terça-feira, 30 de agosto de 2022

Paulo Fábio Dantas Neto* - Um belo domingo para atuais terceiras vias

Juntando a rodada de entrevistas do JN na semana passada com o início do horário eleitoral o clima da campanha já havia mudado, abrindo-se as primeiras brechas no muro da polarização Lula/Bolsonaro. O debate da noite do domingo, 28, ampliou-as muito. A polarização não desaparecerá, mas a partir de agora é incontornável que Lula e Bolsonaro olhem para os lados também, não mais vendo ali apenas espólios menores a anexar ou inimigos a esmagar, mas adversários a respeitar. Que a política seja bem vinda! Estava fazendo muita falta. Espera-se que novas pesquisas registrem, aos poucos, a novidade.

A moderação de Lula no debate - que muita gente está interpretando como fraqueza – indica, a meu ver, que ele está lendo corretamente o quadro. Ao contrário (para não variar) de Bolsonaro, que saiu como um raio do debate, resmungando contra o mundo todo, nem sequer ficando para as breves entrevistas de praxe do pós-debate. Mas são, sem dúvida, as terceiras vias o que há de mais positivo e interessante a analisar, no momento.

Entre as duas candidaturas relevantes (politicamente) desse "campo" - Ciro Gomes e Simone Tebet - começa a se desenrolar um jogo muito interessante. Ambos foram bem porque trabalharam em paralelo, com distintas perspectivas, o que permite as distinções entre eles aparecerem, sem os colocarem, porém, em colisão, numa disputa ansiosa e estéril pelo terceiro lugar.

Merval Pereira - As marcas do passado

O Globo

Corrupção é uma pedra no caminho de Lula para a Presidência da República e a misoginia de Bolsonaro é maior do que qualquer estratégia política

A nova pesquisa do Ipec, antigo Ibope, deve ter dado um alento aos dois candidatos que lideram a corrida presidencial. Lula e Bolsonaro foram bem na bancada do Jornal Nacional e mantiveram suas posições, mas devem ter perdido pontos no debate do pool da Bandeirantes no domingo. A audiência não foi comparável à do Jornal Nacional, mas grande o suficiente para ter deixado marcas negativas nas duas candidaturas.

Ao contrário, as senadoras Simone Tebet e Soraya Thronicke podem ter ganhado terreno depois do debate, mas terão um trabalho difícil para se tornar viáveis. Ciro Gomes, que, como Tebet, teve boa atuação no debate, voltou a subir dentro da margem de erro, e talvez os dois apareçam nas próximas pesquisas em alta.

Há uma constatação inescapável, no entanto: o tema da corrupção é uma pedra de razoável tamanho no caminho de Lula para a Presidência da República. O ex-presidente chegou a esboçar um bom reinício na bancada do Jornal Nacional, admitindo que houve corrupção, pois “as pessoas confessaram e dinheiro foi devolvido”. Mas fica difícil defender essa nova linha petista e afirmar que ele não sabia de nada. Um candidato que se autodenomina sem pejo “o melhor presidente que o Brasil já teve” não é capaz de explicar ao eleitorado que, sim, houve roubalheira nos governos petistas, mas que não sabia nem do mensalão, nem do petrolão.

Carlos Andreazza - Não temos Batman

O Globo

Ministro de Corte constitucional foi à pesca com a Polícia Federal. Será difícil lhe cassar a vara depois

Alexandre de Moraes é ministro de Corte constitucional. Não o Batman. Peço vênia pela franqueza. Nada é pessoal. Sou, sobretudo, óbvio. Moraes, ou qualquer outro de seus pares, não tem mandato de pacificador; muito menos de justiceiro. Ainda que diante do pior dos Coringas: não tem. E deveria mesmo zelar pelo esvaziamento de sua presença monocrática. Nada contra a vaidade. Tudo pelo foco. Não temos Batman. Mas há o prestígio de estar no lugar mais alto do Judiciário. Deveria bastar. Um entre os 11. Não um porque entre os 11.

O Supremo não pode ser plataforma para a impulsão moderadora de um juiz onipresente; de repente tranquilo para decidir — para mandar entrar na casa das pessoas e lhes bloquear as contas — com base em reportagem jornalística. Pense-se no efeito cascata disso. Aqui o magistrado se move — mal — a partir de bom jornalismo. Imagine-se, porém, o precedente aberto para canetadas judiciais, Brasil profundo adentro, assentadas em publicações fraudulentas.

A obviedade: a força de uma Corte constitucional está na voz do colegiado. Não no exercício da musculatura individual ao alcance de seus integrantes; o que deveria ser exceção — não abuso.

Míriam Leitão - O que marcou o primeiro debate

O Globo

Bolsonaro perdeu para si mesmo, ao exibir sua raiva contra mulheres. Lula errou ao fugir do tema inescapável desta campanha

Lula perdeu no confronto direto com Bolsonaro, e Bolsonaro perdeu de si mesmo no debate da Band. O erro do presidente não foi um deslize. Foi a confirmação da sua verdadeira natureza. Ele detesta mulheres. O ataque à jornalista Vera Magalhães é coerente com todos os muitos ataques a todas as outras jornalistas, e a todas as mulheres ao longo da sua carreira e de seu mandato. O flanco foi aberto por ele, por decisão própria, e desse ponto em diante o debate foi outro, tanto que houve ao todo seis perguntas sobre mulher.

A grande dúvida sobre a qual todos os especialistas se debruçam é se debates mudam votos. A pesquisa do Ipec divulgada ontem mostrou, de novo, uma cristalização das intenções de votos tanto em Lula quanto em Bolsonaro: 44% a 32%. A mesma distância de 12 pontos entre os dois. A de quinta-feira, do Datafolha, poderá mostrar mais o efeito do debate. Bolsonaro precisa de pouco para o seu objetivo de curto prazo que é garantir que haja segundo turno. Reviravolta eleitoral é muito mais difícil de conseguir. Quando ele desferiu o ataque a Lula no item corrupção, tendo o vasto telhado de vidro que tem, o candidato do PT errou por fugir do tema inescapável na sua campanha. É absolutamente esperado que esse assunto surja muito ao longo dos debates e entrevistas e a desenvoltura mostrada pelo ex-presidente no Jornal Nacional não apareceu no confronto com os outros candidatos.

Luiz Carlos Azedo - No debate dos presidenciáveis, todos os homens são mortais

Correio Braziliense

O debate de domingo serviu para mostrar que há mais opções além da polarização entre os candidatos que a promovem. O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Bolsonaro (PL) podem não ser “imortais”

As feministas da geração de Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) têm como uma das referências a escritora francesa Simone de Beauvoir, que foi casada com o filósofo existencialista francês Jean Paul Sartre. O livro Todos os homens são mortais (Nova Fronteira), de sua autoria, que empresta o título à coluna, conta a história de Régine, uma atriz ambiciosa e invejosa, e o Conde Raymond Fosca, rei de Carmona, personagem nascido no ano de 1279 (séc. XIII), que havia tomado o remédio da imortalidade.

Régine é uma anti-heroína que reconhece seus defeitos e se arrepende deles, mesmo sabendo que não conseguirá mudá-los. Fosca surge no romance pelos olhos da atriz: “Esse homem! — disse ela. — Por que se levanta tão cedo?”. Dele se aproxima. O antigo rei lhe conta seu segredo, o de ser imortal, e a partir daí, Régine torna-se obcecada pela ideia. Para demovê-la, Fosca narra a história de sua vida, desde 1279 até o seu encontro com Régine, num passeio da Idade Média à Modernidade.

O livro foi lançado em 1946. Fosca apresenta vantagens e desvantagens de ser imortal. Com o passar dos anos — das guerras, das pestes, das mortes de amigos e inimigos e de entes queridos, como esposas e filho —, Fosca desanima da vida e passa a buscar respostas para suas perguntas nos outros, assim como é através deles que tenta viver. Não se percebe mais capaz de ser um ser humano como os demais. Quando termina sua história, Fosca deixa Régine sozinha. Cabe a ele seguir por milênios, amaldiçoado. O livro de Simone de Beauvoir nos revela que cada um tem “a dor e a delícia de ser o que é”.

Andrea Jubé - Político não guarda mágoa na geladeira

Valor Econômico

Bolsonaro errou ao não deixar o “fígado” em Brasília

Em algumas situações, tratados científicos e ditados populares equiparam-se como fonte de sabedoria. O notório “quem avisa, amigo é” não precisa partir de um Einstein para atingir o alvo. Se o destinatário do alerta confia no conselheiro - um amigo, ou um aliado - deveria ouvi-lo para tomar a melhor decisão no momento.

O mau desempenho do primeiro e do segundo colocados nas pesquisas sobre a sucessão presidencial no debate promovido pela TV Bandeirantes (em “pool” com a TV Cultura, portal UOL e “Folha de S.Paulo”), pode ser atribuído, parcialmente, à resistência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente Jair Bolsonaro em ouvir os aliados e acatar, ao menos parcialmente, os respectivos conselhos.

Hélio Schwartsman - Quem venceu o debate?

Folha de S. Paulo

Eleitor viu Bolsonaro como ele realmente é e Lula evitando corrupção

Quem venceu o debate? Essa é fácil. Triunfou o candidato pelo qual você, leitor, tem mais simpatia. Via de regra, nossos cérebros operam buscando sinais que confirmem aquilo que já pensamos. Isso é péssimo se o seu objetivo é fazer ciência (refutações são logicamente mais informativas que corroborações), mas é ótimo se a meta é azeitar a sua vida social.

Quando vemos nosso presidenciável favorito falando diante das câmeras, tendemos a superestimar os momentos em que ele se sai bem e a minimizar aqueles em que tropeça. Isso significa que debates são inúteis? Eu não iria tão longe, mas acho que podemos afirmar com segurança que eles são sobrevalorizados por marqueteiros, candidatos e jornalistas.

Cristina Serra - Debate, ringue ou picadeiro?

Folha de S. Paulo

Há regras demais e concorrentes em excesso

A temporada de debates com os candidatos a presidente mal começou e já produziu um dos momentos mais infames da história das campanhas eleitorais no Brasil. Inadmissível a brutalidade com que Bolsonaro reagiu a uma pergunta da jornalista Vera Magalhães sobre vacinas.

Como esse é um dos flancos de maior vulnerabilidade do candidato, ele se descontrolou e mostrou quem verdadeiramente é: um depredador da imprensa, da democracia e dos direitos das mulheres, além de mentiroso serial.

Diante da violência verbal do presidente (também contra a senadora Simone Tebet, do MDB), foi perturbadora a falta de reação do pool de empresas jornalísticas, anfitriãs do encontro televisivo. Bolsonaro deveria ter sido repreendido imediatamente. Mas o roteiro seguiu inalterado, a não ser pela solidariedade à jornalista por parte de alguns candidatos.

Alvaro Costa e Silva – O gatilho e a urna

Folha de S. Paulo

Organizados para eleger sua bancada no Congresso, CACs preocupam

"Fica ligado, defensor de bandido." Antes fosse uma postagem nas redes. Era um recado ao vivo que Rodrigo Mondego, candidato a deputado estadual pelo PT do Rio, teve de ouvir com uma pistola apontada para sua cabeça. O agressor é um policial aposentado. Registrado um boletim de ocorrência por ameaça com arma de fogo, o caso veio a público.

Mas há muitos outros, ocorrendo em todo o país na reta final das eleições, e de maneira escancarada, como o assassinato do petista em Foz do Iguaçu, que acendeu o alerta, e a tentativa de homicídio de um churrasqueiro em Brasília. Fora a simbologia grotesca de usar uma réplica da cabeça de Bolsonaro como uma bola de futebol de dois quilos e meio, chutada de um lado a outro no Minhocão, até se rasgar.

Eliane Cantanhêde - Bagunçando o coreto

O Estado de S. Paulo

Tebet e Thronicke não ameaçam liderança de Lula e Bolsonaro, mas deixam ambos nervosos

A eleição presidencial ganhou ritmo e novos protagonistas, com Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) subindo ao palco com Ciro Gomes (PDT) para disputar holofotes e a atenção e os votos de moderados, indecisos e arrependidos. O show não é mais exclusividade de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Debates e entrevistas tiram os candidatos favoritos da zona de conforto e desbotam as imagens coloridas e favoráveis de suas propagandas eleitorais, dando uma chance preciosa ao “segundo pelotão” das pesquisas: a de se tornarem conhecidos. A partir daí, depende deles.

Morna no Jornal Nacional da TV Globo, Simone Tebet esquentou no debate do pool liderado pelas TVS Bandeirantes e Cultura. Firme, contundente e corajosa, avisou para Bolsonaro que “não tem medo” dele e não caiu na lábia de Lula, chamado de “encantador de serpentes” por Ciro. Atacou a misoginia de um e a corrupção atribuída ao outro.

Pedro Fernando Nery - A pobreza de Bolsonaro

O Estado de S. Paulo

A realidade é mais complicada do que nos zaps que Bolsonaro recebe dos seus aspones

O presidente repetiu no debate o argumento da alienada fala sobre a fome do País: “Já viu alguém pedindo um pão?”. Para Bolsonaro, o Auxílio Brasil, de R$ 600, supera confortavelmente a linha da extrema pobreza. Esta, de US$ 1,90 por dia, giraria ao redor de R$ 10 diários, enquanto o Auxílio seria de R$ 20 por dia. Há quatro erros aí:

1. A linha de extrema pobreza é, na verdade, menor do que Bolsonaro pensa. Ela não é de US$ 1,90 por dia, mas de US$ 1,90 “PPC”: uma medida ajustada por poder de compra com base em pesquisas que comparam o custo de vida entre países.

Do Banco Mundial, é usada no Brasil pelo IBGE. É quase uma outra moeda, e no seu câmbio o valor está mais próximo de R$ 6 por dia. Quem está abaixo desta linha, portanto, vive com mais privações do que na linha imaginada por Bolsonaro;

2. O valor do Auxílio nem sempre supera a linha da extrema pobreza. A linha é de um consumo por pessoa, e o Auxílio é pago por família.

Em uma família com pais e três crianças, a média é de R$ 120 (R$ 600 por cinco). É, então, possível que uma família no Auxílio esteja na extrema pobreza. Enquanto o Bolsa Família e o auxílio emergencial pagavam valores maiores para famílias maiores, o Auxílio seguiu um valor único – para facilitar o marketing. É um dos seus pontos fracos. A desproporcionalidade faz com que o valor seja baixo em famílias vulneráveis, e alto, em outros casos;

3. Bolsonaro complementa que basta, para quem está fora do Auxílio, pedir para entrar, porque não haveria fila. É falso. Câmara e Senado aprovaram o fim das filas. O presidente vetou o avanço, e assim o governo nega o benefício mesmo a quem satisfaz seus critérios;

Francisco Leali - O que é o sigilo de 100 anos que Bolsonaro defende

O Estado de S. Paulo

Presidente da República tem manifestado apreço pelo segredo de documentos oficiais e, alguns deles, podem ficar protegidos por um século

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta colar no seu principal adversário na eleição deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL), a pecha de o candidato dos “100 anos de sigilo”. Repetiu isso no primeiro confronto direto entre os dois no debate promovido na noite de domingo, 28, pela TV Bandeirantes num pool e veículos de imprensa. Ainda não se sabe se o tema tem apelo eleitoral suficiente para tirar votos de Bolsonaro, mas ajuda a expor uma marca da atual gestão do Palácio do Planalto: o apego ao segredo de documentos oficiais.

Bolsonaro não inventou o sigilo de 100 anos. Ele é previsto na Lei de Acesso à Informação (LAI). Está expresso ali que informações pessoais estão protegidas e devem permanecer guardadas por um século. É o prazo mais longo de sigilo estabelecido pela legislação. A regra surgiu como uma salvaguarda para que cada cidadão tenha seus dados pessoais preservados da bisbilhotagem alheia. Também obrigou o Estado, que detém a informação, a guardá-la, sem direito à exposição pública. Ou seja, se você já foi operado no Sistema Único de Saúde (SUS), sua ficha médica não pode vir a público. Se declara ao imposto de renda que tem salário X, esse dado é somente seu e da Receita.

Marcelo Godoy - Apoio policial à democracia enterra risco de golpe de Bolsonaro

O Estado de S. Paulo

O Brasil de 2022 não é o de 2018; há quatro anos, o general Villas Bôas tuitava para manter Lula na cadeia e, agora, manifesta-se para defender a honra do Exército

presidente Jair Bolsonaro tem cada vez menos espaço para tentar permanecer na Presidência a despeito do resultado das urnas eletrônicas. A viabilidade de uma aventura golpista começou a esvanescer em 2020, quando a demissão de Sérgio Moro retirou do presidente a bandeira da moralização da política. Afinal, o ex-juiz deixara o cargo em razão da interferência política na Polícia Federal, que, então, investigava o senador Flávio Bolsonaro, o filho do presidente que comprara uma mansão por R$ 6 milhões em Brasília.

Bolsonaro viu, desde então, minguar o apoio que recebia na caserna. O que restou virou expressão da defesa de salários milionários pagos a generais do governo, do reajuste muito acima do recebido pelo funcionalismo e do pagamento de auxílios revigorados. O bolsonarismo militar tem uma origem ideológica, uma visão de mundo comum, que liga parte da caserna ao presidente, mas até seus críticos nos quartéis lembram que sua manutenção é auxiliada pelas sinecuras distribuídas a oficiais e a seus parentes e amigos, fazendo da participação verde-oliva no governo uma espécie de projeto pessoal de parte dessa burocracia.

Aylê-Salassié Filgueiras Quintão* - Necrolatria: O que um coração necrosado poderia fazer?

O que    Marcelo Rebelo de Souza, um gentil-homem, emérito professor de Direito da Universidade de Lisboa, veio fazer por aqui, num momento desses?  Se for esperto, tem um plano de segurança, que o permite sair de mansinho pelos fundos da Esplanada dos Ministérios, carregando debaixo do braço a caixa de metal com o coração de D. Pedro I. Sobre o soberano, falecido há 180 anos, o imaginário popular atual transita por chacotas, dignas de um Jô Soares, de um Millôr Fernandes ou de um Chico Anísio, se estivessem vivos.  

É de se lamentar que alguém o tenha convencido de que corações embalsamados podiam amenizar esse clima de ódio que está sendo vivido no Brasil, alimentado por dois sujeitos, duas facções, por meio de uma campanha eleitoral revanchista, descomprometida com a Nação, e que se espalha pelo Brasil, contaminando a população.     

Incapazes de produzir um referencial retórico mais apurado esses políticos cunham, inconsequentemente, frases provocativamente lapidares, como: "Nós e eles". Se é um chamamento revolucionário, não sei. Está mais para algo meio boquirroto, que emerge involuntariamente no meio de um discurso de improviso. Mas que, por aqui inspira enfrentamentos entre bufões opostos, centrados no tema da corrupção - Mensalão, Petrolâo, Orçamento Reservado – dos quais são os principais protagonistas.  

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Debate evidencia limite de Bolsonaro no público feminino

O Globo

Agressão gratuita a jornalista tirou dele a vantagem obtida quando Lula derrapou falando de corrupção

O primeiro debate entre os presidenciáveis na noite de domingo deixou claros os limites dos dois líderes nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula teve dificuldades para dar explicações convincentes sobre os escândalos de corrupção nos governos petistas. Quanto a Bolsonaro, desferiu um ataque gratuito e abjeto à jornalista Vera Magalhães, colunista do GLOBO e âncora do programa “Roda Viva”, da TV Cultura, que na certa lhe cobrará um preço num público decisivo nesta eleição: o eleitorado feminino.

Desde o início do debate, promovido por um pool de veículos de imprensa liderado pela Band, Lula tentou desviar do tema mais incômodo para sua campanha, os escândalos na Petrobras. Em resposta à primeira pergunta, feita por Bolsonaro, reivindicou para o próprio governo leis de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro aprovadas antes ou depois de sua gestão, para logo em seguida mudar de assunto e elencar conquistas sociais que atribuiu às gestões petistas. Como sempre faz quando o tema vem à baila, driblou a questão. A hesitação permitiu a Bolsonaro reivindicar a paternidade do Auxílio Brasil — de valor, segundo ele, maior que programas sociais do PT — e deixou-o em vantagem. Não durou muito.

Poesia | Carlos Pena Filho - A Charles Baudelaire

 

Música | Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto - Coração Bobo