‘Ministros exorbitaram de suas prerrogativas’, diz carta divulgada pela entidade do PSDB
Silvia Amorim | O Globo
SÃO PAULO - O Instituto Teotônio Vilela, centro de formação política do PSDB, divulgou na tarde desta quarta-feira uma carta pública em defesa do senador Aécio Neves (PSDB). O texto acusou a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de "afrontar" a democracia ao determinar o afastamento do mineiro do mandato parlamentar.
"Não há precedente na história da República brasileira de determinação desta natureza, já que três dos cinco ministros que compõem a 1ª Turma do STF também estabeleceram que o parlamentar mineiro cumpra recolhimento noturno. Se isso não é uma medida coercitiva de liberdade, nada mais é", defende a carta.
Para a entidade tucana, o Supremo está desrespeitando princípios constitucionais como a observância dos ritos processuais legais, a preservação da ampla defesa e a garantia de que o equilíbrio e a separação que vigoram entre os poderes das República.
"A Constituição brasileira prevê, em seu artigo 53, que um parlamentar só pode ser preso ou alvo de medida desta natureza em caso de flagrante de crime inafiançável. Não é, obviamente, o caso de Aécio", segue a nota.
O instituto diz que, em sua carta, que a crítica à postura do STF vai além do caso de Aécio e que ela "agride" o mandato parlamentar de qualquer político. "O que houve foi ato que agride mandato parlamentar emanado das urnas. Os ministros exorbitaram de suas prerrogativas ao praticamente cassar quem foi escolhido pelos eleitores. É um risco considerável para a democracia brasileira", prega o texto.
A determinação de afastamento do mandato terá que ser apreciada pelo Senado. Há uma articulação em curso na Casa para derrubar a decisão do Supremo contra Aécio. Nesse contexto, a carta do ITV vem dar corpo à operação para salvar o senador tucano.
Presidente do ITV, o ex-senador José Aníbal disse que acredita que o Senado se posicionará contra a decisão dos ministros.
— Tenho fundada expectativa de que esse afastamento do mandato será derrubado pelo senadores. É competência do Congresso cassar parlamentares e não o Supremo — afirmou.
Segue a íntegra da carta: