quinta-feira, 27 de julho de 2017

Opinião do dia – Tavares Bastos

Considerai agora o lado propriamente político dessa vasta questão, que mal podemos esboçar. Dispensando, contendo ou repelindo a iniciativa particular, anulando os vários focos da atividade nacional, as associações, os municípios, as províncias, economizando o progresso, regulando o ar e a luz, em uma palavra, convertendo as sociedades modernas em falansterios como certas cidades do mundo pagão, a centralização não corrompe o caráter dos povos, transformando em rebanhos as sociedades humanas, sem sujeitá-las desde logo a certa forma de despotismo mais ou menos dissimulado. Por isso é que, transplantada do Império Romano, a centralização cresceu nas monarquias modernas e com ele perpetuou-se em todas, tirante a Inglaterra. Por isso é que não pode coexistir com a república semelhante organização do poder. Assim, absolutismo, centralização, império, são expressões sinônimas.
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Tavares Bastos (20/4/1839-3/12/1875) “A Província: Um estudo sobre a descentralização no Brasil”. São Paulo: Ed. Brasiliana, 1937. p.21

Contra o ódio e a intolerância | Roberto Freire

- Diário do Poder

Cada vez mais isolada e sem um discurso minimamente capaz de explicar o inexplicável ou justificar o monumental fracasso de um projeto de poder que se revelou nocivo ao país e gerou tamanha corrupção, desmantelo e a maior crise econômica de nossa história republicana, parte da esquerda brasileira resolveu apelar ao ódio e à intolerância para atacar e desqualificar seus críticos, contaminando o ambiente político e colocando em xeque a própria convivência democrática.

Recentemente, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF), um dos homens públicos mais respeitados e bem preparados do país, foi vítima de um grupo de fascistoides durante o lançamento de um livro de sua autoria na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde também se realizava a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Com xingamentos e tentativas de intimidação, essa pequena horda de militantes revelou a verdadeira face de uma esquerda populista, atrasada e essencialmente reacionária que perdeu o rumo, o discurso e a dignidade.

Um jota a menos, um problema a mais | *José Serra

- O Estado de S.Paulo

A ‘terapia’ da TLP, no lugar da TJLP, é do tipo curar a doença matando o doente

Durante a Assembleia Nacional Constituinte, há cerca de 30 anos, fui o relator da comissão que cuidou dos capítulos de orçamento, tributação e finanças. Essa condição, porém, não me permitiu redigir o texto final de acordo com tudo o que pensava, em razão de entendimentos para que dispositivos ruins não fossem aprovados, como, por exemplo, a nacionalização e estatização dos bancos! Em outros casos fui simplesmente derrotado, como na folclórica fixação do teto de 12% para a taxa de juros real da economia.

Uma das inovações da comissão foi a mudança do destino do PIS-Pasep. A ideia inicial de alguns integrantes da comissão era jogar o PIS-Pasep nos fundos de participação de Estados e municípios. Fui contra, pois a própria comissão já havia aprovado aumentos altíssimos do FPE-FPM. Além disso, e a esse respeito nunca tive ilusões, o grosso do aumento adicional desses fundos iria, inexoravelmente, financiar aumentos das despesas de custeio, não de investimentos, de prefeituras e governos estaduais.

Xeque na meta fiscal. E fôlego de Temer. Imperativa e possível retomada da Previdência | Jarbas de Holanda

As penosas e impopulares medidas tomadas pelo governo federal – novo contingenciamento, de quase R$ 6 bilhões de recursos orçamentários (que afetará sobretudo os já muito comprimidos programas sociais e de obras e serviços públicos) e o aumento dos combustíveis – são consideradas pela própria equipe econômica como insuficientes para o controle e a reversão do descompasso entre as receitas, limitadas ou em queda, e as despesas que não param de crescer.

Descompasso puxado pelo déficit da Previdência, cujas despesas este ano se elevarão a R$ 559,7 bilhões, secundadas pelos gastos de quase R$ 285 bilhões com os servidores públicos. Gastos estes que deverão ser reduzidos em apenas R$ 1 bilhão, a partir de 2018, com a decisão do Palácio do Planalto anunciada anteontem de estender aos servidores do Executivo, por meio de Medida Provisória, o PDV – Programa de Demissão Voluntária já aplicado na Petrobras e outras estatais. O que diminuirá em 5 mil seu quadro total de meio milhão (ampliado em 125 mil, nos governos petistas). Despesas e gastos cuja amplitude põe em xeque a meta fiscal deste ano e já também a do próximo, com duas alternativas de resposta, uma e outra de graves implicações políticas e econômicas: a mudança dessas metas com a elevação dos enormes déficits já definidos ou uma escalada da carga tributária.

Sonhos revelados | Merval Pereira

- O Globo

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), olha para seu futuro político com fome de poder, mas com cuidadosa ambição. Já se colocou, pelo posto que ocupa, como alternativa à Presidência da República “dentro de alguns anos”, explicou, modestamente, a Roberto D’Ávila em recente entrevista.

Agora, em outra entrevista, para o site Poder 360, de Fernando Rodrigues, anuncia que seu partido, o DEM, não tem condições de apoiar o PSDB na eleição de 2018. “A relação com o PSDB nas duas últimas eleições foi de quase imposição na eleição presidencial, deles em relação à gente. Foi um constrangimento em 2010. Em 2014, uma chapa puro-sangue (só de tucanos)”.

Como quem se sente revigorado com a possibilidade de adesões em massa do PSB, o presidente da Câmara deixa no ar a possibilidade de o partido lançar candidato próprio à Presidência, o que só aconteceu anteriormente em 1989, quando ainda se chamava PFL, com a candidatura de Aureliano Chaves.

Temer sepulta a política | José Roberto de Toledo

- O Estado de S.Paulo

A confiança em quase todas as instituições políticas despencou desde 2016

Temer fez o que ninguém conseguiu: transformou a Presidência da República em instituição menos confiável até do que os partidos políticos. Pesquisa inédita do Ibope revela que, de 0 a 100, a confiança dos brasileiros no presidente despencou de 30 para 14, desde 2016. Pela primeira vez, é menor do que a confiança nos partidos. De fato nada é menos confiável aos olhos da população hoje do que quem ocupa a Presidência. E esse nem é o pior problema detectado pelo Ibope.

No último ano, a desconfiança na política em geral bateu todos os recordes – segundo a edição 2017 do Índice de Confiança Social, que o Ibope pesquisa e calcula anualmente desde 2009. Do governo federal às eleições, passando pelo Congresso e pelos partidos, a confiança em quase todas as instituições políticas despencou desde 2016, com exceção dos (recém-eleitos) governos locais. A maioria delas chegou ao seu ponto mais baixo em 2017.

Quadrilha na ativa | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Eduardo Cunha está preso, mas sua quadrilha continua na ativa. A afirmação é do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele recomendou ao Supremo Tribunal Federal que mantenha o peemedebista na cadeia.

A defesa do ex-deputado apresentou mais um recurso para tentar tirá-lo da prisão. Os advogados argumentam que Cunha já foi cassado e não poderia mais cometer crimes ou obstruir investigações. Por isso, mereceria voltar ao aconchego do lar.

O Ministério Público discorda. De acordo com Janot, nem a cadeia foi capaz de parar o ex-deputado. Ele afirma que o correntista suíço continuava a embolsar propina da JBS para não delatar os comparsas.

Um cobertor curto para Jucá e Meirelles | Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

Fim do recesso pressiona por mais gastos e outra meta

Em dezembro de 2002 havia 2.627 fiscais federais agropecuários no país. Em junho deste ano, os escaninhos eletrônicos do Ministério do Planejamento registravam 445 servidores na ativa. Ao longo dos 15 anos em que a carreira perdeu 83% do seu efetivo, a JBS se tornou a maior processadora de carnes do mundo. Contribuiu para isso a mesada distribuída pela empresa para fiscais de todo o país, como mostraram Luiz Henrique Mendes, Cristiano Zaia e Murillo Camarotto (Valor, 13 de julho).

Na esteira de uma fiscalização reduzida, se deu a Operação "Carne Fraca", que afetou um dos principais produtos da balança comercial brasileira. A redução no quadro de fiscais barateou a propina da JBS mas saiu caro para o país. Lançado sem um diagnóstico do quadro de funcionários da União, o programa de demissão voluntária lançado esta semana pelo governo federal pode inflacionar este preço. Só vai sair uma pechincha para quem quiser contratar crianças, derrubar florestas ou mentir, para efeito de tributação, sobre a área de sua gleba rural.

O aumento em debate | Míriam Leitão

- O Globo

O governo pensa em adiar os aumentos dados ao funcionalismo por falta de opção. Temer entrou porque quis nesse beco sem saída. Além disso, infringiu a lei que proíbe que se deixe reajuste para o mandato seguinte. Os que foram concedidos no ano passado têm parcela até 2019. Os governos Lula e Dilma desfizeram o ajuste de Fernando Henrique e aumentaram em 131 mil o número de funcionários, 27% a mais.

Só entre 2017 e 2018, são R$ 40 bilhões a mais na folha salarial, em momento de escassez aguda de recursos. Nem tudo é reajuste. Parte é progressão natural na carreira. No Ministério da Educação, por exemplo, só a progressão representa de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões por ano.

Neste momento em que os ministérios da Fazenda e do Planejamento tentam fechar o orçamento do ano que vem, e ainda não sabem como cumprir a meta de 2017, o adiamento dos reajustes passou a ser debatido. Há categorias que demonstram não entender em que situação o país está e querem novos aumentos, como acaba de acontecer com o Ministério Público, que pediu 16,7%. A reação ao atraso, se ele for anunciado, será forte, mas seria uma das saídas do córner em que estão as contas públicas. O que torna mais difícil defender a prorrogação é que o tema vem à baila logo após o presidente liberar emendas parlamentares para tentar permanecer no cargo.

Afinal, juros de um dígito | Celso Ming

- O Estado de S.Paulo

O corte dos juros básicos para os 9,25% ao ano já estava nas expectativas gerais

Os juros continuam, sim, muito altos no Brasil, mas não dá para negar o efeito vertigem. Caíram para um dígito, de 14,25% ao ano para 9,25%. Um tombo de cinco pontos porcentuais em apenas nove meses não é pouca coisa.

E será ainda maior. A levar em conta as projeções do mercado captadas pela Pesquisa Focus, do Banco Central, fecharão este ano nos 8%. Mas já há quem projete juros ainda mais baixos.

O corte desta quarta-feira (26), de 1 ponto porcentual, para esses 9,25% ao ano já estava nas expectativas gerais. Não era o movimento previsto na última reunião do Copom há cerca de 50 dias. No comunicado de 31 de maio e na ata que veio seis dias depois, o Banco Central passou o sinal de que a tesourada seguinte (a desta quarta-feira) seria de 0,75 ponto porcentual. Mas o que nem o Banco Central nem ninguém previra foi o recuo ainda maior da inflação, para a casa dos 3% em 12 meses.

Terrível dilema | José Eli da Veiga

- Valor Econômico

Não estariam cegos os seguidores de Prometeu que apostam na singular capacidade de adaptação da espécie humana?

O aniquilamento biológico em curso vem sendo subestimado justamente por quem melhor monitora a erosão global da biodiversidade. A própria IUCN ("International Union for the Conservation of Nature") não percebe que cria ilusões sobre a real velocidade da sexta extinção em massa da história da Terra ao só considerar o desaparecimento de espécies, em vez de também contabilizar a degringolada das populações de cada espécie vegetal e animal, assim como a míngua de suas abrangências geográficas.

Essa foi a mensagem de um artigo científico que no último dia 11 mereceu manchetes e editoriais dos melhores jornais do mundo. Publicado à véspera nos PNAS ("Proceedings of the National Academy of Sciences") pelos ecólogos Gerardo Ceballos (Unam), Paul Ehrlich e Rodolfo Dirzo (Stanford), trouxe mais uma eloquente evidência da brutal intensificação dos efeitos negativos que as atividades humanas estão exercendo sobre os ecossistemas que estruturam a biosfera. E de gravidade realmente alarmante, pois tais impactos vêm provocando atrofia de muitos dos serviços prestados pela natureza às mais elementares e essenciais necessidades humanas.

Tensão e emoção no segundo semestre, se temer sobreviver | Murillo de Aragão

- Diário do Poder

A denúncia “tabajara” do procurador geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer, o afastamento temporário do senador Aécio Neves do mandato e a condenação do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro aprofundaram ainda mais a confusão em que o país está metido. O que vai acontecer? Algumas tendências estão desenhadas.

A reforma previdenciária, apesar de urgente e essencial, ficou prejudicada. Poderá voltar em uma versão “light” se houver empenho bastante do governo. A denúncia de Janot deve ser rejeitada pela Câmara, salvo se ocorrer, de hoje até a semana que vem, algum fato novo. Acho que não, mas todo cuidado é pouco. Coisas improváveis acontecem no Brasil, como país, e no Botafogo, como time.

A segunda denúncia de Janot, sobre a qual ele disse não ter pressa de soltar, deve ter igual destino. Afinal, não funcionou a bala que ele e o empresário Joesley Batista, da JBS, fabricaram e o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, endossou.

Corporativismo e insensibilidade – Editorial | O Estado de S. Paulo

Não é raro ouvir insinuações – e, algumas vezes, não são apenas insinuações – de que todas as instituições políticas estão podres. Para pôr o País nos eixos seria necessário, pregam essas vozes, implodir tudo o que está aí e, só depois, reconstruir um novo sistema político, limpo de toda a corrupção. A prova cabal do estado geral de putrefação moral da política nacional teria sido dada pela Operação Lava Jato, ao revelar tantos e tão graves crimes praticados por políticos de variados partidos.

A Lava Jato, no entanto, não ofereceria apenas a confirmação de tanta sujeira. Segundo essa linha de raciocínio, a famosa operação também serviria para evidenciar ao País qual é a única instituição apta a levar adiante esse trabalho de purificação nacional – o Ministério Público. Todas as instituições estariam carcomidas por práticas ilegais de seus membros, com exceção do Ministério Público.

Tal visão das coisas equivoca-se não apenas ao generalizar indistintamente a corrupção nas instituições políticas, pois, como é evidente, há gente honesta no mundo da política e nem tudo está inservível, como propagam os profetas do caos. O raciocínio também deixa escapar a realidade humana, e necessariamente falível, do Ministério Público.

Proposta de aumento do MP é aula de corporativismo – Editorial | O Globo

Reajuste de 16,7% pedido pelos procuradores federais retrata como atuam dentro do Estado fortes grupos de interesses, sem qualquer preocupação com a realidade

A proposta de um reajuste salarial de 16,7% aprovada pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal é uma aula prática de como agem corporações incrustadas no Estado, independentemente da qualidade dos serviços que prestam à população. O MPF, reconheça-se, é uma instituição meritória, como demonstra sua participação no combate à corrupção sistêmica que intoxica a vida pública do país.

Mas, na defesa de seus interesses, como é típico de corporações, não importa ao MPF a situação do todo, mas apenas questões particulares da guilda. Ficam em segundo plano a crise fiscal séria, a cava recessão de aproximadamente 8% nos últimos dois anos, e o desemprego de 14 milhões de pessoas.

Doloroso aprendizado – Editorial | Folha de S. Paulo

Neste primeiro ano de vigência do teto estabelecido para as despesas federais, o governo ainda permanece longe de uma gestão racional do Orçamento.

A regra de austeridade incluída na Constituição está sendo cumprida com sobras. Para 2017, permite-se uma expansão nominal do gasto de até 7,2%, na comparação com 2016. Conforme dados divulgados nesta quarta (26) pelo Tesouro Nacional, o aumento no primeiro semestre não passou de 4,8%.

Nada indica algum risco de descontrole até dezembro. Os resultados parecem compatíveis com a estratégia de redução gradual do rombo nas finanças da União.

Entretanto a cada dia se veem novas iniciativas e estudos para, em caráter emergencial, elevar impostos ou bloquear investimentos em obras públicas —sob o risco de dificultar ainda mais a incipiente recuperação da economia.

O problema da Venezuela não é a sua Constituição – Editorial | Valor Econômico

A Venezuela chega nesta semana a uma nova encruzilhada. Seus líderes, infelizmente, parecem preferir que o país continue rumando para a tirania política e o caos econômico. Há pouco o que os vizinhos latino-americanos possam fazer para evitar esse desfecho. Já um possível embargo dos EUA ao petróleo venezuelano agravaria drasticamente a crise econômica e, consequentemente, o sofrimento da população do país. Mas não necessariamente provocaria uma rápida ruptura política. Seria uma aposta, mas uma aposta arriscada.

A Venezuela vive uma crise épica, após 18 anos de chavismo. O PIB desabou 18% em 2016 e deve cair mais 12% neste ano, segundo o FMI. A economia depende como nunca do petróleo, cuja produção está em queda, apesar de o país ter as maiores reservas mundiais. Há escassez de alimentos e medicamentos. A violência cresceu de modo assustador. O turismo minguou. Cerca de cem pessoas morreram em protestos desde março. É longa a lista dos tormentos.

Teste para a democracia – Editorial | O Estado de S. Paulo

Em meio a forte pressão tanto da União Europeia como de parte da população de seu país, o presidente da Polônia, Andrzej Duda, decidiu vetar parcialmente uma reforma que, na prática, deixaria todo o Judiciário, inclusive a Suprema Corte, sob controle do governo. Essa aparente boa notícia, contudo, não foi suficiente nem para contentar a União Europeia nem para arrefecer os ânimos dos poloneses, pois está claro que a democracia daquele país continua sob risco.

O perigo maior é representado pelo direitista Partido da Lei e da Justiça (PiS, em sua sigla em polonês), que está no poder desde 2015. O PiS sempre deixou claro que faz restrições ao jogo democrático. Como resultado de suas manobras, por exemplo, o Tribunal Constitucional está paralisado. O presidente Duda, a quem cabe dar posse aos juízes daquela corte, depois de aprovados pela Câmara, se nega a fazê-lo no caso de três magistrados eleitos pela legislatura que antecedeu a atual, dominada pelo PiS. Além disso, a primeira-ministra polonesa, Beata Szydlo, se recusa a publicar as sentenças emitidas pelo tribunal, passo necessário para que entrem em vigor. Enquanto isso, leis aprovadas pelo PiS são implementadas sem que tenham sido submetidas a qualquer forma de controle legal.

Temer recebe aliados para 'confraternização'

Por Andrea Jubé | Valor Econômico

BRASÍLIA - Às vésperas da votação na Câmara dos Deputados sobre o prosseguimento da denúncia pelo crime de corrupção passiva, o presidente Michel Temer enviou convites aos ministros e aliados para um jantar hoje no Palácio da Alvorada. O presidente convida a equipe e parlamentares da base governista para uma reunião de "confraternização" antes da retomada dos trabalhos do Poder Legislativo. O Palácio do Planalto não confirma o evento, mas o vice-líder do governo na Câmara e um dos principais articuladores políticos de Temer, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), disse que foi convidado para um jantar com pratos árabes com o presidente. Uma homenagem indireta à origem libanesa de Michel Temer.

Ministros confirmaram os convites. O mote é uma reunião de toda a equipe após o recesso parlamentar e algumas férias curtas de alguns ministros, mas Temer vai aproveitar ensejo para alinhar o discurso no auge da crise política e avaliar a conjuntura de votação da denúncia.

Na contabilidade do governo, Temer tem mais de 200 votos para arquivar a denúncia - são necessários 172 - mas a oposição articula esvaziar o plenário para adiar a votação. Nem todos os ministros e líderes compareceram. Os líderes do governo, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e do PMDB, deputado Baleia Rossi (SP), estão viajando. Mas a tropa de choque de Temer - os deputados Carlos Marun, Beto Mansur (PRB-SP), Darcísio Perondi (PMDB-SP) e Lelo Coimbra (PMDB-ES) - está em Brasília.

Governo calcula já ter 257 votos contra denúncia

Cristiane Jungblut, O Globo

-BRASÍLIA- O Palácio do Planalto e líderes aliados trabalham agora para obter o maior placar possível contra a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o presidente Michel Temer na votação do próximo dia 2, na Câmara. Segundo interlocutores, o “tamanho da base” na votação é que decidirá como vai avançar a agenda econômica no Congresso, principalmente a reforma da Previdência.

A avaliação de aliados e também da oposição é que Temer tem hoje margem de apoio necessário para vencer a etapa da votação, porque seus opositores não têm os 342 votos para aprovar a denúncia e a consequente autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) leve adiante a ação penal contra Temer — o que resultaria no seu afastamento temporário da Presidência.

Sucessão de Aécio aprofunda o racha interno no PSDB

Talita Fernandes, Bruno Boghossian, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A definição do sucessor de Aécio Neves (MG) na presidência do PSDB ameaça aprofundar a divisão interna do partido sobre o apoio da sigla ao governo Michel Temer.

Com a provável renúncia de Aécio ao posto, esperada para as próximas semanas, os tucanos devem escolher até o fim deste ano o nome que vai conduzir a sigla nas eleições presidenciais de 2018.

Defensores do desembarque do PSDB do governo articulam a convocação imediata da eleição de um novo presidente para efetivar o senador Tasso Jereissati (CE), que ocupa o cargo interinamente desde maio.

O cearense assumiu o comando do partido logo após o afastamento de Aécio, flagrado em uma conversa em que pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, da JBS.

Em resposta a Maia, Alckmin diz que aliança com DEM não está descartada

Thais Bilenky, Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), minimizou nesta quarta-feira (26) a fala do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que o DEM não apoiará o PSDB na eleição para presidente em 2018.

"É natural que cada partido queira ter candidato próprio, é legitimo", disse Alckmin, que trabalha para ser candidato e tem no DEM paulista um de seus principais aliados no governo estadual.

"Você pode ter aliança no primeiro turno, no segundo turno, em nível federal, em nível estadual", sugeriu, antes de jantar com caciques do PSB, no Palácio dos Bandeirante, sede do governo paulista. "Precisamos ter pontes, ter diálogo."

Ao site "Poder 360", Maia disse que "o DEM não tem condições de apoiar o PSDB para presidente". Sua fala se deu após encontro de líderes do DEM com Alckmin na segunda-feira (24).

PSB avisa a Alckmin que lançará nome ao Bandeirantes

Aliados afirmam ao governador que partido está ‘100% fechado’ na candidatura do vice Márcio França ao governo paulista em 2018

Pedro Venceslau e Marcelo Osakabe, O Estado de S.Paulo

Em um encontro na noite noite desta quarta-feira, 26, no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) recebeu da cúpula nacional do PSB a informação que o partido está “100% fechado” com a candidatura do vice-governador Márcio França ao governo paulista em 2018. A reunião ocorreu dois dias depois de os dirigentes do DEM afirmarem ao tucano que planejam lançar o secretário de Habitação, Rodrigo Garcia, para a sucessão de Alckmin.

“Cem por cento do partido apoia a candidatura de França para o governo de São Paulo e a de Márcio Lacerda (ex-prefeito de Belo Horizonte) em Minas Gerais. Nesses dois Estados é fundamental termos candidatura própria”, afirmou ao Estado o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira (PE).

Fortalecido, DEM já valoriza seu passe para 2018

Pedro Venceslau, O Estado de S. Paulo.

Pré-candidato à Presidência da República em 2018, o governador Geraldo Alckmin espera ter o DEM em seu palanque, mas, para isso, terá de administrar a conturbada relação da legenda com o PSDB.

No jantar com a cúpula do DEM na segunda-feira em São Paulo, Alckmin ouviu reclamações sobre um suposto “fogo amigo” dos tucanos, que estariam por trás de notas publicadas na imprensa contra o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A conversa serviu para desobstruir a relação e abrir caminho para um acordo de parceria no Congresso que independe da situação do presidente Michel Temer. Ambos defendem, por ora, a permanência do peemedebista no cargo. Com ou sem ele, DEM e PSDB pretendem estar juntos nas votações das reformas da Previdência e política.

Marina suspeita de sabotagem na Lava-Jato

Por Cristian Klein | Valor Econômico

RIO - Em meio às ameaças de refluxo da Lava-Jato, a ex-senadora e presidenciável Marina Silva (Rede) fez uma defesa enfática da operação anticorrupção - a qual, em sua opinião, parece estar sendo sabotada - e do afastamento do presidente da República, Michel Temer.

Em entrevista ao programa do jornalista Roberto D'Avila, da "GloboNews", Marina afirmou que o "melhor gesto" que se pode fazer para sair da crise, em vez de um grande pacto entre as maiores lideranças partidárias, é a Câmara dos Deputados aceitar que a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer, por corrupção passiva, seja julgada pelo Supremo Tribunal Federal, tirando o presidente do poder.

Para a ex-senadora, os parlamentares precisam atender a vontade da maioria da população, já que, de acordo com levantamento de opinião, 94% dos brasileiros não querem a permanência do pemedebista no Planalto. "O Congresso tem que atender a sociedade. O melhor pacto que se pode fazer, o melhor sinal, é fazer o que a sociedade está querendo. A sociedade não quer o governo que está aí", disse.

Planalto busca votos de indecisos

Presidente tem conseguido reverter apoios para barrar denúncia na Câmara, afirmam aliados

Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Após mais um dia de negociações, o presidente Michel Temer recebeu uma lista de um de seus principais aliados, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), que indica que o Palácio do Planalto ganhou mais votos para barrar denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O número de parlamentares indecisos, segundo as contas apresentadas a Temer, caiu de 80 para menos de 60. A mudança foi vista como favorável ao governo pelos aliados.

As “planilhas de votos” foram checadas por Temer com ministros e também por sua “tropa de choque”, que, além de Mansur, tem os deputado Carlos Marun (PMDB-MS), Darcísio Perondi (PMDB-RS) e Nelson Marquezelli (PTB-SP).

O presidente tenta atrair os indecisos para o seu lado e garantir a presença dos parlamentares em Brasília no dia 2 de agosto – o objetivo é tentar “liquidar” a denúncia por corrupção passiva na Câmara já na semana que vem.

A escultura folheada | Joaquim Cardoso

Aqui está um livro
Um livro de gravuras coloridas;
Há um ponto-furo. um simples ponto
simples furo
E nada mais.

Abro a capa do livro e
Vejo por trás da mesma que o furo continua;
Folheio as páginas, uma a uma.
- Vou passando as folhas, devagar,
o furo continua

Noto que, de repente, o furo vai se alargando
Se abrindo, florindo, emprenhando,
Compondo um volume vazio, irregular, interior e conexo:
Superpostas aberturas recortadas nas folhas do livro,
Têm a forma rara de uma escultura vazia e fechada,
Uma variedade, uma escultura guardada dentro de um livro,
Escultura de nada: ou antes, de um pseudo-não;
Fechada, escondida, para todos os que não quiserem
Folhear o livro.

Mas, prossigo desfolhando:
Agora a forma vai de novo se estreitando
Se afunilando, se reduzindo, desaparecendo/surgindo
E na capa do outro lado se tornando
novamente
Um ponto-furo, um simples ponto
simples furo
E nada mais.

Os seres que a construíram, simples formigas aladas,
Evoluíam sob o sol de uma lâmpada
Onde perderam as asas. Caíram.
As linhas de vôo, incertas e belas, aluíram;
Mas essas linhas volantes, a princípio, foram
se reproduzindo nas folhas do livro, compondo desenhos
De fazer inveja aos mais “ sábios artistas”.
Circunvagueando, indecisas nas primeiras páginas,
À procura da forma formante e formada.
Seus vôos transcritos, “refletidos” nessas primeiras linhas,
Enfim se aprofundam, se avolumam no vazio
De uma escultura escondida, no escuro do interno;
Somente visível, “de fora”, por dois pontos;
Dois pontos furos: simples pontos
simples furos
E nada mais.

Canhoto da Paraíba - Prece ao vento - (Gilvan Chaves)