Pente-fino não resolve desequilíbrio estrutural do INSS
O Globo
Auditoria para coibir irregularidades é
necessária, mas insuficiente para adequar os gastos à realidade
Com o maior orçamento da República, a conta
do INSS não
tardará a superar o trilhão de reais. Ao mesmo tempo que o crescimento nas
despesas com aposentadorias e pensões preocupa, o volume dos gastos traz
oportunidade de economias bilionárias. Por isso, enquanto os ministérios do
Planejamento e da Fazenda trabalham para cumprir a meta de zerar o déficit
fiscal, o INSS prepara medidas para economizar pelo menos R$10 bilhões ainda
neste exercício.
A cifra deve ser posta em contraste com o tamanho dos gastos, previstos em R$ 908 bilhões no Orçamento — projeção subestimada, segundo Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI). “Os benefícios da Previdência aumentaram muito em 2023 e seguem nessa crescente”, diz ela. Apesar disso, há margem para os ajustes de pelo menos R$ 10 bilhões passando um pente-fino em irregularidades, afirmou ao GLOBO o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Estão na mira o auxílio-doença, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Seguro Defeso, que garante remuneração a pescadores artesanais no período em que a pesca é proibida.