quinta-feira, 19 de julho de 2018

Discurso de Roberto Freire no Ato do Polo Democrático e Reformista (14/7/2018)

Partidos rejeitam Bolsonaro às vésperas da convenção

Após PR e PRP negarem indicação de vice, candidato avalia campanha ‘solo’, com 8 segundos por bloco na TV

Leonencio Nossa Tânia Monteiro | O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Líder nas pesquisas de intenção de voto na ausência do ex-presidente Lula, condenado e preso na Operação Lava Jato, o pré-candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, enfrenta dificuldades para formar alianças. Após ser rejeitado pelo PR do ex-deputado Valdemar Costa Neto e pelo nanico PRP em menos de 48 horas, ele se prepara para uma “campanha solo”, o que restringiria seu tempo de TV a apenas oito segundos por bloco. A campanha ainda avalia uma aliança com o PRTB, que indicaria como vice o recém-filiado general da reserva Hamilton Mourão, mas o cenário mais provável, a poucos dias da convenção partidária, que será realizada no domingo, é que Bolsonaro forme uma “chapa pura”, com um político do próprio PSL. O nome mais cotado é o da advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Analistas avaliam que, apesar dos bons números nas pesquisas, a campanha de Bolsonaro ainda é vista pelo sistema partidário como sendo de “alto risco”.

O pré-candidato do PSL ao Palácio do Planalto, deputado Jair Bolsonaro (RJ), já se prepara para uma campanha solo após tentativas frustradas de alianças partidárias. Em menos de 48 horas, ele ouviu um “não” do PR, comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), e do nanico PRP – legenda do general da reserva Augusto Heleno Ribeiro, cotado até então para ser o vice na chapa.

Caso não consiga romper o isolamento, Bolsonaro vai dispor de apenas 8 segundos em cada um dos dois blocos diários de 25 minutos no horário gratuito de rádio e TV, a partir de 31 de agosto.

Às vésperas de sua convenção partidária, no domingo, o presidenciável poderá ser obrigado a formar uma chapa pura, caso opte por dividir palanque com a advogada Janaina Paschoal – autora do pedido de impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff –, que se filiou ao PSL em maio. A campanha de Bolsonaro avalia também outra aliança “nanica”, com o PRTB, que indicaria como vice o recém-filiado general da reserva Hamilton Mourão.

Bolsonaro é rejeitado por partido de general

O pré-candidato Jair Bolsonaro sofreu novo revés em seus planos de formar chapa. Depois da recusa do PR, ontem foi o PRP que rejeitou a indicação do general da reserva Augusto Heleno para ser seu vice, por inviabilizar alianças regionais. Uma alternativa é a advogada Janaína Paschoal, do mesmo PSL de Bolsonaro.

Sozinho na trincheira

Partido de general nega aliança e leva Bolsonaro ao isolamento na véspera de convenção


Bruno Góes, Jeferson Ribeiro, Karla Gamba, Jussara Soares e Marco Grillo | O Globo

-BRASÍLIA, SÃO PAULO E RIO- Após o fracasso da negociação com o PR, a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República sofreu ontem novo revés, com a negativa do Partido Republicano Progressista (PRP) para a indicação do nome do general da reserva Augusto Heleno ao posto de candidato à vice. Faltando quatro dias para a convenção que deve confirmar a candidatura de Bolsonaro, o PRP diz que, por ora, não pode fechar a aliança.

Na última semana, Heleno passou a ser tratado como a principal aposta de Bolsonaro, após o naufrágio da articulação para que o senador Magno Malta (PR-ES) integrasse a chapa. Da mesma forma que os acordos estaduais impediram o avanço das negociações com o partido de Valdemar Costa Neto, as pretensões do nanico PRP nos estados também comprometeram as ambições do ex-capitão do Exército. Coligada ao governador petista da Bahia, Rui Costa, por exemplo, a sigla não quer pôr em risco alianças que já foram costuradas.

Logo pela manhã, o PRP afirmou, por meio de sua assessoria, que a aliança estava “descartada” e que o general será candidato ao Senado pelo Distrito Federal. Heleno, contudo, negou a informação e disse que pretende sair do partido. À tarde, porém, Bolsonaro ainda nutria esperanças de contar com Heleno, apesar da negativa do militar da reserva e de seu partido. O pré-candidato afirmou que existe “uma frestinha” para um acordo, que poderia envolver alianças para os cargos proporcionais (deputado federal e estadual) em alguns estados.

— Ainda ficou uma frestinha e talvez esse acordo feche amanhã (hoje) — disse Bolsonaro, que lidera todas as pesquisas sem a presença do ex-presidente Lula.

Para tentar reabrir as negociações, o pré-candidato flexibilizou os termos da aliança e, agora, diz aceitar um acordo para a disputa proporcional, mas isso ainda vai depender dos presidentes das legendas em cada estado.

— Vai depender das perspectivas estaduais. Aqui no Rio, por exemplo, é meu filho (deputado Flávio Bolsonaro), que é presidente do partido, que vai decidir. Acho que não terá acordo aqui. A ideia é que em alguns lugares tenha aliança — explicou o pré-candidato.

Na nota publicada pela manhã, o PRP informou que “está conversando, com tempo e com calma, com os demais pré-candidatos para avaliar uma possível aliança e definir qual caminho será seguido, levando em consideração o alcance de uma das metas, que é a cláusula de barreira”. Mais tarde, procurado para comentar a nova ofensiva de Bolsonaro, o presidente do PRP, Ovasco Resende, disse que o assunto deve ser tratado com calma. Indicou que Bolsonaro quer pressa e que, sem uma profunda discussão interna, a resposta “é não”.

— Esse convite me pegou de surpresa. Temos que ter o nosso tempo. O Brasil é um continente, e é complicado dar uma resposta no tempo dele (Bolsonaro), assim, em cima da hora. E foi isso o que eu disse a ele. Se for para fechar agora, então a resposta é não — afirmou Resende.

O presidente do PRP afirmou que o diálogo foi retomado após contato do presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno. Também relatou que só soube pela imprensa a declaração do general Heleno de que se desfiliaria do PRP.

— Resolvemos o seguinte: vamos consultar os diretórios. Vamos ver se é possível fazer uma aliança só em nível nacional ou qual composição pode haver nos estados. Não posso agora fazer as coisas a meia-boca.

Em meio ao impasse, Augusto Heleno afirmou que não seria candidato a qualquer cargo nas eleições de outubro e que se desfiliaria do partido.

— Não tem por que ficar filiado, eu não vou ser candidato nem a deputado, nem a senador, nada disso. Então eu acho que é melhor eu voltar à minha situação de apartidário. Não adianta eu ter um compromisso com um partido pelo qual eu não tenho nenhuma ligação afetiva. É muito melhor eu ser apartidário como eu fui a vida inteira do que estar carimbado a um partido que não representa nada para mim — disse o general ao GLOBO, antes de afirmar que continuará apoiando a campanha de Bolsonaro: — Eu tenho um compromisso de ajudar na campanha (do Bolsonaro). Nós temos reunida uma equipe de gente competente para estudar, traçar algumas ideias e coordenar toda essa movimentação, não só em torno de programa de governo mas depois, se der certo, em termos de como governar.

No Rio, a notícia de uma possível negociação com o PSL provocou surpresa no pré-candidato do PRP ao governo do estado, Anthony Garotinho.

— No meu caso, seria complicado. Não tenho nada pessoal contra o Bolsonaro, mas nossas ideias são muito diferentes.

Com o naufrágio aparente de suas duas principais apostas para vice, o pré-candidato corre em busca de uma alternativa. Uma delas é a advogada Janaína Paschoal, filiada ao mesmo PSL de Bolsonaro. O nome dela vinha sendo cotado para a disputa do governo de São Paulo, embora pessoas ligadas ao partido no estado acreditem que a advogada prefira concorrer à vaga de deputada.

'O problema do Bolsonaro não é econômico, é civilizatório', diz ex-presidente da Fiesp

Horácio Lafer Piva disse também que se espanta com o fato do centrão comandar a cena política

Josette Goulart | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Líder nas pesquisas, aplaudido por industriais, ovacionado como mito em aeroportos.

A combinação destes fatores tem dado a sensação no mercado financeiro e entre grandes empresários de que Jair Bolsonaro, mesmo afeito a declarações polêmicas, parece não representar uma ameaça à economia do país.

O empresário Horácio Lafer Piva, 61, é um dos que atesta que o problema de Bolsonaro não é o da condução da economia. Mas ele completa sua sentença: “O problema do Bolsonaro é civilizatório. O Brasil retrocederia neste ponto e voltaria a discutir temas como gênero, segurança… O Brasil não precisa disso”.

Piva é o comandante de uma das principais indústrias de papel do país, a Klabin, e foi presidente da Fiesp. Em entrevista à Folha, o empresário disse que se espanta com o fato de o “centrão” comandar a cena política.

Os partidos que compõem esse grupo —DEM, PP, PRB e Solidariedade— estão sendo hoje paparicados pelas candidaturas de Ciro Gomes(PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), pela força que podem trazer às suas campanhas, principalmente em tempo de televisão. O MDB, para ele, também é outro grande centro de interesses.

“Acreditar demais neste momento nos candidatos é perda de tempo”, diz Piva. “Quais são as demandas do centrão? Só vamos saber mais adiante. Me proponho a acreditar no que os candidatos estão dizendo só depois de já terem negociado.”

O centrão tem tido força para barrar votações consideradas importantes pelos empresários, como aconteceu com a reforma da Previdência. E também para apoiar outras reformas consideradas ruins pelo empresário, como a política.

“Maior golpe que teve no Brasil foi o da reforma política, que manterá a política na mãos dos mesmos”, diz Piva, referindo-se às mudanças nas regras que na prática inviabilizam o potencial de novas candidaturas para o Legislativo.

Historicamente o empresário é ligado ao tucanato, mas ele não declarar voto ou mesmo não-voto neste momento a qualquer candidato.

Na sua avaliação, apenas quatro têm chances reais de se eleger: Alckmin, Bolsonaro, Ciro e Marina. De antemão, coloca dúvidas sobre uma chance real de transferência de votos de Lula a um candidato do PT, que ele acredita será Fernando Haddad.

Marina, segundo Piva, tem grande potencial de se mostrar como uma alternativa ao eleitor desalentado, desde que consiga se destacar na campanha. A candidata terá apenas 10 segundos de tempo de TV.

Alckmin depende das coligações para decolar e Ciro tem se colocado como uma opção de centro, mesmo que de esquerda. “Mas é muito cheio de certezas e com viés muito estatizante”.

No cenário traçado nas conversas entre empresários e representantes de mercado financeiro, só há uma certeza: a de que ninguém tem certeza. “Mesmo aqueles que tentam apontar as certezas não estão tão certos quando pressionamos um pouco”, diz Piva.

Siglas oficializam candidatos com PT e Bolsonaro isolados

Ciro e Alckmin correm para fechar apoios de partidos do chamado centrão

Marina Dias | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - As convenções partidárias começam nesta sexta (20) em cenário inusitado: os dois líderes na corrida presidencial, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), seguem sem condições políticas de fechar um arco de alianças, enquanto nomes que não chegam a 10% nas pesquisas devem firmar os acordos mais expressivos.

As convenções, que reunirão filiados para oficializar as candidaturas até 5 de agosto, devem ocorrer sem o anúncio do vice na maioria dos casos, e as coalizões só serão conhecidas em definitivo perto do prazo final para o registro das chapas, em 15 de agosto.

Na ponta das pesquisas, Lula e Bolsonaro têm afastado potenciais aliados e serão aclamados candidatos mais para tentar mostrar força do que para apresentar suas coligações e programa de governo.

O PSL, por exemplo, lançará o capitão reformado neste domingo (22), no Rio, após o fracasso das negociações com PR e PRP para a escolha de um vice —Magno Malta (PR) e o general Augusto Heleno (PRP) declinaram do convite.

Com cerca de 20% nas pesquisas, Bolsonaro tem oito segundos de tempo de TV e parece não conseguir convencer os políticos de que é uma opção segura para esta eleição.

Derrotas expõem fragilidades de Bolsonaro

As recusas de PR e PRP mostram que os políticos não confiam nele, nem quando é líder nas pesquisas

Leandro Loyola | O Globo

SÃO PAULO- O deputado Jair Bolsonaro, candidato à Presidência da República pelo PSL, está isolado. Sofreu duas derrotas políticas “daquelas” em dois dias. O PR, partido do ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto e integrante do blocão, e o pequenino PRP recusaram uma aliança na qual forneceriam o candidato a vice. A imagem que fica é que ninguém quer a companhia de Bolsonaro, mesmo sendo ele o líder nas pesquisas de intenção de voto neste momento. Derrota assim é coisa rara na política.

O PR forneceria 45 segundos de tempo na televisão, um ativo preciosíssimo para um candidato que tem apenas sete segundos na propaganda, que mal dão para dizer alguma coisa. É uma pancada prática. Mas o pior em termos de imagem foi mesmo a recusa do PRP: o partido não quis fornecer míseros quatro segundos — é bom repetir: qua-tro-se-gun-dos — a Bolsonaro. Na prática, o PRP diz que acredita ter mais chances de crescer, de eleger deputados, usando um tempo que mal dá para dizer “oi”, do que se pegar carona no líder nas pesquisas.

O recado é claro: os colegas políticos não confiam em Bolsonaro. Não querem se aliar a ele porque temem que seu jeito de ser ponha tudo a perder. Alianças eleitorais se fazem na base da confiança no potencial do candidato, mas também de olho nos riscos que ele carrega. Bolsonaro sempre foi um deputado um tanto isolado e, até agora, se mantém assim como candidato.

O jogo está no início, mas Bolsonaro já contabiliza essas duas derrotas que ficam maiores devido à expectativa criada por seu entorno. No início do ano, seus aliados políticos especularam que o PSL ganharia uma grande bancada com a chegada de Bolsonaro; no final, ficou com apenas oito deputados (incluído o ex-capitão). Em certo momento, o deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS), seu principal articulador político, disse que a candidatura de Bolsonaro teria o apoio de mais de 100 deputados. Até agora, essa gente toda não apareceu e o PR e o PRP, que teriam camarote vip na festa, preferiam ir a outra balada.

Nos próximos dias, Bolsonaro repetirá que está sozinho porque prefere ficar longe dos políticos corruptos, que só querem saber de vender seu tempo de televisão na campanha. É a saída que lhe resta e pode ser eficiente para seu eleitorado mais fiel. Mas não é a verdade. Ele cortejou os políticos que têm este perfil e com quem convive há anos no Congresso. O que aconteceu é que eles não quiseram sua companhia.

Especialistas veem ‘alto risco’ na candidatura de Bolsonaro nas eleições 2018

Marianna Holanda | O Estado de S.Paulo

A candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) ao Palácio do Planalto nas eleições 2018 é vista pelo sistema partidário como sendo de “alto risco”, segundo cientistas políticos ouvidos pelo Estado.

Para o professor da USP Glauco Peres, o cálculo que os partidos têm feito é se vale a pena apoiá-lo, já que, por causa da reforma eleitoral, as candidaturas para o Legislativo passaram a ser prioridade. “Bolsonaro é um candidato de alto risco. Os partidos agora têm menos dinheiro e querem sobreviver à cláusula de barreira. Apesar de ele estar bem na pesquisa, a chance de chegar ao segundo turno e vencer tem muito risco associado”, afirmou Peres.

O professor da UnB David Fleischer avaliou que o problema é que as siglas não têm um “candidato agregador”. Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) não cumpririam esse papel, segundo ele. “Bolsonaro é tóxico e os partidos têm medo de isso prejudicar suas outras candidaturas”, disse Fleischer.

Na avaliação de Carlos Melo, do Insper, Bolsonaro está “confinado” num campo significativo, mas restrito da sociedade. Segundo ele, para grande parte dos partidos, pouco interessa apostar num eventual “campeão” de primeiro turno que fique no meio do caminho, no segundo turno. “Políticos fazem a conta e são avessos a riscos.”

Agenda de Ciro é ‘inconciliável’, diz economista do DEM

Claudio Adilson Gonçalez afirma que encontro com coordenador de campanha do presidenciável do PDT reforça diferença em programas

Renan Truffi / Gilberto Amendola | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - A pedido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), o economista Claudio Adilson Gonçalez se reuniu anteontem com o responsável pelo programa econômico da campanha de Ciro Gomes (PDT), o também economista Mauro Benevides. No encontro, Gonçalez afirmou que a linha do pensamento econômico liberal “não é conciliável” com as ideias defendidas por Ciro e alertou Benevides sobre o discurso “perigoso” e “desestabilizante” do pré-candidato do PDT.

Ciro tem atuado para atrair o bloco formado por DEM, PP, PRB e Solidariedade. Nessa movimentação, o pré-candidato do PDT chegou a recalibrar algumas propostas – principalmente sua posição favorável à revogação da reforma Trabalhista.

Anteontem, em evento na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Ciro disse não ser contra a reforma trabalhista, mas “contra essa reforma (proposta pelo governo Michel Temer)”. E justificou o uso da expressão “revogar” usado em outras oportunidades, ao se referir à mesma reforma, como um “cacoete de professor”.

Economista ligado ao DEM, Gonçalez é diretor-presidente da MCM Consultores, foi chefe da assessoria econômica do Ministério da Fazenda e disse ter atendido a um pedido de Maia para fazer uma análise à equipe de Ciro do que achava de suas propostas. Ele costuma ser requisitado pelo presidente da Câmara para auxiliá-lo em posicionamentos econômicos.

“Sou um profissional de economia. Minha reunião com o assessor econômico Mauro Benevides não teve como objetivo estabelecer plataforma de programa econômico. Apenas mostrei alguns perigos no discurso do Ciro”, disse Gonçalez. “Quando o Mauro Benevides disse ao Broadcast que, entre seis pontos divergentes, houve acordo em cinco deles, eu pensei: ‘Meu Deus, acordo em quê?’.”

O diretor-presidente da MCM disse ainda não saber se Benevides concordou ou não com suas ponderações. “Eu sou um economista com formação liberal, a favor do livre mercado, não é capitalismo de compadrio. Benevides joga em outro canto do pensamento econômico. Intervenções governamentais, política industrial com linha subsidiada do BNDES...”, declarou Gonçalez.

“Eu e ele jamais conseguiríamos chegar a um acordo de programa econômico. Eu poderia discutir um programa econômico com Persio Arida, com o Armínio Fraga. Aí, dá conversa. Não estou dizendo que eu sou bom e ele é ruim. São posições de análise econômica que não são conciliáveis”, afirmou o economista ligado ao DEM.

Procurado pelo Estado para comentar as declarações de Gonçalez , Benevides não respondeu às ligações da reportagem.

Alckmin tem apoio do PTB; PV resiste

Indicação foi unânime entre os petebistas; Partido Verde defende a ‘neutralidade’

Pedro Venceslau, Marianna Holanda, Felipe Frazão | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O PTB formalizou ontem apoio a Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência. Com isso, o tucano ganha 32 segundos de tempo de TV. Considerado aliança certa, o PV, por outro lado, pode ficar neutro.

A Executiva Nacional do PTB aprovou ontem, por unanimidade, a indicação de apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), ampliando arco de alianças do tucano, que já possui o PSD e o PPS em seu palanque. Outro partido que orbita na área de influência de Alckmin, o PV, no entanto, pode optar pela neutralidade na disputa ao Palácio do Planalto. O apoio da sigla já era dado como certo pelos tucanos.

Com 25 deputados federais em sua bancada, o PTB acrescenta 32 segundos ao tempo do presidenciável tucano no horário eleitoral de rádio e TV. Com os partidos já contabilizados até agora, ele já tem pelo menos 20% do tempo de TV em cada de bloco diário de 25 minutos.

A expectativa no PSDB é de que o anúncio impulsione as negociações de Alckmin com outros partidos do Centrão. Ontem, o ex-governador paulista teve conversas reservadas em Brasília com dirigentes do PROS e do PRB.

“O PTB tem bons quadros, bons prefeitos, bons parlamentares”, disse o tucano, citando que o PSDB integrará a coligação do senador Armando Monteiro (PTB), pré-candidato ao governo de Pernambuco. “Em nenhum momento ninguém tocou no assunto de espaço governamental. Precisamos trabalhar com as melhores pessoas e é isso que vamos fazer. Todos os partidos têm bons quadros.”

A indicação do apoio petebista será homologada na convenção nacional do PTB, marcada para o próximo dia 28, em Brasília. O PSDB marcou sua convenção para o dia 4 de agosto, no limite do prazo oficial.

Josué será o nome indicado pelo Centrão para vice

Por Andrea Jubé, Carla Araújo e Fabio Murakawa | Valor Econômico

BRASÍLIA - Depois de frustrada a aliança com o PSL de Jair Bolsonaro, o PR passou a integrar, formalmente, o bloco de partidos do Centrão, que tenta caminhar unido na eleição presidencial. Formado por PP, DEM, PRB e SD, o "blocão" segue dividido entre o apoio a Geraldo Alckmin (PSDB) ou Ciro Gomes (PDT). Com o reforço do PR, os dirigentes do grupo acertaram que o empresário Josué Alencar, filiado à legenda, será indicado para a vaga de vice do candidato escolhido.

Uma liderança da sigla diz que o nome de Josué "é bom para qualquer candidatura que o bloco venha a apoiar". A tendência continua sendo apoiar Geraldo Alckmin, conforme informou o Valor na última segunda-feira.

A expectativa é que essa rodada de reuniões do Centrão, agora com a adesão do PR, seja definitiva. Um líder do grupo diz que as conversas estão amadurecidas, e uma palavra final pode sair nesta quinta-feira. O grupo volta a se encontrar nesta manhã na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ontem estava no Chile, e não compareceu ao jantar na casa do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Ontem, ao longo do dia, dirigentes do grupo reuniram-se, separadamente, em conversas bilaterais. Os presidentes do DEM, ACM Neto, e do PRB, Marcos Pereira, almoçaram juntos. Valdemar Costa Neto, principal liderança do PR, reuniu-se à tarde com Ciro Nogueira.

Coordenador da campanha tucana acredita que centrão fechará com Alckmin

Para Luiz Felipe d'Avila, essas siglas tendem a fechar com o tucano ao analisar que o candidato do PT vai tirar votos de Ciro Gomes (PDT), que também negocia com legendas do bloco

Daniel Weterman | O Estado de S.Paulo

Para o coordenador do programa de governo do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) nas eleições 2018, Luiz Felipe d'Avila, os partidos do chamado centrão tendem a fechar com o tucano ao analisar que o candidato do PT na eleição presidencial vai tirar votos de Ciro Gomes (PDT), que também negocia uma aliança com legendas do bloco.

"Hoje o centrão tende a fechar mais com o Geraldo porque ele tem mais perspectiva de crescimento e esses partidos querem, é óbvio, alguém que tenha perspectiva de poder", afirmou o coordenador, durante conferência promovida pela GO Associados.

Na opinião de d'Avila, o candidato a ser "ungido" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, vai tirar votos de Ciro e de Marina Silva(Rede), dando espaço para que Geraldo Alckmin tenha fôlego e chegue ao segundo turno da disputa. "Hoje, o Fernando Haddad aparece na pesquisa com 2%. Se ele for ungido pelo Lula, terá 15%. Quando o candidato do PT se tornar mais competitivo, quem vai perder votos são o Ciro e a Marina porque eles estão capitalizando esse buraco."

Nesta quarta-feira, 18, dirigentes de DEM, PP, PRB e Solidariedade fazem mais uma reunião para decidir quem será o candidato apoiado pelo bloco nas eleições 2018. Outro ponto a favor do tucano, acrescentou o coordenador do programa, são os "palanques fortes" do PSDB em São Paulo e Minas Gerais.

Na conferência, Luiz Felipe d'Avila classificou Alckmin como o "líder do pelotão do centro". "A negociação do centrão é uma análise futurista sobre quem tem chance de sobressair no segundo turno. Nessa conjuntura, a candidatura do PT deve diminuir as outras duas candidaturas ditas de esquerda. Com o pelotão do centro dissolvendo ao longo desses próximos dez dias, e ele (Alckmin) foi o líder desse pelotão do centro, o que tende é ele começar a crescer", afirmou.

Marco Aurélio Nogueira: Dilemas e dificuldades de Alckmin

- O Estado de S. Paulo

Presidenciável tucano ainda não resolveu a questão das alianças e não se reveste de uma fantasia cívica e democrática que empolgue

É sabido que o presidenciável Geraldo Alckmin, do PSDB, tem trunfos importantes para vencer a eleição: um partido, experiência política como gestor, estilo moderado, torcida do mercado e acesso à máquina pública paulista, que há 20 anos vem sendo por ele modelada.

Apesar disso, é alvo de todo tipo de críticas e restrições. Em sua defesa, tem argumentado que a disputa só começará mesmo quando a propaganda for para o rádio e a TV, quando então a candidatura arrancará, já num contexto em que haverá uma inevitável depuração dos candidatos menos competitivos. O candidato mostra confiança e determinação, procura comer pelas bordas, quase em silêncio, como bom político interiorano que é. Pode ser que esteja certo. Mas sua campanha flerta ininterruptamente com a crise.

Alckmin é visto como insípido, conservador nos costumes, excessivamente fiscalista e neoliberal em economia, desatento para a questão social. Suas seguidas gestões em São Paulo dividem opiniões: há quem aprecie e quem critique, mas a rigor não há ninguém que se derrame em amores e elogios. O ex-governador é um democrata, mas não é um político que desperte paixões. Há muita injustiça no modo como é visto.

Como candidato, vem tentando dissolver a imagem negativa que fazem dele. Gosta de ser comparado a um maratonista, que avança lentamente, poupando fôlego e energia, para dar um arranque final vitorioso. Confia que parte da massa de eleitores indecisos, que é enorme, migrará para ele às vésperas do pleito. Procura exibir indicadores de sucesso na administração paulista, números quase sempre questionados pela oposição e nem sempre devidamente compreendidos pela população. Vale-se, também, de uma conduta discreta e educada, que o faz ser tratado como um governante prudente, conciliador, flexível, que não carrega rancores nem ressentimentos, trabalha de forma colegiada e com equipes multipartidárias, integradas por diferentes correntes políticas.

Alckmin se apoia nesses dois blocos imagéticos, cada um dos quais contém boa dose de verdade. Seu entorno e mesmo diversos políticos e analistas acreditam que ele é o homem certo para o momento atual, graças à capacidade que teria de agregar pessoas e manter sob controle o timão do barco e a chave do cofre.

Maria Cristina Fernandes: A eleição dos cavalos de Troia

- Valor Econômico

Convenções definirão, no limite, a cabeça de chapa

A temporada das convenções que prometia divisar os exércitos de outubro, a partir desta sexta, nada definirá. Os partidos escolherão, no máximo, a cabeça de chapa, delegando a definição da coligação para a executiva lavrar em ata a ser entregue à justiça eleitoral até 15 de agosto.

A ordem de deixar tudo para a última hora permanece atrelada à decisão petista, ainda que por motivações distintas. O PT estica a corda até o limite para forçar a lógica da vitimização e consumir em uma campanha de vinte dias, a partir do último prazo para recursos (17/9), o potencial de transferência de voto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A estratégia é arriscada porque pressupõe uma agressividade com o Judiciário que pode vir a inviabilizar uma prisão domiciliar. O confinamento em Curitiba traz óbvias restrições para Lula se movimentar política e eleitoralmente.

A estratégia embute ainda o risco de o partido, ao apresentar o escolhido pelo 'dedaço' lulista, não ter tempo suficiente para responder às cobranças adversárias de que o último nome ungido pelo ex-presidente deu ruim.

A lógica do centrão de Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PR), Rodrigo Maia (DEM), Marcos Pereira (PRB) e Paulo Pereira da Silva (SD) é outra. Na verdade, o bloco só empurra a definição até o último momento porque não pode evitá-la. Melhor mesmo seria pular a eleição e manter suas sesmarias intocadas. As regras que fizeram aprovar lhes deu amplas garantias de que o farão no Congresso, mas não, na mesma medida, no Executivo.

Bruno Boghossian: O PSDB em 2019

- Folha de S. Paulo

Aposta final no centrão envolve fatura alta para os tucanos a partir de 2019

Vitorioso ou derrotado na eleição, o PSDB precisará aprender a desempenhar uma função diferente na cena política a partir de 2019. Após décadas de protagonismo, a sigla deve deixar as urnas desfigurada e possivelmente enfraquecida.

A estagnação de Geraldo Alckmin nas pesquisas afastou potenciais aliados e tornou evidente que os tucanos deixaram de ser um polo gravitacional incontestável. Os caminhos para revigorar sua candidatura são escassos —e todos envolvem alianças com partidos que devem cobrar faturas altas no futuro.

O bloco liderado por DEM e PP é a aposta final de Alckmin. A adesão dessas legendas a sua campanha ainda é considerada incerta e, caso se concretize, será tardia.

Se ganhar a eleição, o tucano precisará dar crédito considerável às siglas que emprestaram suas máquinas políticas para fazê-lo renascer das cinzas na última hora. Num eventual governo Alckmin, o centrãoserá sócio majoritário, e o PSDB ficará a reboque desse grupo no Congresso.

William Waack: Admirável mundo novo

- O Estado de S.Paulo

Somos pequenos e diminuímos nas últimas décadas por falta de lideranças com visão

É uma pena, e ao mesmo tempo um péssimo sinal, o fato de temas de política externa terem tão pouca importância no debate político eleitoral no Brasil, país ao mesmo tempo abençoado e amaldiçoado pela enorme distância que mantém de qualquer conflito internacional relevante. Abençoado, pois ninguém aqui vai dormir hoje preocupado em saber se um ente querido vai matar ou morrer num conflito armado (não estou considerando a guerra interna brasileira como conflito armado clássico). Amaldiçoado, pois a imensa maioria da população – e os políticos em geral – não tem a menor percepção da natureza, abrangência e alcance de grandes contenciosos lá fora.

E olhem que Donald Trump, involuntariamente, nos deu uma espetacular demonstração da rapidez da destruição que está alcançando o sistema de relações entre as potências existente desde o fim da 2.ª Guerra Mundial. Ao lado do tirano russo Vladimir Putin, de quem foi livrar a cara num encontro em Helsinque, Trump encerrou uma extraordinária semana de massacre do que tinham sido até aqui alguns princípios norteadores da potência que foi decisiva para dar forma e garantir esse sistema do pós-guerra, os Estados Unidos.

O mundo no qual o Brasil terá de se virar agora é um lugar no qual o presidente americano xinga aliados e elogia adversários tradicionais; abomina instituições multilaterais (da OMC à ONU) e a coordenação de ações entre países; encara o comércio internacional como um jogo de soma zero, no qual se alguém ganha é às custas de outro; reflui para o pensamento de divisão do mundo em esferas de influência nas quais “homens fortes” podem agir a gosto; mantém que a aplicação de princípios ou valores é coisa de trouxa e só distrai de resultados práticos.

Luiz Carlos Azedo: Alckmin caça com Jefferson

- Correio Braziliense

O tempo de televisão, muito mais do que programa de governo ou a imagem dos aliados, move as articulações do tucano para montar sua coligação eleitoral

A Executiva Nacional do PTB aprovou o apoio ao candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, decisão que será oficializada em 28 de julho. Com isso, o tucano começa a consolidar alianças para garantir pelo menos 20% do tempo de televisão destinado aos partidos na campanha eleitoral. Essa é a aposta do ex-governador de São Paulo para crescer nas pesquisas de intenção de voto e chegar ao segundo turno. Seus estrategistas avaliam que a ampliação da coligação em direção ao centro permitirá que a candidatura saia da estagnação eleitoral.

Não chega a ser uma novidade, porque a aliança do PTB com Alckmin em São Paulo é histórica, mas tem significado porque põe um ponto final nas especulações de que poderia desistir da candidatura ou ser substituído pelo ex-prefeito João Doria, que disputa o Palácio dos Bandeirantes. A decisão do PTB também repercute junto a outros aliados que ainda não formalizaram seu apoio a Alckmin, os casos do PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab, que ainda não removeu a candidatura de Paulo Rabelo de Castro, e do PPS, de Roberto Freire, que aprovou um indicativo de aliança com o tucano no seu congresso, mas só vai decidir mesmo no começo de agosto.

Esses aliados de Alckmin estão como aquele malandro do samba de Bezerra da Silva, que apertou, mas não fumou. “Pra fazer a cabeça tem hora”, diz a canção. Para Alckmin, a hora é essa. Todo o seu esforço agora está voltado para a aliança com o DEM, numa queda de braços com Ciro Gomes (PDT), que avançou seus entendimentos com as seções nordestinas por meio do senador José Agripino (RN), e com Jair Bolsonaro, que montou uma cabeça de ponta na legenda no Sul, com Ônix Lorenzoni (RS). Outro partido que está em vias de fechar com Alckmin é o PV, cujo presidente, o ex-deputado José Luiz Pena, é secretário de Cultura de São Paulo nomeado por Alckmin.

Alckmin dá sinais de que não se empenha para fazer uma aliança formal com o MDB, principalmente por causa do desgaste do governo de Michel Temer e da candidatura de Paulo Skaf ao governo de São Paulo. Difícil, porém, é atrair o chamado “Centrão”, bloco formado pelo PP, PRB, SD e PSC, com mais de 120 deputados na Câmara. O grupo negocia com Ciro Gomes (PDT), que hoje se reunirá com os sindicalistas ligados ao Solidariedade. A alternativa de Alckmin está sendo trabalhar para que o bloco fique independente. Para isso, conta também com as movimentações do PT, que estimula a neutralidade do grupo.

Ricardo Noblat: Notícias sobre a sucessão de Temer

- Blog do Noblat | Veja

O ponto da situação

“Estamos às vésperas de grandes acontecimentos, só não sabemos quais”, observou numa roda de amigos, ontem à noite, em Brasília, o mineiro Roberto Brandt, ex-ministro da Previdência e Assistência Social do governo Fernando Henrique Cardoso.

Brandt conheceu de perto os pernambucanos Thales Ramalho e Marco Maciel, figuras célebres da transição da ditadura militar de 64 para a Nova República do presidente que morreu sem tomar posse, Tancredo Neves – Thales no MDB, Maciel na ARENA.

Em certos momentos, Thales dizia que quem achava que sabia tudo é porque estava mal informado. E Maciel, que tudo podia acontecer, inclusive nada. A pouco mais de dois meses das eleições de outubro, tudo pode acontecer, mas ninguém se arrisca a dizer o quê.

+ Dentro do PT, a balança se inclinou na direção da escolha de Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, para substituir Lula tão logo a Justiça impeça a candidatura do ex-presidente. Antes de ser preso, Lula gravou um vídeo de apoio a Wagner.

+ O Partido Comunista do Brasil (PC do B) rifou a candidatura de Manuela d’Ávila a presidente. Quer emplacá-la como candidata a vice de Wagner.

+ Encantado com o que ouviu do banqueiro Benjamin Streinburg, o senador Ciro Nogueira (PI), presidente do Partido Popular, comprometeu-se a apoiar a candidatura a presidente de Ciro Gomes (PDT). Assim como Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, outro seduzido por Streinburg.

+ O Democratas (DEM) oscila entre Ciro e Geraldo Alckmin (PSDB). Se depender de Rodrigo Maia (RJ), presidente da Câmara, irá para Ciro – embora o pai dele, o vereador César Maia, seja contra. Se depender de ACM Neto, prefeito de Salvador e presidente do partido, o DEM irá para Alckmin.

+ O Partido da República (PR) do ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto está aberto a propostas. Quem oferecer a maior leva. Streinbug está empenhado em levá-lo para o lado de Ciro.

+ O ex-ministro Henrique Meirelles conta com larga maioria de votos para sair da convenção do PMDB como candidato à sucessão do presidente Michel Temer. O difícil é que o PMDB saia junto com ele. Cada seção estadual do PMDB acabará apoiando quem quiser.

+ Jair Bolsonaro (PSL) já pescou nas redes sociais o apoio que poderia obter. Não cresce desde janeiro último. Não terá tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, a não ser por poucos segundos. E por não ter, apanhará dos outros sem poder se defender. Segue à procura de um vice depois de ter perdido dois.

Ascânio Seleme: O medo do passado

- O Globo

São muitas as incógnitas que impedem qualquer tipo de antecipação de tendência econômica para os meses subsequentes à posse do futuro presidente
O mercado está inquieto. Assustado. Com enorme dificuldade de fazer previsões, as empresas gestoras de investimentos privados recomendam aos seus clientes cautela, paciência e atenção, muita atenção. A incerteza com o cenário eleitoral extrapola a questão política e estabelece marcos na economia. Se muitos partidos não sabem ainda como ou com quem irão na eleição presidencial, sabem menos ainda as empresas cuja tarefa é fazer projeções que ultrapassem o calendário eleitoral.

São muitas as incógnitas que impedem qualquer tipo de antecipação de tendência econômica para os meses subsequentes à posse do futuro presidente. A primeira e mais visível delas é Lula. Embora ele esteja legalmente impedido de registrar candidatura e concorrer a qualquer cargo eletivo, em razão da Lei da Ficha Limpa, neste país nunca se sabe o que pode ocorrer. Sobretudo porque quem dará a última palavra é a Justiça. No Judiciário brasileiro, parece que nunca há uma última palavra.

Pois se Lula for candidato, e se for eleito, que governo fará? Se depender das palavras do próprio, o pau vai comer. Além dos ataques seguidos à imprensa e suas promessas de criar um mecanismo de controle externo (leia-se censura) da mídia, ele já disse que voltará desencarnado do Lulinha Paz e Amor e com um programa ao avesso da famosa Carta aos Brasileiros com que se elegeu em 2002. Com o PT, embora o presidente do partido diga outra coisa, a economia corre seriíssimo risco de sofrer seguidas intervenções do Estado.

O que pode se esperar de Ciro presidente? Bomba! Se levarmos em conta apenas o que diz o candidato, teremos um país sob permanente tensão. Ciro já avisou que vai revogar o leilão de partilha do pré-sal e reestatizar empresas que julgar “imprescindíveis”. Também intervirá no Banco Central, pois anunciou que a taxa de juros praticada no Brasil impede o seu crescimento. Vai aumentar os impostos de lucros e dividendos e criar um teto para o pagamento das dívidas da União. Ciro também atacou a reforma da Previdência e prometeu rever a trabalhista. Na terça disse que vai vetar o acordo Embraer/Boeing. Um deus nos acuda.

Zeina Latif: Reflexões de julho

- O Estado de S.Paulo

Num país pouco afeito a heróis, há mais desilusão do que busca por um salvador da pátria

No dia 4 de julho, os Estados Unidos celebram o aniversário da declaração da sua independência, ocorrida em 1776, fruto de um longo processo e de muitas batalhas de 13 colônias contra os ingleses. O estopim foi o aumento de impostos da coroa para cobrir os gastos da Guerra dos Sete Anos contra a França.

Além disso, a colônia revoltou-se contra o monopólio da Companhia das Índias Orientais, imposto pelos ingleses, que elevara preços e prejudicara a produção local de chá.

Após anos de guerra, a Inglaterra reconheceu a independência americana em 1783. Ela, porém, não resultou nos Estados Unidos. Foram necessários alguns anos para que as colônias reconhecessem a necessidade de um Poder Executivo federal e concordassem sobre uma Constituição e a Carta dos Direitos.

A mobilização americana foi marcada por ampla participação da sociedade, inclusive das mulheres. Uma sociedade que muito antes da independência valorizava a educação. Nove universidades foram fundadas no período colonial – a mais antiga é Harvard – com doações privadas.

A comemoração de 4 de julho apenas perde em importância para o Dia de Ação de Graças. Os peregrinos do Mayflower desembarcaram em 1620 no atual Estado de Massachusetts e foram acolhidos pelos índios da região, que os ajudaram a sobreviver ao primeiro e rigoroso inverno e os ensinaram a plantar milho. A primeira colheita resultou em uma celebração de peregrinos e seus salvadores.

Nossa independência, pouco celebrada, foi bem diferente.

Ribamar Oliveira: Reduzir 10% dos incentivos já em 2019

- Valor Econômico

Comando da LDO não deve ser vetado por Temer

O presidente Michel Temer não deverá vetar o artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2019, que determina que o governo encaminhe ao Congresso, até o próximo dia 31 de agosto, os projetos de lei de revisão de benefícios tributários, financeiros e creditícios que permitam reduzir em pelo menos 10% os atuais gastos da União com subsídios. A LDO não especifica se a redução deve ser linear em todos os incentivos, deixando a critério do governo.

O comando da LDO, com efeito prático já no próximo ano, atende ao insistente discurso da equipe econômica, no sentido da necessidade de reduzir os subsídios, que aumentaram muito em proporção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2005 para cá. Por isso, a expectativa na área técnica é de que não seja recomendado um veto ao dispositivo.

No ano passado, a despesa com desonerações tributárias atingiu R$ 270,4 bilhões (ou 4,1% do PIB) e os gastos com benefícios financeiros e creditícios ficaram em R$ 84,3 bilhões. Assim, o total dos subsídios da União alcançou a cifra de R$ 354,7 bilhões (ou 5,4% do PIB).

Já tinha ocorrido uma redução de R$ 24,3 bilhões na despesa com subsídios em 2017, na comparação com 2016. Essa foi uma das razões do menor déficit primário no ano passado. Ainda não há uma estimativa para o gasto com subsídio em 2018, mas, tomando como base 2017, a redução dos incentivos proposta na LDO de 2019 gira em torno de R$ 35 bilhões.

O povo como problema: Editorial | O Estado de S. Paulo

Sempre que o Foro de São Paulo se reúne, recende de seus salões o ranço característico da esquerda autoritária latino-americana. Abundam palavras de ordem contra o “imperialismo americano” e invectivas contra o “neoliberalismo”, como se a guerra fria não tivesse terminado. No encontro, todos os problemas enfrentados pelos governos e partidos esquerdistas da região costumam ser atribuídos aos Estados Unidos, a representação do mal absoluto no discurso desses liberticidas. Na edição deste ano, realizada em Havana, não foi diferente: até mesmo a prisão de Lula da Silva foi caracterizada como parte da “guerra de caráter não convencional” que, segundo o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, os americanos deflagraram contra os “líderes progressistas” do continente.

“Exigimos a liberdade imediata de Lula, depois de uma condenação e prisão sem provas, e o direito a ser candidato presidencial nas eleições de outubro no Brasil, respeitando a vontade da maioria do povo brasileiro. Lula livre! Lula inocente! Lula presidente!”, diz a declaração final da 24.ª reunião anual do Foro de São Paulo – que, é claro, denuncia a “ofensiva reacionária, conservadora e restauradora neoliberal” capitaneada pelos Estados Unidos.

Em seu discurso, o ditador Maduro – que liquidou a oposição em seu país, encarcerou e exilou os dissidentes e reprimiu duramente todo tipo de manifestação contra seu governo, responsável pela penúria venezuelana – caracterizou o Brasil como um regime de exceção.

Maduro disse ver o “martírio de Lula com dor, mas não com resignação”, denunciando que seu companheiro petista foi “escondido numa masmorra” para “impedir sua ação política”, porque “sabem que Lula livre ganhará a eleição presidencial no Brasil”. E acrescentou: “Basta!”.

Enquanto estão preocupados com a qualidade da democracia no Brasil, onde a imprensa é livre e as instituições funcionam, o Foro de São Paulo e seus ciosos delegados de partidos de esquerda entendem que a “Nicarágua sandinista”, por exemplo, é uma democracia plena – embora seu ditador, Daniel Ortega, tenha manobrado para se perpetuar no poder e mandado reprimir duramente manifestações contra seu governo, resultando, até agora, em mais de 350 mortos. Segundo o Foro, a Nicarágua de Ortega está sendo vítima da “política intervencionista” dos Estados Unidos, e os manifestantes estariam a serviço de “golpistas” teleguiados pelos americanos.

Escalada autoritária: Editorial | Folha de S. Paulo

Com aparelhamento do Estado, Nicarágua vai se distanciando da democracia sob o jugo de Ortega

Em 1979, Daniel Ortega emergiu na Nicarágua como um dos líderes da revolução que derrubou a sanguinária ditadura da família Somoza. Quase quatro décadas mais tarde, promove violenta repressão para preservar seu próprio comando.

Há muito não se via tamanha brutalidade por parte das forças de Estado na América Latina. São cerca de 360 mortos e dezenas de desaparecidos ao longo de três meses de protestos contra o governo, segundo a Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH).

De início, as manifestações começaram contra uma reforma previdenciária que diminuía benefícios e aumentava contribuições. Seguiu-se uma uma truculenta reação oficial, o que só fez aumentar as marchas, engrossadas por universitários, que passaram a exigir a renúncia do autocrata esquerdista.

O emprego de forças paramilitares como armamento pesado tem crescido nos últimos dias, com o suposto objetivo de “pacificar” o país para o 39º aniversário da Revolução Sandinista, celebrado nesta quinta-feira (19).

A ofensiva não poupou nem sequer uma igreja de Manágua onde estudantes haviam se refugiado. Dois deles morreram com disparos certeiros na cabeça.

Em Masaya, na região metropolitana da capital, o mais aguerrido bastião oposicionista foi tomado na terça-feira (17), com um saldo de ao menos 13 mortos.

Ortega voltou à Presidência em 2007, após um mandato entre 1985 e 1990. Tal qual os Somozas, gosta de governar com a família. Sua mulher, Rosario Murillo, é a vice-presidente e está à frente da política de comunicação, enquanto filhos do casal ocupam cargos-chave.

A despeito de um bom desempenho na economia, manteve-se no poder graças à cartilha chavista, com mudanças nas regras eleitorais e perseguição a opositores e à imprensa livre —soma-se a isso o aparelhamento estatal pela Frente Sandinista de Libertação Nacional.

Já faz algum tempo que o princípio da independência dos Poderes esmaeceu. O Legislativo e o Judiciário tornaram-se anexos do Executivo. Afigura-se um quadro que se assemelha ao da Venezuela sob a ditadura de Nicolás Maduro.

Debate econômico na campanha precisa ter foco: Editorial | O Globo

Ciro Gomes investe contra associação entre a Embraer e a Boeing, mas os candidatos não podem perder a noção dos reais problemas do país

País com problemas econômicos crônicos, o Brasil tem uma agenda permanente de discussão sobre como curar as mazelas neste campo, assunto que, não poderia deixar de ser, tem espaço cativo nas campanhas eleitorais.

Para esta eleição, a lista de dificuldades está concentrada no desequilíbrio estrutural das contas públicas na Federação, polo irradiador de várias distorções. Governo federal, estados e municípios, em diversas gradações, têm os respectivos orçamentos sendo estrangulados por benefícios previdenciários e folha de servidores, de que resultam a redução forçada de investimentos e barreiras aos gastos estratégicos em saúde, educação e segurança.

Pré-candidatos esboçam ideias, enquanto negociam alianças preocupados com o tempo na programação eleitoral dita gratuita, definido em função do tamanho da bancada dos partidos no Congresso.

Neste sentido, a defesa feita por Ciro Gomes (PDT) de rever a associação entre Embraer e Boeing tem o claro objetivo de atender os nacionalistas de sempre, em especial os que se abrigam no PSB, partido que o candidato tenta atrair. Chama a atenção que mesmo no DEM de Rodrigo Maia — legenda egressa do PFL, de linhagem liberal, sem ranço contra o capital estrangeiro — há quem avalie apoiar o ex-ministro e exgovernador do Ceará. Incongruências da política brasileira. O discurso de político flutua ao sabor de interesses. O próprio Ciro atenua declarações contra a reforma trabalhista, para não se agastar com o “centrão” (DEM, PR, PP e Solidariedade).

Convenções partidárias tentam delimitar o xadrez eleitoral: Editorial | Valor Econômico

Os partidos políticos iniciam neste fim de semana suas convenções eleitorais ainda à procura de candidatos e alianças, quando antes esses conclaves eram quase sempre feitos para cumprir exigências legais e sacramentar decisões já tomadas. Com cenário de nenhuma visibilidade, há, por exemplo, vagas à vontade para candidatos a vice-presidente - nem Jair Bolsonaro, do PSL, um dos favoritos nas recentes pesquisas de opinião (na ausência de Lula nas urnas), conseguiu arrumar um ainda, embora tenha tentado. Os dois partidos que serviram de polo de aglutinação por mais de duas décadas - PT e PSDB - deixaram de ser centros de atração. Há 28 partidos à cata de respostas eleitorais, que ainda não vieram.

Houve poucas ondas passageiras nesse ano eleitoral. A sedução com o novo durou pouco, por desistência dos candidatos a novidade (Joaquim Barbosa, Luciano Huck). O jogo será decidido por profissionais, sejam os decanos Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (hoje no PDT) e Marina Silva, em sua terceira disputa presidencial, ou um emissário de Lula da Silva. A regra de financiamento de campanhas tornou até certo ponto previsível esse desfecho. As cúpulas partidárias confiscaram a tarefa de gerir a relativa escassez de recursos e obviamente não apostaram na renovação. O menor tempo de campanha conspira a favor de candidatos conhecidos, com votos.

Além do ineditismo de o favorito nas pesquisas estar na cadeia, as bússolas tradicionais perderam o norte ou acurácia. O número de indecisos a menos de três meses das eleições é quase metade do eleitorado. As pesquisas destilam monotonia - o radicalismo de Bolsonaro o coloca em dianteira não se sabe até quanto, Marina Silva, sem alianças e pouco tempo de TV, segue atrás, há a promessa de avanço de Ciro Gomes e a dificuldade de avanço de Geraldo Alckmin (PSDB). Henrique Meirelles (MDB), não sai de 1%.

Gal Costa - Desafinado

Luís Camões: Busque novas artes, novo engenho

Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.

Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê