terça-feira, 1 de novembro de 2022

Marco Aurélio Nogueira* - Uma nova chance para o Brasil

O Estado de S. Paulo

A decantada 'união nacional' dependerá muito do que vier a fazer o novo governo. Mas não nascerá somente dele. As forças democráticas, seja onde quer que estejam, precisarão dar sua contribuição.

Foi duro, sofrido, apertado, muito mais do que se imaginava e do que esperavam as torcidas. Mas Lula venceu a disputa e será o novo presidente da República a partir de janeiro de 2023.

As urnas apontaram muitas coisas. Uma sociedade dividida como nunca dantes, um novo padrão de disputa política, uma direita extremada aguerrida e forte, um desejo pulsante de democracia.

Apontaram também a resiliência de ambos os candidatos.

Lula, com sua trajetória épica, revelou uma recuperação que há 4 anos se imaginava impossível. Ele nunca esteve “morto”, mas foi alvejado por potentes petardos, que poderiam ter alquebrado seu espírito e manchado sua reputação. Mostrou que continua mais vivo do que nunca, com uma extraordinária capacidade de empolgar partes importantes da população.

Merval Pereira - Bolsonaro isolado

O Globo

Surgirão líderes para fazer política de direita e Bolsonaro ficará com o núcleo radical do eleitorado representante de uma força importante, mas minoritária

Não vai ser fácil, pelas primeiras reações do único presidente a não conseguir a reeleição, apesar de ter sido o que mais abusou de suas prerrogativas para vencer o pleito. Lula tem que confirmar seu discurso de eleito, magistralmente montado como se marcasse sua posse no cargo que só assumirá em janeiro, de que seu terceiro governo será mais amplo, além do PT, um governo de união nacional, de uma frente democrática ampla.

A distância entre a retórica e a realidade poderemos constatar logo adiante, quando da escolha do ministério. É preciso que o governo esteja representado pela pluralidade de apoios que Lula obteve, sem o que Bolsonaro possivelmente teria vencido a eleição. Lula representa muito mais que o PT, é um líder importante com uma visão de futuro não sectária, que ajudou a viabilizar essa ampla coalizão democrática em torno dele.

Nem Lula nem Bolsonaro são donos dos milhões de votos que cada um teve. A ex-senadora Simone Tebet me disse que trabalhou mais na campanha de Lula do que na sua própria, o que é verdade. Lula está demonstrando que reconhece a importância desse esforço. Era a democracia que estava em jogo, não um cargo ministerial.

A força que Lula deu a seu vice Geraldo Alckmin no domingo na Avenida Paulista foi impressionante. A toda hora o chamava, levantava a sua mão, fez questão de não escondê-lo, de dizer para seu povo, que recebeu o ex-tucano friamente: este aqui é o homem que me ajudou e vai ser importante neste governo de transição para a redemocratização do país. Boa parte do PT queria que Lula fosse mais para a esquerda, criticou a escolha de Alckmin, e quem estava certo era Lula.

Míriam Leitão - A solidez da vitória de Lula

O Globo

A vitória de Lula foi sólida, legitimada pelas instituições e respaldada pelo mundo. Nossa democracia venceu o ataque mais duro que já sofreu

vitória do presidente Lula é robusta, está consolidada e o fato de a diferença ter sido estreita não muda essa realidade. O presidente Bolsonaro, como é normal nesses momentos, vai perder força a cada dia. O poder se alimenta do futuro do poder, os holofotes já estão em outra direção. Quando as urnas falam, um democrata ouve. Bolsonaro ainda não ouviu. E isso por maus modos políticos e por falta de inclinação democrática. O governo vai querer tumultuar a transição, mas os servidores que tiverem noção de que servem ao país poderão superar esse bloqueio às informações. Uma nova maioria vai se formar em torno de Lula, com parte dos parlamentares hoje com Bolsonaro se reposicionando.

A democracia brasileira superou, com esta eleição, o mais duro ataque já recebido desde a Constituição. Ficaram muitas sequelas. Em alguns momentos ela parecia fazer água. É preciso fortalecê-la agora. Há muito trabalho para as instituições. A captura da Procuradoria-Geral da República, o uso abusivo de alguns órgãos como aconteceu com a Polícia Rodoviária Federal em pleno dia do voto, a supressão da barreira de que em ano eleitoral não se cria benefícios, comandantes militares que não souberam a fronteira entre governo e Estado, há uma lista de rupturas com as regras democráticas feitas por Bolsonaro que não podem ser repetidas.

Carlos Andreazza - Mano Brown 2022

O Globo

'Não serão fáceis os próximos dois meses. Serão dificílimos, como duríssimos serão os próximos anos. O buraco é fundo e ainda está sendo cavado'

Até a conclusão deste artigo, no começo da noite de 31 de outubro, Bolsonaro não havia se pronunciado sobre a derrota. Não que surpreenda. Foi péssimo presidente — derrotado, sobretudo, por haver sido péssimo. Teria de ser péssimo perdedor.

Não surpreende, nem há muito mistério. Fez o diabo para camuflar — maquiou até posto de gasolina — a ruindade de sua gestão; e fracassou. Uma façanha. Derramar, concentradamente, R$ 100 bilhões — a população a lhe financiar a campanha — e perder. O silêncio, previsível, compondo a atitude padrão de um agente para o conflito que joga com expectativas. Mas a quem sobraram poucas possibilidades.

Escrevo isso para que não se superestime sua força. Tendo feito tudo o que fez, estranho seria se perdesse de lavada. Derrotado, não lhe resta muita margem.

Não que seja carta fora do baralho. É o presidente. Não que não tenha base social própria. Tem. Nem que não canalize o sentimento antipetista, esse gigante subestimado. Canaliza. Ainda. Era óbvio que seria competitivo. É óbvio que ainda provocará distúrbios. Café frio também mancha.

Luiz Carlos Azedo - Protesto de caminhoneiros ressalta a importância do segundo turno

Correio Braziliense

A demora de Bolsonaro para reconhecer a vitória de Lula alimenta especulações e a agitação golpista. Entretanto, ao mesmo tempo, é um fator de desgaste político de sua liderança

As manifestações de caminhoneiros, ontem, com bloqueios de estradas em 16 estados, em protesto contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, no domingo, não são propriamente uma surpresa; são ações planejadas por uma extrema direita golpista, que sempre procurou desacreditar as urnas eletrônicas e trabalhou para construir um cenário de deslegitimação do resultado das eleições, caso o presidente Jair Bolsonaro fosse derrotado. Entretanto, é um movimento que não tem a menor chance de dar certo.

As lideranças dos caminhoneiros talvez nem saibam, mas estão derrotados desde o 7 de Setembro de 2021, quando ocuparam a Esplanada dos Ministérios e ameaçaram invadir o Supremo Tribunal Federal (STF), furando o bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal. Àquela ocasião, foram insuflados pelas manifestações bolsonaristas de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, e pelos ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas. A reação das instituições e da sociedade foi inequívoca: não haveria apoio suficiente para impedir que as eleições deste ano fossem realizadas, com a utilização do sistema de urna eletrônica, nem que o ex-presidente Lula fosse candidato.

Eliane Cantanhêde – União e governabilidade

O Estado de S. Paulo

Lula tem ‘povo na rua’ e reconhecimento institucional e internacional; falta Bolsonaro

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fechou o cerco, com muitas, rápidas e expressivas manifestações internacionais, o reconhecimento da sua vitória pelos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo e, o que não poderia faltar, apoio popular, nas ruas. A primeira providência após o anúncio do resultado, portanto, foi reforçar algo indispensável: condições de governabilidade.

Dos apoios institucionais, o primeiro e mais relevante foi de Arthur Lira, legítimo líder do PP e do Centrão, que foi eleito para a presidência da Câmara com o decisivo apoio do ainda presidente Jair Bolsonaro e defendeu já no domingo o respeito à vontade da maioria e que “é hora de desarmar espíritos, estender a mão aos adversários, construir pontes”.

O Centrão vai fechando a última página do governo Bolsonaro e abrindo a primeira do futuro governo Lula, confirmando a máxima, adaptada, de que “hay gobierno, soy a favor”.

Hélio Schwartsman – Paradoxos

Folha de S. Paulo

As instituições saem bastante debilitadas destes quatro anos de Bolsonaro

"Tò òn légetai pollachôs", "aquilo que é se diz de várias maneiras", ensinava Aristóteles 2.300 anos atrás.

Luiz Inácio Lula da Silva sagrou-se presidente derrotando um adversário que disputava a reeleição no cargo, feito inédito no Brasil e não muito frequente no mundo, e que não hesitou em colocar a máquina pública a serviço de sua candidatura de forma superlativa e despudorada.

Jair Messias Bolsonaro ficou apenas 2,1 milhões de votos atrás de Lula (1,8 ponto percentual), a menor diferença num pleito presidencial desde a redemocratização, apesar da gestão desastrosa da pandemia, na qual pereceram quase 700 mil brasileiros, uma mortalidade quatro vezes maior que a taxa média do planeta, e de ter deixado que a inflação saísse de controle — dois fatores que, num mundo normal, fulminariam suas chances de recondução.

Cristina Serra - Lula e um país em carne viva

Folha de S. Paulo

Urnas mostraram que vencedores e vencidos têm pouquíssima capacidade de se comunicar

Bolsonaro, nunca mais teus maus bofes, tua vulgaridade e tuas mentiras, tuas agressões às mulheres, teus arrotos e palavrões, tuas ofensas aos negros, aos povos indígenas e aos brasileiros do Nordeste, teu ódio aos pobres.

Nunca mais teus fardados bolorentos, teus valentões de Twitter, tuas falanges raivosas, tuas milícias terroristas. Como disse o anônimo haitiano que te enfrentou, em 2020: "Bolsonaro, acabou".

Bolsonaro nunca mais? Não, seus 58 milhões de votos não permitem tal afirmação. As urnas mostraram que vencedores e vencidos têm projetos de país inconciliáveis e pouquíssima capacidade de se comunicar, mas, ao realizar a façanha de se eleger para o terceiro mandato, Lula já diz a que veio.

Alvaro Costa e Silva - Os eleitos e os presos

Folha de S. Paulo

Se for para a cadeia, Bolsonaro será inocentado, como Lula?

Cá com meus botões, sempre achei que os perseguidores de Lula erraram de estratégia em 2018. Depois de quatro vitórias seguidas do PT, que ocupou a Presidência de 2003 a 2016, naquele ano havia surgido a oportunidade perfeita para derrotá-lo – o cavalo selado que só passa uma vez – com o conchavo que levou ao impeachment de Dilma e o hiato oportunista de Temer.

Quatro anos atrás, no rastro do escândalo do petrolão, o antipetismo atingiu o ponto máximo, substanciando a onda bolsonarista que varreu o país. Com Lula derrotado e humilhado nas urnas, sua carreira política provavelmente teria acabado. Só que a prisão veio antes, seus inimigos armaram para que ele não concorresse às eleições. "Tentaram me enterrar vivo", segundo suas próprias palavras. Engaiolado na república do Paraná durante 580 dias, o ex-presidente começou a renascer, conquistando primeiro a simpatia do seu carcereiro, e a tramar a volta por cima de 2022.

Bolsonaro tem agora sua segunda grande chance na vida. A primeira, depois de ter caído de paraquedas no Palácio do Planalto, ele desperdiçou com os planos de virar um ditadorzinho. A chance de ser preso, e depois inocentado, provando que não cometeu nenhum crime no exercício do poder – tarefa difícil, mas no Brasil tudo é possível. Aos olhos da maioria dos eleitores, no entanto, o capitão já foi condenado.

Joel Pinheiro da Fonseca* - Existe direita depois do Bolsonaro?

Folha de S. Paulo

Segmento está com a reputação destroçada e precisará se reinventar

Com a vitória, Lula tem algo que a maioria de nós nunca terá: uma segunda chance. E é a chance de mostrar que tem a grandeza para superar mágoas passadas e governar com a sociedade mais ampla, ou de fazer o governo mais ideológico, revanchista que seus adversários temem. Apenas ele pode decidir.

Do outro lado, do lado perdedor, do espectro da direita, não há uma chance, e sim uma dura imposição da realidade. A situação é dramática: a direita não apenas perdeu, como sua reputação está destroçada, e com razão. Precisará se reinventar.

Primeiro é preciso ter a dimensão da derrota de Bolsonaro: pela primeira vez na Nova República, o presidente perdeu a reeleição. Perdeu tendo em mãos a máquina pública e tudo que ela oferece. Lideranças políticas, ideológicas e espirituais que se renderam ao projeto alucinado do bolsonarismo lançaram suas próprias causas na lama.

Miguel Lago* - Bolsonaro perdeu, mas seguirá ditando ritmo da política

Folha de S. Paulo

Presidente articulou melhor que outros políticos valores emergentes da sociedade

Eleições costumam ser encaradas como forma de premiar ou punir o governo. O governante que melhora a vidas das pessoas seria reeleito ou elegeria seu sucessor. Aquele que piorasse a vida da população, não.

Em que pese a derrota, é surpreendente o sucesso eleitoral de Jair Bolsonaro (PL). A economia piorou, a fome voltou, as políticas públicas foram desmanteladas, milhares de pessoas morreram na pandemia por causa do comportamento do presidente e o futuro foi hipotecado. Em circunstâncias normais, não estaria sequer no segundo turno.

De onde vem a força de Bolsonaro? Alguns dirão que a sociedade brasileira é intrinsecamente conservadora e, portanto, preocupada com a preservação dos valores cristãos e da família. O capitão reformado seria aquele que melhor representa esse ideário.

A conclusão me parece apressada e superficial. Bolsonaro não é conservador, muito menos representa os valores cristãos.

O conservadorismo político se construiu integralmente em oposição à ruptura e à revolução. Mudanças radicais são seu pesadelo, e toda a força política conservadora busca suavizar as mudanças, impedir os arroubos, as rupturas. O conservadorismo é, por essência, contrarrevolucionário.

Igor Gielow - Opções golpistas encolhem e Bolsonaro encara abismo isolado

Folha de S. Paulo

Se apostar na bagunça dos caminhoneiros, presidente enfrentará reação quase unânime

Quando apareceu rapidamente em frente às câmaras para saudar o fim do processo eleitoral e abrir caminho para manter seu quinhão de poder no terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Arthur Lira (PP) disparou a mais importante sinalização institucional da noite do domingo (30).

O presidente Jair Bolsonaro (PL) está mais isolado do que nunca, mesmo contando seu padrão insular de articulação política. O presidente da Câmara foi seguidos pelo do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e por toda a litania dos Poderes no reconhecimento do resultado das urnas.

Ninguém apareceu para gritar que houve fraude fora das redes robotizadas do bolsonarismo. Nenhuma Damares, nenhum Moro, nenhuma Zambelli. E os líderes mundiais rapidamente parabenizaram Lula, Joe Biden (EUA) à frente.

Ato contínuo, o mandatário máximo se comportou como criança que perdeu a partida e foi correndo para casa se trancar em um silêncio vexatório, digno de um João Figueiredo saindo do Planalto para não passar a faixa a José Sarney em 1985. E não pôde levar consigo a bola do jogo.

Andrea Jubé - Lula quer começar transição e viajar

Valor Econômico

Lula mira técnico com traquejo político na transição

Aos 77 anos, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até hoje impressiona os aliados, mesmo aqueles com quem convive há décadas, pela vitalidade. Após a apertada vitória nas urnas na noite de domingo, Lula leu um pronunciamento escrito de nove páginas, recebeu cumprimentos em uma sala de reuniões de um hotel, fez três discursos para os populares na Avenida Paulista do alto de um trio elétrico, dançou com Janja duas músicas do show de Daniela Mercury, e deixou a festa por volta de meia-noite.

Muito antes dele, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), 69 anos, e a ex-presidente Dilma Rousseff, 74 anos, haviam saído à francesa da comemoração na Paulista. Integrantes da coordenação da campanha e da Executiva Nacional do PT, que haviam planejado tirar a manhã de segunda-feira para um breve repouso, surpreenderam-se ao serem convocados para uma reunião com Lula às 10 horas.

Luiz Schymura* - Pandemia, inadimplência maior e mais gasto público

Valor Econômico

Presidente Lula começará seu governo já tendo que propor respostas para resolver endividamento das famílias

Com a aterrissagem da covid-19 em solo brasileiro, a necessidade das quarentenas e do fechamento da maior parte do setor de serviços acabou gerando enorme impacto no orçamento das famílias, especialmente nas de baixa renda. É verdade que o Auxílio Emergencial chegou a mais do que compensar a perda de renda do salário durante certo período, mas foi concedido de maneira descontínua e incerta. Pressionadas pelas condições econômicas adversas, as famílias se endividaram. Assim, houve uma espécie de corrida por crédito para garantir a sobrevivência na severa crise sanitária, ainda mais diante da redução dos juros à época.

Contudo, com o passar do tempo a pandemia acabou trazendo em sua esteira substancial aumento da inflação. Com intuito de debelar a cavalgada inflacionária para a casa de dois dígitos, o Banco Central agiu rápido e promoveu alta expressiva da taxa de juros, revertendo o cenário anterior. Com o crédito mais caro, e por estar superendividada, a população com menor nível de renda sentiu o golpe e passou a enfrentar grandes dificuldades financeiras.

Paulo Hartung* - Biodiversidade: rumo à COP15

O Estado de S. Paulo

Neste finalzinho de ano, Brasil pode começar a retomar atitudes compatíveis com seu histórico de cooperação na questão ambiental.

O mais recente Relatório de Avaliação Global sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos das Nações Unidas deixou claro que milhões de espécies podem enfrentar a extinção em decorrência de redução de habitat, poluição e mudanças climáticas. O documento indica que estamos numa encruzilhada quanto ao legado que queremos deixar para as futuras gerações, já que essa perda de biodiversidade tem graves impactos sobre os sistemas sociais e econômicos, para além da questão ambiental.

O cenário, sem precedentes na história, exige mudanças transformadoras. Por isso, mais uma vez, de forma multilateral, o mundo tenta achar caminhos viáveis para barrar esse desastre. Esse será o desafio da 15.ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), prevista para dezembro, em Montreal. O objetivo é aprovar o Marco Global de Biodiversidade contendo 22 metas que passam por valorizar, conservar, restaurar e usar com sabedoria os recursos naturais.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Brasil tem dever de repudiar ‘Capitólio dos caminhoneiros’

O Globo

Bolsonaristas adotam estratégia de Donald Trump para tentar ganhar no grito eleição perdida na urna

Até o fechamento desta edição, o presidente Jair Bolsonaro não havia se manifestado sobre a derrota para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no domingo. Mas bolsonaristas — decerto supondo contar com a aprovação tácita de Bolsonaro — já punham em marcha desde a véspera a mesma estratégia de Donald Trump nos Estados Unidos para criar confusão e contestar o resultado.

O primeiro ato foi protagonizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), ao violar a proibição de blitzes determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A proibição visava a evitar a manobra, comum nos Estados Unidos, conhecida como “supressão de voto”. Trata-se da tentativa de dificultar o acesso às urnas de eleitores mais pobres ou menos instruídos para reduzir a votação daqueles em que esses estratos costumam votar. Quase metade das blitzes da PRF, que causaram engarrafamentos colossais, foi no Nordeste, onde Lula teve melhor desempenho.

O uso da força policial para favorecer Bolsonaro é ato escandaloso, que precisa ser investigado e punido. O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, chegou no sábado a pedir voto em Bolsonaro numa rede social (depois apagou o pedido). Só recuou depois de uma reunião em que o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou multa horária de R$ 100 mil em caso de desobediência. Por ver a PRF como uma espécie de milícia bolsonarista, fica evidente que Vasques não tem mais condição de permanecer no cargo.

Poesia | Não há vagas (Ferreira Gullar)

 

Música | Maria Bethânia - "Apesar de você"