esquinas da Avenida Augusto de Lima e Rua Goiás, e transformado agora em comitê.

Vinte minutos depois, Aécio chegou ao comitê, que já estava tomado tanto no térreo quanto nas escadas e mezanino. Pelo cálculo da assessoria das campanhas, cerca de duas mil pessoas participaram da inauguração. Entre as bandeiras do partido, estavam algumas da Força Sindical, que entregou um documento de manifesto de apoio à campanha tucana.

Palanque. O atual governador do Estado, Alberto Pinto Coelho (PP), e Maria Estela Kubitschek, filha do presidente Juscelino Kubitschek, estavam no palanque. "A emoção me impede de falar. Hoje vivemos um momento único. Há exatos 60 anos, JK iniciou caminhada à Presidência e os resultados todos conhecemos. 30 anos mais tarde, foi a vez de Tancredo Neves que redemocratizou o País. Hoje, passados mais 30 anos, vemos em você o herdeiro dos princípios de suas família. Trago apoio de toda a família Kubitschek."

Já o governador de Minas, Pinto Coelho, em seu rápido discurso, afirmou que "já há uma tomada de consciência no País de renovação, mudança". Sobre Pimenta, o governador disse que o político dará continuidade à "obra magnífica" feita por Aécio e Anastasia.

Em sua fala, Aécio exaltou Minas Gerais e pediu voto tanto para ele e os demais candidatos de seu partido. "Hoje a emoção transcende todos os limites. Não sou mais candidato do PSDB, nem de coligação ampla, mas do resgate de valores que Minas inspira os brasileiros. Quero pedir a cada um que sejam a minha voz e a emoção, para eu ter muita coragem e determinação, porque eu vou vencer essa eleição", afirmou.

Aécio culpa Anac pela não regularização de aeroporto

• Senador diz que não sabia que agência não tinha homologado pista em Cláudio; para Campos, tucano "acertou" ao reconhecer erro

Paulo Peixoto e Felipe Bachtold - Folha de S. Paulo

BELO HORIZONTE e PORTO ALEGRE - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, culpou a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) nesta quinta-feira (31) pelo fato de o aeroporto de Cláudio (MG) não ter sido ainda homologado.

De acordo com Aécio, há uma "grande demora" da agência nesse processo, o que fez com ele usasse inadvertidamente a pista do aeroporto, construído na terra do seu tio-avô desapropriada pelo governo do Estado em 2008, quando Aécio era governador.

Questionado sobre o aeroporto e o fato de tê-lo usado "três ou quatro vezes", como admitiu, o senador repetiu que a obra foi "corretíssima e planejada como milhares de outras obras feitas em Minas".

"O que há, na verdade, é uma grande demora da Anac para fazer essas homologações, e fui de forma inadvertida. Não me preocupei efetivamente em saber se havia ou não homologação da pista. Se isso é um erro, eu assumo esse erro", disse Aécio.

Ele defendeu a obra: "O tempo mostrará a correção da obra, a transparência com que foi feita, o Ministério Público mostrou isso".

A Folha revelou no dia 20 de julho que o governo de Minas gastou R$ 13,9 milhões para construir o aeroporto no terreno desapropriado do tio-avô de Aécio, Múcio Tolentino, e cujas chaves ficavam guardadas com um parente do senador. No dia seguinte, a Anac disse que a pista não tem autorização para receber pousos e decolagens porque falta documentação.

A agência disse ainda que investigaria eventuais pousos irregulares na pista e que poderia punir os responsáveis.

Rival de Aécio na disputa pelo Planalto, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) disse nesta quinta, em Porto Alegre, que o tucano "acertou" ao reconhecer que usou o aeroporto.

"Acho que o Aécio acertou, mesmo que depois de algum tempo, tardiamente, ao reconhecer um erro. As pessoas devem ter humildade não só na vida pública, mas na vida, de dizer: Errei", pedir desculpa e pagar pelo seu erro, na forma em que houver de se pagar", afirmou o ex-governador sobre o caso.

Tucanos protocolam representação contra presidente

• Partido pede apuração de prática de improbidade administrativa durante sabatina

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA- A coordenação jurídica do PSDB, comandada pelo deputado Carlos Sampaio (PSDBSP), protocolou ontem representação na Procuradoria da República do Distrito Federal solicitando a abertura de investigação para apurar a prática de ato de improbidade administrativa contra a presidente Dilma Rousseff e os ministros que a acompanharam quarta-feira em um evento de campanha, na Confederação Nacional da Indústria (CNI). — Esperamos uma atuação firme do Ministério Público com o objetivo de resgatar a moralidade no trato da coisa pública pelo governo federal — disse Carlos Sampaio.

Uso da estrutura pública
Estiveram no ato os ministros Aloizio Mercadante (C asa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Thomas Traumann (Comunicação), Garibaldi Alves (Previdência), Guilherme Afif Domingos (Pequenas e Micro Empresas), Mauro Borges (Indústria e Comércio) e Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia), além do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. 

Em nota, os tucanos afirmaram que "agentes públicos " deixaram suas atribuições para com a sociedade para "servir em aos in ter esses exclusivos de uma candidatura, no caso , a do Partido dos Trabalhadores – PT". "Diante da insistência da candidata Dilma Rousseff em fazer uso da estrutura do governo federal em benefício próprio, prática essa reiterada no dia de ontem com a participação de 6 (seis) ministros de Estado na sabatina promovida pela Confederação Nacional das Indústrias – CNI, ato esse exclusivo de campanha eleitoral, entendemos que essa atitude constitui ato de improbidade administrativa por permitir a utilização de trabalho de servidor público para atender interesses particulares, nos termos do art. 10, inciso XIII, da Lei 8.429/92, que pune os atos praticados por servidores públicos que causem danos ao Erário" , diz a nota.

Marina faz caminhada com Campos em Porto Alegre

• Intensificar agenda conjunta com Marina é estratégia para tornar Campos mais conhecido, segundo assessoria do candidato

Gabriela Lara – O Estado de S. Paulo

A ex-senadora Marina Silva chegou à capital gaúcha no final da manhã desta quinta-feira, 31, para se unir ao ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), em atos de campanha no Rio Grande do Sul. No início do dia, o candidato do PSB à Presidência participou sozinho de evento organizado pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) e, depois, concedeu entrevista coletiva. Marina, sua vice, se encontrou com ele por volta do meio-dia para fazer uma caminhada pelo centro da cidade.

Durante cerca de meia hora, eles percorreram as ruas acompanhados do candidato do PMDB ao governo gaúcho, José Ivo Sartori (PMDB), e pelo aspirante ao Senado Beto Albuquerque (PSB). Cercados por militantes, eles posicionaram um caixote no Largo Glênio Peres e disseram algumas palavras para os pedestres que passavam pelo local.

De acordo com a assessoria de Campos, intensificar a agenda conjunta com Marina é uma estratégia para tornar o candidato mais conhecido, principalmente nas localidades onde Marina fez uma boa votação em 2010.

Nos bastidores, o PSB reconhece que muitos eleitores de Marina ainda não sabem que ela é vice de Campos. Por isso, pelo menos nas próximas duas semanas eles devem cumprir agendas juntos, como vem ocorrendo nos últimos dias. No início da campanha, ao contrário, era mais comum que eles se separassem para cobrir uma área geográfica maior.

Depois de almoçar, hoje, Campos e Marina se reuniram com representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag). À tarde eles têm outros encontros setoriais e, no fim do dia, finalizando a agenda, inauguram o Comitê Central Eduardo, Marina, Sartori e Beto. Nesta sexta-feira, 01, eles seguem para Pelotas e Rio Grande, no interior do Estado.

Eduardo ataca "as raposas"

- Correio Braziliense

• Durante evento em Porto Alegre, presidenciável do PSB reafirma que, se eleito, deixará políticos como Renan Calheiros, Fernando Collor e José Sarney na oposição. A uma plateia de prefeitos, ele se apresentou como a "nova política"

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos (PE), voltou a prometer, caso seja eleito, que mandará para a oposição "as raposas" Renan Calheiros (PMDB-AL), Fernando Collor (PTB-AL) e José Sarney (PMDB-AP). O pessebista participou, na manhã de ontem, de um debate, em Porto Alegre, promovido pela Federação dos Municípios do Estado. Os candidatos Pastor Everaldo (PSC) e Luciana Genro (Psol) também compareceram ao evento. Falando para uma plateia formada basicamente por prefeitos, Campos se apresentou como representante da "nova política" e assegurou que ampliará o repasse de recursos para saúde e aumentará em 2% o volume do IPI e do Imposto de Renda destinados aos municípios.

Ele aproveitou a oportunidade para atacar a presidente Dilma Rousseff (PT) e criticou a forma como a petista vem se apresentando na campanha eleitoral até o momento. Ressaltou que quem "terceriza a campanha para os marqueteiros" não tem como fazer um governo inovador. "As pessoas querem mais governantes de carne e osso, que a gente vê, que sente que tem compromisso, do que governantes encastelados nos palácios", salientou.

À tarde, Campos repetiu um gesto de quando disputou, em 2006, o governo de Pernambuco pela primeira vez. Após caminhada pelo central da capital gaúcha, discursou em cima de um caixote. Em Pernambuco, os discursos improvisados viraram marca de campanha. O "palanque" ganhou o nome de Caixote 40, em uma referência ao número do candidato.

Estavam presentes no evento de ontem, além da vice na chapa, Marina Silva, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), o ex-prefeito José Fogaça (PMDB-RS) e o atual vice-governador do Rio Grande do Sul, Beto Grill (PSB), atualmente rompido com o governador Tarso Genro (PT). O ato ocorreu em frente ao Mercado Público, um dos locais mais populares da capital gaúcha. Pouca gente parou para prestar atenção no que o candidato pessebista estava falando.

Fiéis resistem a seguir a igreja e repetir o voto na presidente

Letícia Casado - Valor Econômico

SÃO PAULO - A pulseirinha que dava acesso à inauguração do Templo de Salomão foi um dos objetos mais desejados durante a semana. Fiéis, jornalistas e curiosos queriam estar no culto celebrado pelo bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, e cuja inauguração, ontem, contou com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), do governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito da capital paulista Fernando Haddad (PT).

Os entrevistados foram unânimes em dizer que a recomendação da igreja não é decisiva na hora de votar. Entre dez entrevistados ouvidos pela reportagem - sendo dois evangélicos de outra igreja e um católico - que assistiam o culto na rua em frente ao templo, apenas três disseram já ter decidido o voto para presidente, e que será em Dilma. Os outros disseram ainda não saber. Apenas um conhecia Aécio Neves e nenhum conhecia Eduardo Campos.

Manuel Santos, 58, dono de uma empresa de construção, diz que votou em Dilma em 2010 e que "de jeito nenhum" vai votar nela de novo porque "está tudo ruim, de hospitais ao futebol". "Ela está atrás de votos porque sabe que a Igreja Universal é a mais forte entre evangélicos", diz, acrescentando que Alckmin é o pior político e São Paulo está impossível, do trânsito à criminalidade. "Eu preferia o [ex-governador Paulo] Maluf", diz Santos. Sua mulher, uma "obreira" (funcionária voluntária) da Universal, que pediu para não ter o nome revelado, disse que também votou em Dilma em 2010 e não vai votar agora, "mesmo que a igreja a apoie". A Universal é ligada ao PRB, da base da presidente.

O casal diz não ter percebido nenhuma diferença no tratamento dado por Dilma aos evangélicos e a outros religiosos. Mas Santos não gostou da aprovação da união estável entre homossexuais pelo Supremo: "Foi Dilma ganhar e agora pode casar homem com homem e mulher com mulher". Mesmo assim, ele não apoia Marina Silva, vice de Eduardo Campos (PSB). Para ele, Marina é "traíra" porque "recebeu cargo de confiança do [ex presidente Luiz Inácio] Lula [da Silva] e depois virou as costas para ele". Marina foi ministra de Lula.

As 10 mil cadeiras do templo estavam ocupadas durante o culto. "Nada pode dar errado amanhã", disse, na quarta-feira, o pastor Igor. "Nem eu consegui acesso". Para a celebração de ontem foram convidadas apenas autoridades, personalidades, como o apresentador Silvio Santos, e bispos e lideranças da Universal no Brasil e no mundo. Há mais de 7,5 mil igrejas da Universal, segundo o site da congregação.

O Templo de Salomão pode ser uma aposta de Edir Macedo para recuperar fiéis. A Universal foi fundada em julho de 1977 por Edir Macedo. De lá para cá, sua importância caiu entre os evangélicos.

Em 1991, 14 anos depois de ter sido fundada, a Universal somava 269 mil fiéis - 2% do total de evangélicos do país, que segundo o IBGE era de 13,189 milhões. Em 2000, o Censo apontou crescimento significativo no número de evangélicos - 26,185 milhões - e expressivo aumento no total de fiéis da Universal, que passou para 2,1 milhões (8% do total). Mas o Censo de 2010 registrou queda no rebanho da Universal, com 1,873 milhão (4%). O número de evangélicos continuou a crescer, em ritmo menor, e atingiu 42,2 milhões de pessoas. A igreja com mais fiéis, 12,3 milhões (29%), é a Assembleia de Deus.

Campos diz que Aécio já dá sinais de que vai ‘se entregar à velha política’

• Candidato do PSB afirma ainda que vê país a caminho do ‘atoleiro’, e promete botar ‘raposas’ Sarney, Renan e Collor na oposição

Flávio Ilha – O Globo

PORTO ALEGRE – O candidato do PSB à presidência da República, Eduardo Campos, manteve elevado o tom do discurso adotado nas primeiras semanas da campanha eleitoral e voltou ontem (quinta-feira) a atacar seus adversários.

Durante congresso de prefeitos em Porto Alegre, disse que as articulações políticas para manter a governabilidade da presidente Dilma Rousseff estão levando o país para o “atoleiro”. Em relação a Aécio Neves, candidato do que chamou de “oposição clássica”, afirmou que o senador já dá sinais de que também “vai se entregar à velha política”.

Com extensa agenda no Estado, que inclui roteiros nesta quinta-feira em Pelotas e Rio Grande, Campos prometeu que não vai governar com apoio do ex-presidente José Sarney (PMDB), do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB), e nem do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), e disse que vai “botar aquelas raposas na oposição”.

- Não se iludam, essas raposas estão com o pé em duas canoas. Uma canoa da Dilma e outra canoa do Aécio. A Dilma quer governar com eles, o Aécio também quer governar com eles. Mas vocês vão ver pela primeira vez, nos últimos 20 anos, essas raposas sentarem nas cadeiras da oposição – afirmou.

O socialista também se referiu ao episódio da pavimentação de uma pista de pouso na cidade mineira de Cláudio durante o governo de Aécio Neves em Minas – o aeroporto fica nas terras de um tio-avô do candidato tucano à presidência.

- Mesmo que tardiamente, Aécio acertou ao reconhecer que errou (ao usar a pista). As pessoas devem ter humildade na vida pública, pedir desculpas e pagar pelos seus erros na forma devida – disse.

O candidato, que foi ao congresso de prefeitos acompanhado das principais lideranças do PMDB do Rio Grande do Sul, incluindo o senador Pedro Simon, o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e o candidato ao governo do Estado, José Ivo Sartori, fez questão de salientar que incluirá num eventual governo socialista setores do PMDB, do PDT e até do PT, desde que seja “gente honrada e séria”.

- Não vamos dividir o Brasil por legendas partidárias. Essa força renovadora da sociedade será suprapartidária – ponderou.

Campos disse que o Brasil enfrenta a maior crise fiscal da história da República, que ameaça de “derreter” os empregos em curto prazo.

- Estamos vivendo o pior dos cenários, com baixo crescimento, inflação que volta e juros lá em cima. Esse é o cenário que já está derretendo os empregos na indústria e que ameaça desconstruir as conquistas que tivemos nos últimos anos. Por isso oferecemos ao Brasil, eu e Marina, a única opção de mandar para a oposição um bocado de gente que já tem muito tempo nisso e que faz da política algo feio – disse.

Depois de participar do Congresso, o candidato fez uma caminhada pelo Centro de Porto Alegre que contou com a presença de candidatos a deputados federais e estaduais. A candidata à vice-presidência pela chapa socialista, Marina Silva, se juntou a Campos durante a caminhada.

Os dois improvisaram um comício no largo Glênio Peres, em frente ao Mercado Público. Sobre um caixote de madeira, Campos voltou a prometer que não irá governar com Sarney, Renan e Collor. Marina, por sua vez, classificou o senador Pedro Simon como “patriarca da boa política”.

No final da tarde, Campos e Marina participaram da inauguração do comitê central da campanha do PSB no Rio Grande do Sul.

Garotinho ironiza PT ao dizer que terá pouco dinheiro para campanha

• Candidato lembrou de arrecadação que o partido conseguiu pela internet para pagar multa de mensaleiros

Leandra Lima – O Globo

RIO — O candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PR Anthony Garotinho alfinetou o PT ao falar do poder de arrecadação do partido, dando como exemplo a “vaquinha” que os petistas fizeram pela internet para pagar as multas dos políticos de alto escalão do partido que foram presos após o julgamento do mensalão. A declaração foi dada na tarde desta quinta-feira durante reunião que o ex-governador organizou para aproximadamente mil candidatos, presidentes de diretórios e coordenadores de área de campanha do PR.

— Como é que eu vou competir com o Pezão em dinheiro, com a máquina do estado? Vou competir com o PT? Eles fizeram uma vaquinha de só três dias na internet e arrecada R$ 5 milhões, imagina esse povo solto fazendo campanha? Isso é uma barbaridade. Então a gente tem que economizar — disse o candidato, que faz parte da base aliada da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT). Garotinho não fez qualquer menção de apoio à presidente durante o encontro.

Durante a reunião, o deputado federal conclamou seus cabos eleitorais a propagarem as propostas de governo de sua autoria durante campanhas que cada um fizer nas ruas e na internet. Garotinho passou também as diretrizes para seus cabos eleitorais utilizarem o material de campanha. O postulante ao Palácio Guanabara anunciou ainda a criação do canal do PR fluminense na internet, que irá ao ar na próxima segunda.

A reunião de campanha contou com a presença de sua mulher e prefeita de Campos do Goytacazes, Rosinha Garotinho (PR), e a filha candidata a deputada federal Clarissa Garotinho (PR).

Ataques a Crivella
A candidata ao Senado Federal na chapa de Garotinho, Lilian Sá (PROS), disse que a declaração do candidato ao governo Marcelo Crivella (PRB) de que miseráveis da Baixada Fluminense roubariam na capital foi grave e discriminatória.

— Isso é discriminação. O Crivella está chamando o povo pobre de bandido. Isso é muito grave. Foi muito chato —afirmou.

Durante o encontro, foram distribuídos exemplares de jornal com imagens do candidato Marcelo Crivella e do bispo Edir Macedo com chifres na cabeça seguidas da manchete “Edir Macedo e Crivella são o diabo em forma de gente”. Garotinho disputa com o ex-ministro da Pesca os votos do público evangélico.

Desafio de Dilma é rejeição nos maiores colégios eleitorais

• Nos dois maiores colégios eleitorais, desafio de Dilma é vencer rejeição

• Reprovação em Minas e no Rio é acima de 50%, e chega a 60% em São Paulo, aponta pesquisa Ibope

Juliana Castro – O Globo

RIO — Candidata à reeleição pelo PT, a presidente Dilma Rousseff lidera as intenções de voto no Estado do Rio, o terceiro maior colégio eleitoral do país, com 20 pontos percentuais de vantagem sobre seu adversário do PSDB, Aécio Neves. Já em Minas Gerais, segunda unidade da Federação com mais eleitores, o tucano tem dez pontos percentuais a mais que a presidente. Mas, no estado com mais votantes, a disputa entre os dois está acirrada. Dilma e Aécio estão tecnicamente empatados em São Paulo. A pedra no caminho da presidente nos três principais colégios eleitorais é sua própria administração à frente do país. Mais da metade dos entrevistados pelas pesquisas Ibope em cada uma destas três unidades da Federação, divulgadas anteontem, desaprovam a maneira como Dilma está governando o Brasil.

Em São Paulo, Dilma aparece com 30% das intenções de voto contra 25% de Aécio. Como a margem de erro do Ibope é de três pontos percentuais nas pesquisas estaduais, os dois estão tecnicamente empatados. Em Minas, o tucano tem 41%, e a presidente, 31%. No Rio, um dos estados em que Dilma obteve a maior vantagem sobre José Serra (PSDB) em 2010, a presidente aparece com 35%, enquanto Aécio tem 15%.

SP, MG e RJ têm 41,6% do eleitorado
O estado foi um dos que mais deram dor de cabeça para a presidente na pré-campanha. PT e PMDB, aliados nacionalmente, travaram uma queda de braço para defender as candidaturas ao governo do senador Lindbergh Farias e Luiz Fernando Pezão, respectivamente. A batalha terminou com a maior parte dos peemedebistas abraçando a campanha de Aécio e comandando o movimento “Aezão”, de apoio ao tucano e ao governador Pezão, que tenta a reeleição.

Dilma tem no Rio quatro palanques: além de Pezão e Lindbergh, é apoiada pelo deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho (PR) e pelo senador Marcelo Crivella (PRB). Na semana passada, a presidente realizou sua primeira atividade de campanha no estado — e ao lado do governador, o que despertou a ira do candidato petista.

No Rio, Dilma atinge os maiores percentuais entre pessoas com mais de 55 anos e entre os que concluíram até a 4ª série (atual 5º ano) do ensino fundamental. Já Aécio tem melhor desempenho entre os eleitores de ensino superior e apresenta índices homogêneos nas diferentes idades. Juntos, São Paulo, Minas e Rio têm 41,6% do eleitorado nacional.

Terceiro colocado nas pesquisas, o candidato Eduardo Campos (PSB) tem 6% em São Paulo e 5% em Minas e Rio. Nos oito estados em que o Ibope fez levantamento de intenções de voto para a corrida estadual depois do início da campanha eleitoral e questionou os entrevistados também sobre a preferência para o cenário nacional, apenas em Pernambuco o socialista está em meio ao duelo entre Dilma e Aécio. No estado em que governou até abril deste ano, Campos aparece com 37%, enquanto a presidente tem 41%, o que configura empate técnico entre os dois no estado.

Maior desaprovação em SP
Desde que começou a campanha, no dia 6 de julho, o Ibope fez pesquisas sobre as intenções de voto para o governo estadual em São Paulo, Minas Gerais, Rio, Distrito Federal, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. No caso do Ceará, a pesquisa não foi divulgada na íntegra pelo instituto, e não é possível saber qual o percentual de cada um dos presidenciáveis. Quando faz a pesquisa para o governo e o Senado, o Ibope pergunta ao entrevistado em quem ele vota para presidente.

A maior desaprovação da maneira como Dilma administra o país está em São Paulo: 60%. No Rio, embora lidere entre os candidatos ao Palácio do Planalto, o modo de governar da presidente tem 54% de desaprovação. Em Minas Gerais, o percentual é de 51%. Nos estados em que o levantamento foi realizado, a maior aprovação de Dilma é na Bahia — 59% —, estado governado pelo petista Jaques Wagner. É nesta unidade da Federação que a presidente tem o maior percentual de intenção de votos: 48%.

Vencer no Sudeste não basta
Cientista político e diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eurico Figueiredo disse que o cenário está, neste momento, desfavorável à presidente, mas que ela tem o maior trunfo entre os candidatos: o ex-presidente Lula.

— Seja como for, esse quadro de hoje, que não é favorável, poderá mudar se o ex-presidente Lula se engajar. Agora, não sabemos até que ponto ele entrará na campanha — afirmou.

Segundo Figueiredo, mesmo com o embate desenhado no Sudeste, os presidenciáveis não deixarão de lado o Nordeste:

— O decisivo, em geral, é a união do Sudeste com o Nordeste. Essa é uma tradição da política brasileira que não mudou.

Governo Dilma interrompe trajetória de queda da inflação

Camila Moreira – Reuters / O Estado de S. Paulo

Ao finalizar seu mandato neste ano, a presidente Dilma Rousseff vai interromper a trajetória de desaceleração da inflação que marcou a virada dos quatro governos anteriores, ao mesmo tempo em que entregará a pior taxa média de crescimento da economia nos últimos 20 anos.

De acordo com especialistas consultados pela Reuters, essas duas marcas são fruto de erros de avaliação da situação econômica, mantendo o estímulo à atividade via consumo --uma das principais marcas de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu segundo mandato-- aliado à demora em incentivar os investimentos.

A saída para esta espiral já foi detectada, via importantes concessões públicas de infraestrura, mas é preciso que o caminho seja mantido daqui para frente por quem estiver à frente da Presidência da República em janeiro.

"Houve um erro de estratégia. Demorou muito para perceber que o consumo estava perdendo força para impulsionar a economia... Não se conseguiu articular a queda do consumo com recuperação do investimento", avaliou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos conselheiros econômicos da presidente Dilma.

O primeiro governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) acumulou inflação medida pelo IPCA de 43,46 por cento. Esse número foi caindo até que Lula encerrou seu segundo mandato, em 2010, com alta de preços acumulada de 22,21 por cento.

Se a projeção do Banco Central de IPCA de 6,4 por cento neste ano se concretizar, Dilma vai interromper essa sequência de queda e terminar seu mandato com o indicador somando alta de 27 por cento em quatro anos.

Quando o assunto é atividade econômica, os dados também não são animadores. Dilma deve entregar crescimento médio anual de 1,8 por cento em seu governo, se confirmada a expectativa do mercado de expansão de 0,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, segundo pesquisa Focus do BC. Quando recebeu a faixa de Lula, a taxa média havia sido de 4,6 por cento entre 2007 e 2010.
O resultado da presidente será o pior contando os governos de FHC e de Lula.

Consumo
Mais medidas de incentivo ao consumo --como reduções tributárias para veículos e móveis-- em uma economia que já tinha uma taxa de desemprego baixa resultou em inflação alta, com a qual Dilma ainda tem que lidar às vésperas da eleição. Em junho, a alta acumulada em 12 meses do IPCA estourou o teto da meta do governo.

"Quando a desaceleração econômica veio, e aí é o erro de política dela (Dilma), entendeu-se que havia falta de demanda, mas era falta de oferta. A reação foi com políticas monetária e fiscal extraordinariamente frouxas", destacou o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman.

Foi em 2012, segundo ano do governo Dilma, que a taxa básica de juros atingiu o menor nível histórico de 7,25 por cento, importante fator de estímulo do consumo via barateamento dos empréstimos. Esse patamar, no entanto, não se sustentou por muito tempo e, no início do ano seguinte, começou a ser elevado para o atual nível de 11 por cento ao ano --acima dos 10,75 por cento que Dilma recebeu.

Para os analistas, a correção do atual cenário passa invariavelmente pelo investimento em infraestrutura, destacadamente via concessões. Com isso, também conseguiria melhorar a confiança no país.

As concessões foram uma aposta do atual mandato da presidente, mas o governo acabou enfrentando mais dificuldades do que imaginava, sem conseguir por exemplo fazer até agora leilão das ferrovias. Ainda existem muitas dúvidas por parte dos investidores sobre esses processos.

Apesar disso, desde o ano passado o governo conseguiu leiloar seis lotes de rodovias e também foram concedidos à iniciativa privada seis aeroportos.

"O Brasil entrou em uma fase em que para voltar a crescer precisa ter aumento de produtividade. Isso demanda tempo e investimentos. Então Dilma acertou no final do governo abrindo concessões", afirmou o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, hoje chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

Reequilíbrio
Ainda que na avaliação de alguns de forma atrasada, o fato de já ter dado início a esse processo de ajuste é o que pesa a favor de Dilma neste momento em que ainda mantém a dianteira na corrida eleitoral, mas com pesquisas apontando disputa muito acirrada num provável segundo turno.

"No frigir dos ovos, o governo Dilma custou a se ajustar à nova realidade e, quando se ajustou, talvez tenha demorado demais. Mas não a ponto de prejudicar a solvência do país", completou Freitas.
Independentemente de quem vencer as eleições de outubro, os especialistas destacam que o importante será continuar nesse caminho para garantir o reequilíbrio da economia --mesmo que isso signifique ao menos mais um ano de crescimento baixo.

"Tem que reconhecer que o país vai ter de crescer pouco para trazer a inflação para baixo, permitir desvalorização do real, subir juros. Um ano muito difícil, mas lançaria as bases para reequilibrar a economia, avançando ao mesmo tempo na questão das concessões", disse Schwartsman.

Na pesquisa Focus do BC junto a economistas, a expectativa é de que o Brasil crescerá 0,9 por cento neste ano, acelerando a 1,5 por cento em 2015 e chegando a 2,5 por cento em 2016, mesmo resultado visto no ano passado.

Produção industrial cai 6,9% em junho ante 2013, maior queda desde setembro de 2009

Idiana Tomazelli - Agência Estado

• Com fraco desempenho do setor de automóveis, indústria registra resultados negativos pelo quarto mês consecutivo; taxa acumulada em 12 meses atingiu queda de 0,6% em junho

A produção industrial brasileira caiu 6,9% em junho na comparação com junho de 2013. Esse foi o resultado negativo mais intenso desde setembro de 2009 neste tipo de comparação, quando o recuo havia sido de 7,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão ainda destacou que este é o quarto resultado negativo consecutivo nesta base de comparação.

Além disso, a taxa acumulada em 12 meses atingiu queda de 0,6% em junho, o primeiro resultado negativo desde março do ano passado, quando estava com queda de 0,9%.

Segundo o IBGE, o resultado mostrou "clara perda de ritmo" em relação aos resultados da taxa acumulada em 12 meses verificados em março (2,0%), abril (0,7%) e maio (0,2%).

No mês, a produção industrial recuou 1,4% em junho ante maio, o resultado negativo mais intenso desde dezembro de 2013, quando a queda foi de 3,6% em relação a novembro do ano passado. E, pelo quarto mês seguido, o indicador mensal também apresenta resultados negativos.

No acumulado no primeiro semestre de 2014, a produção da indústria registra queda de 2,6% ante o mesmo período do ano passado.

Em todas as bases de comparação, os resultados negativos foram puxados pelodesempenho do setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, que apresentou queda de 36,3% em junho na comparação com junho de 2013; recuo de 12,1% em junho na comparação com maio e baixa de 16,9% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período de 2013.

Fernando Gabeira: O aço que nos tempera

- O Estado de S. Paulo

O relatório sobre a queda do viaduto em Belo Horizonte apontou a causa: a viga de sustentação tinha só 1/10 do aço necessário para conter o peso da estrutura. Stalin chamava-se o homem de aço.

Romances populares editados pelos partidos comunistas da época celebravam os bolcheviques de aço, entre eles um aviador que perdeu as pernas e continuou combatendo. No universo ocidental, mais crítico, o aço é integrado ao corpo humano na figura de um herói infantil, o Super-homem. Não tenho nada contra a fusão do corpo com o metal. O titânio tem ajudado muita gente a se mover normalmente: é uma boa presença. Felizmente, não trabalhamos com essa mitologia de corpos de aço. Mas pelo menos o aço de nossas construções deveria ser o suficiente para mantê-las de pé.

Para onde foram os 90% do aço? É uma pergunta pertinente, pois só assim entenderíamos melhor o desabamento, para além do laudo técnico. Ausência do aço necessário, camuflada em misturas de areia e cimento, é um elemento simbólico no País. Foi essa mistura malemolente que derrubou os prédios do Sérgio Naya. No Rio, um deputado confessa em gravação que recebe R$ 15 mil/mês, entre outros ganhos, só com o lanche que é servido por ONGs conveniadas com a prefeitura. Se os lanches pudessem ser decompostos como elementos de uma viga, diríamos que milhares de pães, rios de café com leite, igarapés de laranjada desembocaram na barriga do deputado.

Uma notícia diz que Lula se surpreendeu com o desgaste do governo, esperando algo assim só para 2018. 

Os governos desgastam-se, naturalmente, numa democracia. Nela precisam gerir recursos limitados para atender a gigantescas necessidades. E vencem as eleições prometendo mais do que podem. Esse é um dos dínamos da alternância. Mas cada governo se desgasta de maneira singular. A tolerância e a cumplicidade com a corrupção são fatores, entre outros, que determinaram o desgaste do PT. Alguns afirmam que corrupção sempre existiu, mas agora aumentou a transparência. Parcialmente correto. No entanto, muitos casos só emergiram, como o mensalão e esse escândalo carioca, de uma forma clássica: a disputa pelo butim.

O desgaste do PT começou como uma pedra na água. O primeiro círculo de descontentes nasceu com os navegantes próximos que abandonaram o barco. Impulsionados pelos ventos econômicos, novos amplos círculos desenham-se na água. O processo não se resume à política interna e à economia. O PT quer realizar uma política externa dele, e não do País. Isso é possível em Cuba ou na China. Não para um partido que chega ao poder pelo voto, num contexto democrático. Os dirigentes chineses e cubanos fundem o país com o partido porque liquidaram a oposição organizada.

Esse tema não tem grande impacto eleitoral, mas sempre me preocupou. A nota que o governo brasileiro publicou sobre a guerra na Faixa de Gaza exprime a posição do partido e de milhões de pessoas diante da morte de civis e crianças. No entanto, uma nota nacional sempre é mais equilibrada, mencionando também a violência do Hamas.

O porta-voz israelense chamou o Brasil de anão diplomático. Um líder trabalhista chamou o Brasil de gigante do futebol. Não somos nem uma coisa nem outra. É um equívoco chamar o Brasil de anão diplomático, pois retira a importância do fato histórico da criação de Israel. Neste caso da guerra em Gaza, a violência da resposta de Israel acabou atenuando a posição do governo brasileiro. Mas, sem dúvida, houve uma inflexão: ingenuamente, Lula achou que poderia influenciar um processo de paz. Chegou a viajar para isso.

Ao lançar a nota, o governo praticamente abre mão de dialogar com um dos atores. O Brasil não tem o poder de resolver uma crise que desafia a humanidade, como a do Oriente Médio. Mas tem sido eficaz na pacificação de conflitos nos países de sua região. Está na busca efetiva da paz o grande fundamento de nossa política externa. Mas o PT move-se em zigue-zagues.

A política externa tem pouco impacto eleitoral, mas soma-se aos equívocos que, no conjunto, jogam o PT numa aventura romanesca: navegar sem novas ideias num oceano de desejos de mudança. São Paulo é uma referência: o governo perde para qualquer um dos opositores, sinal de que, para a maioria dos entrevistados, o PT já era. Em termos eleitorais, isso é equacionado em números: perdemos aqui, ganhamos em outros Estados, não ameaça a vitória nacional. Mas perder na região mais desenvolvida do País dá o que pensar, sobretudo para quem se diz na vanguarda do progresso, combatendo elites brancas e outros moinhos de vento.

A Bolsa Família é uma zona de conforto porque envolve milhões de pessoas e foi reconhecida internacionalmente. Supor que represente um escudo contra todos os erros e tropeços é um equívoco. Alguns críticos do programa dizem que com a bolsa as pessoas não querem trabalhar. Discordo, minha tese é que, com a bolsa, o governo não quis mais trabalhar, no sentido de interpretar o Brasil, buscar alternativas, ligar-se aos setores mais dinâmicos e desenvolvidos tanto dentro como fora do País. A Bolsa Família deu para o gasto. E agora que o preço político dos erros vai ficando mais alto?

Por mais que os pragmáticos riam, o viaduto que caiu, além de matar duas pessoas, indicou, para mim, o ponto central do momento: nosso sistema político, já frágil, foi perdendo o aço com a mistura de areia e cimento que a longa dominação do PT injetou. O perito de Minas ficou surpreso porque a viga não se partiu antes. Se traduzimos o aço por credibilidade, também ficamos surpresos como o edifício político se mantém no Brasil. É um problema que transcende as eleições deste ano. Mas elas são a única oportunidade para todos poderem olhar para o abismo que se abriu entre o universo político e o Brasil real.

O ano que nos espera, sobretudo no setor da energia, não é dos mais animadores. O pequeno apagão que vivi na manhã de domingo me lembrou da aspereza do caminho. Tocar o País em tempos de crescimento internacional e distribuição de renda é mais fácil. Quem vencer as eleições encontrará uma pedreira.

Fernando Gabeira é jornalista.

Merval Pereira: Cúria quase perde Cristo

- O Globo

Chega de Brasília uma informação que pode ser considerada bizarra, mas que também pode ter implicações mais graves. No impasse acerca do filme de José Padilha sobre o Rio, que a Cúria Metropolitana vetou inicialmente por considerar que a figura do Cristo Redentor havia sido desrespeitada, mas depois liberou, a ministra da Cultura Marta Suplicy fez chegar ao cardeal Dom Orani Tempesta uma ameaça de, através de um decreto presidencial que já estaria pronto, retirar da Igreja Católica a tutela sobre a imagem que está implantada no Parque Nacional da Tijuca, sob o controle da União.

O monumento foi erigido em área cedida pela União à Arquidiocese do Rio na década de 1930, mas o acesso à estátua é realizado pelo Parque Nacional da Tijuca, administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Recentemente, a imagem do Cristo Redentor foi eleita, em votação pela internet no mundo todo, uma das modernas Sete Maravilhas do Mundo. 

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, que também atuou para liberar o filme, disse que chegou a conversar com Dom Orani tentando mostrar que a imagem do Cristo Redentor é um ícone da cidade do Rio, e que como tal também deveria ser tratada e não apenas como um santuário religioso. Mas garante que em nenhum momento soube de qualquer tentativa de retirar da Igreja Católica os direitos sobre a imagem.

Os direitos de uso comercial do Cristo no Corcovado pertencem desde 1980 à Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro, e em outubro de 2006, para comemorar seus 75 anos, a estátua foi transformada num santuário católico. Há também, na base do monumento, uma capela católica devotada a Nossa Senhora Aparecida. 

A Arquidiocese do Rio de Janeiro não autorizou o uso da imagem do Cristo no filme "Inútil paisagem", dirigido por José Padilha, por considerá-lo inicialmente desrespeitoso. Ele é um dos dez curtas que compõem o longa-metragem "Rio, eu te amo", da franquia "Cities of love". Em uma sequência do curta, o personagem interpretado por Wagner Moura, durante um voo de asa-delta, conversa com a está tua do Cr isto re clamando da vida , dos seus dissabores e da violência da cidade que ele deveria proteger.

O filme foi enviado para a apreciação da arquidiocese em março, tendo sido vetado. Segundo a assessoria de imprensa da Arquidiocese do Rio na ocasião, "há cena s no filme em questão que foram consideradas ofensivas à imagem do Cristo e, consequentemente, à casa dos católicos. 

É uma prática absolutamente normal da Arquidiocese a não autorização de qualquer produto audio visual que avance nesse caminho". Dias depois, diante da reação negativa à decisão, considerada uma censura artística, o Vicariato para a Comunicação Social e a Assessoria de Imprensa da Arquidiocese anunciaram em nota a reversão da medida, pois haviam chegado à conclusão de que o episódio não visou interesse religioso no trato à imagem do Cristo Redentor , "e portanto não houve desrespeito ao Cristo ou à religião católica" . 

O excesso de zelo dos encarregados pela imagem do Cristo , sem levar em conta o lado icônico não religioso da estátua que representa a cidade do Rio de Janeiro no mundo, pode levar a uma excessiva intervenção governamental que seria muito bem recebida em setores da sociedade contrários a esse controle da Igreja Católica sobre o monumento .

Dora Kramer: A voz do povo

- O Estado de S. Paulo

O dado mais chamativo da pesquisa Ibope sobre as eleições estaduais não é o alto índice de intenção de votos do governador de São Paulo nem a embolada da disputa do Rio ou o empate que vai se desenhando em Minas entre PT e PSDB.

Esses três colégios eleitorais têm lá suas peculiaridades, a começar pelo significativo fato de que concentram mais de 40% dos 142 milhões 822 mil e 46 brasileiros aptos a votar em outubro próximo, de acordo com a contagem do Tribunal Superior Eleitoral.

Antes de comentar o que se passa pelo chamado Triângulo das Bermudas vamos ao centro do Brasil, na capital do País onde está o Congresso Nacional que, em maio de 2010, aprovou a lei da Ficha Limpa resultante de uma emenda constitucional de iniciativa popular com mais de um milhão de assinaturas.

A emenda chegou ao Parlamento no ano anterior. Desacreditada. Nada indicava que iria adiante, até porque os maiores partidos, PT e PMDB, faziam corpo mole. A oposição percebeu a chance e se aliou à mobilização das entidades que patrocinavam o movimento e, na virada do ano (eleitoral) a emenda ganhou força e adesão.

Ao fim do processo, Câmara e Senado chegaram à conclusão de que seriam inelegíveis candidatos que tivessem tido o mandato cassado, renunciado para evitar a cassação ou sido condenados por decisão de órgão colegiado.

Neste último item enquadra-se o candidato líder nas pesquisas para o governo do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Ele tem 32% das intenções de voto, dianteira substantiva em relação aos adversários, o atual governador Agnelo Queiróz, do PT (17%), e Rodrigo Rollemberg, do PSB (15%).
Arruda foi condenado por improbidade administrativa no dia 9 de julho pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Cinco dias antes havia registrado sua candidatura na Justiça Eleitoral.

Isso porque o julgamento anteriormente marcado para 25 de junho havia sido suspenso a pedido de um ministro do TJ e remarcado por decisão de Joaquim Barbosa, que acolheu recurso do Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal.

Arruda foi acusado de ter dado dinheiro à deputada Jaqueline Roriz em troca de apoio à campanha dele ao governo do DF em 2006. Na investigação do caso, o então candidato aparece em vídeo recebendo um pacote de dinheiro. Nessa história, perdeu o mandato de governador.

Mas, não foi só isso. Em 2001 havia sido apontado como responsável pela violação do painel de votação do Senado na sessão que cassou o mandato do então adversário (hoje seu aliado) Luiz Estevão. Arruda chorou, jurou pela vida dos filhos que era inocente e depois, diante das evidências, reconheceu o malfeito cometido para agradar ao senador Antônio Carlos Magalhães.

Sem saída, desculpou-se aos prantos e renunciou ao mandato. Voltou em 2002 como deputado federal muito bem votado e, quatro anos depois, como governador protagonista do escândalo que o enquadraria na lei da Ficha Limpa.

Só em tese, porque na prática a tecnicalidade jurídica dos quatro dias de prazo lhe garante condições de elegibilidade. Mas, e a realidade? Esta aconselharia que o eleitorado soubesse reconhecer, a olho nu, sem ajuda da Justiça, um candidato ficha suja e eliminá-lo por espontânea vontade da disputa.

Triângulo. Tudo muito inusitado, principalmente no tocante ao morno Geraldo Alckmin com 50% de intenção de votos sendo representante de um partido com natural desgaste depois de 20 anos no poder e com todos os problemas de abastecimento de água.

E a situação no Rio? Lá todos são (mais ou menos) "Dilma" e o primeiro colocado, Anthony Garotinho, com 21%, é também o campeão da rejeição com mais que o dobro disso, 44%.

Em Minas, a disputa antes favorável ao PT caminha para um embate acirrado com o PSDB. Tudo imprevisível, eleição como nunca antes neste País.

Eliane Cantanhêde: E o Lula, hein?

- Folha de S. Paulo

Dúvida atroz: será que Lula escapa incólume, sem um arranhão, da onda de rejeição a Dilma Rousseff e ao PT?

Se Dilma acumula 35% de rejeição nacional, 47% no Estado de São Paulo e estonteantes quase 50% na capital paulista...

Se o prefeito Fernando Haddad tem baixa aprovação e o candidato Alexandre Padilha patina em constrangedores 4 ou 5% nas pesquisas no maior colégio eleitoral do país...

Se o pemedebista Paulo Skaf não quer ouvir falar de Dilma em seu palanque paulista e o petista Fernando Pimentel a esconde em Minas...

Se, além de São Paulo, os candidatos petistas estão emperrados no Rio e demais Estados onde concorrem...

... conclui-se o óbvio: a coisa está feia não só para Dilma, que o PT tanto critica, mas para o próprio partido. Até porque, bem ou mal, ela continua favorita nas pesquisas.

E onde se encaixa Lula nisso? Uma dedução natural é que essa convergência de rejeições (à candidata e ao PT) deve atingir, mais cedo ou mais tarde, em maior ou menor grau, a popularidade do próprio Lula. Será?

Afinal, ele foi o inventor de Dilma, Haddad e agora Padilha, além de ser o grande líder do PT. Difícil imaginar que todos paguem o pato e ele continue mantendo a mítica intocável.

Vale o registro de que Lula adora futebol, mas a Copa começou, encantou e acabou, e não se viu nem ouviu falar de Lula em estádios ou em eventos da seleção brasileira.

O Lula de hoje é o das entrevistas a blogs camaradas, reuniões a portas fechadas com Dilma, articulações com a cúpula da campanha, assembleias da CUT. E, claro, dos auditórios protegidos e do aconchego dos ambientes do PT. Na campanha para valer, só deve ir ao Nordeste e a palanques pré-selecionados. Vai na boa, nada de bola dividida.

Ou está se descolando da rejeição (de Dilma e do PT) e se prevenindo de eventuais derrotas alheias, ou tem pesquisa mostrando que a coisa não anda boa também para o lado dele.

Rogério Furquim Werneck: Pessimismo inadmissível

• Governo quer determinar quais partes da sociedade civil podem participar do debate durante a campanha eleitoral

- O Globo

Convencida de que "há no Brasil um jogo de pessimismo inadmissível", a presidente Dilma, coadjuvada pela cúpula do PT, parece tentada a reverter o jogo na marra.

O ensejo para desencadear uma operação de intimidação dos "pessimistas" foi o texto, enviado a clientes, em que o Banco Santander repisa a constatação, amplamente discutida na mídia, de que o mercado financeiro tem reagido positivamente à queda de popularidade da presidente. As primeiras reações couberam ao presidente do PT, Rui Falcão, que informou que o comitê da campanha estava avaliando se era o caso de entrar com medida judicial contra o banco, já que o que havia ocorrido era "proibido, porque você não pode fazer manifestações que, por qualquer razão, interfiram na decisão do voto". Com base nesse argumento, Falcão permitiu-se fazer admoestações: "Espero que daqui para a frente nem o Santander, nem nenhuma outra instituição incorra nesse tipo de atividade." ("O Estado de S. Paulo", 26 de julho).

A investida de Falcão foi logo reforçada pelo Planalto. Em entrevista à "Folha de S.Paulo", em 29 de julho, Dilma partiu para cima: "É inadmissível para qualquer país, principalmente um país que é a sétima economia do mundo, aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante do sistema financeiro, de forma institucional, na atividade eleitoral e política." E acrescentou que não queria antecipar o que faria, mas que teria "uma atitude bastante clara em relação ao banco".

São reações que revelam visão espantosamente autoritária do que deve ser o processo eleitoral numa sociedade democrática. Na encruzilhada política em que o país se encontra, é natural que, entre muitas outras considerações, cada eleitor leve em conta como poderá ser afetado pela evolução da economia nos próximos quatro anos. Para que possa tentar vislumbrar essa evolução, é bom que o eleitor seja exposto a amplo leque de visões prospectivas dos desdobramentos econômicos de diferentes desfechos do processo eleitoral.

Parte desse esforço prospectivo é desenvolvido em instituições acadêmicas e institutos de pesquisa. Mas, goste ou não o governo, grande parte desse esforço é também desenvolvido em departamentos de pesquisa de instituições financeiras, grandes empresas, firmas de consultoria, sindicatos de trabalhadores e órgãos de representação patronal.

Com base na repercussão desse leque variado de visões prospectivas na mídia e nas redes sociais, eleitores formam expectativas sobre a evolução da economia e, em alguma medida, conseguem relativizar o discurso econômico dos candidatos a presidente.

O que Dilma Rousseff e a cúpula do PT estão tentando fazer é interditar parte desse confronto de visões prospectivas. Querem ditar quais segmentos da sociedade civil podem participar desse debate e quais não podem. O que lhes falta é uma Lei (Rui) Falcão que imponha um regime em que a CUT possa brandir à vontade o mantra de que a vitória da oposição é receita certa para arrocho salarial, mas instituições financeiras não possam nem mesmo afirmar que a vitória de Dilma seria deletéria para acionistas da Petrobras e de empresas do setor elétrico.

Melhor faria o Planalto se, refeito do surto de autoritarismo, tentasse entender o que vem alimentando a onda de pessimismo de que se queixa. Logo perceberia que o problema básico é o discurso escapista do governo. Ainda não se tem a menor ideia do que Dilma faria em 2015 para enfrentar o grave quadro de estagflação que o país enfrenta. Para continuar fechada em copas sobre a definição da sua equipe econômica, a presidente vem alegando que, por ser supersticiosa, prefere não antecipar nomes antes de ser reeleita.

Mas esse suposto sigilo esconde um segredo de polichinelo. Quem quer que tenha acompanhado de perto a política econômica nos últimos anos bem sabe que, se reeleita, a presidente não abrirá mão de continuar a controlar pessoalmente a formulação e a condução da política econômica.

É dessa percepção de que nada vai mudar que advém boa parte da onda de pessimismo que tanto incomoda o governo.

Rogério Furquim Werneck é economista e professor da PUC-Rio

Fausto Matto Grosso: O IDH, a galinha e o futuro

- Correio do Estado (MS)

A divulgação recente do Relatório do PNUD sobre o Desenvolvimento Humano, com os valores do IDH, provocou uma sensação equivalente aos 7 x1 da Alemanha. Menos modesto do que o Felipão, o governo, prontamente, contestou os números – diante da doença, pretendeu quebrar o termômetro.

O Brasil é um país de imensa potencialidade, mas tem que baixar a bola e encarar de frente os seus imensos problemas estruturais. A ilusão de ser a 7ª economia do mundo (depois dos Estados Unidos, China, Índia, Japão, Alemanha e Rússia) tolda-nos a visão de que não somos um país rico e temos imensas desigualdades sociais e regionais. Nossos desafios são imensos.

Mediando nossa riqueza bruta pela população temos o 76º PIB per capita entre os 187 paises do mundo, atrás de países como Chile, Argentina, Uruguai, Venezuela e Costa Rica, muito perto de Cuba que ocupa a 85ª posição. A China (101º) e a Índia (133ª), nossas companheiras dos BRICS, também o são. A diferença é na maneira como tratamos o nosso futuro

O IDH surgiu para avaliar em que medida a riqueza está relacionada com o o progresso de longo prazo em três dimensões do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e a padrão de vida decente. Isso depende não só da riqueza, mas como a sociedade se organiza para produzir o bem estar da população. A Noruega, primeira no IDH é um país rico (5º em PIB per capita) e organiza o seu sistema social para constuir o bem estar da população.

Uma rápida leitura no Relatório de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2014), que nos coloca em 79º lugar enquadrando-nos entre os países com grau alto de desenvolvimento, nos remete para particularidades muito importantes.

Primeiramente, embora já sabido, a construção do IDH parte do passado, passa pelo presente mas se refere ao futuro. A expectativa de vida (73,9 anos) e o tempo de estudo (15,2 anos) dizem respeito a quem está nascendo agora, se forem mantidas as tendências atuais. Daí a enfase do documento quanto à “redução das vulnerabilidades e a construção da resilência”.

O termo resilência, conhecido por qualquer bom aluno de engenharia, se refere a uma situação que pode ser exemplificada por uma vara de salto em altura, que se verga até um certo limite sem se quebrar e depois retorna à forma original dissipando a energia acumulada, lançando o atleta para o alto. Esse termo se generalizou para várias outras áreas do conhecimento e indica, no caso, à sustentabilidade das políticas sociais diante das crises.

A nota técnica do PNUD, que acompanha o relatório recém divulgado, manda alguns recados para o Brasil.

Embora nosso IDH seja o segundo entre os BRICS, ficando apenas atrás da Rússia, nossa tendência, crescente entre 1980 e 2000, perdeu impulso entre 2000 e 2013, enquanto a China e a Índia continuaram com índices crescentes, projetando a superação da posição brasileira, apesar das imensas populações desses países. Na América do Sul, o IDH do Brasil, que tinha o maior crescimento do sub-continente até 2008, também perdeu impulso e passou a avançar mais lentamente do que os dos nossos vizinhos.

Outro recado é o alerta sobre as desigualdades na distribuição do desenvolvimento humano pela população, em nível nacional. O IDH representa um valor médio do desenvolvimento humano. Como todas as médias, o IDH também mascara a desigualdade. Porisso, a partir de 2010 foi introduziu o IDH ajustado à desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH. Daí o nosso IDH de 0,744 tem uma perda de 27% e cai para 0,542, o que representa uma queda de 16 posições no ranking internacional. Nessa condição, o país sai do grupo de países de alto desenvolvimento e passa ao bloco dos paises de médio desenvolvimento humano.

Referência especial mereceu o Programa Bolsa Família, citado sete vezes, como exemplo bem sucedido de transferência de renda, mas o assunto divide a opinião de integrantes do Programa das Nações Unidas, conforme foi reconhecido pelo chefe da representação no Brasil, na ocasião da divulgação do relatório. Para o escritório brasileiro do PNUD, o Bolsa Família é um exemplo sem ressalvas para ser seguido por outros países. Já escritório internacional do organismo em Nova York avalia que a estratégia é eficaz, mas a maior parte de seus efeitos são de curto prazo, reconhecendo-a apenas como uma ferramenta válida para situações emergenciais, polêmica essa que divide, também, a opinião pública brasileira onde há forte contestação da sua eficácia transformadora.

A divulgação do relatório do IDH, abrangendo período recente da história do nosso desenvolvimento, feita em período eleitoral, onde se joga o futuro do país, é um importante subsídio para se pensar sobre as eleições. Que o futuro nos reserve estadistas, capazes de construir projetos consistentes de longo prazo e não apenas projetos de poder. Usando conhecida metáfora sobre o desenvolvimento, que possamos sair do vôo da galinha e possamos alçar vôo de uma águia.

Fausto Matto Grosso é engenheiro e professor da UFMS aposentado.

Eduardo Giannetti:Insanidade básica

Folha de S. Paulo

"Oh Natureza, por que desperdiçar suas dádivas com tais homens?", indagou Childe Harold, o alter-ego do jovem Byron, ao visitar Portugal em 1812. Perplexidade análoga expressa Joaquim Bonifácio, no ano da nossa Independência, ao afirmar que "a natureza fez tudo a nosso favor, nós porém pouco ou nada temos feito a favor da natureza".

O tempo não desmentiu o alerta do Patriarca. Haverá melhor testemunho disso que o estado das águas no rio Tietê ou na baía da Guanabara?

Embora dispondo da maior reserva de água doce do planeta, o Brasil vive grave crise de abastecimento. São Paulo não é um caso isolado.

Um terço dos domicílios brasileiros relata ter sofrido interrupção no fornecimento de água nos últimos 30 dias, segundo recente Datafolha. O "Atlas do Abastecimento Urbano de Água" de 2011 informa que 55% dos nossos municípios --73% da demanda total-- estão sujeitos à falta de água na próxima década.

A crise no abastecimento, contudo, é apenas a face mais visível da inépcia na gestão dos nossos recursos hídricos. A raiz do problema é o descompasso entre o aumento do nosso consumo per capita de água, hoje um dos maiores do mundo, e o absoluto descaso no tratamento adequado e uso eficiente do líquido utilizado.

Ao programa de universalização do acesso à rede geral de abastecimento --95% da população urbana dispõe de água encanada-- não correspondeu um esforço equivalente de coleta, tratamento e reúso dos efluentes gerados.

Daí que chegamos ao século 21 com nada menos que 85% de todo esgoto residencial urbano --145 milhões de habitantes-- despejado diariamente "in natura" em nossos rios, córregos, lagos e logradouros (45% da crianças brasileiras com menos de 14 anos vivem em domicílios sem coleta de esgoto).

Descarte ilegal e desperdício completam o quadro. Estudo da FGV-SP estima que as indústrias na Grande São Paulo despejam ilegalmente 10 milhões de litros de efluentes por hora, ao passo que o índice de perdas físicas (vazamentos) e comerciais ("gatos") no suprimento de água chega a 37% na média brasileira.

Resultado: o reaproveitamento da água utilizada nas casas e fábricas é ínfimo, os rios e lagos das regiões urbanas que poderiam ser fontes de abastecimento viraram diluidores de esgoto a céu aberto --sem falar do seu impacto sobre a saúde, educação e trabalho--, e o desperdício de água tratada é cavalar.

O modelo baseado na preocupação quase exclusiva com suprimento de água oriunda de mega represas e fontes cada vez mais caras e distantes, sem o menor cuidado com o tratamento dos efluentes, reúso e conservação, acaba por minar a viabilidade do próprio abastecimento. Insustentabilidade é o seu nome.

Washington Novaes: O prazo chega ao fim. Que se fará com o lixo?

- O Estado de S. Paulo

Termina manhã, 2 de agosto, o prazo de quatro anos concedido pela Lei n.º 12.305, de 2010 - a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - para os municípios brasileiros apresentarem seus planos diretores de gerenciamento de resíduos e instalarem aterros sanitários adequados. Segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), existem hoje 1.360 aterros nos mais de 5 mil municípios do País; o restante, fica implícito, vai para lixões a céu aberto. Mesmo nas cidades com mais de 100 mil habitantes existem em torno de 40 lixões e menos de 250 municípios geram 80% dos resíduos (Estado, 14/5). De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), 40% do lixo coletado tem "destinação irregular". Mas sem planos adequados as prefeituras não poderiam receber recursos federais. E, diz a CNM, 61,7% dos municípios não se adequaram às exigências da PNRS.

As prefeituras, ainda uma vez, pediram "mais prazo". E projeto de um deputado no Congresso Nacional o estende por mais oito anos (!). Até o momento em que estas linhas foram escritas - no dia 30/7 - o governo federal, por intermédio da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, havia dito que não aceitaria a prorrogação (Estado, 14/5). Outras fontes do governo, entretanto, disseram esta semana aos jornais que sim, aceitaria. Se aceitar, o que acontecerá, então, diante desse problema, que já tem ângulos calamitosos, até mesmo em Brasília, onde está o chamado "lixão da Via Estrutural", a 16 quilômetros do Palácio do Planalto?

Em 1992, quando foi secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, o autor destas linhas tentou implementar um projeto de aterro adequado, usina de compostagem e reciclagem, conjunto habitacional para 1.700 pessoas que já moravam dentro do lixão e operariam a usina, assim como uma usina móvel para resíduos da construção civil. Mas uniram-se forças políticas da extrema esquerda à extrema direita e conseguiram impedir a execução. Hoje o lixão da Estrutural continua lá, com número muito maior de habitantes.

E o problema não é somente lá, está também em cidades como Belém, Porto Velho e outras. O Estado do Rio de Janeiro tem 20 lixões que recebem quase 500 toneladas por dia (O Globo, 4/7). Mais grave ainda, conforme a CNM, 98,2% dos resíduos vão para aterros, mesmo em São Paulo (Folha de S.Paulo, 10/5). A reciclagem não chega a 2%. A Prefeitura está tentando fazer com que 30% dos paulistanos entrem no projeto de reciclagem de restos de alimentos e os transformem em adubo - já estão sendo distribuídas 2 mil composteiras domésticas, nas quais haverá minhocários (há quase 15 anos este articulista viu projeto como esse funcionando muito bem na maioria das casas de Estocolmo, na Suécia). A expectativa é de que cada família possa operar com dois quilos diários de resíduos.

Uma usina de triagem de material separado pelos moradores, inaugurada em Santo Amaro (Estado, 16/7), deverá ser o ponto de partida para um processo que incluirá mais duas até 2016, nas quais operarão, como na primeira, catadores de 21 cooperativas. As mais recentes poderão até separar os resíduos pela sua dimensão, com leitores óticos. E com isso cada uma poderá trabalhar com 250 toneladas diárias, 750 toneladas no total (a região de São Paulo gera cerca de 20 mil toneladas diárias; o Brasil, mais de 200 mil toneladas diárias - mais de um quilo por pessoa/dia, fora os resíduos da construção, que têm uma tonelagem ainda maior). A atual gestão municipal espera chegar ao fim de seu mandato reciclando 10% do lixo.

Muito se caminhará se se levar à prática a chamada lei da logística reversa, que obriga comerciantes de pilhas e baterias, agrotóxicos, óleos lubrificantes, lâmpadas e eletrônicos, entre outros produtos, a receber de volta os resíduos correspondentes, que encaminharão aos produtores para que lhes deem destinação adequada. O certo é que com a coleta seletiva em cada casa, com a compostagem dos resíduos orgânicos e com a reciclagem de lixo seco se pode reduzir para uns 20% a porcentagem de lixo que vai para aterros - o que poderá significar uma economia enorme.

A cidade de São Bernardo do Campo também implantou projeto de coleta seletiva, mas está destinando resíduos à incineração - que, como já foi escrito neste espaço, é um caminho problemático, porque custa muito caro e desperdiça recursos reutilizáveis e/ou recicláveis. Itajaí, em Santa Catarina, entrou pelo mesmo caminho. Mas a cidade paulista de Itu implantou a coleta em toda a cidade, em contêineres, para os quais os moradores de cada residência levam seu lixo.

Estudo do Banco Mundial e da Climate Network, para a Cúpula do Clima que a ONU realizará em setembro, diz que uma política adequada para resíduos no Brasil poderia gerar 110 mil empregos em menos de duas décadas, além de economizar 1% da demanda total de energia no País (Folha de S.Paulo, 25/6). Hoje, diz o trabalho, 42% do que vai para os lixões poderia ir para aterros, onde, com a geração de biogás, se pode produzir energia; e a compostagem do lixo orgânico permite fabricar adubo para canteiros, praças, encostas, etc. Para isso, contudo, seria indispensável a separação doméstica do lixo.

Há situações paradoxais nessa área dos resíduos. Os administradores das cidades que não mantiverem o espaço urbano livre dos resíduos depositado nas lixeiras certamente serão punidos com a desaprovação popular e a perda de votos nas eleições seguintes. Isso, no entanto, não significa que serão beneficiados com mais votos se tiverem uma coleta e destinação adequadas - o cidadão acredita que isso é uma obrigação que já lhe custa caro no IPTU e em outros tributos, o que não é bem o caso. Os lugares da Europa onde políticas de resíduos funcionam cobram de cada casa uma taxa proporcional ao volume de lixo gerado. Mas São Paulo já revogou esse caminho... E agora, com mais prazo para os municípios ou com dois terços deles não cumprindo a PNRS, como será?

Washington Novaes é jornalista

Sandro Vaia: A roda quadrada

- Blog do Noblat

A roda já tinha sido inventada e girava razoavelmente bem.

Na verdade, eram três rodas: inflação na meta, câmbio flutuante e superávit primário de 3,1% do PIB.

Tudo que estava prometido na Carta ao Povo Brasileiro para garantir aos eleitores que o programa do PT iria dormir na gaveta enquanto a política anterior continuaria sendo aplicada, e assim espantar os fantasmas e tornar possível a vitória de Lula, o dr. Palocci aplicou direitinho.

Nunca antes na história deste país um governo reformista reformou tanto a sua retórica para, no fim, mudar para que tudo permanecesse igual, como pregava Tancredo, o sobrinho do príncipe de Salinas, o Leopardo.

A roda continuou girando até que se abrissem as portas da generosidade máxima dos “reformadores”, que foram eleitos para expandir as suas benesses para todos. O dr. Palocci foi escanteado por mil razões, e com ele foi jogada no lixo a roda que girava, o tripé que parava em pé, e o governo, travestido de Estado resolveu meter a sua mão na roda.

A cócega do salvacionismo estatal falou mais alto e o governo resolveu meter a mão na economia, talvez na ilusão de fazer a roda girar mais rápido - ou à imagem e semelhança de suas utopias.

Subitamente foi inventada a quadratura do círculo e a roda parou de girar. Os mecanismos naturais da economia foram substituídos: a mão invisível do mercado foi substituída pela mão pesada do intervencionismo, e o governo resolveu trocar o seu papel regulador pelo papel de benfeitor da humanidade; começou a determinar os lucros e os riscos dos outros, a determinar os preços, a segurar as tarifas para não aumentar a inflação, e o trem descarrilou.

O país começou a crescer aos trancos e barrancos, menos que os seus vizinhos latino-americanos. A inflação começou a descontrolar-se, a feira ficou mais cara, os empresários perderam o “apetite animal” e diminuíram sua gana de investir, o governo voluntarista começou a maquiar as suas contas.

Maquiar as contas públicas é mais fácil do que maquiar e esconder o apetite intervencionista, que faz parte do mais recôndito desejo da alma deste governo. O governo, além de tentar dirigir a mão da economia, tenta agora dirigir também a mão das reações ao seu ímpeto dirigista.

Na véspera de uma eleição que vai decidir se a sua roda quadrada tem suficiente sustentação para continuar a engasgar ou não, o governo intervém também na principal função técnica dos bancos, que é o seu compromisso contratual de orientar seus clientes para preservar seu patrimônio.

Intimida as instituições acusando-as de fazer jogo político-eleitoral simplesmente por cumprir a sua função de relatar fatos, associando-os uns aos outros, até dar-lhes sentido.

Os analistas dos bancos não entendem “porra nenhuma” do Brasil, e quem acha que entende faz com que eles calem a boca.

Onde foi que já vimos esse filme?

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez e "Armênio Guedes, Sereno Guerreito da Liberdade"(editora Barcarolla).