segunda-feira, 12 de maio de 2014

Opinião do dia – Rubens Bueno

A Petrobras se notabilizou por judicializar contratos que, como no caso da refinaria de Pasadena, acabam provocando prejuízos enormes para a empresa e ganhos fantásticos para advogados e empreiteiras. Esse também é um ponto que merece toda a atenção da CPI, que o governo continua tentando inviabilizar. Mas creio que a apuração é um caminho sem volta. Mesmo com a demora, a CPI vai sair.

Rubens Bueno, deputado federal (PR) e líder no PPS na Câmara. O Globo, 11 de maio de 2014.

Oposição promete pressão para garantir CPI da Petrobras

• A intenção é forçar partidos que ainda não indicaram seus integrantes para a instalação da comissão nesta semana

Isabel Braga, André de Souza – O Globo

BRASÍLIA — A semana no Congresso promete ser marcada por novo embate entre governo e oposição em torno da CPI mista que investigará irregularidades na Petrobras. Na Câmara e no Senado, a oposição aumentará a pressão sobre os partidos que ainda não indicaram seus integrantes para tentar garantir, ainda esta semana, a instalação da CPI. Até agora, foram feitas 13 das 16 indicações de titulares que cabem à Câmara, e, no Senado, a oposição indicou seus três nomes de titulares, totalizando 16 parlamentares. Para que a CPI seja instalada, são necessários no mínimo 17 indicados.

Já o governo continuará agindo para protelar a instalação da comissão. Os aliados avisam que farão as nomeações no tempo adequado e devem insistir para que a CPI da Petrobras exclusiva do Senado comece a funcionar. Na Câmara, restam indicar os nomes do PT, que terá dois integrantes e o PROS, com um nome. O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), disse que irá se reunir com a bancada na próxima terça-feira, para discutir quem serão os petistas que irão participar da CPI.

— Vamos indicar sim, mas vamos ver a hora certa. Vamos indicar nomes com a seriedade que o partido tem que ter nessa CPI — disse Vicentinho.
Os partidos de oposição criticam o que consideram manobras dos governistas para adiar o início.

— É claríssima a intenção do governo de procrastinar o início da CPI mista. Cobraremos a 17ª indicação, que permitirá instalarmos, já nesta semana, a CPI. Vamos mostrar também que a ação do governo para instalar a CPI só do Senado é para fazer uma CPI chapa branca, na qual tenham controle total das investigações. Não indicaremos nome para a do Senado. A CPI mista é a única que garantirá um mínimo de independência — afirmou o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

No cabo de guerra em torno da CPI, o governo tem a seu favor os prazos regimentais: são cinco sessões da Câmara para a indicação dos integrantes e outras três para o presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), indicar os nomes dos partidos que não estiverem representados.

No caso da Câmara, como prazo de sessão, só contam as que tenham pelo menos 51 deputados na abertura. Até agora, só foi contabilizada uma sessão.

Na Câmara, a pressão maior será sobre o PROS, partido que tem uma vaga de deputado na CPI. O líder do PROS é o deputado Givaldo Carimbão (AL), aliado do governo. Mas Carimbão poderá alegar que todos os demais partidos da base aliada, com exceção do PT, já indicaram seus nomes. O líder do PP, Eduardo da Fonte (PE), que indicou como titular o ex-ministro das Cidades Aguinaldo Ribeiro (PB), justifica:

— Adiar é bobeira, já houve o pedido formal. É importante que se dê transparência e se aprofunde as investigações. Mas o PP terá atuação séria, buscando esclarecimentos e não para promover palanque eleitoral.

No Senado, a oposição irá pressionar para que o PSB saia do bloco governistas e apresente um nome. O partido do presidenciável Eduardo Campos já indicou o nome na Câmara, mas no Senado, como faz parte do bloco, a indicação cabe ao líder do PT, Humberto Costa (PE). Esse bloco inclui PT, PSB, PDT, PCdoB, PSOL e PRB. Costa decidiu não apontar nomes do PSB. Insatisfeito, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), líder do partido na casa, disse que deverá deixar o bloco esta semana. Mesmo assim, segundo ele, o regimento interno impede o PSB de indicar representantes para a CPI.

— A gente deve sair do bloco, mas isso não vai interferir na questão da CPI, porque, pelo regimento do Senado, o que vale é a data da leitura da CPI. Então, nesse caso, saindo do bloco, não tenho direito a vaga - explicou Rollemberg.

Segundo o senador, os blocos no Senado são formados para participar do processo de distribuição nas comissões. Tanto que o bloco do governo tem também outro partido de oposição, o PSOL, do senador Randolfe Rodrigues (AP). O próprio Rollemberg é formalmente vice-líder do governo.

— Tradicionalmente, essas vagas são distribuídas proporcionalmente aos partidos dentro do bloco. Nesse caso, Humberto está desrespeitando uma tradição que existe dentro do bloco. Então não tem mais sentido ficar no bloco — disse o líder do PSB.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), já indicou seus deputados e ele próprio ocupará uma das duas vagas de titular a que o partido tem direito.

Mas o líder já prevê que a instalação da CPI deverá ser adiada para daqui a duas semanas, com os petistas e os partidos aliados de Dilma no Senado só indicando no final do prazo. Para Cunha, é um erro o governo adiar a instalação para próximo do início da Copa do Mundo:

— Continuo achando um erro estratégico não instalar logo. A CPI ficará sozinha, em evidência e terá todos os holofotes. Além de ser mais perto do período eleitoral — disse Cunha.

PPS vai pedir que CPI investigue caso de refinaria no Maranhão

• Rubens Bueno diz que PT e aliados abusam da Petrobras

• Agripino Maia, do DEM, afirma que irregularidades serão investigadas na CPI da Petrobras

- O Globo

RIO — O deputado Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara, disse que as irregularidades na construção da Refinaria Premium I, divulgadas pelo O GLOBO, precisam ser investigadas pela CPI Mista da Petrobras.

- De imediato vamos solicitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) cópias das auditorias nas obras da refinaria. Mas, sem dúvida, é mais um caso que precisa ser levado para a CPI Mista da Petrobras. Além do prejuízo para a estatal com as obras de terraplanagem, existe todo um reflexo na economia local, que se preparou para receber o empreendimento e agora convive com uma situação de incerteza - declarou Bueno.

Segundo o parlamentar, o PT e seus aliados “abusam” da Petrobras:

- Pelo que se viu até agora, além de benefícios para doadores de campanha e das suspeitas de desvio de recursos para partidos, há também o lançamento de obras, na véspera das eleições, para angariar votos. Esse é o caso específico da Refinaria Premiam I, um verdadeiro estelionato eleitoral.

Ao comentar as irregularidades nas obras da refinaria, o líder do DEM no Senado José Agripino Maia (DEM-RN) afirmou que o assunto será incluído na CPI da Petrobras:

- Esse é um assunto que, seguramente, será incluído nas investigações da CPI da Petrobras. É inevitável, são fatos correlators. Todos fruto dessa chaga, que é a gestão petista na Petrobras - disse o senador.

No lançamento da pedra fundamental da Refinaria Premium I em Bacabeira, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a governadora Roseana Sarney, o pai dela, senador José Sarney (PMDB-AP) e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, fizeram festa, com direito a discurso. A refinaria seria a maior do com capacidade de produzir 600 mil barris/dia, empregaria 25 mil pessoas no ápice das obras e deveria entrar em pleno funcionamento em 2016. Quatro anos depois, o que se vê é a paralisação da obra, que somente em terraplanagem, consumiu R$ 583 milhões, além de mais R$ 1 bilhão em projetos, treinamentos, transporte, estudos ambientais. Todo o montante foi pago pela Petrobras.

O custo total da refinaria está estimado em R$ 38 bilhões, mas a própria empresa afirmou que “somente após a conclusão da etapa de consulta ao mercado será possível mensurar o custo total da refinaria”. A previsão, agora, é que ela entre em operação em 2018.

Na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros, determinou a abertura da CPI mista da Petrobras, além da comissão de ínquérito no Senado também para investigar irregularidades na estatal. Desde então, o governo e a oposição promovem uma queda de braço para instalar somente a CPI mais favorável a seus interesses e, por isso, não indicam os nomes para integrar a outra. Enquanto o governo defende a CPI no Senado, onde seria mais fácil controlar as investigações, a oposição briga pela abertura da comissão mista, com senadores e deputados.

Fundo Partidário pagou escritórios que defendem condenados do PT e do PR

• Diretórios nacionais das legendas contrataram em 2012 e em 2013 bancas que representam, na esfera privada, sentenciados no julgamento do mensalão e réus por corrupção

Fabio Fabrini e Erich Decat - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Os diretórios nacionais do PT e do PR contrataram com recursos públicos, provenientes do Fundo Partidário, os mesmos advogados que representam, na esfera privada, condenados no julgamento do mensalão e réus acusados de corrupção após as investigações das operações Porto Seguro e Sanguessuga, da Polícia Federal.

Documentos das prestações de contas dos dois partidos em 2012 e 2013, apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostram repasses de até R$ 40 mil mensais para os escritórios, que atuam para clientes como ex-presidente do PT José Genoino e a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha.

A Lei dos Partidos Políticos, que disciplina a aplicação dos recursos, não prevê a cobertura de gastos de natureza privada.

Os três escritórios remunerados pelo PT com recursos de origem pública no período analisado afirmam que receberam pagamentos por serviços prestados exclusivamente ao partido. Sobre os serviços privados, dois disseram trabalhar de graça e um "a preços módicos" para os envolvidos nos processos.

No processo do PR, referente ao exercício de 2013, o Estado localizou três notas fiscais de R$ 42 mil cada, do escritório do criminalista Marcelo Luiz Ávila de Bessa - que defendeu o ex-presidente nacional da sigla Valdemar Costa Neto e o ex-deputado Carlos Alberto Rodrigues, o Bispo Rodrigues, no julgamento do mensalão.

Consultado, o partido admitiu que o dinheiro do Fundo Partidário foi usado para bancar as defesas de Valdemar e Bispo Rodrigues. Os dois estão presos em Brasília após serem condenados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O julgamento do mensalão teve início em 2 de agosto de 2012 e foi encerrado em dezembro do mesmo ano no Supremo Tribunal Federal. Por causa dos recursos (embargos) apresentados pelas defesas, as sentenças finais só foram declaradas em março deste ano.

O PR afirma que contratou a banca para cuidar dos processos criminais de seus parlamentares e dos integrantes da Executiva Nacional. O pacote também inclui as defesas de filiados acusados de envolvimento com a Máfia dos Sanguessugas - esquema descoberto em 2006, que desviava recursos federais para a compra de ambulâncias.

Repasses para pagar honorários foram feitos por meio de cheques da presidência do partido, descontados da conta usada para movimentar a verba do Fundo Partidário.

Para o presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, há no caso uma "impropriedade manifesta", pois recursos de origem pública não podem bancar despesas com honorários de processos criminais, de cunho "pessoal" (mais informações nesta página).

‘Cortesia’. O PT pagou em 2012 e 2013 ao menos R$ 485 mil ao escritório Fregni - Lopes da Cruz por honorários de ações cíveis, conforme 15 notas fiscais apresentadas ao TSE. Em Brasília, a equipe de advogados defende o ex-presidente do partido José Genoino em processos no quais ele é acusado de improbidade administrativa. As ações movidas pelo Ministério Público são um desdobramento na esfera cível do caso do mensalão.

Na esfera criminal, Genoino foi condenado por corrupção ativa no julgamento no Supremo. Ali, foi representado por outra banca. No dia 30 passado, ele foi levado para a prisão, em Brasília, por ordem do presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa.

A advogada Gabriela Fregni nega que repasses do partido cubram a defesa de Genoino. Ela afirma que o escritório tem uma relação antiga com o petista, que anos atrás pagou "honorários módicos" por trabalhos da equipe. Hoje, explica, não há contrato regulamentando outros pagamentos, tampouco débitos pendentes. "Quando essas ações (de improbidade) iniciaram, a gente passou a cuidar disso por uma cortesia que a gente tinha com ele", afirmou.

Em 2013, o diretório nacional petista pagou ainda R$ 75 mil ao escritório de Márcio Luiz Silva, advogado de Brasília que atuou nas defesas dos ex-deputados Professor Luizinho e Paulo Rocha, absolvidos pelo STF das acusações de lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão.

O advogado disse que trabalhou para os dois políticos de graça. "Fiz isso em caráter de amizade, não teve cobrança", sustenta. Embora mantenha procuração nos autos do processo, Silva afirma que, na prática, atuou apenas até as alegações iniciais do julgamento, passando o bastão para criminalistas depois.

Em junho de 2013, ele firmou com o PT contrato de R$ 180 mil, valor a ser pago em 12 parcelas de R$ 15 mil. O documento prevê serviços de assessoria e consultoria nas áreas de "direito eleitoral, constitucional e político-institucional". "Faço representação institucional do partido no TSE", afirmou.

Luiz Bueno de Aguiar, advogado próximo de petistas influentes, atuou para a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo Rosemary Noronha logo após a Polícia Federal deflagrar, no fim de 2012, a Operação Porto Seguro. Aguiar recebeu ao menos R$ 809 mil da legenda nos últimos dois anos de recursos originários do Fundo Partidário. Ele afirma que tem contrato antigo para cuidar de causas cíveis do PT.

O inquérito da Porto Seguro apontou participação da ex-funcionária num esquema de venda de "facilidades" na administração pública. Rose foi denunciada pelo Ministério Público Federal e responde a ação penal por formação de quadrilha, tráfico de influência e corrupção passiva. Conforme o TSE, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo é filiada ao PT desde 1989.

Questionado, Aguiar disse que atuou para Rose num primeiro momento, acompanhando-a em audiências na PF, também a custo zero. "Há emergências que você atende, a clientes antigos, que não cobra."

PT critica decisão do STF de negar trabalho externo a José Dirceu

• Em nota, presidente do partido diz que decisão de Joaquim Barbosa é arbitrária e irregular

• Partido diz que o ministro adota comportamento persecutório e pede que faça valera justiça

Cleide Carvalho - O Globo

SÃO PAULO — O PT divulgou nota em protesto contra a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, de negar o pedido do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para trabalhar fora da prisão. Assinada pelo presidente nacional do partido, Rui Falcão, a nota diz que a decisão foi arbitrária e ameaça fazer regressar ao regime fechado os que cumprem pena em regime semiaberto.

"Ao obstruir novamente, de forma irregular e monocrática, o direito de José Dirceu cumprir a pena em regime semiaberto,o ministro Joaquim Barbosa comete uma arbitrariedade, tal como já o fizera ao negar a Jose Genoino, portador de doença grave, o direito à prisão domiciliar. Mais ainda: apoiando-se em interpretação obtusa, ameaça fazer regressar ao regime fechado aqueles que já cumprem pena em regime semiaberto, com trabalho certo e atendendo a todas as exigências legais. O PT protesta publicamente contra este retrocesso e espera que o plenário do STF ponha fim a este comportamento persecutório e faça valer a Justiça", diz a nota.

Barbosa afirmou que tomou a decisão com base no artigo 37 da Lei de Execuções Penais, que exige o cumprimento de ao menos um sexto da pena para a concessão do benefício a detentos no regime semiaberto. Dirceu cumpre pena de sete anos e onze meses de prisão na Penitenciária da Papuda, em Brasília, desde 15 de novembro do ano passado. O direito, portanto, só poderia ser concedido depois que ele passar pelo menos um ano, três meses e 25 dias na cadeia.

Uma causa julgada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 1999 definiu que a regra só serve para presos em regime fechado, e não no regime semiaberto. Varas de Execuções Penais de todo o país têm seguido essa jurisprudência. No entanto, Barbosa ponderou que o STF não se submete a essa norma – e que o próprio STJ já decidiu processos de forma diferente.

Barbosa disse ainda que a oferta de emprego de Dirceu não era de empresa conveniada com o poder público, o que "dificultaria a fiscalização disciplinar do preso enquanto trabalha".

A proposta de Dirceu era apra trabalhar no escritório do advogado José Gerardo Grossi, um dos mais renomados criminalistas de Brasília. O ministro classificou a oferta de trabalho como uma mera “action de complaisance entre copains” (em francês, um arranjo entre amigos).

Lula versus Dilma

• Lula diz que Dilma ‘vai ganhar’ porque é ‘mais bem preparada’ e defende compra de Pasadena

• Para ex-presidente, Sérgio Gabrielli e Graça Foster souberam explicar o negócio. Ele afirma ‘ser estranho’ denúncias próximas das eleições

Biaggio Tallento - Agência A Tarde

SALVADOR - Principal cabo eleitoral das eleições desse ano, o ex-presidente Lula está de volta à Bahia nesta segunda-feira para o início da pré-campanha petista à reeleição da presidente Dilma Rousseff e do candidato Rui Costa ao governo Estado. Em entrevista, Lula fala sobre a escolha de Casta, Pasadena, as chances de vitória de Dilma e o afastamento de alguns aliados da base política do governo federal.

O senhor tinha apoiado o nome de José Sérgio Gabrielli para ser o candidato do PT ao governo baiano. O que achou da escolha de Rui Costa?

Não se trata de ter apoiado o nome do Gabrielli para ser candidato a governador, porque quem decide o candidato é o Partido dos Trabalhadores na Bahia. Eu achava que o Gabrielli era o companheiro mais preparado para ser governador, quando ele deixou a Petrobras e foi ser secretário no governo da Bahia. Os anos passaram, e o PT baiano e o governo construíram a possibilidade de ter outro candidato e o partido por maioria decidiu esse candidato, portanto o candidato é o Rui Costa, que é o meu candidato, do governador Jaques Wagner, do Gabrielli e espero que também seja o candidato do povo da Bahia. Eu acho que a Bahia é um estado muito importante e tem um governador que sabe fazer política como ninguém, tanto que foi eleito duas vezes no primeiro turno.

Falando em Sérgio Gabrielli, como o senhor está observando toda essa polêmica da compra da Refinaria de Pasadena? Na opinião do senhor, foi um bom negócio na época que foi realizada no seu governo?

Primeiro, esse caso de Pasadena já vem sendo discutido há muito tempo pelo Tribunal de Contas da União, pelo Congresso Nacional, tanto o Gabrielli quanto a Graça Foster já deram muitas informações sobre isso. Ora, é muito cômodo uma pessoa achar que um negócio que era rentável, que era importante do ponto de vista estratégico para Petrobras, feito em 2006, por conta do momento do petróleo nos Estados Unidos, ache agora, que não foi bom porque o mercado de petróleo mudou e não está vendendo o que achava que ia vender. Você pode ter feito um mau negócio na época que depois virou um bom negócio, ou fazer um mau negócio que se transforme depois em um negócio razoável, rentável. Eu acho que o Gabrielli e a Graça explicaram bem isso. O que eu acho estranho é que toda a época de eleição aparece alguém com uma denúncia contra a Petrobras, que desaparece logo depois das eleições. Eu tenho, às vezes, a impressão que tem gente querendo fazer caixa dois fazendo denúncia contra a Petrobras.

Na campanha presidencial haverá a discussão do que foi feito nos governos petista em comparação com os governos anteriores. A presidente Dilma leva vantagem na comparação em relação aos seus adversários e poderá usar o legado da Copa do Mundo nessa discussão?

Eu penso que nós temos quase 12 anos de governo do PT, para comparar com as pessoas que governaram o Brasil antes de nós. E eu tenho certeza que no investimento em educação, na saúde, na geração de emprego, no aumento dos salários, do salário mínimo, no combate a miséria e a fome, o Brasil tem no governo do PT uma política de sucesso que serve de exemplo para o mundo. Certamente não foi feito tudo em 12 anos, e nem seria possível consertar em 12 anos o que não foi feito em 500 anos. De qualquer forma, eu não tenho dúvida nenhuma que os 12 anos de PT nos enchem de orgulho por tudo que foi feito nesse país. Desde o programa Bolsa Família ao Luz Para Todos, desde o Prouni ao Reuni, desde as universidades do Fies aos estudantes à agricultura. Eu acho, incomparável, as vantagens obtidas no governo do PT em relação aos outros governos. Eu, sinceramente, não acho que a Copa do Mundo tem influência para qualquer que seja o candidato, perca o Brasil ou ganhe o Brasil. Não é possível imaginar que o povo não tenha nenhuma inteligência e vá decidir o resultado em cima de um jogo de futebol. Eu acho que a Dilma vai ganhar as eleições porque é a candidata mais preparada, com as melhores propostas para o segundo mandato, e todo mundo sabe que ela tem uma experiência extraordinária em governar o Brasil.

Na visão do senhor, o que deu errado na articulação da presidência da República com os partidos aliados já que ocorreram problemas de relacionamento com o PMDB e o próprio PSB que deixou a aliança?

Eu acho que os problemas e divergências na base aliada são próprios do tamanho da base aliada. Quando você é um governo bem-sucedido como o da presidenta Dilma, e tem aliança com quase todos os partidos, é natural que na época da campanha você tenha divergências pontuais com alguns partidos, alguns tentem ter candidatura própria, como o PSB e isso tem que ser encarado com naturalidade. O que é importante a gente ter consciência, é que isso faz parte da consolidação do processo democrático no Brasil, que é irreversível.

Como o senhor vê a candidatura de Eduardo Campos com o discurso de querer enterrar a “política velha” após ser aliado durante longo tempo do PT e seus governos, em Pernambuco, terem recebido recursos generosos do governo federal?

O Eduardo Campos, quando fala de enterrar a política velha, ele deve saber do que ele está falando, porque ele tem consciência que todo mundo que faz política, inclusive ele, faz política com base na realidade, com base na correlação de forças, com base na composição necessária para ter governabilidade. Ele, mais do que ninguém, sabe disso. Eu acho que ele tem todas as condições de ser candidato à presidente. Ele tem experiência administrativa, foi governador de um estado importante, eu acho que ele pode ser candidato, não tem problema, como pode o Aécio, como pode qualquer um ser candidato. Basta ter idade suficiente e ser filiado à um partido político para ser candidato. Os recursos que o governo federal deu para Pernambuco, deu para todos os estados. Quando fazemos investimentos no estado, com dinheiro do orçamento ou financiamento, nós não o fazemos por causa do governador, mas por causa das necessidades do povo de cada estado ou cada cidade. Nós sabemos que era preciso fazer muito investimento no Nordeste, porque o Nordeste foi por muito tempo esquecido pelos governos do Brasil. O que nós fizemos para Pernambuco, fizemos para a Bahia, fizemos para o Ceará ou Maranhão, porque nosso lema era trabalhar para tirar o Nordeste do atraso ao qual ele estava submetido. E eu tenho certeza que nunca antes na história do Brasil, um governo investiu tanto no Nordeste quanto o PT investiu nesses 12 anos de governo.

Lula não é garantia de vitória, afirma FHC

• Para ex-presidente tucano, há uma fadiga de material no governo federal e o longo tempo do PT no poder fez sigla perder a 'capacidade de renovar'

O Estado de S. Paulo

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse em entrevista veiculada ontem que o PT corre o risco de perder a eleição presidencial mesmo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja o candidato no lugar da presidente Dilma Rousseff.

"Não sei se o Lula vai ou não ser candidato, mas é arriscado porque ele também pode perder", disse Fernando Henrique em entrevista ao jornalista Roberto D'Avila, transmitida pelo canal Globo News.

Na abertura do 14.º Encontro Nacional do PT, realizado no dia 2 de maio, em São Paulo, Lula descartou de forma enfática a possibilidade de substituir Dilma na corrida presidencial, embora lidere com folga todas as pesquisas de opinião.

Segundo Fernando Henrique, existe uma fadiga de material do PT no governo federal. "Quando você fica muito tempo no poder os compromissos são muitos. Mesmo querendo mexer na máquina você não consegue. Veja a presidenta Dilma. Ela começou tentando, mas não consegue. Com o tempo, você perde a capacidade de renovar", disse ele.

Questionado sobre a longa permanência do PSDB no governo de São Paulo, desde 1995, o ex-presidente admitiu que o conceito também se aplica ao Estado, mas que até hoje não apareceu ninguém "confiável" para substituir os tucanos.

Fernando Henrique também admitiu a existência de um cartel e corrupção no sistema metroferroviário paulista sob a gestão do PSDB mas, ao contrário do mensalão federal, não existem provas de que tucanos tenham se beneficiado do esquema.

"Até agora não há provas de que o partido tenha se beneficiado. Houve corrupção, sim, deve ter havido. Houve o cartel e algumas pessoas receberam. Não é a mesma coisa que o mensalão. É outra coisa, mas é errado do mesmo jeito", disse o ex-presidente.

Serra. Questionado se havia a possibilidade de o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) ser candidato a vice-presidente na chapa do senador Aécio Neves, o ex-presidente afirmou: "Não sei se ele (Serra) quer e se o Aécio vai topar, o tema não chegou às minhas mãos".

Fernando Henrique fez uma forte defesa da reforma política e revelou ter conversado com Lula, Dilma e José Sarney durante a viagem à África do Sul para o funeral de Nelson Mandela, em dezembro do ano passado, sobre a necessidade de um pacto para a mudança do sistema eleitoral. Segundo ele, a conversa não prosperou. "Todo mundo está vendo que este sistema não está funcionando. O que eu tenho medo é de um aventureiro, porque quando o sistema vai mal alguém que venha apelar ao povo diretamente com medidas autoritárias pode encontrar eco", afirmou.

O ex-presidente também disse ser favorável à realização da Copa do Mundo no Brasil e lembrou que tentou trazer o torneio para o Brasil.

Para FHC, nem Lula garante vitória do PT

• Em entrevista na TV, tucano critica petista por ter negado a existência do mensalão

Flávio Ferreira – Folha de S. S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que o PT corre o risco de perder a próxima eleição mesmo se o candidato for o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que "a situação no Brasil não é boa".

"Eu não sei se o Lula vai ou não ser candidato. É arriscado, ele também pode perder. Do jeito que as coisas estão, a percepção do povo vai mudando rapidamente", disse o ex-presidente do PSDB em entrevista ao jornalista Roberto D"Avila, veiculada ontem pelo canal Globonews.

Com base em pesquisas, aliados do petista sustentam que a candidatura de Lula garantiria uma vitória fácil do partido no pleito de outubro e defendem que ele entre na disputa no lugar da presidente Dilma Rousseff.

Na entrevista, FHC afirmou que a má situação do país deve ser creditada ao petista.

"Atribuem a quebra de confiança à Dilma, mas as políticas começam na segunda parte do segundo mandato do Lula. Depois da crise mundial, os que estavam no governo acharam: vamos aumentar o crédito, vamos aumentar o consumo". Esqueceram que isso sem investimento cria problemas", disse o tucano na TV.

FHC também criticou Lula pelo fato de o petista ter negado a existência do esquema do mensalão em entrevista à imprensa de Portugal. Ao falar sobre a necessidade uma reforma política no país, o tucano ainda disse que Lula não se empenhou em mudar o atual sistema.

"Eu tinha um propósito: reformar a Constituição. Depois o presidente Lula veio para nada, e não reformou Constituição nenhuma. O que ele queria? Hegemonia, dominar tudo. E deu no mensalão. Ele [Lula] diz que não aconteceu. Todo mundo sabe que houve o mensalão."

FHC ataca Lula, e petistas reagem

• Tucano diz que PT pode perder mesmo com o ex-metalúrgico candidato e atribui ao sucessor falhas do governo Dilma. Governistas dizem que não há como comparar legados de PSDB e PT e garantem a presidente na cabeça de chapa

Grasielle Castro – Correio Braziliense

Já com o pé no debate eleitoral, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) desdenhou do movimento interno petista que defende a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos principais conselheiros do pré-candidato Aécio Neves (PSDB), o tucano disse que, mesmo se substituir Dilma Rousseff na cabeça de chapa, o PT corre o risco de perder as eleições. A declaração de FHC foi vista dentro do PT como uma forma de polarizar o debate entre os dois ex-presidentes, sem o protagonismo da presidente Dilma Rousseff, pré-candidata oficial à reeleição. "Não precisamos de Lula candidato para ganhar do PSDB, vamos ganhar com a Dilma", respondeu o deputado José Guimarães (PT-CE).

Embora a imagem do ex-presidente petista esteja em alta e seja considerada, por mais de metade dos brasileiros que querem mudanças na política, a melhor opção para a tarefa, ela tem sido um peso para os dois partidos. Além de dividir o PT, tornou-se alvo da oposição. Apesar do favoritismo retratado nas pesquisas, FHC acredita que Lula pode ser derrotado pelas condições do país. "É arriscado (Lula se candidatar), ele também pode perder. Do jeito que as coisas estão, a percepção do povo vai mudando rapidamente", disse. Na avaliação do tucano, a situação do país não é boa. "Quem ganhar o governo vai ter muito trabalho lá na frente", justificou em entrevista ao jornalista Roberto D"Avila, da Globonews.

A resposta do ex-presidente faz alusão ao movimento pelo retorno de Lula, que corre os corredores do Congresso, e às pesquisas de intenção de voto, divulgadas nas últimas semanas, que antes mostravam Dilma reeleita no primeiro turno e, agora, apontam para mais uma corrida às urnas. Para FHC, o país vive hoje o legado das decisões tomadas pelo ex-presidente, que foram vinculadas à presidente Dilma Rousseff. "A quebra de confiança, atribuem a Dilma, mas as políticas começaram na segunda parte do governo Lula. O grande divisor de águas aqui é a crise mundial", alfinetou. O tucano também aproveitou para reclamar a paternidade de programas que viraram marca do PT. "Bolsas, quem praticou fui eu. Reforma agrária, fiz três vezes mais que Dilma, até o aumento do salário mínimo, que por causa do real, aumentou bastante", listou.

Herança
Entre os petistas, a entrevista foi vista como mais um ataque gratuito. "O ex-presidente não sabe o que diz. Não tem nem como comparar o legado do Fernando Henrique com o do Lula. Se fizesse uma pesquisa, talvez ele não chegasse nem a um terço da preferência e reconhecimento que Lula tem. O governo da Dilma segue o mesmo caminho. Ela é nosso estandarte, e Lula, um militante da campanha", rebate Guimarães. O petista ressalta ainda que o ex-presidente faz críticas que não são compartilhadas pelo núcleo do PSDB. "Dizem que defendem o aumento do salário mínimo, mas votaram contra e vivem falando que o salário está alto demais. Não se decidem", alfinetou o petista.

O tucano também criticou os 12 anos de PT no Palácio do Planalto. Segundo ele, com o tempo, o governo perde a capacidade de se renovar. "A alternância de poder é sempre boa", arremata. Outro problema, segundo ele, é o uso da máquina pública por quem tenta reeleição. "Não imaginava que fossem usar tanto a máquina sendo presidente, eu não usei dessa maneira. É preciso ser mais cuidadoso com as regras. Quem está no cargo se beneficia automaticamente. Está o tempo todo na mídia", destacou. Embora tenha sido reeleito e o PSDB ocupe o Palácio dos Bandeirantes há 16 anos, o tucano ressalta que é preciso alguém que o povo confie para passar o poder. "O que, por enquanto, não aconteceu em São Paulo", emendou. A possibilidade de o ex-governador de São Paulo José Serra integrar a chapa de Aécio Neves como vice é vista com dúvida por FHC. Ele diz não saber nem se Serra aceitaria. "Nem (sei) se Aécio vai topar. O tema ainda não chegou às minhas mãos", resumiu.

Bahia é palanque para Campos, Aécio e Lula

• Presidenciáveis e aliado de Dilma visitam estado hoje; presidente vai a Minas

Fernando Duarte – Agência A Tarde (BA)

SALVADOR - A Bahia volta a ser palco hoje para os dois principais adversários da presidente Dilma Rousseff (PT) na corrida pelo Palácio do Planalto. Em cidades distintas, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) disputam os holofotes com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também visita hoje a cidade de São Francisco do Conde, Região Metropolitana de Salvador, e a capital baiana.

Já Dilma vai hoje pela sexta vez a Minas Gerais, base eleitoral de Aécio. A presidente ficará por duas horas em Ipatinga, onde participa da cerimônia de assinatura das obras de duplicação de 300 quilômetros da BR-381, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares. Em agosto do ano passado, quando foi a Varginha, também em Minas, Dilma disse que os contratos para a obra seriam assinados até setembro de 2013. Em 17 de fevereiro deste ano, em Governador Valadares, a presidente anunciou novamente a duplicação desse trecho da estrada, a chamada “Rodovia da Morte”.

Aécio estará no segundo maior colégio eleitoral da Bahia, Feira de Santana, duas semanas após participar do Fórum Empresarial de Comandatuba, no sul do estado. Aécio troca o discurso econômico da última visita por uma conversa com lideranças regionais.

— Ele está aproveitando esses momentos para circular — disse o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB-BA), que acompanhará o presidenciável na visita.


Aécio também receberá o título de Cidadão Soteropolitano, concedido pelos vereadores Paulo Câmara (PSDB) e Leo Prates (DEM). A outorga acontece na Câmara dos Vereadores, com presença esperada do prefeito ACM Neto (DEM).

Enquanto Aécio aproveita a condecoração para visitar Feira de Santana e Salvador, Eduardo Campos (PSB) segue com “diálogos” com diversos segmentos sociais. Em Vitória da Conquista, terceiro maior colégio eleitoral da Bahia, participa do seminário “Dialogando com a juventude”, com a participação da pré-candidata ao governo pelo partido, Lídice da Mata, e da pré-candidata ao Senado, Eliana Calmon.

O encontro, agendado para as 10h, segue o mesmo protocolo do seminário sobre desenvolvimento do sul da Bahia, realizado em Ilhéus, em 2 de maio, após participar do Fórum de Comandatuba. Nele, Campos ouviu demandas regionais e afinou o discurso com as militâncias do PSB e da Rede na Bahia.

Lula estará na Bahia como convidado do governador Jaques Wagner para uma inauguração em São Francisco do Conde, à tarde. À noite, em Salvador, será a maior estrela em ato da pré-campanha do candidato petista Rui Costa.

Com vice indefinido, Aécio se reaproxima de Serra

• Senador e ex-governador paulista tiveram encontro reservado na quinta

• Composição da chapa para disputar o Planalto foi tema tratado apenas lateralmente, disseram os tucanos a aliados

Daniela Lima – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em meio às especulações sobre a indicação para a vaga de vice em sua chapa na campanha presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi ao encontro do ex-governador José Serra na última quinta-feira, em São Paulo.

A reunião aconteceu em local reservado. Foi a primeira vez que eles estiveram a sós para conversar desde o ano passado. Segundo disseram a interlocutores, fizeram um diagnóstico das alianças do partido nos Estados.

O assunto da composição da chapa presidencial teria sido tratado lateralmente, sem que chegassem a uma conclusão sobre o tema.

Antes do encontro com Aécio, Serra disse a aliados temer que as especulações acabassem por colocá-lo como alguém que esteja pleiteando a vaga. "Ele ouve o que temos a dizer sobre o assunto com calma, mas fala pouquíssimo, mesmo quando provocado", resume um de seus homens de confiança no PSDB.

Aécio, por sua vez, tem consultado líderes de partidos aliados sobre o assunto. Segundo relato de pessoas com quem ele conversou, o mineiro sempre deixa claro que não tem posição fechada sobre o assunto e aborda o nome de Serra atribuindo à imprensa sua entrada na lista de possíveis vices.

Em conversa com Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, uma das siglas que fechou apoio ao seu nome, por exemplo, Aécio pediu uma avaliação sobre o impacto de uma possível aliança com Serra.

Outro político consultado foi o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que irá compor o palanque de Aécio na Bahia. Procurado, ele confirmou ter tratado do tema, mas não quis expor suas considerações publicamente.

Nasceu de aliados de Serra a teoria de que o ex-governador seria um bom nome para a vice. Circula ainda no partido a versão de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso seria a favor.

Em entrevista à GloboNews, exibida na madrugada de ontem, FHC evitou se comprometer com o assunto. "Não sei se ele [Serra] quer nem se o Aécio vai topar. Não sei. Esse tema não chegou às minhas mãos", disse FHC.

Entre os tucanos, o único consenso é de que o tema acabou por contribuir para que o clima entre Aécio e Serra venha se tornando menos tempestuoso. Os dois disputaram por anos o protagonismo político dentro do PSDB.

Em 2013, Aécio reuniu as forças mais significativas da sigla em torno de seu nome e consolidou sua candidatura à Presidência quase como unanimidade dentro do partido. Serra, que inicialmente se colocou na disputa e chegou a negociar deixar o PSDB pelo PPS para ser candidato, acabou ficando no partido, mas guardou distância da pré-campanha de Aécio.

Desde que as especulações sobre a composição de uma chapa puro-sangue com o mineiro começaram a aparecer, Serra se reaproximou.

Esteve em jantar oferecido ao senador pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e prestigiou uma feira de agronegócio na qual cruzou com Aécio durante um almoço. Mesmo com a reaproximação, a possibilidade de um acerto entre os dois ainda é considerada remota no PSDB.

A lista de possíveis vices de Aécio inclui representantes de outros três partidos. No PSDB, além de Serra, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) era tido como principal nome. Na última semana, no entanto, ele se envolveu em uma briga com um blogueiro do PT e foi criticado por seu temperamento. A deputada Mara Gabrilli (SP) também é a outra cotada no PSDB.

Aécio deve anunciar seu vice até 14 de junho, data da convenção do PSDB.

Divergências entre PSB e Rede aumentam nos palanques estaduais

Andrea Jubé – Valor Econômico

BRASÍLIA - Dirigentes nacionais do PSB e do movimento Rede Sustentabilidade já admitem, abertamente, que o presidenciável pessebista Eduardo Campos e sua candidata a vice, Marina Silva, estarão em palanques separados em alguns Estados. Nos últimos dias, entretanto, a indefinição em colégios estratégicos como São Paulo e Minas Gerais elevou a tensão entre os dois aliados.

Em São Paulo, a temperatura subiu após divulgação de manifesto, assinado por lideranças do diretório estadual do PSB, reivindicando a autonomia para firmarem alianças locais. Foi uma reação a declarações de lideranças locais do Rede, que rejeitam o nome do presidente do PSB-SP, deputado Márcio França, para a sucessão estadual.

Simultaneamente, em Minas Gerais, Marina intensificou a pressão sobre Campos para rever o acordo firmado com o senador Aécio Neves (MG), presidenciável do PSDB, pelo qual dividiriam o palanque no Estado. Em Alagoas, Pará, Paraná e Rio Grande do Norte, a separação entre PSB e Rede está praticamente consolidada.

Um interlocutor de Campos disse ao Valor, pedindo anonimato, que o PSB reconhece os complicadores da aliança com o Rede e admite que marcharão separados em alguns Estados. Mas ressalta os dividendos da união: "Preferimos uma vice que incomoda, mas traz votos, a um vice indiferente ao eleitor".

O manifesto do PSB paulista pelo direito de firmar coligações locais, independentemente da anuência do Rede, foi articulado pelo prefeito de Campinas, Jonas Donizette, vice-presidente estadual da sigla. O documento tem o aval de nomes expressivos do PSB paulista, como o prefeito Valdomiro Lopes, de São José do Rio Preto, e representantes da bancada federal.

Há meses, o diretório paulista do PSB, comandado por Márcio França, costurava uma aliança com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). França articulava a candidatura a vice na chapa de Alckmin, candidato à reeleição, mas Marina advertiu que não subiria nesse palanque, assim como não estará ao lado de candidatos do PSDB apoiados pelo PSB.

Nos bastidores, aliados de França ainda articulam seu ingresso na chapa de Alckmin. Do contrário, defendem a candidatura própria ao governo, com a chapa encabeçada por França. "A saída menos traumática seria o apoio a Alckmin, deixando o Rede seguir rumo próprio", diz um pessebista ligado a França. Os seguidores de Marina discutem o apoio a outros nomes, como o filósofo Vladimir Safatle (PSOL) ou Gilberto Natalini (PV).

Em Minas, Marina intensificou a pressão sobre Campos para lançar a candidatura própria do PSB ao governo. A ex-senadora defende o nome do médico sanitarista e ambientalista Apolo Heringer.

Em troca da prerrogativa de subir no palanque do tucano Pimenta da Veiga, Campos franqueou a Aécio o palanque de seu candidato em Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

Mas um aliado próximo de Campos contesta os argumentos de Marina, ponderando que a aliança entre PSB e PSDB em Minas é histórica - remonta a 1996, quando Célio de Castro (PSB) se elegeu prefeito de Belo Horizonte. "É absurdo forçar o rompimento com o PSDB em Minas", critica uma liderança nacional da sigla.

A subida de Aécio nas pesquisas, no entanto, deve alterar o cenário. Ao Valor, o deputado federal Júlio Delgado, presidente do PSB-MG, disse que o clima mudou e o PSB não deve mais seguir o pacto com o PSDB. O pessebista afirmou que seu partido deverá lançar um candidato a governador em Minas. O motivo? "Para que não se coloque o PSB como sublegenda do Aécio e nem que se coloque a candidatura do Eduardo como segunda opção à de Dilma Rousseff (PT) ou à de Aécio", disse Delgado.

Mas a candidatura a governador não deverá atender ao pedido de Marina pelo lançamento de Apolo Heringer. Seu preferido não teria o apoio de Campos. O mais cotado seria o próprio Júlio Delgado.

Em outros Estados, os caminhos opostos do Rede e do PSB estão traçados. Em Alagoas, o PSB apoiará o senador Benedito de Lira (PP) ao governo e lançará o deputado federal Alexandre Toledo ao Senado. Marina, contudo, tende a apoiar a vereadora Heloísa Helena (PSOL).

No Pará, Marina não subirá no palanque com Eduardo, se o PSB insistir em lançar ao Senado o deputado estadual Sidney Rosa, cuja família é proprietária de uma madeireira, autuada pelo Ibama.

No Paraná, o PSB marcha com o governador Beto Richa (PSDB) e o Rede apoiará a professora Sigrid Andersen (PV) ao Senado. E no Rio Grande do Norte, o Rede rejeita aderir à candidatura ao governo do presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB). (Colaborou Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)

O voto anti-PT e o desafio da terceira via

Raymundo Costa – Valor Econômico

BRASÍLIA - Por mais que ainda seja cedo para projetar uma polarização entre PT e PSDB na eleição presidencial de outubro, como bem fez questão de avisar Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, é exatamente para isso que aponta a pesquisa do instituto divulgada na sexta-feira. A cautela de Paulino é compreensível, mas a pesquisa acende um sinal amarelo na campanha do ex-governador Eduardo Campos (PSB), que é candidato a romper essa polarização.

O resultado do Datafolha de maio é uma ótima notícia para o candidato do PSDB, Aécio Neves, que cresceu quatro pontos em relação à ultima pesquisa (foi de 16% para 20%). À primeira vista, o voto de oposição, especialmente o voto anti-PT que se manifestou em todas as últimas eleições pode estar seguindo seu caminho natural, que é o PSDB. Desde 1994, na primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso, a terceira via esteve presente em todas as eleições presidenciais. Em todas teve dificuldades para se viabilizar como alternativa.

PT e PSDB estiveram no segundo turno de cinco das seis eleições presidenciais até agora disputadas, desde a redemocratização e o restabelecimento das diretas para a Presidência da República. O desafio do PSB e de seu candidato é quebrar essa lógica.

O senador Aécio, aparentemente, tirou bom proveito da propaganda partidária gratuita do PSDB. E a pesquisa não é de todo má para a presidente Dilma Rousseff. Ela oscilou na margem de erro (de 38% em abril para 37% das intenções de voto, agora em maio), o que pode indicar que parou de cair. As próximas pesquisas dirão.

A melhor notícia para Dilma, no entanto, é a expectativa do eleitorado em relação ao custo de vida: pela primeira vez, desde 2012, melhorou o humor dos brasileiros em relação à inflação futura. Na pesquisa feita em abril, 65% dos entrevistados do Datafolha achavam que os preços iriam subir; um mês depois, essa taxa recua para 58%.

Avaliação feita no Palácio do Planalto atribui a reversão da expectativa em relação à carestia, ao discurso de 1º de Maio da presidente, no qual ela prometeu um combate sem tréguas à inflação. O custo de vida é o inimigo nº 1 da candidatura da presidente à reeleição, segundo diagnóstico feito em sua campanha. O ex-presidente Lula da Silva também não se cansa de advertir Dilma sobre a necessidade de uma vigilância estreita sobre os preços dos produtos.

Dilma deve manter e reforçar o discurso anti-inflacionário nas próximas semanas, sempre com a ressalva de que seu governo combate a inflação sem tirar direitos dos trabalhadores (Aécio, pelo menos por enquanto, não parece ter sido afetado por reconhecer publicamente que, se eleito, tomará as medidas duras necessárias para estabilizar a economia). A ligeira queda no IPCA divulgado na sexta-feira dá fôlego para a presidente da República atravessar ao menos o período da Copa do Mundo, onde outros perigos a espreitam.

A pior notícia da pesquisa Datafolha para a presidente é a confirmação de que a sombra de Lula não é apenas uma trama bem urdida entre empresários com interesses contrariados no governo e uma elite conspiradora, mas paira sobre toda a sociedade: 58% dos eleitores prefeririam que Lula fosse o candidato do PT. Entre os que dizem votar no partido, 75% gostariam de ver o nome e a foto de Lula na urna eletrônica. O fantasma do movimento "Lula 2014" continuará a rondar a presidente pelo menos até 21 de junho, data da convenção do PT para sagrar seu candidato à Presidência.

O ex-governador Eduardo Campos oscilou dentro da margem de erro da pesquisa, está com 11% da preferência do eleitorado, mas até agora não conseguiu se firmar como uma opção à polarização entre PT e PSDB. Nessa marcha, corre o risco de ser tragado na disputa. A pesquisa Datafolha traz indicadores sobre os quais o candidato do PSB precisa refletir. Aécio, por exemplo, parece ter despertado mais que Eduardo Campos a atenção dos eleitores que diziam não votar em nenhum dos candidatos.

Nessa batida, dificilmente Campos poderá encarnar o candidato da mudança. Talvez falte nitidez à terceira via, ainda envolta nas ambiguidades entre o PSB e o Rede Sustentabilidade de Marina Silva, para ela ser reconhecida pelo eleitorado. No limite, se Eduardo Campos for engolido no processo e a eleição ficar polarizada entre PT e PSDB, uma disputa que hoje caminha para o segundo turno pode ser abreviada e acabar na primeira rodada.

Festa de casamento de Picciani vira beija-mão a Aécio Neves

• Parlamentares e prefeitos do PMDB fizeram fila para cumprimentar o pré-candidato à Presidência no casamento de Jorge Picciani, líder do movimento ‘Aezão’

Alexandre Rodrigues, Cássio Bruno - O Globo

RIO — Os protagonistas eram o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, e sua noiva, Hortência Oliveira, mas foi o senador Aécio Neves (PSDB-MG) quem roubou a cena na festa de casamento para cerca de 700 pessoas que reuniu a elite política do Rio na noite de sábado. O pré-candidato do PSDB à Presidência foi praticamente o último a chegar, já depois da cerimônia evangélica realizada numa luxuosa casa de festas do Itanhangá, Zona Oeste do Rio, mas virou a estrela principal numa espécie de beija-mão. Parlamentares e prefeitos, a maioria do PMDB, fizeram até fila para cumprimentar Aécio, ciceroneado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

O tucano se mostrou um bom aluno, chamando quase todos pelo nome. Ele se esforçou para potencializar a debandada de peemedebistas fluminenses da campanha de reeleição de Dilma Rousseff (PT) para a do PSDB. O motivo é a candidatura do senador petista Lindbergh Farias ao governo estadual, que rompeu a aliança PT-PMDB com o governador Luiz Fernando Pezão, candidato à reeleição e atrás nas pesquisas.

— Ali ficou muito claro que a maior parte do PMDB do Rio, principalmente os prefeitos, vai pedir votos para o Aécio e não para a Dilma. Ninguém se conforma com o fato de o PT ter abandonado o Pezão. Mesmo que o PMDB mantenha a aliança nacional com o PT, a maioria no Rio não vai seguir — confidenciou um cacique do PMDB sobre o movimento dos correligionários, já apelidado de “Aezão”. — Aécio foi muito simpático, mas só falou amenidades.

Apesar da descontração, o tom das conversas era mesmo político. Aécio passou a maior parte do tempo em pé, passeando entre as mesas na companhia de Cabral, de quem é amigo desde a juventude. Já Pezão ficou mais tempo na mesa com a mulher, onde também ficaram as esposas de Cabral, Adriana Ancelmo, e de Aécio, Letícia Weber, que está grávida. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), conversou rapidamente com Aécio e foi embora cedo.

O movimento “Aezão” tem a liderança de Picciani, mas Cabral, Pezão e Paes se dizem comprometidos com Dilma. Mesmo assim, Cabral não economizou esforços para enturmar Aécio. O alvo principal eram os prefeitos fluminenses, como Nelson Bornier (PMDB), de Nova Iguaçu — cidade que foi administrada por Lindbergh até 2010 —, que já declarou apoio ao tucano. Também estavam lá os prefeitos Alexandre Cardoso (Duque de Caxias), um dos coordenadores da campanha de Dilma no Rio; Rogério Cabral (Nova Friburgo) e Helil Cardozo (Itaboraí), entre outros.

A cada um que Cabral apresentava, Aécio brincava: “Cabral, libera!”, referindo-se a um apoio formal do PMDB do Rio. Ele deu a mesma atenção a deputados estaduais e vereadores, dizendo “preciso de vocês”. O presidente da Câmara do Rio, Jorge Felippe (PMDB), saiu elogiando a “humildade” dele.

Como O GLOBO mostrou ontem, peemedebistas fluminenses articulam uma aliança para Pezão com três presidenciáveis: Aécio, Dilma e Pastor Everaldo (PSC), este último também entre os convidados de Picciani. O presidente regional do PT, Washington Quaquá, ironizou a ideia:

— Acaba sendo o palanque da traição. Não contempla nenhum dos três candidatos. É incoerente!

Líder do governo na Assembleia, o deputado André Correa (PSD), que também esteve na festa, rebateu:

— Ter três palanques não é traição. Poderíamos dizer que traição é o PT ter participado de sete anos do governo Cabral e ter lançado o Lindbergh. Mas acho legítima a candidatura dele. Se a Dilma pode ter quatro palanques (Pezão, Lindbergh, Marcelo Crivella e Anthony Garotinho), Pezão pode abrir palanque para três. A chapa “Aezão” já pegou.

Quando Aécio, Pezão e pastor Everaldo posaram juntos para uma foto, houve quem brincasse:

— Só falta a Dilma!

Em outro momento, Aécio tentava organizar um encontro de apoio à sua pré-candidatura com prefeitos de cidades que fazem divisa entre Minas Gerais e Rio. A conversa sobre o assunto foi com o prefeito de Três Rios (RJ), Vinícius Farah (PMDB).

— Aécio precisa dos prefeitos do PMDB, já que o PSDB só tem um, o de Itaguaí. Ali estava a cúpula da política fluminense, e Aécio conseguiu uma empatia muito grande — disse a vereadora tucana Teresa Bergher.

O presidente regional do PROS, deputado Hugo Leal, conversou muito com os deputados estaduais Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB) e Comte Bittencourt (PPS). Os tucanos têm dificuldade de aderir a Pezão, por causa da oposição que fizeram a Cabral e não concordarem com o apoio do candidato a Dilma, mas também relutam em subir no palanque de Cesar Maia (DEM). Falou-se numa alternativa com o PROS, embora o partido já tenha lançado a pré-candidatura do deputado Miro Teixeira, com apoio do pré-candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos.

Nas mesas do PMDB, com a definição da candidatura de Cabral ao Senado, o senador Francisco Dornelles (PP) confirmou que não vai concorrer à reeleição e pôs seu nome à disposição como vice de Pezão. Outro nome ventilado para a posição foi o da deputada estadual Cidinha Campos (PDT), também entre as convidadas da festa.

Aécio Neves: O público e o privado

- Folha de S. Paulo

O que o PT tem contra as estatais?

Depois de anos de discursos condenando as privatizações e se apresentando como defensor das empresas públicas, chega a ser cruel ver como a retórica se transformou em exercício prático de poder. Os estragos provocados pela interferência do governo são de tal ordem que não permitem outra conclusão: o governo mais estatizante pós ditadura militar é o que mais maltrata as empresas estatais.

Os bordões repetitivos do partido, usados à exaustão como arma eleitoral, nos quais difunde-se um país dividido entre nacionalistas e entreguistas, já não surtem mais efeito diante do quadro de destruição perpetrado na administração pública. A mão pesada do Estado está levando as estatais federais às cordas. A Eletrobras perdeu grande parte do seu valor. As ações da Petrobras desabaram.

O que está em risco é o patrimônio do povo brasileiro. É a riqueza pública que se esvai na incompetência e na ingerência política sem limites. Antes, assistíamos orgulhosos às conquistas da Petrobras, uma empresa respeitada globalmente. Hoje, o que se vê é a dilapidação da credibilidade conquistada em 61 anos de história.

Os exemplos da intromissão excessiva do governo nas instituições públicas transbordam por todos os lados. Servidores estão quebrando o silêncio. No IBGE, os funcionários reagiram e o governo recuou da decisão autoritária de não divulgar a Pnad Contínua. O Ipea e a Embrapa não ficaram imunes à intervenção política.

Neste fim de semana, voltaram a surgir graves evidências de que o indiscriminado e ostensivo aparelhamento chegou também aos fundos de pensão, que apresentaram prejuízo recorde em 2013.

Diante de tantas e novas denúncias, a caixa preta das operações conduzidas pelas direções desses fundos, nos últimos anos, precisa ser aberta, para que sejam esclarecidas suspeições diversas de operações no mercado financeiro, maquiagens contábeis e prejuízos astronômicos.

O certo é que o petismo leva para dentro das estatais o que há de mais atrasado em gestão, confundindo o interesse do Estado com o interesse das pessoas no poder. Quando as coisas dão errado, a saída é a de sempre --ninguém sabe nada e tenta-se transformar fatos graves e sucessivos em ações isoladas e episódicas.

Os brasileiros não se enganam mais, como bem mostram as pesquisas de opinião que apontam para um profundo desejo de mudança. O país exige não só competência gerencial, mas também transparência e ética na condução dos negócios públicos. O recado é claro, no que se refere às estatais: precisamos devolver as empresas públicas ao seu verdadeiro dono --o povo brasileiro.

Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB

Ricardo Noblat: Dilma e seu labirinto

“(A imprensa brasileira) é bastante oposicionista” Dilma Rousseff

- O Globo

Governo e oposição celebram desde a última sexta-feira os resultados da mais recente pesquisa Datafolha sobre intenção de votos para presidente da República.O governo, porque Dilma perdeu apenas um ponto percentual. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos. A oposição, porque Aécio Neves (PSDB) cresceu quatro pontos, e Eduardo Campos (PSB), um. A eleição deverá ser decidida no segundo turno.

O mais importante numa pesquisa eleitoral não é isoladamente o índice de intenção de votos de cada candidato ou aspirante a candidato. O confronto dos índices ocupa o espaço nobre do noticiário, anima a discussão entre eleitores politizados e serve de alerta para os habituais financiadores de campanha. Candidato na frente recebe mais doações em dinheiro do que candidato emperrado ou em queda. Compreensível...

O que de fato vale, porém, são as eventuais tendências que uma pesquisa eleitoral – ou que um conjunto delas - seja capaz de detectar. A ser assim, está acesa a luz amarela na sala de comando da candidatura à reeleição de Dilma. De fevereiro para cá, os principais institutos de pesquisa registraram variáveis que apontam na direção de uma possível derrota dela, impensável até o final do ano passado.

A eleição de outubro próximo se dará sob o signo da mudança, segundo o Datafolha, o Sensus e o Ibope.
Das 2.844 pessoas ouvidas pelo Datafolha em 174 municípios, 74% responderam que o futuro presidente deve governar diferente no todo ou em parte da maneira como o país vem sendo governado nos últimos quatro anos. Parece haver um sentimento generalizado de que basta! De que agora, chega! De mudança, já!

Quem reúne mais condições para operar a mudança? Lula, disparado, com 38% das preferências. Em segundo lugar, Aécio com 19%, seguido por Dilma com 15% e Eduardo com 10%. Dilma perdeu o segundo lugar nos últimos 30 dias. Eduardo é o mais desconhecido dos candidatos. É também aquele com maior potencial de crescimento, conforme a pesquisa Datafolha. Foi o que mais subiu entre jovens.

Terceira variável perversa para Dilma: o desejo do eleitorado do PT de trocá-la por Lula. O índice é acachapante: 75% dos eleitores que se identificam com o PT querem Lula como candidato. O índice é de quase 60% quando se leva em conta a opinião de todos os eleitores. O que seria mais cômodo para os candidatos dos partidos da base do governo? Concorrerem puxados por Lula ou por Dilma? Compreensível outra vez.

Em 2002, perto do fim do segundo governo Fernando Henrique Cardoso, 74% dos eleitores cobravam mudanças. Os candidatos a presidente se ofereciam como a melhor opção para mudar – entre eles, Lula, Ciro Gomes e Garotinho. Até José Serra, ex-ministro da Saúde de FH, só falava em mudanças. Quase não passou para o segundo turno. Pouco importava o que dissesse – era o candidato da continuidade. E ponto final.

Dilma é a continuidade. Sem essa de que pode encarnar a mudança. Seu maior desafio é reescrever a crônica de um desastre esboçado. Como? Vai que a maioria dos brasileiros desiste de exigir mudanças (improvável). Ou que Aécio e Eduardo não convençam no papel de agentes de mudanças (a conferir). Ou que a propaganda eleitoral no rádio e na televisão empurre Dilma para o alto. Um marketing bem feito ajuda. Mas não faz milagre.

Talvez ela acabe cedendo a vaga de candidata a Lula. Forçada, não o fará. Espontaneamente? O PT reza para que sim. Seus aliados também rezam.

Valdo Cruz: Meus ingratos preferidos

- Folha de S. Paulo

Os ingratos estão mais aliviados com a subida do tucano Aécio Neves na pesquisa Datafolha, mas até por isso mesmo ficaram mais preocupados com a radicalização do discurso do ex-presidente Lula, que só tende a aumentar.

A esperança dos ingratos era que Lula, mais pragmático e menos ideológico do que sua criatura, seguisse sinalizando que um segundo mandato de Dilma seria diferente, corrigindo os erros do primeiro.

Só que tanto Lula como Dilma, para reagir nas pesquisas, subiram o tom das críticas e passaram a indicar que podem dobrar a aposta no modelo atual, que resultou em crescimento baixo e inflação alta.

Um conhecedor da alma lulista partilha do mesmo receio, mas diz que o ex-presidente Lula, neste momento, exatamente por ser pragmático, não tinha outro caminho.

Já não é mais o caso de discutir os rumos do governo atual, que está no fim --ao qual Lula segue criticando-- mas de salvar o projeto de poder do seu partido, PT, que está em risco exatamente pelo fraco desempenho do governo de sua criatura.

Aí, se a saída é radicalizar o discurso, Lula não pensa duas vezes. E vai continuar tachando empresários e banqueiros de ingratos. Afinal, diz o ex-presidente, eles lucraram e muito graças aos governos petistas, mas não dão demonstrações de gratidão neste momento de dificuldades.

Os mesmos empresários que procuram o petista para se queixar da Dilma intervencionista e que, a portas fechadas, não são rotulados de ingratos. Pelo contrário, ganham o agradecimento pelos fartos patrocínios de viagens e palestras.

Só que a dúvida está no ar. O receio maior nem é em relação a Lula. Reeleita, Dilma pode se sentir livre de qualquer tipo de compromisso com seu criador e aprofundar seu estilo, sem fazer autocríticas.

Afinal, ela terá sido reeleita muito mais pelo que fez, certo ou errado, em seu governo, e não pela força de Lula, como ocorreu em 2010.

José Roberto de Toledo: Fazendo média na eleição

- O Estado de S. Paulo

Dilma Rousseff (PT) parou de cair? Aécio Neves (PSDB) cresceu, mas quanto? Eduardo Campos (PSB) estacionou? Qual o peso dos nanicos na eleição? Todas essas questões têm respostas diferentes, dependendo da pesquisa e do instituto. Para revelar as tendências por trás das

É o que o Estadão Dados começa a calcular a partir desta semana. Em formato de gráfico, a média será atualizada a cada novo levantamento: blog.estadaodados.com. A esta altura da corrida presidencial, a média mostra Dilma com o dobro de intenções de voto de Aécio, que tem o dobro das de Campos. Mas qual a tendência de cada um? Antes de responder, vale a pena entender para que serve a média e como ela é calculada.

A tradição no Brasil é olhar para as pesquisas de um instituto de cada vez e não compará-las às dos demais, sob o argumento de que suas metodologias são diferentes. Às vezes, nem pesquisas do mesmo instituto são comparadas entre si, porque os clientes são outros - como é o caso das pesquisas do Ibope feitas para a CNI. É uma tradição que deveria mudar.

De fato, os métodos de coleta, amostragem e ponderação variam de instituto para instituto. E isso pode resultar em pequenas diferenças entre eles, especialmente na pré-campanha, quando muita gente só pensa em eleição (e em quem vai votar) ao ser abordado pelo pesquisador. Mas isso não muda o fato de que as pesquisas tentam medir o mesmo fenômeno e que deveriam, se bem feitas, revelar as mesmas tendências.

É clássica a diferença de abordagem entre Ibope e Datafolha, os dois mais tradicionais e confiáveis institutos brasileiros quando se trata de pesquisas eleitorais. O Ibope aborda o eleitor em casa. O Datafolha o faz na rua, ou, mais precisamente, em pontos de fluxo. Ambos os métodos são válidos e, quando comparados aos resultados das urnas, alcançam taxa de acerto acima de 95% - dentro, portanto, do esperado.

Quanto mais distante a data da eleição e quanto menor o interesse do eleitor pela disputa, porém, maior a chance de haver diferença entre os números de um e de outro instituto.

Antes de a propaganda diária inundar a TV e o imaginário do eleitor, o Ibope costuma encontrar sempre mais eleitores sem candidato (37%) do que o Datafolha (24%) - talvez porque o "rueiro" abordado pelo Datafolha esteja mais ligado na eleição. Isso influi na intenção de voto de candidatos que vão melhor entre quem costuma sair mais de casa, como Marina Silva.

Esse é apenas um exemplo de como metodologias diferentes podem dar números diferentes na pré-campanha. Mas isso não altera as tendências. Estas devem ser sempre as mesmas. Ainda que com alguma defasagem, todas as pesquisas deveriam mostrar as mudanças e os mesmos rumos da opinião pública.

Para isso serve a média - para separar o som do ruído, revelar as tendências de médio prazo e eliminar oscilações sem significado. Ela não substitui as pesquisas de cada instituto, porém, pois é mais lenta para detectar os câmbios. Mas funciona como contraprova de para onde o vento está soprando.

Pela média ponderada das pesquisas (os institutos têm peso diferente, conforme sua tradição e confiabilidade), Dilma segue em queda. Desde meados de março, ela perdeu um ponto a cada cálculo da média e está com 36%. Aécio saiu da imobilidade após a propaganda do PSDB na TV e chegou a 18%. É preciso esperar para ver se essa tendência de crescimento se manterá depois de o tucano ter gastado seu horário de propaganda do semestre.

Eduardo Campos cresceu após se expor na TV, refluiu quando parou de aparecer, e, mais recentemente voltou aos 9% a que chegara antes. Os nanicos também cresceram, sinalizando que o eleitor que quer mudança procura alternativas. Tudo isso tende a acompanhar o que acontecerá na economia, na Copa e na propaganda de TV. Pesquisas dirão, e a média confirmará, ou não.

Renato Janine Ribeiro: A agenda da vida

• O debate que não teremos este ano

- Valor Econômico

Não teremos, nesta campanha eleitoral, um debate sério sobre o tipo de desenvolvimento de que precisamos. É provável que reeditemos o confronto de 2010 entre candidatos que, apesar de todas as suas diferenças políticas, compartilhavam a ideia de desenvolvimento econômico, mesmo às custas da natureza e da qualidade de vida.

Bom exemplo disso é a convergência generalizada deles na questão do transporte individual. Ele continua sendo uma chave importante do nosso crescimento econômico. A cada crise na economia, incentivos são dados para a aquisição desse veículo, cuja proliferação em escala norte-americana - ou brasileira - é irracional e gera novos problemas. Aumenta a poluição, congestiona um trânsito cada vez pior, causa uma perda de tempo gigantesca. Mas não conheço nenhum governador de Estado brasileiro, a não ser Jaime Lerner, do Paraná, que tenha proposto parar com essa aposta insana. Mesmo a sua invenção de maior impacto para melhorar o transporte coletivo acabou sendo usada em larga medida mais no exterior, em Bogotá, do que no Brasil: o "ligeirinho" de Curitiba inspirou o Transmilênio da capital colombiana.

O que seria um debate sobre o desenvolvimento? A questão já foi levantada em anos passados por Marina Silva e Fernando Gabeira, mas não parece que vá pautar o debate deste ano. Basicamente são dois os pontos que requerem uma mudança de paradigma. O primeiro é a preservação da natureza. Nossa sociedade é a primeira na história a poder medir, cientificamente, os riscos de uma séria deterioração, ou até destruição, das condições de vida neste planeta. Por isso, é preciso cuidado com os recursos naturais: queimar no tanque do carro fósseis que demoraram milhões de anos a se formar é um absurdo sob todos os pontos de vista, inclusive econômico. Ou seja, não é coisa de maluco querer substituir os combustíveis fósseis: loucura é usá-los na velocidade atual, com efeitos predatórios. O que será do mundo em um século?

O segundo é a qualidade da vida, sobretudo, mas não só, urbana. Nossas cidades se degradam a olhos vistos. Em poucos anos, as cidades brasileiras poderão estar paralisadas. A medida mais forte tomada em duas décadas para melhorá-lo, em S. Paulo, foi um tiro no pé: o rodízio de automóveis particulares. Ele deu a ilusão de que seria viável conviver com a constante ampliação da frota. Hoje, com rodízio, a situação está pior do que na Pauliceia antes de sua implantação, na década de 1990.

Ora, nada disso está no cabeçalho dos programas de governo, nem deverá aparecer na televisão durante a campanha. Discute-se por exemplo o pré-sal, mas sempre se parte da premissa, insustentável, de que usar petróleo de alta qualidade para uma pessoa ficar parada no carro horas a fio, sozinha, não é uma enorme insensatez. Os partidos discutem como explorá-lo, se pelo Estado ou pela empresa privada, onde gastar o dinheiro que ele há de gerar, mas mal questionam se devemos torrar mais este recurso caríssimo e que será queimado uma vez por todas. Namoramos nossa própria destruição. Mas desse suicídio anunciado não se fala.

Vejamos as inundações de tantos rios que atravessam nossas cidades. As marginais do Tietê, como as de tantos outros rios, na verdade pertencem a eles. São as terras para as quais, normalmente, em caso de temporais, transbordariam. Contudo, foram ocupadas pelos automóveis e, em menor proporção, por prédios. O preço de devolvê-las ao rio é seguramente alto. Mas Seul bancou a revitalização do rio Han, que tem 40 km - mais ou menos as marginais do Tietê e Pinheiros somadas. Porque o custo de sufocar o rio com avenidas marginais é cobrado de nós todo ano, para não dizer o ano todo.

Ou o transporte público. Sem o aumento do IPTU, só restou ao prefeito paulistano Fernando Haddad, para melhorar a circulação dos ônibus, o recurso a faixas exclusivas. Elas melhoraram o transporte coletivo, enquanto deixavam clara a lei da física segundo a qual dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Ou o coletivo, ou o particular. Essa oposição deveria ficar clara para todos nós. Mas iniciativas emergenciais não bastam. O que tem de ser feito sairá caro, mas custará mais dinheiro - e qualidade de vida - continuar investindo na produção de carros. Só que o carro gera empregos e impostos em larga escala: por isso, de novo, o curto prazo sacrifica o longo prazo.

O que acontece hoje é que a agenda de temas a debater - e a resolver - no plano político só faz crescer. Temos ainda, como legado de meio milênio de desigualdades gritantes, uma exclusão social significativa, que é necessário vencer: essa é a pauta da pobreza e da miséria. Também contamos com uma qualidade notavelmente ruim dos serviços públicos básicos, como saúde, educação, segurança e transporte, que foram os alvos mais visíveis dos protestos de 2013: essa é a pauta das ruas, que veio para ficar. Há ainda a pauta - sobretudo empresarial - da baixa produtividade do trabalhador brasileiro, que requer esforços intensos de educação, só para iniciar.

E temos a agenda da vida, que expus nesta coluna. Cada uma destas pautas exige muito. É compreensível que vencer a pobreza e aumentar a competitividade sejam priorizados, enquanto a melhoria dos serviços públicos e uma ampla reversão do modelo de desenvolvimento demandam tanto empenho, tanto dinheiro e tanta conversão dos valores dominantes que parece mais fácil manter as coisas como estão. Mas esse estado de coisas é insustentável, nem digo a longo, já a médio prazo. É preciso mudar, em especial a que talvez seja mais importante, a agenda da vida.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

Paulo Brossard: Mercancia eleitoral

- Zero Hora (RS)

Semana finda, foi divulgado com precisão e clareza que a senhora presidente Dilma Rousseff nomeou Luiz Rondon para vice-presidente da Caixa Econômica Federal para obter o apoio do PTB à sua reeleição. Do personagem nomeado pouco se dizia, referindo-se apenas alguma relação com o mensalão. Até aqui, a notícia nua e crua. Em tais termos e circunstâncias, a meu juízo, o ato de mercancia eleitoral seria expresso e confesso.

Dada minha passagem pela Justiça Eleitoral e em várias posições, ocorre-me lembrar que, diante de semelhantes situações, embora infinitamente menores e apenas por indícios, não faltou a palmatória da lei e da justiça; a título ilustrativo, e sem sair do Rio Grande, lembro que na oportunidade em que alguém ligado a negócios, sem uma palavra acerca de votação ou de eleição, na suposição de que seria candidato, o Tribunal Regional Eleitoral fulminou a elegibilidade do presumido candidato por estar a fazer propaganda eleitoral intempestiva. Valeu como exemplo. Ao que sei, não foi repetido.

Agora não se trata disso, mas da senhora presidente da República, candidata à reeleição, que anunciou haver nomeado o futuro vice-presidente da Caixa Econômica Federal, para o fito de, com apoio respectivo do Partido, aditar alguns minutos ao tempo a que teria de acesso ao rádio e à televisão. O negócio ou a transação é confessada explicitamente; salvo erro meu, inequívoca sua ilicitude. Ela tem, o que se poderia dizer, o esplendor de evidência. A única pergunta a fazer seria no sentido de indagar se a lei permite à presidente da República eximir-se das normas legais para haver vantagem pessoal, palpável e inegável em relação a seus concidadãos.

Ora, até onde sei, não há precedente que autorizasse a mágica agora iniciada pela preclara governante, a menos que, à sorrelfa, os nossos costumes houvessem se decomposto arrostando normas centenárias que modelaram a nacionalidade.

*Jurista, ministro aposentado do STF

Diário do Poder – Cláudio Humberto

- Jornal do Commercio (PE)

• Lava Jato dificulta o ‘caixa 2’ em ano eleitoral
O nervosismo dos políticos, no Congresso, tem a ver com o temor de serem alcançados pela Polícia Federal ou pela CPI Mista da Petrobras, mas também decorre do “enxugamento” de dinheiro de “caixa 2” no mercado, em pleno ano eleitoral, após a Operação Lava Jato. A “lavanderia” de Alberto Youssef abastecia as campanhas mas, com o esquema desmantelado e o doleiro preso, as doações serão escassas.

• Curiosidade
Investigadores da Lava Jato estão curiosos sobre como as empreiteiras vão fazer para realizar suas doações a campanhas, no “caixa 2”.

• Sempre elas
Empreiteiras são os maiores doadores para partidos. Oficialmente doam pequenas quantias, mas, no “caixa 2”, bancam toda a campanha.

• Sempre eles
Em 2013, ano em que não houve eleição, dos R$ 78,9 milhões doados ao PT, cerca de 75% (R$ 60 milhões) foram de construtoras.

• BC
Alimentado por empreiteiras com negócios no governo, o esquema Youssef-Paulo Roberto Costa seria um “banco central” da corrupção.

• Isolado, PT do ‘volta Lula’ ameaça apoiar Campos
Com a vitória do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para suceder o enrolado André Vargas (PR) na vice-presidência da Câmara, deputados do PT defensores do movimento “volta, Lula” ameaçam apoiar Eduardo Campos (PSB-PE) em suas bases eleitorais, contra a reeleição da presidenta Dilma. O grupo acusa Dilma de tentar isolá-los e o ex-presidente Lula, de “abandonar os companheiros”.

• Lavou as mãos
Lula foi o primeiro a rifar André Vargas, um dos principais defensores de sua volta, após denúncia de esquema com doleiro Alberto Youssef.

• Espelho do PT
O senador Jarbas Vasconcelos (PE) também recruta dissidentes do PMDB, principal aliado de Dilma, para apoiar Eduardo Campos.

• Estratégico
A vitória de Chinaglia sobre Luiz Sérgio, candidato de André Vargas, o coloca em lugar estratégico para a presidência da Câmara em 2015.

• A pão de ló
Delúbio Soares é tratado a pão de ló na CUT, onde passa o dia. A secretária providencia o almoço, sempre caprichado, e, no final da tarde, um pouco antes de voltar à cadeia, toma meio comprimido de Dramin, para dormir, com uma xícara de chá de erva doce.

• Chance única
Políticos da Comissão Externa que investiga a Petrobras querem visitar o ex-diretor Paulo Roberto Costa na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Periga o juiz Sérgio Moro não deixar alguns deles saírem de lá.

• Novos tempos
Um dos fundadores do Partido Verde na Alemanha, o deputado Jürgen Trittin disse a deputados do PV que há uma forte reação no Parlamento alemão para derrubar este ano o acordo nuclear com o Brasil e a Índia.

• Chapão
Aspirante ao governo do Rio, o deputado Anthony Garotinho (PR) disse a amigos que foi sondado por emissários de Eduardo Campos para um chapão com Miro Teixeira (PROS) de vice e Romário (PSB) ao Senado.

• Em campanha
O ministro José Múcio, do Tribunal de Contas da União (TCU), está em plena campanha em meio às classes políticas pernambucanas para eleger o sobrinho Fernando Monteiro (PP) deputado federal.

• Déjà vu
O Solidariedade acha difícil segurar no mandato deputado Luiz Argôlo (BA), apelidado no partido de ‘Argola’, que trocou mensagens românticas com o doleiro Alberto Youssef, segundo grampos da PF.

• Causa ganha
O Supersimples reduz a tributação de mais de 90% dos escritórios de advocacia, segundo Rodrigo Bertozzi, da Selem, Bertozzi & Consultores. Beneficia empresas de serviços com faturamento anual de até R$ 3,6 milhões, e 93% das bancas têm, no máximo, 5 advogados.

• Cultura inútil
A biblioteca da sempre em greve UnB, que já foi uma das melhores universidade do País, está interditada há meses e coberta de cartazes pedindo verbas federais.

• Pensando bem…
…não dá para entender por que alguns mensaleiros insistem tanto em trabalhar: afinal, nunca fizeram isso enquanto viviam fora da cadeia.