Brasil precisa ser realista sobre presidência
do G20
O Globo
Embora liderar o bloco traga visibilidade, é
difícil haver avanço em toda a agenda defendida por Lula
O Brasil acaba de
assumir, pelo período de um ano, a presidência rotativa do G20. Trata-se de um
espaço especial. O G20 congrega as principais economias do mundo, incluindo
países de todos os continentes. Durante o mandato à frente do bloco, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva quer levar três itens para a agenda de discussões: combate à fome e à
desigualdade, desenvolvimento sustentável e reforma da governança global. Há, é
certo, uma impossibilidade prática de converter as intenções em realidade. Mas
isso não justifica que se abandone a defesa de boas ideias.
O primeiro item é aquele em que parece haver mais consenso. Ninguém discorda de que seja preciso acabar com a fome e melhorar o padrão de vida da população mundial. Tais temas são sempre levantados por Lula, ainda que o fim da miséria no planeta dependa de transformações nas regiões afetadas, nem sempre ao alcance de organismos multilaterais. Os esforços terminam canalizados para ações assistencialistas, também necessárias, mas raramente suficientes. Para o discurso não se tornar vazio e repetitivo, a pregação contra a fome e a miséria precisa apontar as barreiras que impedem o crescimento econômico e a distribuição de renda nas regiões mais pobres.