terça-feira, 11 de março de 2014

Opinião do dia: Miguel Abensour

Foi justamente ao autor do Príncipe e dos Discursos... que Marx, associando filosofia e jornalismo de combate, dirigiu “a questão apaixonada do ser da política”, desdobrando-a em múltiplas direções:
- Quais são as condições de um pensamento filosófico do político?
- Como pensar as coisas políticas?
- Qual é o estatuto do político? Qual a é a essência da natureza do político?
- Qual é o lugar do político na constituição do social?
- Qual é o caráter próprio da modernidade política?
É a partir dessas questões que Marx estabelece uma relação privilegiada com Maquiavel que representaria, segundo Leo Strauss, a primeira onda da modernidade, e acarretaria uma verdadeira “maquiavelização” do pensamento político, no qual Marx estaria engajado.

Miguel Abensour (1939) é filósofo francês, especialista em filosofia política, professor emérito da Universidade de Paris e antigo presidente do Colégio Internacional de Filosofia. A Democracia contra o Estado, p.23. Editora UFMG, 1998

Em meio a tensão com PT, bancada do PMDB cogita convocar ministros

Parlamentares vão decidir nesta terça se chamam Miriam Belchior (Planejamento), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais)para discutir sobre emendas

Erich Decat

BRASÍLIA - Em meio às tensões entre o Palácio do Planalto e a bancada do PMDB da Câmara, integrantes da Comissão Mista do Orçamento devem discutir nesta terça-feira a convocação dos ministros Miriam Belchior (Planejamento), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

Os pedidos de convocação de Belchior e Ribeiro foram feitos, respectivamente, pelo deputado Domingos Sávio (PSDB) e pelo vice-líder do PMDB, deputado Danilo Forte (CE), e constam na pauta do colegiado de amanhã. Forte também pretende que seja incluída na discussão a ida de Salvatti.

"O pedido foi feito com base na discussão das emendas do ano passado porque houve um problema específico no Ministério das Cidades em que 18 parlamentares do PMDB ficaram com as emendas aprovadas, mas não foram empenhadas", afirmou o vice-lider do PMDB na Câmara, Danilo Forte ao Broadcast Político, serviço de informação em tempo real da Agência Estado.

Também está entre as preocupações do governo a pauta de votação do plenário da Câmara. Nela consta um requerimento que autoriza a criação de uma comissão externa para investigar possíveis fraudes ocorridas na Petrobras. Um posicionamento do PMDB, segunda maior bancada da Casa, favorável à aprovação do requerimento pode ser decisivo para uma derrota do governo.

Nas sessões ordinárias, a pauta do plenário continua trancada por seis projetos de lei do Executivo com urgência constitucional. O primeiro deles é o do Marco Civil da Internet, que ainda não tem consenso para ir a votação.

Disputas. Nesta terça, o vice-líder do PMDB na Câmara chegou ainda a falar que possibilidade de o PT abrir mão de lançar candidatos em até seis Estados para apoiar nomes do PMDB não resolveria as insatisfações da legenda.

"O PMDB é muito maior que esses seis Estados. E se você levar em consideração, eles representam no máximo 10 ou 15% da convenção", disse o parlamentar.

Fonte: O Estado de S. Paulo

João Bosco Rabello: PMDB, nem pior, nem melhor: só maior

O PMDB não é pior nem melhor que os demais partidos no plano fisiológico em que se consolidou o sistema político brasileiro. É apenas o maior, o que o torna credor de um espaço proporcional ao seu tamanho na estrutura de governo que vier a apoiar.

Ocupação proporcional de espaços na estrutura de poder é inerente a qualquer processo político em qualquer sistema democrático. O sistema representativo assim o impõe, admitido que os eleitos representam uma parcela maior ou menor dos cidadãos que neles votaram.

O problema não está na distribuição dos cargos, mas o que se faz com eles, para que fim servem os meios que propiciam aos seus ocupantes. O que insere o país como carente de uma reforma menos técnica do que de costumes.

Essa reforma de costumes depende necessariamente da participação da sociedade no processo político, em que o poder maior está no voto criterioso dado com base no acompanhamento da rotina política e na fiscalização dos eleitos.

Os tempos recentes mostraram claramente que a participação dos segmentos de interesse que formam a chamada sociedade organizada impõe as mudanças saudáveis que os políticos adiam enquanto podem em benefício do usufruto das benesses do poder de que foram investidos pelos cidadãos.

No Brasil, embora crescente, essa participação ainda é incipiente e pouco organizada. Quando se articulou com foco, como no caso da lei da Ficha Limpa, impôs a sua vontade. A primeira fase dos protestos de junho do ano passado foi a mobilização mais expressiva e direcionada da população pela reciprocidade de serviços de qualidade em relação à carga tributária vertiginosa.

Do que se conclui com relativa facilidade que a crise entre o PMDB e o governo não tem raiz numa suposta postura ética do Executivo, mas na falta de fórmula conciliatória que pacifique os ânimos de dois partidos em luta pela ampliação de sua presença no mapa eleitoral brasileiro.

O governo que na fase Lula compôs com o PMDB para sobreviver ao escândalo do mensalão, afirma-se nesse momento como o partido no governo e se vale do relativo favoritismo de sua candidata à reeleição, para mudar os termos de convivência com o aliado, movido pela meta de hegemonia que já custou ao partido a condenação de seus principais – e mais históricos – dirigentes.

A decisão da presidente Dilma de investir na divisão do partido representa a escolha do PMDB com o qual pretende governar se reeleita para um segundo mandato. Um PMDB preferencialmente menor em 2015, e menos influente numericamente no Congresso, o que resultará das urnas se o plano concebido pelo PT der certo.

Para compensar a perda relativa da parcela peemedebista excluída pelas urnas, o governo conta com o PSD, do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, desde sua criação uma linha auxiliar à espera da reeleição da presidente Dilma para de seu governo fazer parte.

É esse quadro que explica a corda esticada pelo líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), estrategicamente demonizado pelo Planalto, porém respaldado pela bancada da Câmara, por sua vez motivada pelo que é mais caro ao político: a ameaça de não renovar o mandato, que é a materialização da perda de poder.

A bancada do senado, à qual recorre Dilma para administrar a crise com o partido, não é menos sensível a essa realidade. Apenas a renovação dos mandatos naquela Casa não coincide, em sua totalidade, com o mesmo período dos deputados, o que a torna menos inflamada.

Mas a ameaça concreta do PT à perda de capilaridade do partido envolve a todos porque está em jogo a força política da legenda que, maior ou menor, afeta cada um individualmente. O processo já está em curso com a versão eleitoral do governo de que resiste à pressão de um aliado voraz e insaciável, cujos integrantes só pensam em cargos e negócios.

A estratégia de desgastar o PMDB não autoriza ingenuidades por parte do partido: está posta, é escancarada e é nesse contexto que se tenta antecipar a convenção nacional, em que a liderança do vice-presidente Michel Temer não se impõe ao instinto de sobrevivência de um número crescente de parlamentares, governadores e prefeitos que vão às urnas em outubro.

No projeto hegemônico do PT, o PMDB é a primeira pedra a ser removida, o que já foi tentado por Lula no seu primeiro mandato, quando trocou a parceria com o partido de Temer pela cooptação de legendas menores, útero do mensalão.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Brasil não aguenta mais quatro anos de Dilma, diz Campos

Ao criticar política econômica atual, governador pernambucano e provável candidato à Presidência, pela primeira vez, ataca a presidente nominalmente

Ângela Lacerda

RECIFE - "Não dá para ter mais quatro anos da Dilma (Rousseff), o Brasil não aguenta". A afirmação foi feita pelo governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB), no sábado, 8, no município de Nazaré da Mata, na zona da mata pernambucana, quando acusou a presidente de travar o crescimento econômico do Brasil. Foi a primeira vez em que ele citou nominalmente a presidente Dilma Rousseff, em meio aos constantes ataques tem feito ao governo federal. Nesta segunda-feira, 10, em São Paulo, Campos voltou a criticar a política econômica atual e que Dilma não pode "fugir" do debate sobre o desenvolvimento do País.

"A presidenta não soube tocar o Brasil do jeito que precisava ser tocado", afirmou, durante encontro político promovido pelo PSB e noticiado pelo blog Giro Mata Norte. "Com respeito ao povo organizado, com respeito ao diálogo democrático, com a capacidade de ouvir e somar forças, ter a paciência que o líder tem que ter e a sabedoria de aprender com o povo".

"Quem acha que sabe tudo não sabe de nada", continuou, ao reiterar que o Brasil "parou de crescer como estava crescendo".

As declarações foram feitas no evento em que apresentou o seu candidato à sucessão estadual, o secretário da fazenda, Paulo Câmara, ao lado dos candidatos da chapa majoritária - o deputado federal Raul Henry (PMDB), candidato a vice, e o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho (PSB) que concorrerá ao Senado.

A administração do ex-presidente Lula foi elogiada, dentro da estratégia de reverenciar o governo do petista e responsabilizar a presidente Dilma de não dar continuidade ao que foi realizado pelo seu padrinho político. "O povo elegeu um retirante que saiu daqui (Pernambuco) tangido pela seca e pela fome e se transformou numa grande liderança sindical da área industrializada do Brasil, que chegou à Presidência da República depois de esgotado politicamente o modelo que estava em vigor, e teve a sabedoria, a inteligência, a capacidade de ouvir, a humildade de construir com diálogo um tempo de mudança no Brasil. Um tempo de mudança que fez o Brasil voltar a crescer como não crescia".

Eduardo Campos também criticou as alianças políticas da presidente dizendo que Brasília está cheia de "raposas felpudas", "negociando ministérios como se negocia penca de banana".
Ao falar em pesquisas de opinião pública, ressaltou que os seus candidatos possuem 77% de apoio no Estado e, em relação à sua disputa pela Presidência, lembrou que em 2006 aparecia com 4% quando disputou o primeiro mandato no governo estadual. "E ganhei a eleição".

"Hoje, temos na pesquisa 12%, enquanto 35 % no Brasil me conhece". Destacou ainda que "eles" (referindo-se ao governo federal) conhecem a sua natureza: sabem que ele "não corre de luta nenhuma, e sabe que vamos construir uma vitória bonita".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos deve anunciar apoio a Miro ao governo do RJ

Luciana Nunes Leal

O PSB do provável candidato à Presidência da República Eduardo Campos deve anunciar em breve o apoio ao deputado Miro Teixeira (PROS) ao governo do Rio. Embora o PROS, fundado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, tenha fechado apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, Miro tem sinal verde do partido para abrir o palanque do Rio à chapa Campos-Marina Silva.

Ex-pedetista, Miro é um dos parlamentares mais próximos de Marina e trabalhou intensamente na criação da Rede Sustentabilidade, que teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No próximo sábado, o deputado participará, no Rio, ao lado de Campos e Marina, da reunião organizada pelo PSB e pela Rede para discutir o programa nacional de governo.

A futura coligação PROS-PSB no Rio buscará espaço no eleitorado insatisfeito com o governador Sérgio Cabral (PMDB), mas que não mostrou, até agora, interesse nas candidaturas do petista Lindbergh Farias e do ex-governador Anthony Garotinho (PR). Também pretende explorar a boa votação de Marina Silva nas eleições presidenciais de 2010, quando a então candidata do PV teve 32% dos votos e ficou em segundo lugar no Estado, à frente do tucano José Serra.

"Há um indicativo nacional de apoio a Miro Teixeira, uma tendência forte, inclusive pelo fato de ele ter colaborado muito na formação da Rede", diz o vice-presidente do PSB-RJ, deputado Glauber Braga. No mês passado, o deputado Alfredo Sirkis lançou a pré-candidatura a governador pelo PSB, mas deixou aberta a possibilidade da aliança com Miro.

Deputado no décimo mandato - entre 1970 e 1983 e desde 1987 -, ministro das Comunicações no governo Lula, Miro evitou falar como candidato da coligação PROS-PSB. "Qualquer atropelo pode gerar desentendimento e, em uma campanha, desentendimento só com os adversários", disse Miro. "Qualquer movimento será das executivas dos partidos".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em SP, Eduardo Campos questiona provável ausência de Dilma em debates

Pré-candidato intensifica em andanças pelo país críticas ao modelo de gestão da presidente

Sergio Roxo e Letícia Lins

SÃO PAULO e RECIFE - O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, manifestou nesta segunda-feira preocupação com a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff, pré-candidata à reeleição, não participar de debates durante a campanha eleitoral deste ano.

Em palestra na Associação Comercial de São Paulo, Campos disse que seus representantes se reuniram na semana passada com veículos de comunicação e ouviram relatos de que a petista não está disposta a participar dos encontros eleitorais.

- (Vemos nas) pessoas do governo, que vão (nas reuniões) representar sua excelência a presidente da República, uma posição clara de fugir de debate. O Brasil não pode admitir. A presidenta da República, e nós todos a respeitamos enquanto presidenta do nosso pais, não tem o direito de fugir de debate - disse o governador, aplaudido, com entusiasmo, pela plateia composta por empresários.

Campos também voltou a criticar o modelo de coalizão do governo federal com troca de apoio político por cargos.

- O arranjo político que esta aí já deu o que tinha que dar.

O governador garantiu que a sua candidatura presidencial não faz parte de um projeto pessoal porque, se fosse assim, poderia ser mais cômodo fazer uma composição e esperar as eleições de 2018.

Discursos frequentes contra Dilma
Em suas andanças pelo interior de Pernambuco, ao lado do seu candidato à sucessão estadual, Campos atua com discursos explícitos contra a presidente Dilma. No final de semana, por exemplo, chegou a dizer “que o país não aguenta mais quatro anos de Dilma”.

E fez apelos para que os eleitores garantam a vitória do atual secretário da Fazenda, Paulo Câmara, no estado, que ele fará o mesmo na disputa presidencial. Disse que a presidente não está sabendo tocar (conduzir) o país.

- Garantam a vitória aqui (em Pernambuco), que garantirei lá (em Brasília) - afirmou, ao encontrar-se com lideranças políticas em Nazaré da Mata, região canavieira do estado. Ele voltou a fazer ataques contra a presidente e classificou as alianças políticas feitas em Brasília – onde o PMDB e PT se digladiam – a uma “feira de mangaio”, expressão utilizada no Nordeste para classificar comércio popular com produtos de qualidade duvidosa.

- A Presidente não soube tocar o Brasil do jeito que precisava ser tocado... com respeito ao povo organizado, com respeito ao diálogo democrático, com a capacidade de ouvir e somar forças, ter a paciência que o líder tem que ter e a sabedoria de aprender o povo. Quem acha que sabe tudo, não sabe nada. O Brasil parou de crescer como estava crescendo - disse ele durante o seu discurso, na cidade localizada a 65 quilômetros da capital. O governador visitou o município no sábado, acompanhado dos pré-candidatos da chapa majoritária do estado.

Ele voltou a falar das “raposas felpudas” que, segundo o socialista, representam a “velha política” e não a nova, a qual ele diz pertencer:

- São raposas felpudas negociando ministérios como se negocia penca de banana em feira de mangaio - criticou. Apesar das críticas, o governador poupou o ex presidente Lula:

- O povo elegeu um retirante que saiu daqui, tangido pela seca e pela fome e se transformou em uma grande liderança sindical da área industrializada do Brasil, que chegou à Presidência da República, depois de esgotado politicamente o modelo que estava em vigor. Ele teve a sabedoria, a inteligência, a capacidade de ouvir, a humildade de construir um diálogo, um tempo de mudança no Brasil. Um tempo de mudanças que faz o Brasil voltar a crescer como não crescia - elogiou.

Ele fez um retrospecto da própria trajetória política e minimizou o desconhecimento que populações de outros estados ainda têm a seu respeito. Lembrou que em 2006 iniciou a campanha com 4% das intenções de voto e se elegeu para o Palácio do Campo das Princesas.

Fonte: O Globo

Bancada do PMDB deve aprovar moção de apoio a Eduardo Cunha

Estratégia do grupo peemedebista é de fortalecer a posição do líder da bancada na Câmara

Isabel Braga, Cristiane Jungblut

BRASÍLIA - O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ) negou estar pregando o rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff, mas avisou que a insatisfação entre os parlamentares da bancada e da própria base aliada é generalizada. Cunha argumentou que, por isso, é um erro estratégico tentar isolá-lo ou mesmo demonizá-lo. A estratégia dentro da bancada do PMDB é de fortalecer a posição de Cunha. O deputado Danilo Forte (PMDB-CE) trabalha para aprovar, na reunião marcada para esta terça-feira, uma moção de apoio ao líder.

Cunha reiterou que a presidente Dilma não lhe faltou com o respeito e que não viria, nesta segunda-feira, para uma reunião com ela no Planalto por entender que o encontro hoje era com o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves.

— Na política a gente não pode agir com o fígado. Não somos obrigados a nos gostar, mas a nos respeitar. A presidente nunca me faltou com o respeito. Talvez o dia de hoje (para reunir-se com a presidente) não fosse o ideal. Acha que teria clima para a reunião? — disse Eduardo Cunha, acrescentando:

— Não estou pregando isso (rompimento). Aqui não existe uma ação deliberada pregando rompimento. Mas, é difícil dizer isso ( se haverá ou não o rompimento) hoje. É um processo, nunca sabe como acaba.

O líder voltou a dizer que foi agredido verbalmente por petistas e reagiu. E que em nenhum momento externou uma posição pessoal, mas a posição de toda a bancada.

— A mim ninguém pode isolar. Se tiver que isolar é à bancada. Não faço nenhum guerra e nem levo ninguém para guerra. Eu fui agredido e reagi. A partir daí querer me demonizar? Isso não existe — disse Cunha.

Danilo Forte, que articula o apoio a Cunha, disse que ele, como líder do PMDB, não pode ficar fragilizado e isolado. Nos bastidores, dizem que é errada a estratégia de Dilma de enfraquecer o "blocão" e isolar Cunha, porque hoje ele representa mais a vontade de toda a Câmara do que o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Além disso, dizem que Dilma "rebaixou" Henrique, presidente de um Poder, ao querer nomeá-lo como o interlocutor na Câmara e impor a pauta, com a retirada do requerimento sobre investigações da Petrobras no exterior.

— Eduardo Cunha não pode ficar fragilizado porque representa um sentimento da bancada hoje. O blocão é uma circunstância do momento político. A maioria dos parlamentares da base aliada se sente insatisfeita com o governo — disse Danilo Forte.

O líder do PMDB fez questão de elogiar a posição do senador Vital do Rego (PMDB-PB) de rejeitar a indicação para ser o novo ministro do Turismo, vaga que é da Câmara. E voltou a reafirmar a posição da bancada da Câmara de não indicar nenhum nome para Dilma.

— Vital do Rego sempre teve o apoio da bancada do PMDB da Câmara. E isso ( rejeitar a indicação) serve para engrandecer o senador Vital. A bancada tomou a decisão pública de não indicar ninguém. E é essa posição que adoto (de seguir as vontades da bancada) que me dá respaldo.
Segundo Cunha, O PMDB já decidiu votar contra o projeto do Marco Civil da Internet. Apesar de o PMDB liderar o "blocão" de oito partidos da base aliada, Cunha disse que o objetivo desse grupo não é impor derrotas ao governo:

— O PMDB não foi para a oposição, não está na oposição. Simplesmente decidimos votar algumas matérias. O PMDB vai votar contra o Marco Civil.

Cunha afirmou que chegou ontem à noite de viagem ao exterior e que não teve tempo de conversar mais demoradamente com Michel Temer e Henrique Alves. E que eles irão conversar hoje à noite.

Fonte: O Globo

Temer diz no RS que aliança com Dilma ‘está garantidíssima’

Vice-presidente classifica diálogos com o governo como ‘muito positivos’

Flávio Ilha

PORTO ALEGRE – O vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, disse nesta segunda-feira durante a abertura da feira agropecuária Expodireto, em Não-Me-Toque (RS), que a aliança do partido com o PT para as eleições majoritárias de 2014 “está garantidíssima”. Temer, que se reuniu com a presidente Dilma Rousseff no domingo à noite e nesta manhã para tratar do assunto antes de embarcar para o Rio Grande do Sul, classificou os diálogos que tem mantido com o governo como “muito positivos”.

- Nós estamos conversando, estamos conversando muito bem, muito adequadamente. Embora se diga que há embaraços para manutenção da aliança governamental que elegeu a presidente Dilma, eu devo dizer com toda a tranquilidade que as conversas que eu tive ontem à noite, no passado e hoje pela manhã revelam a solidez de nossa aliança. Está garantidíssima, não tenha dúvida – afirmou Temer.

Logo depois da solenidade de abertura da feira, na tarde desta segunda-feira, Temer teve uma reunião com lideranças regionais do PMDB. No sábado, o partido realiza sua pré-convenção estadual para escolher o candidato ao governo do Estado. Temer apoia a escolha do presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, que apoia a manutenção da aliança com o governo.

As principais lideranças estaduais, entretanto, já optaram pelo ex-prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, que prefere garantir palanque no Estado a um candidato de oposição, entre Eduardo Campos (PSB) ou Aécio Neves (PSDB). O vice-presidente retorna a Brasília hoje à noite.

Fonte: O Globo

PSDB aproveita crise entre PT e PMDB para propor aliança com peemedebistas em Minas

Segundo o presidente estadual tucano, deputado Marcus Pestana, a reunião nesta segunda-feira com a cúpula do PMDB do estado foi para "estabelecer uma porta aberta"

Aproveitando a crise nacional que ronda a aliança entre PT e PMDB, o presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana, não perdeu tempo. Nesta segunda-feira, o tucano se reuniu com presidente do PMDB em Minas, Saraiva Felipe, para formalizar um convite para que o partido integre a coligação que pretende levar o candidato do PSDB, Pimenta da Veiga, para o Palácio da Liberdade. A reunião foi realizada na sede peemedebista, no Bairro Santo Agostinho, Região Centro-Sul de Belo Horizonte.

No encontro que durou cerca de uma hora e meia, estavam presentes - além de Saraiva Felipe -, toda a cúpula peemedebista, além de deputados e representantes dos diretórios temáticos da legenda. Pestana disse que o fato de o encontro ter ocorrido neste momento em que estão abaladas as relações entre PMDB e PT não é oportunismo, já que a reunião teria sido agendada anteriormente. Para o presidente estadual dos tucanos, a visita é apenas para estreitar os laços e abrir espaço para o diálogo. “Sei do sentimento do partido pela candidatura própria [do PMDB], mas o encontro é afim de estabelecer um diálogo, para estabelecer uma porta aberta”, disse.

Já o presidente estadual do PMDB afirmou que, mesmo com a visita, o partido em Minas trabalha com três possibilidades: candidatura própria encabeçada pelo senador Clésio Andrade, chapa com o PT ou caminhar junto com o governo do estado. Apesar disso, Felipe afirmou que, pelo menos por enquanto, não há uma tendência majoritária entre essas três possibilidades. Ele afirmou que Minas deve seguir a tendência majoritária nacional, mas revelou que a legenda já conversou com outros partidos. “Vamos dialogar com todos os partidos que nos procuram”.

Reflexos da crise em Minas
Apesar de admitir que o partido ainda não definiu o caminho em Minas e que a coligação com o PT não está descartada, Saraiva Felipe contou que ainda não foi procurado pelos petistas do estado. Ele considera que a atual falta de sintonia entre as duas legendas não é só por cargos. "O PT não pode achar que vai ser absoluto, hegemônico. Tem que abrir mão em alguns estados”, disparou. Sobre a possível saída do partido da base que sustenta o governo da presidente Dilma Rousseff, o presidente estadual do PMDB afirmou que a sigla em Minas estará atenta e participará de todas as discussões

Fonte: Estado de Minas

‘Estão querendo pregar o carimbo do fisiologismo no PMDB’, reclama deputado

Para Lúcio Vieira Limado, do PMDB baiano, a imagem de ‘faxineira’ da corrupção já não cola mais na presidente

Maria lima

BRASÍLIA — O deputado baiano Lúcio Vieira Lima revela o tamanho da insatisfação da bancada do PMDB na Câmara com palavras duras sobre a presidente Dilma. E alerta que a posição pró-governo pode chegar minoritária à convenção do partido.

A presidente Dilma sugeriu ampliar os cargos para o PMDB do Senado, o que isolaria a Câmara. Isso piorou a situação?

Estão querendo pregar o carimbo do fisiologismo no PMDB. Mas o problema agora não é cargo. É muito mais sério que cargos. O que tem que saber é: nessa reunião, Dilma resolveu o problema de Eunício Oliveira que está estrangulado pelo PT no Ceará? Resolveu o problema de Vital do Rego na Paraíba?

Alguns acreditam que a estratégia é deixar a presidente com a imagem de “limpa”, e o PMDB de chantagista...

A presidente Dilma não tem tamanho para isso. Se ela é a limpa, então mande o PT apoiar a criação da comissão externa para investigar propina na Petrobras. Com tudo que está acontecendo no governo e com tudo que o PT está fazendo para atropelar os adversários, essa pecha de faxineira a presidente Dilma não pega mais. Se é a limpinha, por que não demite o ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), que está no centro de denúncias em sua pasta?

A presidente confia que o vice, Michel Temer, e o presidente do PMDB, Valdir Raupp, controlam a maioria do partido para evitar rompimento na convenção...

Eles terão maioria se ela e seus articuladores políticos resolverem os problemas no Ceará, no Rio, Mato Grosso do Sul, Paraíba. A maioria que Temer tinha no partido é menor do que ele tinha ontem. E pode se tornar minoria até a convenção se o tratamento que for dado ao partido for o do enfrentamento.

Fonte: O Globo

PMDB do Rio quer declarar apoio formal à candidatura de Aécio

Intenção do partido é integrar tucanos à aliança em torno de Pezão

Juliana Castro

RIO — O PMDB do Rio se prepara para declarar apoio formal ao pré-candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) até a primeira quinzena de abril. Para isso, aguarda que os tucanos batam o martelo para integrar a aliança do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) na disputa pela sucessão estadual. Além disso, nesta terça-feira, os peemedebistas fluminenses darão mais um passo na tentativa de dissolver o apoio do partido à reeleição da presidente Dilma Rousseff e, durante a reunião da bancada, em Brasília, vão se posicionar pelo rompimento com o PT.

O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), vai reunir a bancada para discutir a relação com o principal aliado. No encontro, o deputado federal Leonardo Picciani transmitirá a posição da bancada do Rio do possível apoio formal a Aécio.

Antes da reunião com Cunha, os deputados do PMDB do Rio vão se encontrar para uma conversa com o objetivo de azeitar o discurso que será apresentado aos demais parlamentares do partido.

— A posição que será levada pelo deputado Leonardo Picciani diz respeito à decisão unânime do partido de não aceitar palanque duplo no estado — afirmou o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani, pai de Leonardo.

Um dos nove deputados da bancada federal do PMDB do Rio, o deputado Alexandre Santos disse que o sentimento de que se deve romper com o PT é um consenso entre os deputados do partido:

— O Aécio é um grande caminho. É um sentimento majoritário na bancada de que se deve rever o caminho.

Tempo de TV
O presidente do PMDB do Rio quer que o apoio a Aécio seja formalizado no próximo dia 25. Se não for possível, espera que isso aconteça até a primeira quinzena de abril. Para ele, as reuniões que Dilma anda fazendo com o PMDB nacional para acalmar os ânimos “somam zero, não valem nada e não sensibilizam”
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— Ainda é cedo, estamos detalhando (uma possível aliança). Evidente, quero o apoio do PSDB para o Pezão no Rio, senão a tese de não aceitar palanque duplo cai por terra — afirmou Picciani ao GLOBO.

Com o acordo, o peemedebista calcula que Pezão somaria mais tempo de televisão, embora ainda não saiba exatamente quanto, e Aécio ganharia capilaridade no Rio, onde ficou sem candidato depois que o técnico de vôlei Bernardinho recusou o convite.

Picciani lembra que partidos que estão juntos em torno da pré-candidatura de Pezão já são alinhados a Aécio, como o Solidariedade, nacionalmente, e o PSD, no Rio:

— O maior partido dessa aliança é o PMDB. Ele traz 500 candidatos para o Aécio e pequenos e médios partidos. Vai ser mais gente dando papelzinho do Aécio, de Porciúncula a Ipanema — afirmou Picciani.

Uma possível aliança do PMDB com os tucanos poderia contar com a resistência de alguns quadros do PSDB. O presidente da sigla no Rio, deputado estadual Luiz Paulo, é duro crítico da gestão de Sérgio Cabral.

Fator Cesar Maia
Se for se render à exigência do PMDB de ter um único palanque no Rio, o de Pezão, Aécio terá de jogar para escanteio a pré-candidatura do vereador Cesar Maia (DEM) ao governo do estado.
No último fim de semana, a Executiva estadual do DEM se reuniu e o consenso foi de que o ideal para o partido é dar apoio a Aécio e fechar uma a coligação com o PSDB.

Fonte: O Globo

Dilma é refém da distribuição de cargos, diz Marina

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva afirmou nesta segunda-feira, 10, ao comentar a crise envolvendo o Palácio do Planalto e o PMDB, que o governo da presidente Dilma Rousseff está refém de uma estratégia que não tem mais como ser colocada em prática na política brasileira: a governabilidade baseada na distribuição de cargos. Para Marina, que neste pleito está aliada ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), é preciso fazer uma mudança profunda no campo da governabilidade do País, com base em ideais e propostas.

Ao falar da atual crise, ela ironizou o governo, dizendo que não adianta criar mais de 30 ministérios e distribuir cargos, porque isso não resolve o problema de compor uma maioria no parlamento. "As alianças devem contemplar propostas e não cargos", reiterou. "Eu e Eduardo (Campos) não vamos compactuar com nenhum tipo de chantagem dentro do Congresso Nacional, vamos apoiar as coisas boas para o País sem que a governabilidade esteja em risco." A ex-senadora, que em 2010 disputou a Presidência da República, disse que naquele pleito já dizia que, se ganhasse as eleições, iria governar com as pessoas de bem de todos os partidos, incluindo também o PMDB. "As conversas devem ser feitas nessa base, com homens e mulheres de bem."

Fonte Estado de Minas

Eduardo Campos evita comentar crise entre PMDB e PT

O governador de Pernambuco afirmou, porém, que a pauta brasileira hoje não pode ficar centrada apenas em reforma ministerial, quem vai substituir quem, numa referência à crise entre o Planalto e o PMDB

O governador de Pernambuco e provável candidato do PSB às eleições presidenciais de outubro, Eduardo Campos, desconversou sobre a crise entre PT e PMDB e a possibilidade de que as recentes tensões culminem no rompimento da aliança formada pelos dois partidos no governo federal. "Eu não tenho a menor ideia do que o PMDB vai fazer", disse a jornalistas na saída de evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP) na manhã desta segunda-feira.

"Eu sei que tem setores do PMDB, feito Pedro Simon (senador pelo RS), feito Jarbas Vasconcelos (senador por PE), que já estão incorporados ao debate conosco sobre uma agenda e sobre uma nova opção para o Brasil", completou.

Campos também descartou que o evento do PSB marcado para o próximo dia 15 no Rio de Janeiro seja usado para lançar oficialmente a sua pré-candidatura à Presidência e para apresentar o programa do partido.

Segundo ele, trata-se de um evento regional que servirá apenas para discutir as plataformas e o programa de campanha, além de manifestar apoio à candidatura de Miro Teixeira (Pros) ao governo carioca.

Em sua passagem por São Paulo, no dia em que a crise entre o governo da presidente Dilma Rousseff e o PMDB atingiu um dos momentos mais críticos, o governador aproveitou para criticar duramente o que classificou de indicações apadrinhadas politicamente. "É preciso quebrar o jeito velho de fazer política", defendeu, argumentando que sua ideia para o preenchimento de cargos estratégicos e das agências reguladoras do governo deve passar por escolhas que levem em conta a qualificação do profissional.

O governador também afirmou que a pauta brasileira hoje não pode ficar centrada apenas em reforma ministerial, quem vai substituir quem, numa referência à crise entre o Planalto e o PMDB. Segundo ele, é preciso discutir o Brasil real, sobretudo um setor que a população demonstra preocupação, como o da saúde.

Fonte: Estado de Minas

No Congresso, oposição vai pedir convocações em massa de autoridades do governo

Parlamentares da oposição preparam uma ofensiva que vai exigir esforços redobrados do governo federal. Se quiser blindar seus ministros e outros integrantes importantes, o governo vai precisar monitorar, a partir de quarta-feira, as comissões técnicas do Congresso. Uma série de requerimentos de convocação será colocada em pauta pelas comissões e os pedidos podem ser postos em votação na mesma sessão.

O plano da oposição independe da adesão ou não dos rebeldes do PMDB. A ideia é tentar desgastar a imagem do governo e colher frutos eleitorais falando sobre denúncias e supostas irregularidades cometidas. Faz parte da estratégia de campanha contra a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Se o PMDB aderir e ajudar com esse tipo de ofensiva, tanto melhor, avaliam.

Somente na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, uma lista de requerimentos desse tipo será posta em discussão. Ao todo, a pauta da comissão inclui dezoito itens. Desses, onze são de convite ou convocação de ministros e presidentes de instituições governamentais.

A lista de convocações de governistas é extensa:

O deputado João Arruda (PMDB-PR) requer que seja convocado o Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, para prestar esclarecimentos sobre o processo de pregão eletrônico nº 21/2013 (Projeto Segundo Tempo).

Já o tucano Carlos Brandão (MA) requer que seja convocado o Ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, para prestar esclarecimentos sobre o andamento das obras de mobilidade urbana e uso de simuladores. Ele também pede a convocação da Ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, para prestar esclarecimentos sobre o andamento das obras do PAC.

Outro deputado do PSDB, Vanderlei Macris (SP), deseja que seha convidada a Presidente da Petrobras, Graça Foster, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias envolvendo contratos firmados entre a estatal e a empresa SBM Offshore, bem como as providências adotadas no âmbito interno sobre as referidas denúncias. Pelo mesmo motivo, pede a convocação do ministro de Minas e Energia Edison Lobão.

Alexandre Leite, do DEM paulista, vai tentar convidar o Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para prestar esclarecimentos sobre repasses de recursos da instituição à entidade ligada ao MST. O deputado pede ainda convite para o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, prestar esclarecimentos sobre o mesmo tipo de repasse para o MST.

A blitz contra os governistas foi deflagrada em todas as áreas e colocou o programa Mais Médicos na alça de mira. O líder do Democratas, Mendonça Filho (PE), apresentou uma representação na Procuradoria-geral da República contra o ministro da Saúde, Arthur Chioro, e o ex-ministro da Pasta, Alexandre Padilha. Ele está pedindo que o Ministério Público investigue ambos por suposto crime de responsabilidade na implantação e execução do Programa Mais Médicos.

O DEM também protocolou representação no Conselho de Ética da Presidência da República e requerimentos de convocação de Chioro nas Comissões de Fiscalização e Controle, Trabalho e Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) foi outro que apresentou requerimentos de convocação dos ministros da Saúde e do Trabalho (Manoel Dias) na Comissão de Seguridade Social e Família pedindo esclarecimentos sobre a violação dos direitos dos médicos que atuam no Mais Médicos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Sustentabilidade é compromisso do PSB, afirma Campos

SÃO PAULO- O governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva, que deverá ser vice em sua chapa, reuniram-se na tarde desta segunda-feira, 10, em São Paulo com um grupo de ambientalistas, dirigentes de ONGs e empresários do setor para discutir a pauta da sustentabilidade. O ex-deputado Fábio Feldman, que organizou o encontro, disse que eles pretendem se reunir também com outros postulantes à Presidência. "Já convidamos a presidente (Dilma Rousseff)", disse. No ano passado, o grupo havia realizado encontro semelhante com o senador mineiro e virtual candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves.

Indagado se o PSB está preparado para assumir a agenda de sustentabilidade pregada por Marina Silva, Eduardo Campos disse: "Está preparado sim, descobrimos isso desde primeiro momento da aliança. Quando fizemos debate das diretrizes, deixamos claro que este era um compromisso central do nosso programa. Importante que o programa e o governo sejam formados por pessoas que carregam historicamente esses compromissos." Para o governador de Pernambuco, o PSB vem de uma tradição do campo democrático, do socialismo, olhando para o desenvolvimento dos mais necessitados. "Agora encontramos uma militância que está se aproximando com uma releitura do socialismo, que é a questão da sustentabilidade. E esse encontro vai se efetivando em vários quadros do PSB, eu mesmo tive essa possibilidade quando fui ministro (do governo Lula)."

Campos destacou que a união com Marina fez que com seu partido incorporasse uma pauta programática neste setor. "Saudamos esse belo encontro, pois vemos que desenvolvimento social não é incompatível com a sustentabilidade, pelo contrário, é estratégico fazer este encontro." Marina Silva disse que as questões relacionadas ao meio ambiente estarão contempladas num governo que defende a sustentabilidade. "A viabilidade para o desenvolvimento não é só econômica e social, mas também ambiental", disse. E destacou que é preciso simplificar os processos de avaliação ambiental sem perder a qualidade. Para a ministra, quando se tem compromisso com a agenda, fica muito mais fácil executar obras que dependam da licença ambiental.

Risco energético.
Sobre os problemas recentes na área de energia, Marina Silva teceu críticas à gestão do governo Dilma Rousseff. "É preciso que o planejamento energético não seja feito entre quatro paredes. Vivemos numa sociedade democrática, com vários setores que podem dar a sua contribuição", disse. "Uma das grandes questões é como suprir o País de energia a partir de uma matriz limpa e diversificada. É preciso fazer o debate também da conservação de energia, que não tem nada a ver com o racionamento, que é emergência quando não se faz o dever de casa", afirmou. Para Marina, a combinação de várias fontes alternativas, como a eólica e a solar, pode suprir o País de energia e evitar "este vexame que temos aí".

A ex-senadora disse que, desde 2002, o Conselho Nacional de Política Energética não tem um representante da sociedade civil indicado pelo governo. "Fernando Henrique (ex-presidente tucano) saiu e deixou essa conquista para a sociedade civil e até hoje este representante não foi convidado."

Fonte: Estado de Minas

Ala rebelde é problema de Temer, afirma Dilma

Presidente condiciona mais espaço no governo em troca de acertos regionais, ao mesmo tempo que consolida estratégia de isolar Eduardo Cunha cobrando providências de seu vice

Vera Rosa e Tânia Monteiro

BRASÍLIA - Em duas reuniões nesta segunda-feira, 10, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff ofereceu um pacote de apoios do PT ao PMDB em seis Estados nas eleições de outubro, associou a ampliação do espaço dos aliados no primeiro escalão do governo aos acertos regionais da pré-campanha e cobrou de seu vice, o peemedebista Michel Temer, uma solução para o impasse com a ala rebelde do partido na Câmara dos Deputados.

"Você tem que resolver esse problema da Câmara, Temer!", disse ela ao vice, segundo relatos de participantes de uma das reuniões. "Isso não é problema do governo", completou a petista.

Para Dilma, o líder da bancada do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), pôs a "faca no pescoço" do governo ao sugerir o rompimento da aliança. A presidente, porém, minimizou as ameaças de Cunha: "Isso é blefe".

Segundo os relatos de quem esteve a portas fechadas com a presidente, ela sinalizou apoio petista a candidatos peemedebistas no Maranhão, no Pará, em Sergipe, em Alagoas, no Tocantins e na Paraíba. A proposta foi vista com certo ceticismo pelos aliados da presidente.

Ao falar de reforma ministerial, Dilma comentou, segundo os presentes, que o PMDB só ganhará o sexto ministério, como reivindica, se abandonar a disputa no Ceará contra o governador Cid Gomes (PROS), seu aliado.

Dilma ofereceu pela segunda vez o Ministério da Integração Nacional para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), desde que ele desistisse de concorrer ao governo do Ceará. Eunício recusou. O plano do governo era tirar do páreo Eunício - líder nas pesquisas - para favorecer o candidato de Cid Gomes, em dobradinha com o PT.

Ainda pela proposta do Planalto, o Ministério do Turismo iria para o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Atualmente, o PMDB controla cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Turismo, Agricultura e Aviação Civil), mas acha que está "sub representado" e quer aumentar seu espaço no primeiro escalão.

Dilma disse aos presentes nas reuniões que fazia ali a última oferta para a reforma ministerial e que, se o partido aliado não aceitasse, ficaria sem os cargos.

"Vital me telefonou e disse que não aceitará o cargo, em respeito à Câmara", afirmou Eduardo Cunha. Os ministérios do Turismo e da Agricultura são da "cota" do PMDB na Câmara, mas Dilma quer isolar Cunha. Ele não foi chamado para as reuniões de ontem, que contaram com a participação dos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); do Senado, Renan Calheiros (AL); do PMDB, Valdir Raupp (RO), além de Temer, Eunício e do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM).

‘Fígado’. A bancada do PMDB na Câmara vai se reunir hoje à tarde e deve aprovar uma moção de apoio a Cunha, num sinal de que pretende mesmo comprar briga contra o governo.
"Esse é um processo que todos sabem como começa e ninguém sabe como termina", afirmou o líder do PMDB na Câmara. "Politicamente, não é bom agir com o fígado", completou.

Embora a bancada não tenha poder para decidir pela antecipação da convenção do PMDB que avaliará o apoio ou não à reeleição de Dilma, o gesto prometido para hoje tem o significado político da demonstração de força. Enquete realizada na semana passada pelo Estado mostra que um terço dos 75 deputados do PMDB está disposto a romper com o governo.

"Eu fui agredido pelo presidente do PT, Rui Falcão, reagi e agora querem me demonizar. Como o governo vai me isolar se minha posição não é pessoal?", questionou Cunha.

A troca de acusações entre dirigentes dos dois principais partidos da aliança governista começou no carnaval, quando o presidente do PT disse que o líder do PMDB estava insatisfeito porque tinha muito interesse por cargos. Em resposta, Cunha afirmou em sua página no Twitter que o PMDB precisava "repensar a aliança" com Dilma, frase que foi entendida como pregação de rompimento.

"Não podemos dinamitar as pontes. Se tiver alguma dinamitada, vamos reconstruir para permitir a travessia", disse Valdir Raupp, presidente do PMDB.

Perguntado se o partido havia saído satisfeito do encontro com Dilma, ele ficou calado. Depois, foi enfático: "A aliança nacional está salva, a princípio".

Fonte: O Estado de S. Paulo

PMDB diz que PT pode abrir mão de candidaturas próprias em 6 Estados

Cristiano Zaia

BRASÍLIA - O PT poderá abrir mão de candidaturas próprias em seis Estados para apoiar candidatos do PMDB. A informação é do presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), que citou os casos de Goiás, Alagoas, Tocantins, Rondônia, Maranhão e Paraíba.

"Há uma grande possibilidade de o PT abrir, para discussão, alianças regionais em seis Estados onde não estava se conversando antes", explicou o senador a jornalistas, nesta segunda-feira, 10.

Raupp deu as declarações após reunião que aconteceu na manhã de hoje com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Outros integrantes do partido também se encontraram com a presidente, como o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (RN), o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM). As reuniões foram convocadas por Dilma com o objetivo de reduzir as insatisfações do PMDB, da base aliada do governo.

Segundo Raupp, "um dos principais motivos dessa tensão [entre PMDB e PT] está nas alianças regionais". Ele afirmou que a meta do PMDB nas eleições de 2014 é formar palanques com o PT em 11 ou 12 Estados. Hoje, essa parceria acontece apenas em Sergipe, Distrito Federal, Pará e Amazonas.

Na reunião com a presidente Dilma ficou acertado que a cúpula do PMDB se reunirá nesta quinta, 13, com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. O encontro será em Brasília.

"Precisamos aprofundar mais as discussões sobre Estados em que ainda há divergências, como Ceará e Rio de Janeiro", acrescentou Raupp.

No Rio, um dos principais focos de disputa, o PMDB terá o vice-governador, Luiz Fernando de Souza, o Pezão, como candidato, enquanto que o PT deve lançar a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Estado.

Fonte: Valor Econômico

Eliane Cantanhêde: Apedrejamento

Sempre que vejo o esforço de Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos pela Presidência, penso que eles são loucos.

Só se fala em lixo, roubos, assassinatos, desvios, mensalões, e a economia não anima. Ao dizer que "emprego é mais importante que inflação", Lula antecipa-se às críticas na campanha. Crescimento baixo, juros (que justificavam autoelogios de Dilma) voltaram a ser altos, deficit comercial de bom tamanho, dúvidas na área fiscal. E nem por isso a educação e a saúde estão uma maravilha.

Para completar, quatro das dez empresas (entre as 500 maiores do mundo) que mais perderam valor de mercado nos últimos 12 meses são brasileiras. O destaque é para a Petrobras, que perdeu 34% do seu valor e até o primeiro lugar entre as grandes do país. Não deve ser puro acaso...

Se 2014 é ano de eleição, 2015 será de arrumação da casa: controle mais rígido da inflação e aumento de gasolina, energia, ônibus... Só pedreira.

Então, por que Dilma, Aécio e Campos se digladiam para descascar esse abacaxi gigante? Se não são loucos, têm fascínio pelo poder ou encarnaram a vontade de seus líderes. Dilma, a do padrinho Lula, extasiado pela popularidade. Aécio e Campos, a dos avós Tancredo Neves e Miguel Arraes, que fizeram história, mas nunca realizaram o sonho da Presidência. Tancredo não chegou a assumir. Arraes nem passou perto.

Outra alternativa é eles se acharem predestinados, com a sensação de que nasceram com uma estrela (não a vermelha do PT...) e serão capazes de transformar joio em trigo, fazer o sertão virar mar. O que não deixa de ter lá o seu lado de loucura. Mansa, mas ainda assim loucura.

Na outra ponta, soa sensata e saudável a explicação dada pelo ministro Joaquim Barbosa ao repórter Diego Escosteguy para não entrar na dança: "O jogo da política é muito pesado, muito sujo (...). É lançar-se a um apedrejamento".

Mas há quem "faça o diabo" e aceite ser "apedrejado". Vá entender.

Fonte: Folha Online

Dora Kramer: Fabricação própria

Pode até ser que a presidente Dilma Rousseff, com o auxílio do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, consiga arrumar as coisas no terreno político e, com a ajuda do ministro Guido Mantega, possa recuperar a confiança do empresariado.

Vai ser difícil, contudo, que isso aconteça da maneira pretendida: com a rapidez exigida pela conveniência eleitoral.

Ambas as situações - a conflagração na base de apoio materializada na rebelião do PMDB e a crise de confiança do setor produtivo - não surgiram de uma hora para outra nem decorreram do fenômeno da geração espontânea.

Foram (im) pacientemente cultivadas ao longo dos últimos três anos. Nesse período, os traços de personalidade da presidente ganharam o incentivo do marketing da poderosa e inflexível gerente que tudo sabe e a todos enfrenta.

Uma construção gradativa, intermeada de avisos, de queixas sempre rechaçadas com menosprezo, quando não com bravatas. O governo pretende recuperar terreno agora com o diálogo, mas tal ambiente não se desfaz de uma hora para outra. Demanda esforço em sentido contrário.

Dilma escalou o ministro da Fazenda para "ouvir" os empresários numa reunião hoje em São Paulo. Isso depois de meses de rebates nem sempre civilizados às críticas de demandas desse mesmo setor, no pressuposto de que os interesses objetivos deles nunca os afastariam de fato de governo. Erro de cálculo que talvez não possa ser corrigido mediante "fóruns de diálogo" se às palavras não corresponderem atitudes.

O mesmo ocorre na política. Embora pareça, a conturbação com o PMDB não surgiu devido à chamada reforma do ministério. Vem desde o primeiro ano de governo Dilma e apareceu em todo seu esplendor em maio do ano passado na votação da Medida Provisória dos Portos.

Na ocasião, com maioria de 423 deputados o governo levou dois dias e duas noites para aprovar na Câmara a MP. Evidentemente, a demora não se deveu à atuação dos 90 parlamentares da oposição.

O próprio governo atribuiu à ação do líder do PMDB, Eduardo Cunha, qualificado como uma "erva daninha" a ser extirpada da base governista. Isso quase um ano atrás. Na época, já se falava no Planalto que a presidente exigiria do vice Michel Temer uma definição: o PMDB deveria dizer se estava com o líder na Câmara ou com o governo.

Usavam-se as mesmas palavras de hoje sobre a necessidade de "enquadramento" e de "isolamento" de Cunha, que teria avançado o sinal, confrontado a autoridade presidencial e tudo o mais que se fala hoje. Os movimentos de Michel Temer, supostamente desautorizando o líder também eram semelhantes.

E onde o deputado está? No lugar de sempre, respaldado pela direção do partido, fazendo o jogo do PMDB sem que o Palácio do Planalto possa ter a menor ingerência sobre isso. O partido já decidiu lá atrás, no ano passado quando reconduziu o líder que ficava com ambos: Cunha e o governo.

Assim é e não serão reuniões da presidente nem notas em jornal dizendo da conveniência eleitoral de Dilma confrontar um deputado líder de bancada que mudarão uma história que vem de longe e não tem conserto fácil.

A presidente da República já fez várias reuniões com o partido aliado e o resultado foi zero. Teve dois convites para ministérios recusados e agora PT e PMDB prometem sentar para discutir as alianças em cinco Estados.

Pura embromação. Cada um fará o que for mais conveniente no âmbito local e os dois farão o mais interessante no plano federal, que é a manutenção da aliança formal que dá a Dilma a metade do tempo de televisão dos 11 a 13 minutos com os quais espera contar e ao PMDB a Vice-Presidência.

São os termos do contrato.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Raymundo Costa: PMDB não tem como manter radicalização

Emparedada, Dilma quer isolar Eduardo Cunha no PMDB

De tanto ouvir o PMDB reclamar da falta de apoio do PT a seus candidatos nos Estados, o presidente petista Rui Falcão perguntou ao vice-presidente Michel Temer, no fim do ano passado, onde o PMDB apoiava o PT. Temer engoliu em seco. Talvez apenas em Minas Gerais, se der certo a aliança em negociação entre os dois partidos em torno da candidatura ao governo do ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel.

Na noite de domingo, numa conversa entre pemedebistas, o presidente do Senado, Renan Calheiros, resumiu em duas frases o que considera um dos motivos para a exacerbação da atual crise entre PT e PMDB: "A presidente Dilma Rousseff está confundindo o Eduardo Cunha com o PMDB nacional. O PMDB nacional não é o deputado Eduardo Cunha". Renan referia-se ao líder do partido na Câmara, parlamentar controverso e afeito à política de confrontação, uma característica mais próxima do PT que do pessedismo do PMDB.

Tanto uma quanto outra explicação não bastam para esclarecer a crise entre a presidente Dilma Rousseff e o PMDB. O que está em jogo, de fato, é o apoio pemedebista à reeleição da presidente Dilma. O "PMDB nacional" quer manter a aliança ficaria mais feliz ainda se Lula fosse o candidato; algumas seções regionais preferem ficar "soltas" e negociar mais adiante num quadro em que o cenário estiver mais bem definido. O Rio de Janeiro, apesar das declarações em contrário do governador Sérgio Cabral e de seu candidato Luiz Fernando Pezão, que também têm saudades de Lula, hoje é do PMDB do Eduardo Cunha.

Falcão tem razão ao cobrar do PMDB uma solidariedade equivalente nas eleições regionais. Mas não só Dilma, como o PT de um modo geral, parecem de fato confundir o PMDB. Cunha cometeu um erro grave ao emparedar a presidente da República na reforma ministerial. Se alguém agora deve recuar é o deputado. À presidente, por seu turno, não é permitido se trocar com um deputado federal, mesmo sendo ele o líder da segunda maior bancada da Câmara.

A crise Dilma X PMDB parece uma comédia de inabilidades inadmissíveis em políticos com a experiência de seus protagonistas. O PMDB reconhece como verdadeira a versão de que a conduta do Palácio do Planalto é orientada pelo marketing do jornalista João Santana, o publicitário do PT e da campanha de Dilma à reeleição. As pesquisas em poder de Santana informariam que é positivo, para a imagem da presidente, as críticas a tudo o que o Congresso representa em termos de atraso - fisiologismo, nepotismo, clientelismo. Algo como aconteceu no início do governo, quando Dilma deflagrou a chamada "faxina ética", com a limpeza do governo de ministros identificados com o "malfeito". Essa estratégia chegou ao paroxismo - no entendimento do PMDB - quando o principal alvo dos disparos da presidente virou seu parceiro de chapa.

Cunha já está há algum tempo na alça de mira do Palácio do Planalto e de uma dezena adversários internos do PMDB. Desde o governo Lula da Silva, para ser mais preciso. Sua primeira eleição para líder do PMDB foi complicada: teve votos de 40 deputados, em uma bancada de 79. Mas já neste ano foi reeleito sem contestação. Ajudou muito a postura de independência do deputado em relação ao Planalto.

É um osso duro de roer. Em 2007, ainda na condição de vice-líder, Cunha segurou por cerca de 90 dias o projeto de reedição da CPMF, o imposto do cheque, até que Lula nomeasse um seu afilhado político para Furnas. Resultado, o projeto atrasou, chegou ao Senado a poucos dias do final do ano e findou que o governo perdeu qualquer coisa em torno de R$ 40 bilhões anuais de receita. Na época, Cunha era o relator de um projeto; hoje, como líder, tem influência sobre toda a pauta da Câmara.

O desconforto e inapetência de Dilma em relação à coisa congressual só ajudaram o fortalecimento de Cunha na bancada do PMDB e entre outros aliados insatisfeitos com o tratamento recebido do governo. A cronologia dos fatos demonstra que Dilma levou as bancadas do PMDB à exaustão. No final de 2013, a exasperação era com a falta da liberação de verbas prometidas do Orçamento. Na mesma época, presidente Dilma sinalizou para o PMDB que o partido poderia sair da reforma com mais um ministério. Temer sugeriu que a reforma fosse feita em janeiro, antes da volta do Congresso das férias, segundo alegou, para evitar a mistura do debate legislativo com o da reforma.

Dilma primeiro resolveu a questão dos ministérios do PT. Quando chamou o PMDB, deixou claro que não haveria mais ministérios para o PMDB e informou que nomearia um senador para o Ministério do Turismo, cargo ocupado por um deputado. Reviveu com isso a antiga divisão entre o PMDB da Câmara e o PMDB do Senado, mantida sob um frágil equilíbrio com uma partilha equânime dos cargos. O erro de Eduardo Cunha ocorreu neste momento, quando a bancada, por meio de nota oficial, devolveu a indicação para a presidente. Dilma foi levada ao canto do ringue. Não tem outra saída, sob pena de ficar desmoralizada, a não ser nomear quem bem entender para as vagas da Câmara.

O empenho da cúpula pemedebista é para encontrar uma saída que salve as aparências. Não será fácil para Dilma isolar Eduardo Cunha, muito embora seja certo que a bancada do PMDB na Câmara não esteja em condições de segurar o atual nível de radicalização. Bem ou mal o partido é governo e não tem muito para onde correr.

Resta saber qual a extensão do interesse do governo na divisão da bancada do PMDB. Dirigentes petistas dizem que o problema é o parceiro: se o partido quer ter dois ministros do Senado e outros dois da Câmara, indique. O PT observa no parceiro um partido tão rachado, que talvez precise intervir para ajudar o vice-presidente Michel Temer a manter, na convenção, sua indicação à capa de Dilma Rousseff. Se for necessário, o PT promete ajudar. Mas a responsabilidade pela indicação de Temer - adverte - é do PMDB.

Fonte: Valor Econômico

Merval Pereira: Cá e lá

A comparação com a Suprema Corte dos Estados Unidos, o modelo de Corte constitucional em que se baseia nosso Supremo Tribunal Federal, que fiz nas colunas do final de semana suscitou várias reações dos leitores, e acho, por isso, que vale a pena prosseguir.

Como cá, nos EUA, os presidentes da República nomeiam os ministros. Mas a diferença fundamental é que, lá, o Congresso faz uma sabatina realmente aprofundada dos candidatos, recusando mesmo certas indicações ou criando constrangimentos tais que o próprio presidente da República retira sua indicação.

Além disso, o cargo de ministro é vitalício, o que faz abrir pouquíssimas vagas nos oito anos de mandato de um presidente que se reeleja.

Aqui, a idade-limite de 70 anos faz com que os ministros tenham que sair da Corte em meio a um processo, como aconteceu no mensalão.

Também o sistema de aposentadoria pública estimula a aposentadoria precoce. Dificilmente nos Estados Unidos haverá o caso de um processo ser julgado por novos ministros que não participaram da primeira fase, como ocorreu com os ministros Luis Roberto Barroso e Teori Zavascki no caso do mensalão.
Mas, sempre que podem, os presidentes tentam, com suas nomeações, dar uma tendência à Suprema Corte de acordo com seu próprio credo político.

Diego Werneck Arguelhes, professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas e especialista no sistema judiciário americano, avalia que, “assim, mudanças eleitorais vão se traduzindo, ao longo do tempo, em mudanças de jurisprudência”.

Ele cita como exemplo os longos governos Bush, na década passada, e Reagan, nos anos 80, que levaram diversos conservadores para o Judiciário federal e para a Suprema Corte, produzindo significativas guinadas conservadoras no Direito constitucional do país sobre temas como aborto, ação afirmativa, imigração, poderes regulatórios do Executivo federal e direitos de réus em processo penais.

Um dado em comum permanece, destaca Diego Werneck: “Com o passar dos anos, esses valores ecoam das eleições até o STF, da política para a decisão judicial, por meio do mecanismo de indicação”.

Mas, mesmo nesse cenário, ressalta Diego Werneck, não se pode prever, nem explicar uma decisão de um ministro simplesmente perguntando qual presidente o indicou.

“Nunca é demais lembrar que os ministros, uma vez empossados, têm garantias de independência: vitaliciedade, irredutibilidade de salários, inamovibilidade. Essas garantias procuram neutralizar quaisquer incentivos que existiriam para agradar às autoridades que o indicaram e aprovaram no cargo de ministro. Na ausência desses incentivos, os ministros têm uma inegável liberdade.”

O próprio mensalão mostrou, inúmeras vezes, que os ministros e as ministras do STF podem, com suas decisões, surpreender e até desagradar a quem os indicou. Se de um lado os ministros Lewandowski e Toffoli votaram previsivelmente na grande maioria das vezes a favor dos mensaleiros, outros ministros nomeados por Lula e Dilma votaram com independência.

Na Suprema Corte dos EUA há bons exemplos de ministros que em determinadas circunstâncias votam em desacordo com o governo que os indicou. O advogado Leonardo Correa relembra o exemplo mais recente, por ocasião do julgamento do chamado “obamacare” — reforma da saúde proposta pelo atual presidente americano e aprovada pelo Congresso.

John Roberts, Chief Justice da Suprema Corte americana (equivalente ao presidente do nosso Supremo Tribunal Federal, mas com cargo vitalício e indicado pelo presidente da República), fez um voto em que, apesar de críticas veladas ao novo sistema, desempatou a favor do governo Obama, afirmando que “os membros desta Corte possuem a autoridade de interpretar a lei; não detemos a expertise nem a prerrogativa de proferir julgamentos sobre políticas. Essas decisões são atribuídas aos líderes eleitos de nossa nação, que podem ser expulsos de seus cargos se o povo discordar deles. Não é nossa função proteger o povo de suas escolhas políticas”.

O detalhe é que Roberts foi nomeado por George W. Bush por seu perfil conservador, mas, nesse caso, ele votou contra seus colegas de tendência política Scalia, Thomas, Alito e Kennedy, resultando na aprovação do “obamacare”.

Fonte: O Globo

Marco Antonio Villa: O PT ganhou no tapetão

Derrubada a condenação por formação de quadrilha, o processo no seu conjunto ficou absolutamente incompreensível

O julgamento do mensalão reforçou os defeitos do Poder Judiciário. A lentidão para apreciar as ações, a linguagem embolada e oca de juízes, promotores e advogados, o burocratismo e a leniência quando crimes são cometidos por poderosos.

O Supremo Tribunal Federal, ao longo da história republicana, em diversos momentos foi subserviente frente ao Poder Executivo, ignorou a Constituição e as leis — por mais incrível que isto pareça. Mas rasgar uma decisão produto de um processo que se estende desde 2007 — quando a denúncia foi aceita — isto nunca ocorreu. A revisão da condenação por formação de quadrilha da liderança petista foi o ato mais vergonhoso da história do STF desde a redemocratização.
Até 2012, o governo federal deu pouca importância à Ação Penal 470. Mesmo a nomeação dos novos ministros foi feita sem dar muita atenção a um possível julgamento. Um deles, inclusive, foi indicado simplesmente para agradar ao então todo poderoso governador Sérgio Cabral.

Afinal, o processo vinha se arrastando desde agosto de 2007. Muitos esperavam que sequer entraria na pauta do STF e que as possíveis penas estariam prescritas quando do julgamento. Porém, graças ao árduo trabalho do ministro Joaquim Barbosa e do Ministério Público, a instrução do processo foi concluída em 2011.

O presidente Ayres Brito, de acordo com o regimento da Corte, encaminhou então o processo para o exame do revisor. Esperava-se que seria questão meramente burocrática, como de hábito. Ledo engano. O ministro Ricardo Lewandowski segurou o processo com a firmeza de um Gilmar dos Santos Neves. E só “soltou” o processo — seis meses depois — por determinação expressa de Ayres Brito.

O calendário do julgamento foi aprovado em junho de 2012. Registre-se: sem a presença de Lewandowski. Dois meses antes, o ministro Gilmar Mendes repeliu (e denunciou publicamente) uma tentativa de chantagem do ex-presidente Lula, que tentou vinculá-lo ao “empresário” Carlinhos Cachoeira.

Em agosto, finalmente, começou o julgamento. Diziam à época que as brilhantes defesas levariam ao encerramento do processo com a absolvição dos principais réus. Os advogados mais caros foram aqueles que pior desempenharam seus papéis. O Midas da advocacia brasileira foi o Pacheco do julgamento, sequer conseguiu ocupar os 60 minutos regulamentares para defender seu cliente.

Os inimigos da democracia perderam novamente. Foram sentenciados 25 réus — inclusive a liderança petista. Desde então, as atenções ficaram voltadas para tentar — por todos os meios — alterar o resultado do julgamento. A estratégia incluiu a nomeação de ministros que, seguramente, votariam pela absolvição do crime de formação de quadrilha.

Mas faltava rasgar a Lei 8.038, que não permitia nenhum tipo de recurso para uma ação penal originária, como foi o processo do mensalão. E o PT conseguiu que o plenário — já com uma nova composição — aceitasse os recursos. A partir daí o resultado era esperado

Derrubada a condenação por formação de quadrilha, o processo no seu conjunto ficou absolutamente incompreensível. Como explicar — para só falar dos sentenciados — que 25 pessoas de diversos estados da federação, exercendo distintas atividades profissionais e de posições sociais díspares, tenham participado de toda a trama? Foi por mero acaso? Banqueiros, donos de agências de publicidade, políticos de expressão, ministro, sindicalistas, funcionários partidários e meros empregados com funções subalternas não formaram uma quadrilha para através do desvio de dinheiro público comprar uma maioria na Câmara dos Deputados? E as dezenas de reuniões entre os sentenciados? E as condenações por peculato, corrupção ativa e passiva? E os crimes de gestão fraudulenta e evasão de divisas?

Parodiando um ministro do STF, o processo do mensalão não fecha. Neste caso, é melhor derrubar as condenações (claro que, seguindo a tradição brasileira, somente dos poderosos, excluindo as funcionárias da SM&P) e considerar tudo como um mal-entendido.

Deve ser registrado que toda esta sórdida manobra não encontrou resposta devida do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Nas últimas sessões estava macambúzio. Pouco falou. E, quando teve a oportunidade de expor as teses do Ministério Público, deu a impressão que o fez com enfado, como uma pesada obrigação. A única semelhança com a enérgica atuação do procurador Roberto Gurgel foi o uso dos óculos.

O PT ganhou no tapetão, para usar uma metáfora ao gosto do réu oculto do mensalão, o ex-presidente Lula. Para os padrões da Justiça brasileira, o resultado pode até ser considerado uma vitória. Afinal, mesmo que por um brevíssimo período, poderosos políticos estão presos. Mas fica um gosto amargo.

A virada de mesa reforça a sensação de impunidade, estimula o crime e a violência em toda a sociedade. O pior é que a decisão foi da instância máxima do Judiciário, aquela que deveria dar o exemplo na aplicação da justiça.

Mas, se a atual composição do STF não passa de uma correia de transmissão do Executivo Federal, a coisa vai ficar ainda pior. Os ministros que incomodam a claque petista — por manterem a independência e julgarem segundo os autos do processo — estão de saída. Dois deles, nos próximos meses, devem se aposentar. Aí teremos uma Corte que não vai criar mais nenhum transtorno aos marginais do poder. Não fará justiça. Mas isto é apenas um detalhe. O que importa é transformar o STF em um simples puxadinho do Palácio do Planalto. Afinal, vai ficar tudo dominado.

Fonte: O Globo

Crise venezuelana rouba a cena de Bachelet

Lisandra Paraguassu

SANTIAGO - O governo chileno tentou evitar, mas a posse da presidente eleita Michele Bachelet, hoje, na cidade portuária de Valparaíso, perdeu espaço para a crise venezuelana, que aterrissa esta madrugada em Santiago com a chegada do presidente Nicolás Maduro.

Enquanto Bachelet assume pela segunda vez o governo do país, a atenção está voltada para a reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), em que o governo chavista tentará conseguir mais apoio na região.

Nas ruas de Santiago e também de Valparaíso, onde ocorrerá a transmissão da faixa presidencial, simpatizantes da oposição venezuelana prometem perseguir hoje Maduro com protestos.

Temor. O governo do Chile tentou suspender a realização da reunião da Unasul em Santiago logo depois da posse da presidente eleita. O temor era justamente que a reunião, pedida pela Venezuela, ofuscasse a festa chilena. O governo só foi convencido quando foi decidido um encontro ministerial - e não uma cúpula presidencial.

Antes mesmo de tomar posse, Bachelet teve de se posicionar sobre a crise venezuelana. Em uma entrevista, afirmou que não são "adequadas ações violentas para desestabilizar um governo democraticamente eleito". No entanto, dentro da sua coalizão, a Nova Maioria, essa posição não é consenso. Enquanto a Democracia Cristã, o grupo mais à direita de sua base, rechaça Maduro, o Partido Comunista pede um apoio mais firme ao líder bolivariano.

"Esse é um tema que afeta a relação dos partidos dentro da coalizão da presidente. Ele emerge de discussões pendentes sobre definições ideológicas e de um projeto para o país", analisa a especialista em relações internacionais da Universidade do Chile María Francisca Quiroga.

Maduro estava na lista de encontros bilaterais que a presidente chilena teria ontem. O venezuelano era aguardado às 20 horas, tanto por Bachelet quanto por um grupo de manifestantes da Mesa da Unidade Democrática Chile, um braço da oposição venezuelana no país, que planejava protestar. Maduro, no entanto, adiou sua chegada ao país.

A presença do vice-presidente dos EUA, Joe Biden, também ajudou a trazer ainda mais a crise venezuelana para o centro das atenções. Impedido de se manifestar na Organização dos Estados Americanos (OEA), depois de que os países sul-americanos ajudaram a derrubar uma ação específica sobre a crise, Biden chegou a Santiago dizendo que quer tratar da situação venezuelana, que qualificou de "alarmante".

No Brasil, a avaliação é que há sinais de que a crise começa a arrefecer e os oposicionistas mais radicais teriam concluído que não é um bom negócio continuar exigindo a deposição de Maduro. Ainda assim, o governo brasileiro deverá ser cauteloso na reunião e conta com a ajuda dos chilenos para bloquear declarações incendiárias. A cobrança deverá ser por mais diálogo e reações menos radicais.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Bachelet assume Presidência do Chile com meta de reduzir desigualdade e reformar educação

Gabinete será integrado por 23 ministros e subsecretários, dos quais nove serão mulheres

Janaína Figueiredo

BUENOS AIRES. A socialista Michelle Bachelet assumirá nesta terça-feira, pela segunda vez na História do Chile, a Presidência do país com dois objetivos centrais: reduzir a desigualdade social e reformar a educação. Essas serão, segundo admitiu a própria Bachelet em recente entrevista ao “The Washington Post”, suas prioridades, em meio a um clima de forte pressão dos movimentos estudantis e sociais em geral. Durante a campanha de 2013, a nova presidente chilena, eleita no segundo turno de dezembro passado com mais de 60% dos votos, prometeu enviar ao Parlamento um ambicioso projeto de reforma educacional, que inclua a gratuidade, principal bandeira dos estudantes chilenos. Em seu primeiro mandato, entre 2006 e 2010, Bachelet enfrentou a chamada rebelião dos pinguins, quando milhares de estudantes participaram de protestos em todo o país para exigir livre acesso à educação. A reforma não tornou-se realidade por falta de apoio no Parlamento e hoje representa o maior desafio da nova presidente do Chile.

Bachelet também se comprometeu a reformar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), o sistema tributário e de saúde, entre outras iniciativas. “Pinochet fez uma Constituição que deixou muita estagnação, para não mudar nada. Para reformar a educação é preciso ter uma maioria expressiva que é impossível com este sistema (político, previso na Carta Magna)”.

Perguntada, justamente, sobre a necessidade de negociar apoios parlamentares, a nova presidente mostrou-se otimista: “trabalharemos com eles (os opositores) de tal maneira que se estão de acordo, podamos conseguir os votos... os votos requeridos pela Constituição”.

Mas este início de governo não está sendo fácil para a líder socialista. Nas últimas semanas, Bachelet teve de modificar o nome de quatro de seus colaboradores, por críticas internas. Uma das afastadas foi Claudia Peirano, que fora designada como subsecretária de Educação, por resistência dos movimentos estudantis, que a acusaram de estar contra o projeto de gratuidade.

— Quero dizer que Claudia Peirano é uma profissional de excelência reconhecida nacional e internacionalmente, especialista em temas de educação. Esteve participando na construção do programa desde o primeiro dia e compartilha plenamente os princípios da reforma — declarou Bachelet, em fevereiro passado.

Mas os questionamentos foram intensos e Peirano renunciou antes de assumir. A nova presidente perdeu quatro colaboradores, por diferentes motivos. A última em desistir de ocupar um cargo no novo governo foi Carolina Echeverria, que fora escolhida para ser subsecretaria das Forças Armadas.

Organizações de defesa dos direitos humanos acusaram o pai de Echeverria de estar vinculado a casos de violações dos direitos humanos durante a ditadura. Já Miguel Moreno e Hugo Lara, nomeados como subsecretários de Bens Nacionais e Agricultura, respectivamente, foram questionados por problemas judiciais.

O gabinete de Bachelet estará integrado por 23 ministros e subsecretários, dos quais nove serão mulheres. Pela primeira vez, desde o governo de Salvador Allende (1970-1973), um representante do Partido Comunista estará no governo. Será Claudia Pascual, ex-vereadora do PC, que comandará o Serviço Nacional da Mulher.

Nesta terça, Bachelet receberá a faixa presidencial de outra mulher, a senadora socialista Isabel Allende, filha do ex-presidente, escolhida para presidir o Senado do país. A cerimônia contará com a presença dos principais chefes de Estado da região, que aproveitarão o evento para participar de uma reunião da União de Nações Sul-americanas (Unasul), convocada para discutir a crise venezuelana.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, adiou por algumas horas sua chegada a Santiago, que era esperada para a tarde de ontem. O atraso obrigou o Palácio de la Moneda a cancelar uma bilateral entre Maduro e Bachelet.

_ Seremos uma oposição leal, construtiva e pronta para dialogar, buscando sempre acordos que sejam bons para o Chile _ declarou o presidente Sebastián Piñera, que a partir desta terça será um dos líderes da oposição.

Fonte: O Globo