sexta-feira, 20 de julho de 2018

Opinião do dia: Roberto Freire

A democracia é um valor universal. Algo que tem que ser sempre reafirmado. Porque vemos ai forças políticas entre nós se organizando para disputar a eleição e não possuem nenhum compromisso com isso [a democracia]. Ao contrário. São defensores com sinais trocados. Forças políticas à esquerda e à direita com o lulopetismo e o bolsonarismo. Ambos defensores de ditaduras. Seja o saudosismo bolsonarista da ditadura militar brasileira, seja o PT e outras forças bolivarianas, na defesa de Maduro e na ditadura, hoje sanguinária, de Ortega.

Importante porque de qualquer forma na eleição terá a presença significativa [na chapa de Alckmim] de partido tradicionais. Como a legislação determina tempo de televisão, em função dos partidos, tem que se buscar essa aliança, mas não apenas do ponto de vista da contribuição para a campanha de Alckmim. É necessário também debater um programa mínimo comum. Pra poder dizer à sociedade o que é que essas forças políticas unidas propõe para o País. Não tenho dúvida que a base primária é a defesa intransigente da democracia. Essa aliança tem que dar claras garantias que é uma força política vocacionada para a vitória.
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Roberto Freire é presidente nacional do PPS

Centrão encerra conversas com Ciro e fecha com Alckmin

Na véspera da convenção que vai oficializar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência, o Centrão mudou de lado e decidiu fazer aliança com Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB. A reviravolta aconteceu depois que o PR se juntou ao bloco, formado por DEM, PP, Solidariedade e PRB. Chefe do PR, Valdemar Costa Neto exigiu que o vice na chapa seja Josué Gomes da Silva (PR-MG), filho do ex-vice-presidente José Alencar. Dirigentes do Centrão disseram a Alckmin que o acordo poderá ser anunciado na quinta-feira. A mudança do bloco, que estava inclinado a apoiar Ciro, foi resultado de diversos fatores políticos, entre eles pressões do Planalto. O peso maior, porém, é atribuído à decisão de Valdemar. Juntas, as siglas do Centrão têm cerca de 5 minutos por dia no horário eleitoral. A partir de hoje, os partidos fazem suas convenções para definição de candidaturas. O prazo final é 5 de agosto.

Centrão se afasta de Ciro e fecha apoio a Alckmin

Apoio ao pré-candidato do PSDB foi definido após o PR acertar que indicará o vice

Felipe Frazão Vera Rosa / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - Na véspera da convenção que vai oficializar a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à Presidência, o Centrão mudou de lado e decidiu fechar aliança com o ex-governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB. A reviravolta de última hora, isolando Ciro, ocorreu depois que o PR, chefiado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, se juntou ao bloco formado por DEM, PP, Solidariedade e PRB.

Em reunião realizada ontem, em São Paulo, dirigentes do Centrão disseram a Alckmin que, se não houver nenhum obstáculo no meio do caminho, o acordo será anunciado oficialmente no dia 26. O candidato a vice na chapa do tucano será o empresário Josué Gomes da Silva (PR), filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011.

No mercado eleitoral, o apoio do Centrão é visto como muito importante na disputa pelo Palácio do Planalto. Juntos, os partidos têm no mínimo 4 minutos e 12 segundos por dia no horário eleitoral de rádio e TV, que começa em 31 de agosto. O PR dispõe de mais preciosos 45 segundos. Na Câmara, esses partidos abrigam uma bancada de 164 deputados, dos atuais 513.

A mudança do bloco, que até os últimos dias estava inclinado a avalizar a candidatura de Ciro, foi resultado da soma de fatores políticos. O peso maior, porém, é atribuído a Valdemar, que atuou como uma espécie de fiel da balança no bloco e exigiu uma composição com Josué de vice.

Alckmin cancelou compromissos em Montes Claros (MG), ao lado do senador Antonio Anastasia – pré-candidato do PSDB ao governo de Minas – para conversar ontem com representantes do Centrão. Diante da resistência do Solidariedade à aliança com Alckmin, o ex-governador se comprometeu a avaliar uma forma de compensar o fim do imposto sindical. “Vamos governar juntos. Ninguém faz política sozinho”, disse ele.

Ciro faz aceno à esquerda após negociação frustrada com o Centrão

‘Não sou o dono da verdade, cometo erros’ afirma presidenciável do PDT; Lupi minimiza perda da aliança

Renan Truffi e Gilberto Amendola | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O pré-candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, “reconheceu” nesta quinta-feira, 19, na véspera da convenção para oficializar sua candidatura, que “comete alguns erros”, e voltou a fazer um aceno aos partidos de esquerda nas eleições 2018. A afirmação foi feita antes de o Centrão fechar acordo com o tucano Geraldo Alckmin, mas quando já havia sinalização de que o grupo estava se distanciando de Ciro.

“Preciso sinalizar a todos os brasileiros de boa-fé que não sou o dono da verdade, eu cometo erros. Não me custa nada reconhecer isso, mas nenhum deles foi por deserção”, disse. “Quem quiser, quem puder me ajudar, será muito bem-vindo, mas saibam daquela porta para fora que este governo que eu liderar servirá aos mais pobres e trabalhadores”, complementou.

Até o início da semana, Ciro tinha a preferência de pelo menos dois presidentes dos partidos do bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Porém, recentes declarações polêmicas de Ciro, principalmente na área econômica, provocaram desgaste e receio nos partidos, como um xingamento a uma promotora de Justiça, na ação movida por injúria racial em declaração crítica ao vereador paulistano Fernando Holiday, do DEM. Além disso, há resistência a propostas econômicas do pedetista.

Logo depois, já com o apoio definido do Centrão a Alckmin, o presidente do PDT, Carlos Lupi, minimizou a “perda” da aliança. “Qual o prejuízo de se ter aquilo que não se tinha? Se eu não tinha, que prejuízo tive?”. Ao ser questionado se não tiraram o doce da boca da criança, ele respondeu: “Esse doce poderia estar estragado”.

As declarações de Ciro foram dadas na sede do PDT, em Brasília, depois que ele recebeu documento assinado por diversas centrais sindicais, com propostas para seu programa de governo. Depois, o presidenciável se reuniu com um grupo do PDT Mulher.

Centrão decide dar apoio a Alckmin na eleição presidencial

Centrão desiste de Ciro Gomes, apoia Alckmin e dá fôlego eleitoral a tucano

Cúpulas de DEM, PP, PR, SD e PRB levarão acordo para diretórios estaduais antes de anúncio oficial

Thais Bilenky , Daniel Carvalho , Marina Dias e Bruno Boghossian | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO E BRASÍLIA - Após longo tempo de indefinição, a cúpula do centrão finalmente decidiu nesta quinta-feira (19) que vai apoiar Geraldo Alckmin (PSDB), isolando Ciro Gomes (PDT) na disputa pela Presidência da República.

O anúncio oficial do acordo, antecipado pela Folha, só deve ocorrer na próxima quinta (26). Até lá, os comandos de DEM, PP, PR, SD e PRB vão informar as instâncias inferiores de seus partidos e resolver questões de alianças nos estados.

Apesar do poder que têm sobre suas legendas, os líderes têm que contornar divergências internas provocadas, principalmente, por acordos regionais.

Com o apoio do centrão, Alckmin, que tinha sozinho 1 minuto e 18 segundos na propaganda eleitoral na TV (em cada bloco de 12 minutos e 30 segundos), somará 4 minutos e meio, quase 40% de toda a fatia da disputa. Adversário histórico do PSDB, o PT, que ainda não fechou nenhuma aliança, tem 1 minuto e 34 segundos.

Logo após se reunirem na residência oficial da presidência da Câmara, representantes do bloco viajaram a São Paulo para encontrar Alckmin.

Participaram do encontro ACM Neto, Rodrigo Maia (ambos do DEM), Marcos Pereira (PRB), Paulinho (SD), Agnaldo Ribeiro (PP) e Luis Tibé (Avante). O PR não mandou representante, mas avalizou o acordo.

Segundo a Folha apurou com participantes da reunião, o presidenciável se comprometeu, se eleito, a avaliar com o Congresso uma alternativa de financiamento para os sindicatos, que ficaram sem dinheiro após o fim do imposto sindical.

Outro compromisso do tucano foi apoiar a candidatura de Eduardo Paes (DEM) ao governo do Rio de Janeiro.

Centrão fecha acordo para apoiar Alckmin

Com pacto, tucano alcança ao menos 4 minutos e 46 segundos na TV

DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade levaram pauta de reivindicações ao encontro em São Paulo, como condição para formalizar aliança. Anúncio oficial será feito semana que vem

O pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, fechou ontem acordo em torno de sua candidatura com o centrão, que reúne DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Com o apoio desse bloco e as alianças com PTB e PSD, o tucano chega a ao menos 4 minutos e 46 segundos, do total de 12 minutos e 30 segundos de propaganda eleitoral de rádio e TV dos candidatos ao Planalto. Por enquanto, com alianças indefinidas, nenhum outro candidato supera um minuto e meio de propaganda. Como condição para formalizar o apoio, o centrão levou uma pauta de reivindicações ao encontro, em São Paulo. Apesar da proximidade de PP e Solidariedade com a pré-candidatura de Ciro Gomes (PDT), a distribuição de cargos e verbas pesou na decisão de bandearse para Alckmin. Paulinho da Força levou ao presidenciável a exigência de compromisso para um novo modelo de financiamento de sindicatos, por conta do fim do imposto sindical. Já o PP, que resistia em razão de formação de palanque no Piauí, vai manter espaços importantes. O anúncio formal da aliança será feito na próxima semana.

Centrão fecha com Alckmin

Apoio do bloco de partidos garante a tucano o maior tempo de propaganda na TV e no rádio

Cristiane Jungblut, Bruno Góes, Silvia Amorime Gustavo Schmitt | O Globo

-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Em encontro com o pré-candidato Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, o centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) fechou ontem um acordo para apoiar o tucano à Presidência da República. Com essa decisão e as alianças com PTB e PSD, Alckmin terá, no mínimo, 4 minutos e 46 segundos dos 12 minutos e 30 segundos de propaganda de TV e rádio dos candidatos ao Planalto. Ainda com alianças indefinidas, nenhum outro candidato supera 1 minuto e meio de tempo de propaganda.

A soma do tempo de todos os partidos que apoiam Alckmin até superaria os 4 minutos e 46 segundos, mas, pela nova lei eleitoral, a distribuição do tempo de TV leva em consideração apenas os seis maiores partidos da aliança.

Dirigentes do centrão que estiveram reunidos com Alckmin saíram do encontro afirmando que a aliança com o tucano está consolidada. O anúncio formal será feito na próxima semana.

— Já está fechado — disse o presidente de um dos partidos.

Na reunião, o centrão levou uma pauta de reivindicações como condição para fechar uma aliança, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO. Dirigentes das siglas discutiram a possível formação de um governo e deixaram o encontro afirmando que, agora, apenas levarão a posição às instâncias regionais dos partidos para resolverem eventuais divergências nos palanques.

'Centrão' fecha com Alckmin, mas partidos vão referendar

Por Andrea Jubé, Carla Araújo, Raphael Di Cunto e Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - Após nova rodada de reuniões, ontem Geraldo Alckmin (PSDB) tornou-se praticamente o candidato do "Centrão" - bloco formado por PP, PR, DEM, PRB e SD - à Presidência da República. O acordo, entretanto, terá de ser aprovado dentro de cada um dos partidos, que ainda têm reivindicações "ideológicas" e regionais.

O Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva, o "Paulinho da Força", por exemplo, quer o compromisso com a volta do imposto sindical obrigatório. Uma questão que o secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), afirma ser uma "convicção" do partido. Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, que disputa com Alckmin o apoio do bloco, já prometeu trabalhar por uma "contribuição assistencial" para manutenção dos sindicatos.

Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, o senador tucano Antonio Anastasia lidera a disputa pelo governo do Estado, mas o DEM se recusa a abrir mão da pré-candidatura do deputado Rodrigo Pacheco. Outro entrave no âmbito regional é que, no Piauí, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, candidato à reeleição, já fechou aliança com o PT.

No caso de acordo, o empresário Josué Gomes (PR), dono da Coteminas, deve ser indicado à vice-presidência.

Centrão fecha acordo com Alckmin e apresenta lista de reivindicações
Após a nova rodada de reuniões do Centrão, ontem, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, tornou-se praticamente o candidato do grupo. Dirigentes do bloco estiveram com o tucano em São Paulo e manifestaram a preferência pelo seu nome.

Uma série de reinvidicações foram apresentadas pelo bloco, como a definição do palanque em Minas Gerais, por exemplo. O Solidariedade também quer o apoio à recriação do imposto sindical. O grupo formado por PP, PR, DEM, PRB e SD pretende formalizar a aliança no dia 26 de julho. De acordo com fontes próximas ao tucano, os partidos pediram tempo para realizar consultas internas e darem satisfação a Ciro Gomes (PDT), que também negociava com o bloco.

Três presidentes de partidos que integram o bloco afirmaram ao Valor que Alckmin é "favorito" e que obterá o apoio do grupo "se não errar". O compromisso de restabelecer o imposto sindical, extinto na reforma trabalhista do governo Michel Temer, pode ser um ponto de atrito. O secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), advertiu ao Valor que a extinção da taxa é uma "convicção" do PSDB, antecipando a dificuldade das tratativas neste ponto. Uma fonte que participou do encontro, contudo, sustenta que o assunto não chegou a ser tratado.

Outro impasse que será discutido nos próximos dias são as divergências com o PSDB quanto aos palanques regionais. Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, o DEM não quer renunciar à pré-candidatura ao governo do deputado Rodrigo Pacheco. No Piauí, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, candidato à reeleição, já fechou aliança com o PT. Em Alagoas, o partido quer um palanque forte para que o senador Benedito Lira (AL) possa enfrentar Renan Calheiros (MDB) na tentativa de renovar o mandato. A sigla ainda quer o apoio tucano a Esperidião Amin para o governo de Santa Catarina, sacrificando a candidatura própria do PSDB.

Tucano atuou para tirar a aliança do dedo de adversários

Ex-governador paulista conversou à miúda com dirigentes partidários a fim de conseguir mais tempo na TV e chegar fortalecido à convenção

Flávio Freire | O Globo

SÃO PAULO - Embora tenha deixado de lado a formação de anestesista diplomado pela Universidade de Taubaté, Geraldo Alckmin parece ter costurado de forma cirúrgica o apoio que poderá garantir a ele o maior tempo de exposição de TV no horário eleitoral gratuito. Com forte aderência à política tradicional, o ex-governador trabalhou o tempo todo para justamente conseguir mais audiência dos eleitores.

Mas atuou do jeito dele. Fez conta, elaborou cálculos, e principalmente conversou à miúda com dirigentes partidários. Jantou com alguns deles no início de junho, quando ouviu que o grupo estava quase colocando a aliança no dedo de Ciro Gomes (PDT). A qualquer especulação de que os partidos do centrão avaliavam embarcar na candidatura do adversário, Alckmin evitava provocações de que sua candidatura faria água antes mesmo da convenção, marcada para 4 de agosto.

Observadores políticos temiam que ele chegasse à convenção de braços dados apenas com o PTB, este um apoiador de primeira hora. Só na semana passada o PSD de Gilberto Kassab informou que estaria ao lado do tucano. O PPS e o PV também formam o arco de alianças.

Mas nem só de ideologia, porém, vivia a dúvida do centrão para firmar apoio ao tucano. O bombardeio contra o PSDB em meio às investigações da Lava-Jato — que levantou suspeita sobre o cunhado do ex-governador e levou para a prisão um de seus ex-secretários —, ajudava a afastar até mesmo quem não escapou das denúncias. À frente do acordo com Alckmin, bom lembrar que partidos como SD, PR, PRB, DEM e PP também se defendem das acusações de desvio de dinheiro público.

As alianças, porém, eram apenas um dos problemas. Alckmin foi alvo, ao mesmo tempo, do chamado fogo amigo, numa artilharia pesada justificada pela sua performance anêmica nas pesquisas até agora, amargando entre 4% e 6% das intenções. O nome de João Doria subia à superfície ao mesmo tempo em que os correligionários falavam de um suposto naufrágio da campanha alckmista.

Ainda assim, o ex-governador parecia avaliar como erro de diagnóstico quem acreditava vê-lo numa ala de isolamento. Há cerca de um mês, ainda na reta inicial da pré-campanha, o tucano projetava o apoio de oito partidos. Dizia isso antes da Copa do Mundo, ao mesmo tempo em que as legendas navegavam conforme a conveniência da maré eleitoral.

Marina Silva investe em rede de voluntários para campanha de baixo orçamento

Movimento, que pode fazer frente à escassez de dinheiro, conta com 7.000 pessoas em todo o país

Angela Boldrini, Joelmir Tavares | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA E SÃO PAULO - Acostumada a definir suas tentativas de chegar à Presidência —além deste ano, em 2010 e 2014— como uma “luta de Davi contra Golias”, a pré-candidata da Rede, Marina Silva, aposta em 2018 numa “profissionalização” de sua rede de voluntários para tentar vencer a falta de recursos.

Em uma campanha de vacas magras para todos os candidatos, o partido da ex-senadora, que está em segundo lugar nas pesquisas (em cenários sem o ex-presidente Lula), terá uma soma escassa: do fundo eleitoral de R$ 1,7 bilhão, ficará com cerca de R$ 10 milhões.

Para Marina, serão reservados R$ 5 milhões, além do dinheiro de doações de pessoas físicas —na vaquinha online, até as 19h30 de quinta (19), elas somavam R$ 74 mil.

Para suprir a demanda de serviços e articular as ações da campanha, a coordenação montou o movimento Somos Marina, que hoje conta com cerca de 7.000 pessoas em diversas regiões do Brasil.

Em grupos de WhatsApp divididos pelo DDD e listas de transmissão, os voluntários recebem “missões” ou são separados em times para cumprir funções da campanha.

O estudante de engenharia de produção Lucas Valadares, 21, é parte do grupo de cerca de 40 voluntários que faz transcrições de vídeos.

“Acompanho o trabalho da Marina há quatro anos e sempre tive a vontade de contribuir em algo”, diz ele, que mora em São João del-Rei (MG).

Com apoio do Centrão, Alckmin terá mais da metade do tempo de TV

Ao todo, os dez partidos que estarão com o tucano somam mais de 62 minutos por dia na televisão e uma fatia de mais de R$ 854 mi do fundo eleitoral

Por Guilherme Venaglia | Veja

A decisão do bloco conhecido como Centrão de apoiar a pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República nas eleições de 2018 fará disparar o tempo de televisão do candidato. Somando os quinhões a que tem direito os dez partidos que devem participar da coligação, o tucano terá mais da metade das duas horas diárias dedicadas às candidaturas, somando-se os programas eleitorais e as muitas inserções ao longo do dia.

Dos 121 minutos previstos pela divisão estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que atende a critérios relacionados ao tamanho das bancadas no Congresso, nada menos do que 62 minutos e 22 segundos serão destinados aos partidos que comporão a aliança de Alckmin – pouco mais de 51% do tempo total.

A cada bloco do horário eleitoral destinado exclusivamente aos presidenciáveis, com 12 minutos e 30 segundos, cerca de 6 minutos e 50 segundos serão destinadas à propaganda do tucano. Formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade, o bloco representa também uma nada modesta fatia de 440,4 milhões de reais no fundo eleitoral.

Essas legendas do “Centrão” irão se juntar a outras cinco siglas que já estavam na chapa de Alckmin. Além do próprio PSDB, o tucano já havia garantido as alianças com PSD, PV, PTB e PPS. Pelo acordo firmando nesta quinta-feira, o candidato a vice-presidente será o empresário mineiro Josué Gomes da Silva (PR), filho de José Alencar, que ocupou a mesma função nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Centrão decidiu-se pelo apoio a Alckmin nesta quinta-feira após ter negociado por dias com outro presidenciável, Ciro Gomes (PDT). Segundo a coluna Radar, a principal oposição a fechar com o pedetista veio do DEM e do PRB. Também pesaram contra ele as recentes declarações polêmicas e o temor que provoca em parte do empresariado.

União de forças no Sudeste

Lydia Medeiros | O Globo

Geraldo Alckmin venceu a batalha pré-eleitoral. O acordão com os partidos do centrão, além de garantir-lhe até 6 minutos na propaganda eleitoral de rádio e TV, palanque que sempre considerou decisivo, avança na construção de uma união entre forças relevantes na política de São Paulo e de Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país, que reúnem 43% dos votos (47 milhões de eleitores). A (forte) possibilidade de o tucano vir a ter como vice o empresário Josué Alencar sedimenta a sua posição em Minas, onde o candidato do PSDB ao governo, Antonio Anastasia, tem levado vantagem na disputa contra o governador Fernando Pimentel (PT), segundo pesquisas. Josué entrou no PR a pedido de Lula que, antes de condenado e preso, sonhou tê-lo como vice, repetindo a dupla que fizera em 2002 com o pai do empresário, José Alencar. Por enquanto, Alckmin conquistou os políticos. Agora precisa convencer o eleitor de que pode vencer, deixando para trás Ciro Gomes, Marina Silva e Jair Bolsonaro.

Trabalho pesado
Líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia será confirmado hoje como o vice na chapa de João Doria para a disputa ao governo paulista. A primeira tarefa do deputado é complicada: reconciliar Doria com Geraldo Alckmin, para unir as duas campanhas.

Pregação política
O PRB usou sua ligação com os evangélicos como ativo para defender Geraldo Alckmin no centrão. O partido é identificado com a Igreja Universal do Reino de Deus. A instituição do bispo Edir Macedo diz ter 7 milhões de fiéis. A pressão do presidente da legenda, Marcos Pereira, irritou Paulinho da Força, do Solidariedade. Numa das reuniões que tiveram ontem, ele foi ríspido com Pereira: “Meu partido não se decidirá pelo peso da igreja.”

Com o PT dividido e a espera do PSB, Lula pede esforço na formação de alianças do partido

Ana Luiza Albuquerque – Folha de S. Paulo

CURITIBA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), orienta integrantes do partido a juntar esforços na formação de alianças para a sua candidatura à Presidência. Foi o que Márcio Macedo, vice-presidente nacional da legenda, disse a jornalistas na tarde desta quinta-feira (19), após visitar o ex-presidente ao lado do empresário Paulo Okamotto.

"[Lula] Pediu que cuidássemos das alianças, então vamos continuar intensificando nossas conversas com PCdoB, Pros, PSB e PCO. Muito importante ter um leque de alianças", afirmou.
No início do mês, o coordenador nacional do MST João Pedro Stédile disse, após visita ao ex-presidente, que Lula declarou apoio a Marília Arraes, pré-candidata do PT ao governo de Pernambuco.

A disputa pelo estado é peça chave nas negociações com o PSB, que deseja reeleger o atual governador, Paulo Câmara. Retirar a candidatura de Marília se desenha como uma das condições dos pessebistas para apoiar a candidatura nacional do PT.

Questionado pela Folha se a fala do ex-presidente não atrapalha as negociações com o PSB, Macedo disse que a prioridade do partido é a aliança nacional. "Os estados sabem disso. Todos sabem que a prioridade é o projeto nacional. Vamos trabalhar para que o PSB possa estar na aliança formal junto com o PT."

Segundo ele, a manifestação de Lula representa uma opinião sobre a importância de Marília como liderança. "O PT do Pernambuco sabe do projeto estratégico. Temos muito respeito pela Marília, mas a prioridade absoluta é a candidatura do presidente Lula", disse.

Macedo também afirmou que a palavra de ordem é cuidar do programa de governo e botar a campanha nas ruas.

Questionado se Lula teria comentado sobre o artigo publicado nesta quinta-feira (19) na Folha, Macedo disse que o ex-presidente perguntou se ele havia lido o texto. "Parabenizei, um belo artigo."

Dora Kramer: A hora do jogo

- Revista Veja

A eleição vai mobilizar o público quando a bola começar a rolar de fato

Previsões não se caracterizam pela confiabilidade. Disso tivemos notícia recente nos prognósticos de que os brasileiros estavam indiferentes à Copa do Mundo. A base eram as pesquisas que indicavam alto grau de desinteresse e a ausência de sinais exteriores de exaltação futebolística. Bastou o Mundial começar para aquela convicção ser rebaixada à condição de mera conjectura e durante um mês praticamente não se falar de outra coisa no país.

Pois então treino é uma coisa e jogo é outra bem diferente. Guardadas todas as proporções imagináveis, a mesma máxima se pode aplicar à eleição geral de outubro próximo, também objeto do pressuposto de que o eleitorado não está nem aí para a hora do Brasil no tocante à escolha da pessoa que vai ocupar a Presidência da República, da composição do Congresso, da chefia dos Estados e da formação das assembleias legislativas.


Tarefa fenomenal de responsabilidade oceânica e que se dá num país de ânimos completamente acirrados tanto no que diz respeito ao embate eleitor contra eleitor, em torno das posições de cada um, quanto em razão da fúria generalizada da qual os políticos se tornaram alvo depois de anos de comportamento abusivo imposto a uma população razoavelmente compassiva.

A tolerância se esgotou. Não quer dizer necessariamente que isso corresponda à inércia do eleitorado. O mais provável até é que venha a significar o contrário. Agora que se aproxima o início do jogo de verdade, as torcidas tendem a se mobilizar. Afinal, o clima é de conturbação, nunca de letargia. Os mais de 40%, 50% e, dependendo da pesquisa, 60% dos eleitores com tendência a ficar de fora do ambiente eleitoral dificilmente manterão distância quando as onças estiverem prestes a beber água.

A temperatura elevada nas redes sociais e o mau humor expresso nas pesquisas não contam uma história de apatia. Antecipam justamente o oposto: um eleitorado disposto a brigar, ainda que nem sempre dentro dos parâmetros de civilidade.

A imprevisibilidade da cena em relação a resultados fala de maneira contundente a respeito das mudanças que podem ocorrer nesses dois meses e meio que ainda faltam para o primeiro turno, em 7 de outubro. Nunca a política se assemelhou tanto como agora àquele lugar-comum que a compara com o movimento das nuvens.

Um exemplo? A quantidade de candidatos, ou pretensos candidatos, que desistiram ao longo do caminho: Luciano Huck, Joaquim Barbosa, Flávio Rocha e Michel Temer. Daqui até o prazo final para as convenções partidárias (5 de agosto), outros poderão desistir ou ser “desistidos” por ação dos respectivos partidos. Henrique Meirelles é um sério pretendente ao veto ou, no mínimo, a ser deixado de lado durante a campanha em virtude de interesses mais pragmáticos do MDB.

Tudo isso para dizer que não adiantam aflições nem previsões porque o tempo de política nesses tempos tão confusos nos leva a viver dois meses e meio como se eles fossem uma eternidade. E não tenham dúvida: uma real eternidade serão.

Murillo Camarotto: Continua a busca pelo 'hexa' da democracia

- Valor Econômico

Rupturas elevaram as dúvidas sobre a solidez da Presidência

A justa derrota para a Bélgica, há duas semanas, obrigou boa parte dos brasileiros a voltar as atenções para o processo eleitoral um pouco antes do planejado. A bola ainda estava rolando na Copa da Rússia e por aqui já era possível acompanhar o início da fase de "mata-mata" para a definição das candidaturas que pretendem entrar com alguma chance na disputa pelo hexa.

Quem subir a rampa do Planalto com a faixa no peito em janeiro de 2019 terá a missão de cumprir o sexto mandato presidencial completo desde que a eleição voltou a ser definida pelo povo, há três décadas. Com dois processos de impeachment no retrovisor, a estrada de quatro anos em busca desse "hexa" parece mais tortuosa para o próximo presidente do que para os seus antecessores.

Etapa importante da estratégia, a escalação dos aliados para o pleito deste ano se mostra um pouco mais lenta do que em eleições passadas. A escolha do vice, por exemplo, está encalacrada em praticamente todas as pré-candidaturas consideradas competitivas. Como se viu há dois anos, vices podem proporcionar dissabores.

Mesmo liderando as pesquisas no cenário que exclui o ex-presidente Lula, o deputado Jair Bolsonaro vem sendo esnobado no processo seletivo para a escolha do vice. As negativas recentes do senador Magno Malta (PR-ES) e do general reformado Augusto Heleno deram ao capitão um aperitivo da real politik que, goste-se ou não, é necessária para quem pretende governar.

Ironicamente, pode restar a Jair Bolsonaro a companhia da professora Janaína Paschoal, autora do processo que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, dois anos atrás. Não é difícil imaginar o calvário que essa dupla enfrentaria para conseguir alguma governabilidade no Brasil atual.

Basta observar o que se passou com Michel Temer. Negociador experiente e testado, por um triz ele não virou estatística. Uma palavra um pouco mais contundente no gravador de Joesley Batista e o atual presidente já estaria em casa - ou em outra hospedagem, menos confortável. O "tem que manter isso aí, viu" não foi suficiente para derrubar mais um presidente, mas bastou para antecipar o fim do governo.

Bernardo Mello Franco: Alckmin jogou água no chope de Ciro

- O Globo

Acordo tem potencial para ressuscitar Alckmin, que estava desacreditado. Geraldo Alckmin jogou água no chope de Ciro Gomes. O pedetista abre hoje a temporada das convenções partidárias. Ontem à noite, o tucano estragou os preparativos da festa. Ele venceu a disputa pelo apoio do centrão na corrida presidencial.

Alckmin estava desacreditado. Desde o início do ano, ele sofre para convencer aliados, empresários e eleitores de que não será um peso morto na eleição. O acordo tem potencial para ressuscitá-lo.

Ao fechar negócio com o centrão, o tucano garantiu um latifúndio no horário eleitoral. Ele poderá chegar a seis minutos a cada bloco de propaganda em rádio e TV. Agora Ciro é quem terá que se mexer para não sumir do radar do eleitor.

Até aqui, Alckmin só colecionava más notícias na pré-campanha. Ele foi sabotado pelo aliado João Doria e viu parte do eleitorado cativo do PSDB migrar para a candidatura de Jair Bolsonaro.

O tucano aparece em quarto lugar no Datafolha, com apenas 7% das intenções de voto. É um desempenho sofrível para quem já foi candidato ao Palácio do Planalto e governou por quatro vezes o estado mais poderoso do país.

Apesar de investir no discurso ético, o presidenciável pediu socorro a símbolos da velha política. Ele costurou o acordo do centrão com o ex-deputado Valdemar Costa Neto, o poderoso chefão do PR. Alguns dias antes, fechou negócio com Roberto Jefferson, dono do PTB.

É uma guinada curiosa. Na eleição de 2006, Alckmin apostou tudo na indignação do eleitorado com o mensalão do PT. Agora ele se alia a dois caciques que foram presos e condenados por corrupção no mesmo escândalo.

O acordo com o centrão também reforça o vínculo do candidato do PSDB com o governo Temer, do qual ele tentava se distanciar. Agora o tucano terá em seu palanque a maior parte da base aliada no Congresso. Não será surpresa se o MDB desistir de Henrique Meirelles para apoiá-lo.

O tempo de TV deve impulsionar Alckmin, mas não é garantia absoluta de sucesso na eleição. Em 1989, Ulysses Guimarães e Aureliano Chaves tiveram as maiores fatias da propaganda na TV. Um terminou a disputa em sétimo lugar. O outro, em nono. E naquele tempo não havia celular, WhatsApp ou Facebook.

Ricardo Noblat: Ciro, biruta de aeroporto

- Blog do Noblat

O maior adversário dele é ele mesmo

Mal o bloco dos partidos mais fisiológicos do Congresso bateu o martelo em torno da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência da República, Ciro Gomes, que hoje será indicado oficialmente pelo PDT como candidato à vaga de Temer, deu meia volta volver. Nem esperou o anúncio oficial do apoio a Alckmin.

Primeiro fez uma autocrítica: “Eu não sou o dono da verdade, não sou poupado do erro, eu cometo erros. Eu cometo erros e não me custa nada reconhecer erros”. Depois, um aceno ao PT: “O Brasil nunca será um país em paz enquanto o companheiro Luiz Inácio Lula da Silva não restaurar a sua liberdade. Eu luto por isso”.

A favor de Ciro, diga-se que ele suou a camisa para ser o candidato da esquerda a presidente. O PT refugou-o: “Nem com reza braba” ela seria, anunciou a senadora Gleisi Hoffman, presidente do partido. O PC do B lançou Manuela d’Ávila candidata de olho na vaga de vice de Lula. O PSOL, Guilherme Boulos.

Bruno Boghossian: Terrenos queimados

- Folha de S. Paulo

Candidato perde apoio do centrão e queima terrenos na corrida presidencial

A turbulenta etapa de negociações partidárias para a eleição deixará sequelas na campanha de Ciro Gomes (PDT). O contorcionismo do presidenciável para se adequar à pauta do centrão fracassou, enquanto suas contradições e explosões verbais foram amplificadas.

Ciro foi colocado sob uma lente de aumento quando aceitou discutir uma aliança com siglas que carregam agendas bem diferentes da sua. Sentado à mesa com DEM e PP, o candidato deu sinais de que estaria disposto a flexibilizar suas posições para absorver uma plataforma mais amigável ao mercado.

O movimento confundiu setores à esquerda que enxergavam em seu nome uma alternativa ao ausente ex-presidente Lula. Para agradar à direita, por exemplo, Ciro precisou dizer que sua proposta de revogar a reforma trabalhista era só um jeito de falar, e que tudo seria discutido em harmonia com os partidos do centrão que ele adorava fustigar.

No período de namoro com DEM, PP e companhia, cada passo dado fora da cartilha do liberalismo fazia mais barulho do que o normal. A carta que enviou para sugerir a paralisação das negociações entre a Embraer e a Boeing provocou um estrondo no grupo de partidos que é abertamente pró-privatizações.

No fim das contas, o pedetista perdeu também a direita. Recebeu um veto de economistas de viés liberal, reforçou as antipatias do mercado a sua candidatura e terminou sem o apoio do bloco que daria musculatura política a sua campanha.

Luiz Carlos Azedo: Angústia e lucidez

- Correio Braziliense

A sucessão de Villas Bôas, que estava fora de cogitação até o final do governo de Michel Temer, devido ao agravamento do seu estado de saúde, começa a ser discutida na caserna

Discretamente, os militares ampliam sua influência no governo Michel Temer e junto aos demais poderes. Sob comando do general Joaquim Silva e Luna, a cúpula do Ministério da Defesa, criado para garantir o comando civil às forças armadas, pouco difere do antigo Estado-maior das Forças Armadas do regime militar, pois os cargos imediatamente abaixo do ministro são ocupados por oficiais generais da Marinha e da Aeronáutica. Mas ninguém se iluda, a principal liderança militar do país é o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Está gravemente doente e incapacitado de se locomover por meios próprios, mas esbanja lucidez.

Sua última aparição numa solenidade militar pública foi no dia 5 de julho, em São Paulo, na sede do Comando Militar do Sudeste, que tinha tudo para gerar uma crise política, pois se tratava de uma homenagem ao soldado Mário Kozel Filho, morto há 50 anos em um ataque da VPR (Vanguarda Popular Revolucionária). Na véspera, a Corte Interamericana de Direitos Humanos havia condenado o Estado brasileiro pela tortura e assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido em outubro de 1975, por militares, numa unidade do Exército.

Kozel foi morto por militantes da organização de esquerda radical que lançaram carro-bomba com dinamites na porta do quartel-general de São Paulo. À época, o soldado tinha 18 anos. Outros seis militares ficaram feridos. Após o ataque, 10 suspeitos foram detidos. Entre eles, Eduardo Leite, o Bacuri, morto enquanto preso em 1970, em São Paulo. Um outro suspeito do atentado, o ex-sargento Onofre Pinto, foi morto em uma ação do Centro de Informações do Exército, em Foz de Iguaçu (PR).

Villas Bôas voou para São Paulo e abortou qualquer possibilidade de provocação, com um discurso no fio da navalha: “Aquele incidente com o soldado Kozel, vítima inocente do terrorismo, nos obriga a exercitar o maior ativo humano — a capacidade de aprender. Agora é um momento que nos aconselha, aos brasileiros e às instituições, a prudência nos ânimos”. E arrematou: “Naquela época, a sociedade brasileira cometeu o erro de permitir que a linha de confrontação da guerra fria dividisse a nossa sociedade, o que acabou criando ambientes para que fatos lamentáveis, como a morte de Kozel e Herzog, tivessem ocorrido”.

Vera Magalhães: Alckmin joga com o regulamento

- O Estado de S.Paulo

Presidenciável do PSDB aposta nos pilares da política tradicional para ganhar eleições e deixou para trás uma conhecida característica sua: a de jogar parado

Desde o início de sua segunda caminhada para tentar chegar ao Planalto, Geraldo Alckmin apostou nos pilares que vigoraram na política brasileira até aqui: estrutura partidária e política faz diferença; grandes alianças asseguram grande tempo de TV, e isso é importante; e a definição das chances de cada um só se dá depois do início oficial da campanha.

Por ora, ele vai conseguindo confirmar uma a uma de suas convicções, repetidas à exaustão naquele tom paciente à imprensa e a potenciais aliados, a princípio céticos, mas que acabaram por caminhar em sua direção nesta semana.

Para fechar em torno de si o apoio do Centrão —agora dá para usar a terminologia do grupo que se ergueu em torno da liderança de Eduardo Cunha, pois é praticamente o mesmo, apenas trocando o comando do MDB pelo do PSDB— Alckmin deixou uma de suas características: a de jogar parado.

O ex-governador de São Paulo viu a possibilidade de o grupo fechar com Ciro Gomes (PDT) e se dedicou exclusivamente a conversas com seus expoentes nos últimos dias. Foi decisiva a interferência junto a Valdemar Costa Neto, “dono" do PR, que entrou por último no bloco, mas teve papel decisivo e vai indicar o vice, Josué Gomes.

A aposta numa ampla aliança com partidos com imagem desgastada perante o eleitor por escândalos de corrupção é a única estratégia que Alckmin poderia adotar: integrante do PSDB, que juntamente com o PT exerce a hegemonia política no País desde 1994, ele tinha de tentar juntar em torno de si as grandes legendas para manter essa posição, ameaçada pelo desgaste que as duas siglas sofreram com a Lava Jato.

A operação, aliás, é o componente novo que vai determinar se a aposta de Alckmin num jogo usando o regulamento ainda é capaz de assegurar a vitória na disputa presidencial brasileira.

Neste caso, a força de uma coligação que lhe assegura 43% do tempo de propaganda na TV, quase 3.000 prefeitos e 277 deputados federais seria capaz, no entendimento de Alckmin, de superar o estrago causado pelas acusações contra Aécio Neves, réu por corrupção, e outras acusações.

Bolsonaro e a CNI: Editorial | Folha de S. Paulo

Dirigentes manifestam simpatia a presidenciável do PSL, apesar das fragilidades de seu programa

É normal esperar, das chamadas elites empresariais, que manifestem sentimentos de aversão à aventura econômica e à turbulência política. Causa alguma estranheza, assim, a vaga de simpatia que se registra em favor do deputado Jair Bolsonaro (PSL), pré-candidato à Presidência, por parte de setores do establishment brasileiro.

Em declarações a esta Folha, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga de Andrade, assinala não ter receio algum de um governo Bolsonaro, lembrando que, dentre diversos postulantes ao Planalto, o parlamentar direitista foi o mais aplaudido em recente evento organizado por sua entidade.

Participaram da ocasião cerca de 2.000 membros de federações industriais brasileiras. Mais do que as propostas do presidenciável fluminense, seu estilo contundente terá sido, provavelmente, fator decisivo para o apoio da plateia.

O pré-candidato “não tem medo de enfrentar as questões, fala abertamente em favor da reforma trabalhista, enquanto os outros não são tão agressivos”, diz o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Flávio Roscoe Nogueira.

É como se o amplo descrédito face à atividade política se refletisse na impaciência com os modos diplomáticos, o esforço conciliatório e a moderação —e também, por certo, com a hipocrisia, a sinuosidade verbal e a obscuridade de intenções em que geralmente se exerce a busca de um mandato.

Há mais, sem dúvida. A saturação com os discursos e os métodos da esquerda populista, depois da catástrofe do governo Dilma Rousseff e da derrocada ética do PT, naturalmente favorece quem se apresentar como seu adversário mais radical e intransigente.

O jogo do 'centrão': Editorial | O Estado de S. Paulo

Deveria ser proibido para menores de 18 anos o noticiário sobre as articulações do chamado “centrão” em torno da sucessão presidencial.

Para quem não está familiarizado com o subdialeto do baixo clero do Congresso, “centrão” é o nome que se dá ao ajuntamento de partidos fisiológicos que se mobilizam sempre que existe a oportunidade de aumentar seus ganhos em barganhas que, de tempos em tempos, lhes são oferecidas – ou procuradas, que ninguém é de ferro. Nada ali lembra nem remotamente a política como deve ser, isto é, o embate democrático de ideias em torno dos interesses dos eleitores. Tudo o que importa para esses partidos é defender uma divisão equânime do butim estatal entre seus caciques e agregados, e ninguém ali faz muita questão de esconder esse comportamento obsceno.

Somente os incautos acreditam que “centrão” seja o nome de um bloco político legítimo, com aspirações programáticas ideologicamente discerníveis. O “centrão” é apenas um rótulo para vários partidos nanicos, pequenos e médios que buscam avidamente orbitar o poder para auferir benefícios políticos e pecuniários e sabem que, juntos, ganham maior capacidade de constranger o governo ou outra presa qualquer a atender às suas demandas – que se resumem a facilidades, cargos e verbas.

Em circunstâncias normais, candidatos de partidos tradicionais, com compromissos mais sólidos com seus eleitores, rejeitariam de pronto o apoio do “centrão” em suas campanhas, por tudo de nefasto o que esse bloco representa. Afinal, o que esperar de um governo formado a partir da associação com notórios oportunistas? Mas o sistema político-eleitoral brasileiro infelizmente é talhado para produzir aberrações que praticamente inviabilizam a formação de candidaturas competitivas sem coligação com partidos explicitamente fisiológicos.

PL que facilita aprovação de pesticidas é desnecessário: Editorial | Valor Econômico

Todo o cuidado é pouco no uso de produtos que podem ser prejudiciais à saúde humana e no ambiente, cujos efeitos a longo prazo não são inteiramente conhecidos ou cujos riscos foram seguramente dimensionados. A Câmara dos Deputados deve votar em breve um projeto de lei apresentado por Blairo Maggi (o 6299, de 2002), adaptado pelo relator, o deputado Luiz Nishimori (PR-PR), que já foi aprovado em comissão especial. Seu objetivo é encurtar o caminho para a aprovação de agrotóxicos. A bancada ruralista é a favor do projeto, as organizações ambientalistas, o Ibama e a Anvisa têm severas restrições às mudanças.

Entre mais de uma dezena de motivos apresentados por Nishimori, apenas um é incontroverso - a grande lentidão e burocracia para a aprovação de pesticidas. Há um prazo legal para esse processo, de 120 dias, mas gasta-se até 8 anos para que o registro seja obtido. Os demais argumentos são duvidosos, como o de que a legislação atual está desatualizada e esgotada, ou o que ela "não considera as características e dificuldades de se produzir em região tropical".

Com base nesse diagnóstico, o relator faz várias mudanças, três das quais facilitam o uso de novos pesticidas sem avaliações seguras, em um país que, em que pese saltos de produtividade da agricultura, ela ainda é em boa parte predatória, e a atenção a populações rurais que convivem com pesticidas é deficiente, quando não inexistente.

Uma primeira mudança relevante, sob argumento de eficácia e rapidez, é o de concentrar a aprovação e registro dos agrotóxicos (oficialmente, pesticidas, segundo o PL) no Ministério da Agricultura (Mapa). A responsabilidade hoje é tripartite, com participação do Ibama e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Esses dois órgãos passam a ter função subalterna de "apoiar tecnicamente" o Mapa, a quem caberá a decisão final.

Vacinação no Brasil em estado de emergência: Editorial O Globo

O noticiário sobre surtos e risco de epidemias se amplia, e não é possível ficar tranquilo enquanto o poder público não demonstra a devida preocupação com o fato

A multiplicação de casos de febre amarela foi um aviso. A doença, na forma silvestre, voltou ao Sudeste no ano passado, campanhas de vacinação localizadas foram lançadas em Minas e no Espírito Santo, entre outros estados, e ao menos se conseguiu que a febre não passasse a ser transmitida pelo vetor presente nas cidades, o mosquito Aedes aegypti. Mas não se sabe até quando a barreira continuará de pé, embora especialistas afirmem ser baixo o risco da conversão do Aedes em vetor da doença.

O panorama sanitário brasileiro segue um processo de degradação há bastante tempo, desde a volta deste mosquito à Região Metropolitana do Rio, depois de ter sido considerado erradicado do país na década de 50, após longo trabalho iniciado no início do século passado por Oswaldo Cruz.

Nos anos 1980, voltaram as epidemias de dengue ao Rio, doença que passou a marcar o verão carioca. Mas não ficaria localizada em terras fluminenses. Com o tempo, alastrou-se por outros estados, e o mesmo mosquito passou a contaminar populações com zika e chicungunha. Doenças com sintomatologia semelhante e também com riscos potencialmente graves.

Nenhum país deixa de pagar um preço por não levar a sério o saneamento básico. É o caso do Brasil, onde continuam indigentes os índices de tratamento de esgoto, entre outros, por falta de investimento público no setor e de maior atração de capitais privados para a atividade. Seja como for, o país encontra-se numa espécie de estado de emergência na saúde, com a volta de doenças que estavam erradicadas ou sob controle devido a vacinações.

30/7/2018: Encontro com Luiz Werneck Vianna


Clara Nunes - Ouricuri (Segredos do Sertanejo)

Ferreira Gullar: Pela rua

Sem qualquer esperança
detenho-me diante de uma vitrina de bolsas
na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, domingo,
enquanto o crepúsculo se desata sobre o bairro.

Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens.

A cidade é grande
tem quatro milhões de habitantes e tu és uma só.
Em algum lugar estás a esta hora, parada ou andando,
talvez na rua ao lado, talvez na praia
talvez converses num bar distante
ou no terraço desse edifício em frente,
talvez estejas vindo ao meu encontro, sem o saberes,
misturada às pessoas que vejo ao longo da Avenida.
Mas que esperança! Tenho
uma chance em quatro milhões.
Ah, se ao menos fosses mil
disseminada pela cidade.

A noite se ergue comercial
nas constelações da Avenida.
Sem qualquer esperança
continuo
e meu coração vai repetindo teu nome
abafado pelo barulho dos motores
solto ao fumo da gasolina queimada.