quinta-feira, 5 de junho de 2014

Opinião do dia: Dora Kramer

E o produtor daquela euforia extrema, o homem das metáforas futebolísticas, o líder das massas, a alegria do povo, o presidente que trouxe a Copa para o Brasil onde estará nos jogos do Mundial, inclusive na abertura no estádio de seu Corinthians do coração? Segundo ele, em casa, vendo tudo pela televisão.

A fim de não correr o risco de ser alvo do mau humor à deriva nos estádios aonde o brasileiro "vai a pé, descalço e de jumento".

Dora Kramer é jornalista. “Oito ou oitenta”. O Estado de S. Paulo, 4 de junho de 2014

Estatais gastam R$ 9 milhões em ingressos

Filipe Coutinho – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Um grupo de milionários, empresários e parceiros "estratégicos" vai assistir aos jogos da Copa com ingressos pagos por bancos estatais e outros órgãos públicos.

A Folha mapeou compras de R$ 9,1 milhões em ingressos. A maior fatia, R$ 5 milhões, foi paga pelo BB. Os ingressos irão para clientes com investimentos acima de R$ 50 milhões e representantes de grandes empresas.

A Caixa gastou R$ 1,8 milhão em 480 ingressos --320 para lotéricos, e os demais, para funcionários do banco.

Em Brasília, o BRB, banco controlado pelo governo local, gastou R$ 1,2 milhão em 30 entradas para clientes.

A administração do porto de Suape (PE) comprou um camarote para "executivos de empresas estratégicas" por R$ 745 mil.

No Rio, o Brasil Resseguros comprou R$ 411 mil.

BB e BRB disseram que a estratégia é adotada pela iniciativa privada. O Brasil Resseguros, que os ingressos irão para "clientes selecionados. BB, BRB, Caixa e porto de Suape negam que haja políticos entre os beneficiários.

Cartão vermelho: CNBB distribui folhetos com críticas à gestão do governo para a Copa

• Papéis que denunciam ‘inversão de prioridades’ serão entregues nas 12 cidades-sede do Mundial

Letícia Lins – O Globo

RECIFE — A Pastoral do Turismo da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) está atribuindo “cartão vermelho” à “ inversão de prioridades” no uso do dinheiro público do país para eventos como a Copa do Mundo, e critica o fato de o governo delegar “responsabilidades públicas” a grandes corporações e entidades privadas que se apropriam do esporte.

A confederação ressalta, no entanto, que o governo só marcará “gol da vitória” quando ninguém for perseguido por trabalhar em espaço público, e direitos dos consumidores e torcedores forem respeitados. O recado está impresso em milhares de panfletos que vão ser distribuídos nas doze cidades sede do evento mundial.

Em três línguas – português, espanhol e inglês – os folhetos foram produzidos especificamente para a Copa do Mundo, segundo informou o Coordenador Nacional da Pastoral do Turismo da CNBB, Dom Anuar Battisti. Eles já começaram a circular nas dioceses, estão prontos para a distribuição, e expressam “a preocupação das Igrejas” com oito pontos que merecem “cartão vermelho”. O primeiro deles é “a exclusão de milhões de cidadãos ao direito à informação e à participação nos processos decisórios sobre as obras que foram realizadas para a Copa”.

A CNBB também reclama da remoção “de famílias e comunidades para a construção de obras dos estádios ou de mobilidade, “com violação ao direito de moradia em comunidades e bairros populares”. Criticam “a inversão de prioridades para com o dinheiro público que deveria servir, prioritariamente, para a saúde, educação, saneamento básico, transporte e segurança”.

Citam o aprofundamento das “desigualdades urbanas” e a degradação ambiental. E também “a apropriação do esporte por entidades privadas e grandes corporações, a quem os governos vêm delegado responsabilidades públicas”. Segundo Dom Anuar, houve exagero nas despesas com o evento esportivo:

- O que foi gasto na construção de estádios e outras obras foi um absurdo. Mas não adianta mais reclamar, porque a Copa vai acontecer de fato. Então resolvemos dar esse alerta, disse o religioso.

- O jogo vai começar, e o Brasil se torna um imenso campo de futebol sem arquibancadas ou camarotes. Somos convocados a formar um único time, no qual somos todos titulares do jogo da vida - dizem os folhetos, alertando que “uma vitória de todos” só acontecerá se algumas das exigências fundamentais forem cumpridas.

A entidade enumera seis iniciativas que representam “gol da vitória”. Entre elas, a garantia de que a população de bairros populares e moradores de rua tenham direito de permanecer em suas localidades. Pedem, ainda, que ninguém seja perseguido por trabalhar em espaço público, e que movimentos sociais não sejam criminalizados e tenham respeitado o direito de ir a manifestações de rua.

No fim, a Pastoral afirma que, “como Igreja, nos comprometemos a acompanhar torcedores e jogadores, nas suas demandas por momentos de espiritualidade e encontro com Deus, bem como ser presença orante durante toda a Copa”. Eles fazem, ainda, apelo para que populações vulneráveis sejam acompanhadas “especialmente aquelas em situação e rua, para que não sejam retiradas de logradouros públicos, durante a Copa, e depois devolvidas às ruas, como objetos que atrapalhem a realização do evento”. Além dos folhetos, a Pastoral do Turismo orientou as dioceses para que promovam missas em várias línguas durante o evento mundial.

Pré-campanhas de Dilma e Aécio já veem polarização e tentam não fustigar Campos

• Apesar da disposição de responder a ataques, petistas buscam forma de manter pontes com ex-aliado a fim de união no 2º turno; também de olho no futuro, tucanos vão apoiar nome escolhido por ex-governador para a sucessão em Pernambuco

Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

A campanha só começa oficialmente em 5 de julho, mas petistas e tucanos já apostam na repetição do fenômeno que ocorre desde 1994: a polarização entre os dois partidos, hoje representados pela presidente Dilma Rousseff, que tentará reeleição, e pelo senador Aécio Neves.

Diante do cenário previsto pelas pré-campanhas do PT e do PSDB, os dois nomes mais bem colocados nas pesquisas traçam estratégias para manter pontes com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, pré-candidato do PSB que tenta se viabilizar como terceira via. A ideia é tê-lo no palanque num eventual 2.º turno. Enquanto o PSDB articula o embarque no projeto político de Campos em Pernambuco, o PT deflagrou uma ordem aos seus diretórios regionais para que poupem o pessebista de ataques frontais.

Na próxima segunda-feira, o senador mineiro e pré-candidato do PSDB desembarca no Recife para uma série de encontros políticos que devem culminar no anúncio do apoio da sigla à candidatura de Paulo Câmara, nome ungido por Campos, ao governo pernambucano.

A decisão de Aécio é um gesto de boa vontade, uma vez que Campos rompeu o "pacto de não agressão" que tinha com o tucano nas respectivas bases de cada um: o PSB apoiaria o candidato de Aécio em Minas (Pimenta da Veiga) e, em troca, o PSDB apoiaria o nome indicado por Campos em Pernambuco. No começo de maio, porém, Campos passou a articular a candidatura do deputado Júlio Delgado (PSB) ao governo mineiro.

O movimento fez com que Aécio deixasse o deputado estadual tucano Daniel Coelho de "prontidão" para ser lançado candidato a governador em Pernambuco. Nas eleições municipais de 2012, Coelho foi a grande surpresa na disputa no Recife, tendo recebido mais de 240 mil votos e terminado em segundo lugar, superando o senador petista Humberto Costa. "A estratégia (de apoiar o PSB) tem o olhar no 2.º turno", diz Coelho.

Segundo o deputado, a falta de um palanque para Aécio em Pernambuco será relativizada pelo "engajamento" dos candidatos a deputado estadual e federal.

Bandeira branca. No PT a percepção de que Aécio é o principal adversário aumenta conforme o cenário eleitoral se consolida. As análises de conjuntura do partido mostram Campos fragilizado por palanques confusos e o fim do efeito positivo da adesão de Marina Silva à sua candidatura.

Depois de uma série de ataques frontais a Campos, principalmente em Pernambuco, que culminaram com uma publicação no Facebook na qual o ex-governador foi chamado de "playboy mimado", a ordem no partido é manter a disputa na esfera política para preservar as pontes com o PSB. De acordo com um alto dirigente do PT, Campos será tratado como adversário todo o tempo, mas nunca como "inimigo", mesmo que aumente o tom dos ataques a Dilma, como vem ocorrendo atualmente.

O ataque a Campos nas redes sociais foi publicamente censurado pela direção do partido, as agressões diminuíram - até em Pernambuco - e os canais de diálogo com o PSB foram valorizados. Segundo dirigentes petistas, as principais pontes com o PSB são o vice-presidente da sigla, Roberto Amaral, e os governadores do Amapá, Camilo Capiberibe, e do Espírito Santo, Renato Casagrande, que têm conversado com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais).

Das 14 alianças estaduais entre PT e PSB nas eleições de 2010, apenas uma será mantida, no Amapá, onde alguns dirigentes petistas querem enfrentar o senador José Sarney (PMDB-AP), para manter o apoio a Capiberibe. Mas a maior aposta do PT para uma reaproximação com Campos em um eventual 2.º turno entre Dilma e Aécio é a relação pessoal do ex-governador de Pernambuco com o ex-presidente Lula. Conforme pessoas próximas, o ex-presidente e Campos conversam com alguma frequência, sempre em tom de respeito mútuo.

Em um encontro com blogueiros, há cerca de 15 dias, Lula citou Campos como exemplo positivo de pré-candidato que faz campanha com "orgulho" e chamou Marina Silva de "companheira Marina". Ambos foram ministros durante seu governo. Campos de Ciência e Tecnologia e Marina de Meio Ambiente. O PSB só deixou o governo federal em setembro.

Peemedebistas do Rio lançam ‘Aezão’ com 700 lideranças

• Grupo confirma presença de 60 dos 92 prefeitos em apoio a Aécio

Marcelo Remígio – O Globo

RIO — Peemedebistas fluminenses vão oficializar hoje, durante um almoço, o movimento “Aezão”, que defende o apoio à candidatura a presidente do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e sua presença no palanque do governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato à reeleição. Com o lançamento, o grupo de dissidentes sepulta de vez o apoio no estado à reeleição da presidente Dilma Rousseff e enfraquece a aliança nacional entre o PMDB e o PT.

Os organizadores do evento querem mostrar força e contabilizavam até a tarde desta quarta-feira a confirmação da presença de pelo menos 700 convidados, entre lideranças políticas de nove partidos, deputados federais e estaduais, um senador, prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Todos os 92 municípios estarão representados.

O lançamento do “Aezão” fez com que representantes da Executiva Nacional do PMDB acionassem o ex-governador Sérgio Cabral; o prefeito do Rio, Eduardo Paes; e o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Melo, para que pressionassem os dissidentes a não comparecer ao almoço. No entanto, de acordo com interlocutores dos três caciques, pouco foi feito esta semana para tentar barrar a presença dos descontentes com o PT.

Durante o evento, em uma churrascaria na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, líderes do PSD-RJ vão propor a Aécio Neves que integre formalmente a aliança com o PMDB, o que facilitaria a confecção de material de propaganda em conjunto sem a ameça de problemas com a Justiça Eleitoral. Os tucanos, que ainda discutem uma aliança com o candidato do DEM ao Palácio Guanabara, o ex-prefeito e vereador Cesar Maia, devem bater o martelo sobre a proposta em até dez dias.

— É fundamental para Aécio que tenha o PSDB formalmente na aliança de Pezão. Sem os tucanos, o movimento perde vitalidade política e, principalmente, jurídica, dificultando a produção de material — afirma o líder do governo na Alerj, André Corrêa (PSD), um dos organizadores do evento, junto com o presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani; o prefeito de Queimados, município da Baixada Fluminense, Max Lemos (PMDB); e o deputado Domingos Brazão (PMDB).

Pelos menos 60 dos 92 prefeitos fluminenses confirmaram presença no almoço em apoio a Aécio. Em outros municípios, como Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e São Gonçalo, na Região Metropolitana, os dissidentes serão representados por deputados e vereadores. São Gonçalo é o segundo maior colégio eleitoral do estado, e Nova Iguaçu, o quarto. Somente a comitiva da cidade da Baixada vai reunir um deputado e 29 vereadores.

— Será uma demonstração de força e uma prova de que Aécio vai caminhar para uma vitória no estado. Os descontentes com o governo de Dilma no Estado do Rio são muitos — diz o deputado federal Otavio Leite (PSDB), que embarcará nesta quinta-feira, às 10h30min, em Brasília junto com Aécio com destino ao Rio.

As traições aos acordos nacionais também reúnem o PP e o PSD, da base aliada de Dilma, que abraçaram o movimento “Aezão”. Entre os convidados, está o senador Francisco Dornelles, aliado histórico do grupo de Cabral, e o presidente do PSD no estado, Indio da Costa, vice na chapa derrotada ao Planalto do tucano José Serra, em 2012.

As alianças inusitadas no Rio, terceiro maior colégio eleitoral do país, e o descontentamento no estado de parlamentares de partidos aliados de Dilma fizeram com que presidenciáveis reservassem espaço em suas agendas para o estado. Até então, o Rio servia de moeda de troca do PT em negociações nacionais com o PMDB. Aécio é o terceiro candidato ao Planalto a desembarcar no estado esta semana. Eduardo Campos (PSB) e a presidente Dilma cumpriram agenda no Rio nos últimos dias.

Após o lançamento do “Aezão” — nome que alude à união Aécio e Pezão —, líderes tucanos mineiros e paulistas vão compor uma frente de deputados que buscará o apoio de prefeitos de cidades fluminenses que ficam na divisa do Estado do Rio com Minas e São Paulo, e sofrem influência de ambos os estados. A ideia é colocar a máquina eleitoral dos parlamentares atuando nessas regiões em busca de votos para Aécio e Pezão.

Prefeitos e lideranças regionais
Pelos menos 60 dos 92 prefeitos fluminenses confirmaram presença no almoço em apoio a Aécio. Em outros municípios, como Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e São Gonçalo, na Região Metropolitana, os dissidentes serão representados por deputados e vereadores. São Gonçalo é o segundo maior colégio eleitoral do estado, e Nova Iguaçu, o quarto. Somente a comitiva da cidade da Baixada vai reunir um deputado e 29 vereadores.

— Será uma demonstração de força e uma prova de que Aécio vai caminhar para uma vitória no estado. Os descontentes com o governo de Dilma no Estado do Rio são muitos — diz o deputado federal Otavio Leite (PSDB), que embarcará hoje, às 10h30min, em Brasília junto com Aécio com destino ao Rio.

As traições aos acordos nacionais também reúnem o PP e o PSD, da base aliada de Dilma, que abraçaram o movimento “Aezão”. Entre os convidados, está o senador Francisco Dornelles, aliado histórico do grupo de Cabral, e o presidente do PSD no estado, Indio da Costa, vice na chapa derrotada ao Planalto do tucano José Serra, em 2012.

As alianças inusitadas no Rio, terceiro maior colégio eleitoral do país, e o descontentamento no estado de parlamentares de partidos aliados de Dilma fizeram com que presidenciáveis reservassem espaço em suas agendas para o estado. Até então, o Rio servia de moeda de troca do PT em negociações nacionais com o PMDB.

Aécio é o terceiro candidato ao Planalto a desembarcar no estado esta semana. Eduardo Campos (PSB) e a presidente Dilma cumpriram agenda no Rio nos últimos dias.

Após o lançamento do “Aezão” — nome que alude à união Aécio e Pezão —, líderes tucanos mineiros e paulistas vão compor uma frente de deputados que buscará o apoio de prefeitos de cidades fluminenses que ficam na divisa do Estado do Rio com Minas e São Paulo, e sofrem influência de ambos os estados. A ideia é colocar a máquina eleitoral dos parlamentares atuando nessas regiões em busca de votos para Aécio e Pezão. (Colaborou Alexandre Rodrigues)

Três perguntas ao senador

– O “Aezão” é uma traição branca dos aliados à presidente Dilma?

– Não! Ao contrário. É um movimento de solidariedade aos valores, solidariedade ao Estado do Rio, solidariedade à Federação. Eu vejo, na verdade, como um resgate do papel do PMDB na construção de boas páginas da História brasileira.

– Os prefeitos presentes podem pedir como contrapartida seu apoio à candidatura do governador Pezão?

– Isso não está em nossas discussões. O que houve é que uma parcela de partidos políticos que compõem a base de apoio do governador Pezão manifestou o desejo de, no plano nacional, vir conosco. E isso vai acontecer em várias partes do Brasil. A realidade local se sobrepõe às articulações nacionais.

– Há dificuldade em integrar o ex-prefeito Cesar Maia ao movimento “Aezão”?

– O ex-prefeito Cesar Maia está absolutamente correto ao dizer que, independente da construção que se faça no Rio de Janeiro, ele estará do nosso lado, porque ele acredita na nossa candidatura, tem identidade com ela.

Lindbergh tenta conter adesões a movimento

• Senador reclama de falta de empenho de alguns petistas e pede ajuda a Rui Falcão

- O Globo

A traição explícita à aliança nacional entre o PMDB e o PT proposta pelos líderes do movimento “Aezão” repercutiu entre petistas do Estado do Rio e integrantes da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Candidato do partido ao Palácio Guanabara, o senador Lindbergh Farias se reuniu com o presidente do partido, Rui Falcão, para pedir ajuda para conter a rebelião peemedebista. O movimento tem dificultado a busca por apoio à chapa de Lindbergh, além de atrapalhar a campanha de Dilma no estado.

De acordo com interlocutores de Lindbergh, o petista estaria insatisfeito com alguns colegas de partido que não têm demonstrado empenho para estancar o movimento “Aezão”.

O senador petista tem convivido com traições desde o lançamento de sua pré-candidatura. Parte dos prefeitos do PT no estado já declarou apoio a Pezão, entre eles Rodrigo Neves, de Niterói, na Região Metropolitana, e Tarciso Pessoa, de Paracambi, na Baixada Fluminense.

No entanto, prefeitos da base aliada do governador Luiz Fernando Pezão também têm pulado a cerca.

Amanhã, o prefeito de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, Sandro Mattos (PDT), organizará um almoço em apoio à candidatura de Lindbergh.

O PDT compõe a aliança de 15 partidos de Pezão e indicou o vice para a chapa do PMDB, Felipe Peixoto.

O prefeito de São João de Meriti chegou a ser cotado para a vaga de vice de Lindbergh, mas as negociações entre PT e PDT não avançaram. Há um grupo de pedetistas dissidentes que promete apoiar a campanha do petista.

A preocupação com os dissidentes do PMDB no Estado do Rio também esbarra na convenção nacional do partido, que vai ratificar o apoio à reeleição de Dilma Rousseff, com o peemedebista Michel Temer reconduzido na vice da chapa. Embora Sérgio Cabral tenha garantido à presidente a maioria dos votos dos peemedebistas do Rio, nada garante que os aliados do ex-governador cumprirão a promessa de manter a aliança nacional com o PT.

‘A coisa está realmente feia para o governo’, diz Aécio

• Tucano concorda com o cenário pessimista de marqueteiro de Dilma

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA — Quatro partidos nanicos – PMN, PTdoB, PTC e PTN - anunciaram nesta quarta-feira em ato promovido na liderança do PSDB do Senado, adesão à candidatura do senador Aécio Neves (MG) à Presidência da República. O PMN e PTdoB, que fazem parte do bloco com o PR da Câmara, tem juntos seis deputados federais. Ao comentar informação de que na reunião realizada no Palácio da Alvorada, com a presença do ex-presidente Lula, em que João Santana traçou um cenário delicado para Dilma na campanha, Aécio disse que pelo menos nisso tem que concordar com o marqueteiro petista.

— Eu concordo com o marqueteiro mor de Dilma: a coisa está realmente feia para o governo. Mas ele deveria ter visto isso lá atrás, quando resolveram aparelhar o governo entregando empresas como a Petrobras. Deveria ter pensado nisso a cada medida autoritária e equivocada que tomam. O que sei é que o sentimento que vejo por onde ando é um só: já deu! Ninguém aguenta mais o que está acontecendo no Brasil e nós somos a alternativa para a mudança — ironizou

Aécio comemorou a adesão dos nanicos como uma prévia do grande ato que acontecerá amanhã no Rio para formalizar o movimento “Aezão” - Aécio e Pezão - , com o presença de presidentes regionais do PMDB, PP, PSD, SD, PTB e outros. O ato acontecerá na Churrascaria Baby Beef, na Barra da Tijuca.

Aécio diz que a vinda dos partidos , na base, é natural. E que Dilma pode ficar com o tempo de TV, mas ele ficará com o trabalho efetivo dos políticos nos estados.

Pelas regras atuais, Aécio tem 3 minutos e 42 segundos e Dilma tem 10 minutos e 14 segundos. Os quatro partidos que aderiram hoje, depois das convenções, podem lhe dar algo em torno de mais um minuto.

— Eu vejo um esforço enorme da presidente, que está distribuindo espaço no governo a rodo em troca de alguns segundos a mais no tempo de TV. Sem qualquer constrangimento ela loteia estatais e cargos em bancos e outros setores do governo. Sem problema. A Dilma ficará com o tempo de TV e nós ficaremos com o trabalho e abnegação dos homens públicos que querem nos ajudar a mudar essa situação que aí está — disse Aécio.

Sobre o “Aezão”, Aécio explicou que os partidos podem aprovar apoio a Pezão nas convenções, mas ficam liberados para fazer campanha para ele no Rio.

— Vamos receber o apoio de vários partidos maiores do Rio que já manifestaram apoio ao Pezão, mas manifestaram também apoio a minha candidatura. Há uma construção em torno de nossa candidatura - disse Aécio, lembrando que a construção pode se repetir em outros estados.

No ato de adesão do PMN, que lá atrás quase se fundiu com o PPS de Roberto Freire (SP), a presidente Telma Ribeiro disse que a opção por Aécio foi definida porque o considera alternativa para resgatar a dignidade do povo brasileiro.

— Estamos vindo sem pensar em fantasias ou projetos mirabolantes. O que temos é que resgatar a dignidade do povo brasileiro. O ser humano não precisa de caridade. Isso não traz nenhuma satisfação - discursou Telma, que passou o tempo todo de mãos dadas com Aécio.

O deputado Carlos Alberto (PMN-RJ), prometeu a Aécio o apoio de 50 mil taxistas do estado do Rio, com quem discutiu a política da lei seca.

Campos critica medida do governo que reduz IOF

Agência Estado

O pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou nesta quarta-feira que colocar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) num semestre e tirar no outro "não ajuda a criar um bom ambiente de negócios" no Brasil. Perguntado sobre a medida anunciada hoje pelo governo federal, que reduz o IOF incidente sobre empréstimos externos tomados por empresas e bancos, Campos disse que a constante intervenção é o que "atrapalha" o desempenho da economia brasileira.

"Essas idas e vindas dessa e de outras questões é o que termina por criar um ambiente que não ajuda a retomar a confiança, que é um problema hoje do Brasil", afirmou, em Porto Alegre. "O País, antes de uma crise macroeconômica, tem uma crise de confiança." De acordo com ele, esta crise só acabará quando a maneira atual de administrar o Brasil for substituída. Durante o dia, Campos cumpriu agenda na Grande Porto Alegre e, à noite, deve participar de ato político na capital gaúcha para lançar a chapa formada por PMDB, PSD e PSB para as eleições no Estado.

Carlos Siqueira: candidatura própria do PSB seria "ideal" em SP

Agência Estado

O coordenador da campanha de Eduardo Campos e secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, admite que o partido tende a uma aliança com o governador tucano Geraldo Alckmin em São Paulo, mas ainda defende que o "ideal" seria a coligação ter uma candidatura própria no estado, como defende a aliada Marina Silva. "A candidatura própria seria ideal, mas precisaria ser construída", disse Siqueira.

O PSB paulista é majoritariamente tucano, mas, além da resistência da Rede, a aliança com Alckmin também foi prejudicada pela aproximação dos tucanos com o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Nos bastidores, fala-se na possibilidade da formação da chapa com Kassab na vice e o PSB com a indicação ao Senado, provavelmente do presidente do diretório estadual, Márcio França.

Siqueira não quis comentar diretamente essa articulação e disse apenas que "na política nem sempre prevalece a vontade e o ideal funciona a realidade". O secretário-geral afirmou ainda que não há um "alinhamento" do PSB nacional com a aproximação do PSDB, mas que o partido respeita a estrutura interna. "O posicionamento do diretório de São Paulo vai ser levado ao congresso estadual e a decisão vai ser respeitada". Apesar do tom de conformação, Siqueira não descarta mudanças no cenário e lembra que a aproximação com Alckmin em São Paulo não é definitiva. "Fatos novos sempre podem surgir na política", pontuou.

Kassab descarta apoio a Aécio e reafirma aliança com Dilma

• Ex-prefeito também disse que vai definir até a próxima semana se PSD terá candidato próprio em SP ou se fecha com PSDB ou PMDB

Gustavo Porto - Agência Estado

RIBEIRÃO PRETO - O ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, descartou, nesta quarta-feira, 4, apoiar a candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência e reafirmou a aliança com a presidente Dilma Rousseff (PT). "Qualquer acordo com o PSDB e com o Aécio está afastado por conta do compromisso de apoiar a reeleição da presidente", disse. "Dilma é a minha candidata."

Com a declaração, Kassab tenta colocar fim às especulações de que seu partido poderia se aliar à candidatura do senador Aécio Neves, em razão das chances de o PSD apoiar a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo paulista. Nesta manhã, o ex-prefeito também afirmou que o PSDB vai definir até o fim da próxima semana se apoiará o PSDB ou o PMDB em São Paulo nas eleições de outubro, ou se vai manter a candidatura própria. "Semana que vem esperamos ter essa aliança amadurecida. É evidente que não há unanimidade", disse Kassab, que ratificou sua posição pessoal por lançar um nome da sigla.

Kassab defendeu ainda a verticalização nas coligações eleitorais em eleições federais e estaduais. Ele admitiu, porém, que seu partido caminha para fechar acordos divergentes em outubro, com o apoio ao PT nacionalmente e a possível coligação com PSDB ou PMDB em São Paulo. "Não havendo verticalização nas alianças, não tem sentido o PSD fazê-la, porque nenhum partido faz", concluiu Kassab, que participou do seminário Agenda Ribeirão, em Ribeirão Preto (SP).

Plano de Aécio defende programas do PT

• Em estratégia para anular discurso de adversários, diretrizes elaboradas pela equipe do tucano preveem expansão do Pronatec e do ProUni

Julia Duailibi - O Estado de S. Paulo

O programa de governo do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, fará a defesa dos principais projetos sociais das gestões dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que tentará reeleição.

Documento elaborado por colaboradores de Aécio para a educação, que será lançado hoje à noite no Portal Social, site ligado ao PSDB e abastecido pelos integrantes da campanha, mostra que os tucanos defenderão a "expansão" e o "aprimoramento" de programas implementados pelo PT, como o Pronatec, criado em 2011, no governo Dilma, e o ProUni, criado em 2004, no governo Lula.

A inclusão de bandeiras petistas no programa de governo de Aécio segue a estratégia dos tucanos de tentar conquistar os eleitores com menor nível de renda e beneficiários dos programas sociais, que nas últimas eleições se alinharam ao PT.

Também é uma tentativa de se defender do discurso dos adversários segundo o qual a vitória do PSDB levaria ao término das conquistas sociais alcançadas nos governos petistas.

Lógica parecida já tem sido usada pelo pré-candidato do PSDB ao apresentar um projeto no Congresso que torna o Bolsa Família uma política de Estado e apoiar iniciativas parlamentares sobre o aumento do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda.

Nomes. Intitulado "Princípios Gerais para o Debate de Educação", o documento contém as 30 diretrizes que irão balizar o programa de Aécio, que está sendo coordenado por Antonio Anastasia, ex-governador de Minas e pré-candidato ao Senado pelo PSDB. A área social conta ainda com a participação da ex-deputada Rita Camata (PSDB-ES) e do deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG), que atuam como coordenadores setoriais.

"Defendemos que ninguém deixe de cursar o ensino superior por falta de recursos. Os mecanismos de financiamento do ProUni e do Fies serão expandidos e aprimorados de modo que revertam em valorização e estímulo da qualidade das IES (Instituições de Ensino Superior) particulares", diz o documento numa referência ao fundo criado em 1999 pelo governo do tucano Fernando Henrique Cardoso e expandido por Dilma.

Ao abordar o ensino médio, o documento fala na melhoria do Pronatec, sem especificar pontos. "O aprimoramento do Pronatec e a maior articulação dos cursos profissionalizantes e técnicos com as cadeias produtivas locais e regionais. Uma escola pública que venha a auxiliar o jovem na transição escola-trabalho ou na transição ensino médio-universidade, a seu critério."

O PT vai usar na campanha a abrangência do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego), do ProUni (Universidade para Todos) e do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) como um dos motores da propagada - já tem falado deles em pronunciamentos públicos.

Segundo dados oficiais, em dois anos, o Pronatec propiciou mais de 6,8 milhões de matrículas em cursos técnicos e de qualificação profissional. Já o ProUni, desde a sua criação, concedeu bolsas, parciais ou integrais, a mais de 1,2 milhão de estudantes. Outro dado que será explorado é a ampliação do Fies, cujo número de empréstimos, segundo o governo, chegou a 1,1 milhão na gestão Dilma.

Para Campos, governo não fez política ‘mais limpa e decente’

• Pré-candidato do PSB diz que chegou a hora de julgar a gestão da presidente

Flávio Ilha – O Globo

PORTO ALEGRE- O pré-candidato do PSB à Presidência e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, acusou ontem a presidente Dilma Rousseff de não ter melhorado a qualidade da política brasileira e nem garantido uma gestão “limpa e decente” à
frente do governo.

— Foi ela que assumiu o compromisso de melhorar a qualidade da política. E foi ela que não conseguiu fazer. Lamento, sinceramente, que não tenha conseguido ter uma gestão mais própria, uma política mais limpa e mais decente, com gente comprometida com os princípios republicanos. Lamento, mas o fato é que não conseguiu e chegou a hora de julgar, feito um aluno em uma sala de aula.

Tem que ter a coragem de botar a nota dela — afirmou, em entrevista coletiva.

Na crítica à presidente, Campos se referiu também a supostos boatos de que irá acabar com o programa Bolsa Família se for eleito:

— Setores do governo ficam difundindo que esses programas serão extintos se (a presidente Dilma) não ganhar a eleição. É um terrorismo eleitoral que tem sido feito ao disseminar medo entre os beneficiários do programa.

Campos criticou também a polarização da disputa eleitoral entre Dilma e o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves:

— A polarização já cansou o Brasil, estamos vendo a expressão disso em vários estados.

Para vencer a agenda do Brasil, é preciso superar a polarização imposta nesses 20 anos por duas forças que já nos governaram e deixaram de realizar muitas coisas.

Em Porto Alegre, Campos se encontrou com a cúpula do PMDB do Rio Grande do Sul, o que não estava previsto. O encontro teve representantes do PPS, do PSD e de siglas menores que o apoiarão no estado.

Temer garante a Dilma reedição da aliança

• Dissidentes do PMDB ainda acham possível implodir apoio à reeleição

Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA- O vice-presidente Michel Temer acertou ontem a participação da presidente Dilma Rousseff na convenção nacional do PMDB, na próxima terça-feira, e assegurou a ela que terá mais de 70% dos votos para aprovar a reedição da aliança com o PT nas eleições deste ano.

Dissidentes peemedebistas moderados reconhecem, reservadamente, que hoje os governistas são maioria, mas contestam os números exibidos por Temer, afirmando que a votação será mais apertada. Os descontentes mais radicais, por sua vez, acreditam ainda ser possível implodir o apoio à reeleição e apostam nas traições propiciadas pela votação secreta.

Na convenção, a direção do PMDB apresentará proposta de programa de governo no qual defenderá a liberdade de imprensa, em contraposição à regulação dos meios de comunicação defendida pelo PT. Também devem constar do documento tópicos como a defesa do controle fiscal e do agronegócio.

Segundo aliados de Temer, devem votar majoritariamente contra o apoio à reeleição de Dilma os diretórios do Rio, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Acre e Piauí. Também há problemas no Mato Grosso do Sul, no Paraná e em Goiás.

O deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), da ala que apoia o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), afirma que pelo menos 60 dos 74 votos do Rio serão contra a aliança com o PT, o que corresponde a quase 10% da convenção.

— O governo (Dilma) não tem dado conta do recado. A economia vai mal. No voto secreto, a maioria possivelmente vai deliberar pelo rompimento — disse Picciani.

Da turma dos dissidentes, o ex-vice-presidente Corporativo da Caixa Econômica Geddel Vieira Lima se reuniu ontem com Temer. Apesar de estar disposto a fazer campanha na Bahia para Aécio, ele estaria prometendo votar a favor da aliança com o PT na convenção nacional. O mesmo deve acontecer com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), que cobra, sem sucesso, o apoio do PT à sua candidatura ao governo do estado.

Queixas crescentes
Temer tem ligado para os descontentes pedindo apoio. O deputado Danilo Forte (PMDB-CE), um dos mais estridentes, reclama do tratamento recebido do governo:

— Passamos quatro anos assim.

Por que acreditar que agora vai ser diferente? Você não vai duas vezes a um restaurante onde a comida é ruim.

Em reunião da bancada do PMDB da Câmara, os dissidentes pediram ontem que o nome de Temer seja retirado da cédula de votação, para evitar constrangimentos. A pergunta atualmente é: Você é a favor da aliança com o PT com Michel Temer na chapa de vice?

Os peemedebistas contrários à reedição da aliança também cobraram, na reunião da bancada, o direito à palavra na convenção. Dos 37 deputados presentes, pelo menos oito fizeram discurso contra a reeleição de Dilma e apenas quatro defenderam. A bancada da Câmara é um foco de insatisfação com o Palácio do Planalto.

Um dos principais motivos de insatisfação no PMDB é com a falta de apoio do PT a seus candidatos a governador.

Outro é com o tamanho da participação no governo. Na reforma ministerial feita por Dilma neste ano eles tinham a expectativa de assumir o Ministério da Integração Nacional, o que não aconteceu.

Pesquisa aponta disputa de Pezão e Lindbergh pelo 3º lugar

• Garotinho e Crivella lideram empatados a corrida pelo governo

O Dia

RIO - Pesquisa do Instituto GPP aponta o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o senador Marcelo Crivella (PRB) empatados em primeiro lugar na corrida pelo Palácio da Guanabara. Encomendado pelo PMDB do Rio, o levantamento mostra o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o senador Lindbergh Farias (PT) embolados na terceira posição na disputa pelo governo do Rio.

Pela pesquisa, realizada com dois mil eleitores, nos dias 31 de maio e 1º de junho, o ex-governador Garotinho lidera com 19,5% das intenções de voto contra 19% de Crivella. Pezão aparece na frente de Lindbergh com uma pequena vantagem: o peemedebista detém 11,7% da preferência do eleitorado fluminense, enquanto o petista aparece com 10,6% .

Em seguida, vem Cesar Maia (DEM) com 7,2%. Miro Teixeira, do Pros, aparece na última posição com 3%. Menos de 30% dos eleitores pretendem votar em branco ou anular o voto ou não sabem ainda em quem votar. Entre os quatro primeiros colocados na disputa pelo governo do Rio, Pezão aparece como o mais desconhecido do eleitorado fluminense, segundo a pesquisa do Instituto GPP. Garotinho é o mais conhecido do eleitor, mas também o que apresenta o maior índice de rejeição.

“Na medida em que o governador Pezão vai se tornando mais conhecido, melhora a sua intenção de voto. Entre todos os candidatos, ele ainda é o mais desconhecido e, por isso mesmo, o candidato com maior potencial de crescimento. Ele já deu um salto desde abril, quando assumiu o Governo. Não tenho dúvidas de que chegaremos na frente no segundo turno”, afirmou presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, mentor do movimento ‘Aezão’, que será lançado hoje no Rio e prega o voto para presidente o senador Aécio Neves (PSDB) e em Pezão para governador.

A candidata à reeleição e presidenta Dilma Rousseff (PT) lidera a pesquisa do GPP no Estado do Rio de Janeiro, com 32,9%. O tucano Aécio Neves está com 16%. O ex-governador Eduardo Campos (PSB) tem 7,1% das intenções de voto, seguido de perto do pastor Everaldo (PSC), com 6,1%. O senador Randolfe Rodrigues, do Psol, tem 1,1% dos votos. Segundo a pesquisa do GPP, o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) aparece em primeiro lugar na disputa por uma vaga no Senado, com 26,3% das intenções de voto. Depois, vêm os deputados Jandira Feghalli (PC do B), com 22,7%, e Romário (PSB), com 21,6%.

Exército nas ruas durante o Mundial

• Brasília, São Paulo, Rio, Cuiabá, Curitiba e Natal já aceitaram a proposta do governo federal de que militares atuem na segurança do evento. Anistia Internacional pede respeito ao direito de manifestação

Diego Abreu, André Shalders – Correio Braziliense

Mais da metade das 12 cidades sedes da Copa do Mundo contarão com o reforço de tropas militares durante o torneio internacional. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, enfatizou ontem que os governadores da maioria dos estados que receberão partidas aceitaram a oferta do governo federal de envio de um contingente adicional das Forças Armadas para auxiliar as polícias na segurança do evento.

Homens do Exército, no entanto, não atuarão diretamente nas manifestações, mas terão um papel "dissuasório" em relação a eventuais protestos, pois estarão espalhados por pontos estratégicos das cidades sedes. Já a Anistia Internacional preparou um relatório, que será entregue hoje no Palácio do Planalto, em que cobra o respeito à liberdade de expressão e de manifestação durante a Copa.

Cardozo alertou, em entrevista, que as pessoas têm liberdade para se manifestar, mas frisou que os abusos por parte de manifestantes que se aproveitam dos protestos "para praticar ilícitos" serão coibidos, assim como os excessos de autoridades que se excederem. "Estamos recebendo as respostas dos governadores. Até o momento, parece claro que a maioria dos governadores está aceitando, sim, a oferta de termos um contingente adicional das Forças Armadas auxiliando as polícias. São Paulo e Rio já aceitaram. Acredito que a grande maioria dos governadores deve aceitar", afirmou o ministro da Justiça.

O governo ofereceu o envio das tropas para todas as 12 cidades que sediarão jogos da Copa. O Correio apurou que seis governadores já aceitaram a oferta e os militares estarão nas ruas de Brasília, São Paulo, Rio, Cuiabá, Curitiba e Natal na semana que vem. Outros três estados ainda não deram resposta, mas tendem a aceitar o reforço militar: Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Os governadores do Ceará, do Amazonas e de Minas Gerais já teriam dispensado o aumento do efetivo para a segurança. "Não estamos em condições de negar ajuda", destacou o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame. "É uma força complementar, e nós, obviamente, aceitamos. Não se nega esse tipo de apoio. Temos 15 delegações em São Paulo", destacou o secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella.

Os militares armados ficarão em pontos específicos das cidades, mas não terão o papel de atuar na repressão a possíveis atos violentos praticados durante protestos. Tal papel é atribuição das polícias. As forças do Exército só serão acionadas em caso de manifestações que saírem do controle e, para isso, é necessário que haja uma autorização da presidente Dilma Rousseff.

Legislação
A fim de garantir os direitos de haver protestos durante a Copa, integrantes da Anistia Internacional estarão hoje em Brasília para cobrar dos poderes Executivo e Legislativo o respeito às leis. Com o lema "Eles usam uma estratégia de medo: proteção do direito ao protesto no Brasil", o relatório que será entregue pela entidade reúne 90 mil assinaturas contrárias à aprovação de leis que coíbem protestos. O grupo pediu uma audiência com a presidente Dilma Rousseff, mas não será atendido hoje. A ideia é protocolar o documento, de 24 páginas, na Secretaria-Geral da Presidência. O relatório reúne exemplos de abusos cometidos pelas polícias, em manifestações recentes, e recomendações sobre o uso das forças de segurança.

A assessora de direitos humanos da Anistia Internacional no Brasil, Renata Neder, diz que as 90 mil assinaturas coletadas pela internet serão entregues de forma simbólica, depois de ato previsto para a manhã de hoje em frente ao Congresso. "Queremos prevenir eventuais abusos da polícia durante a Copa do Mundo. Já estávamos com material impresso pronto para entregar, mas fomos surpreendidos pela negativa do governo federal em nos receber. De qualquer forma, vamos fazer o ato e protocolar o relatório na Secretaria-Geral da Presidência e no Senado", disse Renata. "O principal objetivo é evitar que eventuais abusos ocorram durante os protestos e também impedir que nova legislação que restrinja a liberdade de expressão e manifestação seja aprovada", acrescentou.

Em outra frente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) deu um "cartão vermelho" para o que classificou de "inversão de prioridades" em relação ao uso de recursos públicos na Copa do Mundo. A entidade imprimiu folhetos que serão distribuídos em três línguas e trarão oito itens que causam "a preocupação das igrejas". Um deles é a exclusão de milhões de cidadãos ao direito à informação e à participação nos processos decisórios sobre as obras da Copa. A CNBB critica ainda a delegação de responsabilidades públicas a corporações privadas que "se apropriam do esporte".

Dilma e Gabrielli tiveram 3 reuniões antes de Pasadena

• Encontros ocorreram entre entrada da refinaria no foco da Petrobrás e decisão pela compra; Secom diz que razões de audiências foram outras

Rafael Moraes Moura e Andreza Matais - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - À frente da Casa Civil, a então ministra Dilma Rousseff se reuniu a portas fechadas pelo menos três vezes com o então presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, após a refinaria de Pasadena entrar no foco da estatal, em março de 2005, e antes de a compra de 50% da unidade dos EUA ser aprovada, em fevereiro de 2006.

Dilma era a presidente do conselho da estatal e comandou a reunião de 3 de fevereiro de 2006 em que o negócio foi aprovado. Menos de 20 dias após o aval do conselho, Dilma se reuniu de novo com Gabrielli, conforme agenda da Casa Civil, obtida via Lei de Acesso à Informação. Trata-se, portanto, de encontros que não estavam disponíveis na internet. Houve, porém, vários outros encontros públicos, para discussões específicas ou anúncios de negócios da estatal, como o da foto desta página.

Em março, após o Estado revelar sua posição favorável ao negócio que custou U$ 1,2 bilhão aos cofres públicos, a presidente afirmou, em nota ao jornal, que autorizou a compra com base num relatório "técnica e juridicamente falho" elaborado pela diretoria internacional da empresa. As cláusulas do contrato obrigaram a estatal brasileira a ficar com 100% da refinaria após longo litígio com a sócia belga Astra Oil. A Petrobrás admite prejuízos de cerca de US$ 500 milhões na compra da refinaria de Pasadena.

Investigações. O Congresso já instaurou duas CPIs para investigar o negócio, além de outras suspeitas relacionadas à estatal, em especial aos negócios envolvendo o ex-diretor de Abastecimento da companhia petrolífera Paulo Roberto Costa.

O Tribunal de Contas da União (TCU) também apura a compra da refinaria. O Ministério Público no TCU recomenda que a presidente Dilma e os demais membros do conselho sejam responsabilizados.

De junho de 2005 a março de 2010, época em que chefiou a Casa Civil, Dilma manteve pelo menos 24 audiências no Palácio do Planalto com Gabrielli - o recorde ocorreu no ano de 2007, quando também foi verificado o maior número de reuniões (cinco) com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Gabrielli para tratar da empresa.

As audiências com Gabrielli, um interlocutor frequente da então ministra, geralmente ocorreram antes das reuniões do Conselho de Administração da Petrobrás, das quais Dilma chegou a participar até por teleconferência (como em 10 de novembro de 2006) e videoconferência (30 de julho de 2009). No dia 10 de agosto de 2005, a agenda da Casa Civil registra uma "reunião interna" para tratar da Petrobrás, mas não detalha os participantes nem o assunto.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) informou que, durante as reuniões com Gabrielli, Dilma tratou de "questões referentes à cadeia produtiva de petróleo", como a reconstrução da indústria naval, a exigência de conteúdo local no fornecimento de plataformas, sondas e demais equipamentos, a retomada da produção de fertilizantes, a ampliação do fornecimento de asfalto e o monitoramento e execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A Secom não informou à reportagem se Dilma tratou com Gabrielli especificamente da compra de Pasadena antes de o conselho da Petrobrás chancelar o negócio. Tampouco respondeu se Lula foi consultado antes da aprovação da transação.

"No tocante à refinaria de Pasadena, esclarece-se que os posicionamentos da então ministra-chefe da Casa Civil foram feitos no Conselho de Administração da Petrobrás e estão registrados nas atas do referido conselho", informou a Secom.

Gabrielli, que atualmente ocupa o cargo de secretário de Planejamento da Bahia, limitou-se a informar, via assessoria, que as reuniões "foram sobre assuntos gerais da cadeia de gás e petróleo na qual a empresa tem um papel de destaque".

Abastecimento. Segundo a agenda da Casa Civil, houve apenas uma audiência de Dilma com o então diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, realizada no dia 5 de setembro de 2007. Interrompida pelo lançamento de um programa voltado para a juventude, a audiência foi retomada no mesmo dia, após solenidade no Museu da República.

Costa é investigado na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, deflagrada em março para apurar suposto esquema de desvio de recursos e lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef. A dupla teria desviado recursos de contratos da Petrobrás com fornecedores.

De acordo com a Secom, o encontro de Dilma com Costa em 2007 foi para tratar do abastecimento e distribuição de biodiesel. A então presidente da Petrobrás Distribuidora, Maria das Graças Foster, também teria participado da audiência.

Para decolar 3ª via, ex-governador vai ao ataque

• Campos rompe pacto de não agressão com Aécio e aumenta tom de críticas ao governo da ex-aliada Dilma

Elder Ogliari - O Estado de S. Paulo

PORTO ALEGRE - Enquanto PT e PSDB já projetam uma polarização entre seus futuros candidatos na eleição presidencial deste ano, o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, adotou uma estratégia mais agressiva para tentar ganhar visibilidade.

O primeiro ato de Campos foi romper o pacto de não agressão com o pré-candidato tucano Aécio Neves e tentar se diferenciar da pauta do senador mineiro. O distanciamento entre os dois nas pesquisas de intenção de voto determinou uma reorientação nos rumos da pré-campanha do ex-governador pernambucano - que entrou na disputa presidencial disposto a se apresentar como uma terceira via.

Nos últimos dias, Campos também intensificou a bateria de críticas à presidente Dilma Rousseff e ao governo da petista. Ontem, em Porto Alegre, ele acusou o governo de fazer "chantagem política" com o programa Bolsa Família.

Campos voltou a dizer que "setores da base de sustentação da presidente" fazem "terrorismo eleitoral" e estão disseminando o medo entre os beneficiários do principal programa social do governo federal.

"Tenho dito e reiterado que esse programa (Bolsa Família) não pode servir de base para a chantagem política que há em curso no Brasil", afirmou. "Nos Estados em que o Bolsa Família é mais expressivo, setores da base de sustentação da presidente ficam boatando, difundindo nos sindicatos, na porta dos bancos em dias de pagamento, que os programas serão extintos se ela (Dilma) não ganhar."

O pré-candidato do PSB reiterou que vai manter e ampliar o Bolsa Família e complementar o programa com políticas para creches, educação, moradia e saneamento. "Acima do Bolsa Família as pessoas querem cidadania", disse. Segundo ele, os programas sociais estão na história do PSB.

Campos também repetiu que vai avaliar o desempenho do programa Mais Médicos, outra vitrine do governo federal, mas admitiu que tem ouvido das comunidades que elas querem a permanência dos profissionais estrangeiros. "Temos que deixar os médicos lá, respeitar leis trabalhistas e formar médicos brasileiros para em dez anos não precisarmos mais passar por essa situação."

Julgamento. Questionado sobre o fato de centralizar suas críticas que faz em Dilma Rousseff, sem incluir nelas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Campos lembrou que a discussão é da sucessão da atual chefe do Executivo e não dos anteriores. "Chegou a hora de a gente julgar ela", propôs, para comparar a presidente a um estudante que não se preparou para a prova. "Você tem que ter coragem de dar a nota (baixa) a ele (o estudante), para o bem dele, para que talvez ele entenda que, repetindo aquela matéria, pode aprender."

Conforme Campos, foi Dilma que "assumiu o compromisso de melhorar a qualidade da política e não conseguiu fazer". "Lamento profundamente que não tenha conseguido entregar aquilo que se comprometeu a fazer, uma gestão mais própria, política limpa e mais decente, com gente comprometida com os princípios republicanos", afirmou.

'Engano'. Para o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, um dos mais próximos aliados de Campos, a tese ventilada por tucanos e petistas é "um tremendo engano". Na avaliação do dirigente, a hipótese de uma terceira via eleitoral na disputa presidencial ganhará força quando a campanha começar oficialmente. "Não estamos disputando o terceiro lugar. As diferenças em relação a Dilma e a Aécio se tornarão visíveis quando a campanha começar." / Colaborou Pedro Venceslau.

Oposição tenta enfraquecer união de Dilma com PMDB

• Aécio e Campos exploram divisões no partido e buscam apoio nos Estados

• No dia 10, a maior legenda da coalizão governista decide se permanece ou não na aliança com a petista

Natuza Nery, Marina Dias, Italo Nogueira e Felipe Bächtold – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, SÃO PAULO, RIO, PORTO ALEGRE - Interessados em implodir a estratégica união do PMDB com Dilma Rousseff, os presidenciáveis oposicionistas Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) iniciaram nas últimas semanas uma silenciosa ofensiva para levar o partido a derrotar a aliança com a presidente da República.

Em 10 de junho, a maior legenda da coalizão governista vai decidir se aprova a permanência na chapa pela reeleição da petista e a continuidade de Michel Temer na vice.
Nos bastidores, adversários de Dilma passaram a estimular traições e aprofundar dissidências no território peemedebista. Mais do que conquistar aprovação às suas próprias candidaturas, Campos e Aécio querem minar um casamento político, vital à hegemonia de Dilma no tempo de TV da propaganda eleitoral.

Segundo a Folha apurou, Aécio atacou dois dos três Estados com maior peso na convenção, Rio e Minas, obtendo promessa de levar a maioria dos votos contra a aliança com Dilma no dia 10.

Campos investiu sobre o Ceará e buscou alimentar rachas em redutos onde a convivência entre PT e PMDB já é problemática, aproveitando-se dessa fragilidade.

Em boa parte das apostas sobre o resultado da votação, Dilma é apontada como vitoriosa, apesar dos altos riscos de traição --o voto é secreto e o PMDB é conhecido por seu alto grau de infidelidade.

Mesmo com a insatisfação geral no PMDB em relação ao tratamento dado pela presidente da República nos últimos anos, Michel Temer ainda é tratado como garantia de manutenção da aliança.

Presidente da sigla por muitos anos, sua influência caiu desde que assumiu a cadeira de vice no Planalto, mas não a ponto de uma derrota ser dada como certa. Por outro lado, ninguém é capaz de descartar com absoluta certeza a hipótese de um revés, nem mesmo no governo.

Revés
Eduardo Campos conversou longamente com o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), pré-candidato ao goverdo Ceará e incomodado com a falta de apoio de Dilma Rousseff à sua campanha. No Estado, a presidente está com os irmãos Gomes, Cid e Ciro, ambos oponentes de Eunício.

No diálogo, o presidenciável fez uma análise pessimista sobre a situação da economia e se declarou convicto de que irá para um eventual segundo turno. Para contar com os votos dos rebeldes cearenses no encontro do PMDB, pediu apenas o chamado "palanque aberto".

Ou seja: Eunício poderia receber para eventos eleitorais tanto Aécio quanto Campos. O movimento, porém, não foi combinado entre os dois oposicionistas, embora a operação para atrair dissidentes sirva a ambos.

'Velha política'
Em suas falas públicas, Campos tem se apresentado como um crítico da "velha política", citando nominalmente caciques do PMDB como expoentes do fisiologismo.

Ele chegou a prometer mandar o senador José Sarney (PMDB-AP) "para casa". Não há relatos de que Campos tenha procurado nenhum daqueles que tem criticado.

Nesta quarta (4), em Porto Alegre (RS), onde apoiará o peemedebista José Ivo Sartori na disputa para o governo, Campos elogiou o passado do PMDB ao justificar o acordo com o partido em palanques regionais. Disse que o apoio ao PSB de figuras como Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) estimula os peemedebistas a "reencontrarem" a sua linha histórica.

"A unidade do PMDB daqui está animando o PMDB autêntico do Brasil afora. O PMDB do Rio Grande do Sul e o de Pernambuco sempre foram referência", disse.

Ele citou ainda Mato Grosso do Sul, onde vai se aliar ao peemedebista Nelson Trad.

Já Aécio Neves está se movimentando no Estado com maior números de votos da convenção, o Rio de Janeiro. A operação surtiu efeito. Nesta quinta-feira (5), o PMDB realiza encontro para defender a chapa "Aezão", uma combinação do nome do tucano com o do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Apesar de declararem apoio a Dilma, Pezão e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) não tentaram evitar o encontro. A rebelião começou após o PT decidir lançar a candidatura do senador do partido Lindbergh Farias.

Anistia lança campanha pelo direito à manifestação durante a Copa

• Organização vai protocolar nesta quinta no Palácio do Planalto e no Congresso, um abaixo-assinado

Demétrio Weber – O Globo

BRASÍLIA - A Anistia Internacional vai protocolar nesta quinta-feira, no Palácio do Planalto e no Congresso, um abaixo-assinado em defesa do direito de manifestação pacífica durante a Copa, cobrando das autoridades brasileiras que as polícias não façam uso indevido da força durante os protestos. Com o slogan "Dê a eles o cartão amarelo", a campanha foi lançada em 8 de maio e já coletou mais de 91,5 mil assinaturas pela internet. O próximo passo será levar o documento aos respectivos governos estaduais nas 12 cidades-sede da Copa.

"Todas as pessoas têm o direito de protestar de maneira pacífica – exercer seu direito humano a liberdade de expressão e manifestação pacífica – e o governo brasileiro tem a obrigação de garantir que possam exercê-lo. Por isso estamos dando o cartão amarelo ao governo brasileiro!", diz o texto da petição pública na internet (www.cartaoamarelo.net).

O diretor-executivo da Anistia Internacional no Brasil, Atila Roque, enfatiza que a campanha não é contra o governo brasileiro nem contra a Copa. Segundo ele, a entidade quer assegurar o direito a manifestações pacíficas, já que condena qualquer ato de violência.

- Sabemos que democracia é um aprendizado constante e o Brasil precisa, portanto, saber lidar com o dissenso, não importa em que circunstância. Embora a Copa seja um momento de muito visibilidade, não se deve abrir exceção em relação aos direitos das pessoas.

Uma das reivindicações é a definição de protocolos para orientar a atuação das Polícias Militares, com regras claras para uso progressivo da força e regulamentação do uso das chamadas armas não-letais, como balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Para a Anistia Internacional, porém, essas armas são "menos letais", na medida em que seu uso abusivo pode provocar mortes.

A Anistia Internacional produziu um relatório com fotos de manifestações que foram alvo de forte repressão policial, no ano passado. O título é: "'Eles usam uma estratégia de medo' - Proteção do direito ao protesto no Brasil."

O texto cita o caso do fotógrafo Sérgio Andrade da Silva, que ficou cego de um olho ao ser atingido por bala de borracha, numa manifestação em São Paulo, em 13 de junho de 2013. Na mesma data, a repórter Giuliana Vallone também foi ferida no olho por uma bala de borracha disparada por policial militar, num momento em que não havia confronto com a polícia. Os dois estavam trabalhando quando foram atacados. Ela, no entanto, não perdeu a visão.

A Anistia alerta para o despreparo das polícias brasileiras ao lidar com manifestações: "Centenas de manifestantes saíram feridos das manifestações que ocorreram no Rio de Janeiro e em São Paulo desde junho de 2013, em geral pelas mãos da Polícia Militar. A falta de treinamento para o policiamento de protestos e a ausência de regulamentação específica para o uso das chamadas armas menos letais contribuíram para o uso excessivo da força pelas polícias em diversas manifestações", diz o texto.

Segundo o relatório, outro problema é o uso de legislação inadequada para punir manifestantes, além de movimentos no Congresso para aprovar leis mais duras. A Anistia informa que há um único condenado pelos protestos até o momento, o morador de rua Rafael Braga, no Rio: "(...) o morador de rua da cidade do Rio de Janeiro cumpre pena de cinco anos em Bangu 2. Ele foi acusado de portar materiais para fazer explosivos, apesar do relatório da perícia ter afirmado que os líquidos que ele carregava quando foi preso não serviriam para este fim."

O diretor-executivo observa que a violência ocorrida em manifestações no ano passado, seja por parte de policiais ou de manifestantes, acabou afastando a população das ruas em 2014:

- O sentimento geral de repúdio à violência, tanto da polícia quanto de alguns manifestantes, é o que a população expressou ao se afastar das ruas.

Atila diz que as assinaturas serão protocoladas hoje de forma simbólica, uma vez que as adesões se deram pela internet, com origem em 108 países, e não há um documento impresso com os nomes de todos os apoiadores. Ele conta que a entidade pediu audiência com a presidente Dilma Rousseff ou com o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, mas ambas solicitações foram recusadas. No caso do pedido de encontro feito ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a entidade não tinha sequer recebido resposta até ontem à tarde.

- É frustrante, a gente lamenta. Vamos ao protocolo - disse Atila.

Jarbas de Holanda: O duplo objetivo do PT: reeleição de Dilma e preparo da guerra contra outro governo

Regulação da mídia. Na verdade, mecanismos institucionais para controle da imprensa, esta qualificada pelo próprio Lula como “partido de oposição”. Tema já definido como relevante para os candidatos do partido nos pleitos estaduais, bem como para a campanha reeleitoral da presidente, mas neste caso sofrendo restrições da direção do PMDB. E a criação de “conselhos populares” por decreto de Dilma Rousseff, cujo texto institui um “Sistema de Participação Social” em que tais conselhos cumprirão o papel de representar os “setores organizados” nas decisões do governo federal. Na verdade, um passo político-institucional para progressiva troca da democracia representativa, consagrada na Constituição, pela “democracia direta e plebiscitária da receita bolivariana”. Passo articulado com a desenvoltura do secretário geral da presidência, Gilberto Carvalho, na negociação pessoal com grupos responsáveis por atos ilegais e violentos, como os praticados recentemente por por índios em Brasília e ações de invasões de terra desdobradas em paralisações sucessivas de artérias vitais nas grandes cidades.

Tais iniciativas – da que alveja a liberdade de imprensa às que ameaçam a institucionalidade democrática – têm em vista, imediatamente, favorecer a campanha reeleitoral de Dilma e a preservação ou aumento do peso do PT nos estados e no Congresso Nacional. A primeira, de resultados incertos em face da avaliação predominantemente negativa do governo pelo conjunto da sociedade e, adicionalmente, pela persistência dos partidários do “volta Lula”, que pode reemergir no caso de tropeços da candidata em pesquisas à frente. E as campanhas próprias dos petistas afetadas pelo grande desgaste do partido nas camadas médias e mais bem informadas da população. Problemas, uns e outros, que, induzem o pragmático Lula e os marqueteiros instalados no Palácio do Planalto a optarem por uma radicalização das campanhas em torno do apelo “pobres contra ricos”, da denúncia de que uma vitória da oposição implicará o desmonte das políticas sociais, em particular do “bolsa família”, e da adoção das bandeiras esquerdistas de regulação da mídia e da “democracia direta”.

Mas essa radicalização serve também a outro objetivo já definido e esquematizado pelo lulopetismo, além dos de manutenção do governo central e de conquista de hegemonia partidária no próximo Congresso. Trata-se do preparo de agressiva oposição ao Executivo para a alternativa de derrota na disputa maior em 26 de outubro. A “virada” oposicionista articularia, ou articulará, uma atuação radical das bancadas legislativas com ruidosos protestos de rua da CUT, do MST e de novos movimentos como os dos sem teto, contra toda e qualquer medida político-administrativa de enfrentamento dos graves problemas e distorções macro e micro-econômicas, que serão legados pelo governo Dilma, e igualmente de bloqueio a qualquer proposta de reforma estrutural. Protestos que terão a forma de uma “verdadeira guerra social”, como foi antecipado dias atrás em Porto Alegre pelo líder do MST, João Pedro Stédile. Num contexto em que as entidades promotoras seriam integrantes dos “conselhos populares” que estão sendo criados, em parte já com a perspectiva de tal “virada”, para um retorno de Lula na sucessão de 2018.

Perspectiva que poderá não resistir a um possível malogro da reeleição de Dilma, combinado com a perda pelo PT, já configurada como provável, de dois governos estaduais importantes, os do Rio Grande do Sul e da Bahia. E que distanciaria o partido de um desejável recomeço – pós-mensalão e da prática de abusivo e sufocante aparelhamento do Estado – que lhe propiciaria o exercício de um papel de oposição institucional combativa e forte, correspondente ao seu peso político, necessário à consolidação e ao desenvolvimento do pluralismo democrático brasileiro.

Jarbas de Holanda é jornalista

Merval Pereira: Não sabe

- O Globo

Ao ser perguntada por jornalistas estrangeiros recentemente por que o país cresce tão pouco em seu governo, a presidente Dilma deu uma resposta espantosa, mas coerente com a atual situação: “Não sei”. É preocupante que ela não saiba, mas a resposta confirma a impressão generalizada de que temos à frente do governo uma pessoa incapaz de dar resposta à crise em que o país está instalado.

O governo da presidente Dilma, com a previsão de que o crescimento do PIB este ano será em torno de 1%, terá o pior desempenho econômico da história republicana, com exceção de dois que tiveram crescimento negativo. O professor Reinaldo Gonçalves, da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, fez um ranking dos governos brasileiros com base apenas na avaliação econômica desde Deodoro da Fonseca.

Ele classifica os que tiveram crescimento do PIB abaixo de 2,3% como os piores: além dos governos com queda do PIB durante os mandatos, Collor (- 1,3%) e Floriano Peixoto (-7,5%), compõem a lista Venceslau Brás (2,1%) e Dilma Rousseff (2,0%), isso quando a previsão de crescimento era de 2,1%-2,2% em 2013-14.

Em termos de comparação, governos "medíocres" foram aqueles que tiveram crescimento do PIB entre 2,3% (Fernando Henrique) e 3,1% (Campos Salles). Entre eles estão Afonso Pena (2,5%) e João Figueiredo (2,4%). A taxa média anual de crescimento do PIB brasileiro é de 4,5% no período republicano, a taxa de crescimento médio anual do PIB mundial é 3,5%.

Para o governo Dilma chegar à classe “medíocre”, seria necessário que as taxas de crescimento médio anual do PIB fossem maiores do que 2,8% em 2013-14, impossível de se concretizar diante do crescimento pífio de 2,5% ano passado e previsão pior ainda este ano.

É por isso que os candidatos de oposição estão comparando a performance do governo Dilma às piores da República. Ontem o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos disse que o crescimento econômico do país é o pior “desde Deodoro da Fonseca”, o que, sendo uma quase-verdade, já basta para a luta política pela presidência da República.

A pesquisa do Pew Research Center dos Estado Unidos que mostra que 86% dos brasileiros consideram que a inflação é a principal causa do mau-humor generalizado no país, que resiste até mesmo a uma Copa do Mundo, toca no ponto fulcral de nossa situação.

O governo, em busca de melhorar o crescimento a qualquer custo, aceitou um pouco mais de inflação e acabou sendo atingido por sua negligência. Se a presidente Dilma não está convencida ainda de que uma das principais razões para o país não crescer é a inflação estabilizada em níveis altos que deveriam ser inadmissíveis, estamos bem parados.

A resiliência da popularidade da presidente Dilma, que ainda é vista com bons olhos pela maioria da população, é um ponto fora da curva nesse cenário brasileiro atual, mas é muito difícil afirmar-se que esse ponto se manterá até a eleição como uma exceção, enquanto os níveis das demais facetas da administração federal permanecem no negativo.

Não sendo uma política carismática, a presidente Dilma dificilmente conseguirá manter essa distância da realidade, e necessariamente será tragada pelo ambiente negativo que domina o país. O fato de não poder ir a um estádio de futebol com temor de ser vaiada é significativo de clima, mesmo numa festa como a Copa do Mundo.

O perigo de despertar na multidão um sentimento negativo é tão grande que nem o ex-presidente Lula se arrisca a colocar a cabeça fora d´água, ele que gosta tanto de futebol e foi o maior responsável pela existência do Itaquerão.

Nem mesmo a torcida do seu Corinthians pode garantir que passe imune às críticas sobre a organização do mundial de futebol, cuja desorganização começou em seu governo, responsável ao mesmo tempo pela glória de ter trazido o campeonato para o Brasil, e ter conseguido transformá-la em um ônus para os governos petistas, sem o bônus que tanto buscaram.

Dora Kramer: Ficha que cai

• Cenário adverso dá um choque de realidade na onipotência do PT

- O Estado de S. Paulo

Não é só a presidente Dilma Rousseff que deu um banho de loja no temperamento quando percebeu que, irritação por irritação, a do País era bem maior que a dela em seu modo irascível de governar e com potencial de prejuízo bem maior sobre o projeto de poder de seu grupo político.

Dilma amenizou, mas o PT também deu uma boa reduzida no tamanho do salto do sapato nos últimos tempos. Fruto do cenário adverso retratado sem retoques em reunião do alto comando da campanha da reeleição na última segunda-feira, no Palácio da Alvorada.

Segundo relatos, João Santana, o marqueteiro, informou que diminuiu a confiança do eleitor na capacidade de o governo representar o desejo de mudanças.

Significa o enterro definitivo da previsão feita por ele de que Dilma venceria no primeiro turno e iria pairar "sobranceira" sobre os "anões" da oposição. O equívoco não tem nada demais. Ninguém é obrigado a adivinhar. O exercício da arrogância, porém, dá ao vaticínio um toque de vergonha alheia.

O importante a notar é que a ficha caiu. Ou parece ter caído. Não se fala mais em vitória no primeiro turno, não se tratam mais os aliados como subalternos (é de se ver até quando), praticamente sumiram de cena as ironias dirigidas aos críticos do governo como integrantes de um ínfimo porcentual de insatisfeitos dados a intenções golpistas e já há algum tempo que não se ouvem acusações às elites. Ao contrário, o esforço é de sôfrega reconquista.

Mas, há um sinal mais eloquente. Traduzido em atitudes que, se adotadas antes, talvez tivessem evitado muitos desgastes ao partido: o PT, outrora complacente com transgressões dos seus, agora já não os protege.

Forçou a desfiliação do deputado André Vargas em decorrência de seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef e suspendeu por 60 dias o deputado estadual Luiz Moura por suspeita de participar de reunião com integrantes de organização criminosa.

É pouco, diante de tudo o que já foi acobertado, quando o governo estava no auge, o partido tinha gordura para queimar e a popularidade de Lula funcionava como uma blindagem que transformava o inaceitável em perfeitamente aceitável?

Sem dúvida. Nenhum dos dois era parte da cúpula nem privava, como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, da intimidade do poder? De fato.

Ainda que pragmática, já é alguma coisa a prática de alguma ética.

É sério? O ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribui o diminuto índice de crescimento (0,2%) do PIB no primeiro trimestre do ano à inflação, como se a alta de preços não guardasse relação alguma com a política econômica sob sua responsabilidade.

E a presidente Dilma cala, consentindo na escolha do vilão que por reiteradas vezes garantiu não ser motivo de preocupação.

Muito sério. À primeira vista soou esquisita declaração da presidente da Petrobrás, Graça Foster, recusando-se a comentar a entrevista em que o ex-diretor Paulo Roberto Costa disse que a construção da refinaria Abreu e Lima foi decidida na base da "conta de padeiro". Ou seja, no tapa, sem planejamento nem embasamento técnico.

Mas, a afirmação da presidente da estatal - "Não é que não queira, é que não posso falar" - passa a fazer sentido quando a gente lembra o entusiasmo com que na época do lançamento do projeto da refinaria, um empreendimento em parceria com o governo Hugo Chávez que o Brasil acabou pagando sozinho, o então presidente Lula se orgulhava de ter feito a "vontade política" prevalecer sobre as conclusões técnicas e as análises de mercado nas decisões da Petrobrás.

Eliane Cantanhêde: Perguntas sem resposta

- Folha de S. Paulo

Além da exposição acachapante na mídia, a presidente Dilma está dando entrevistas exclusivas para a Band, o SBT e a Record só para falar (bem) da Copa.

Aécio Neves e Eduardo Campos, quando conseguem algum espaço, têm de prestar contas sobre suas gestões em Minas e em Pernambuco, e o tucano tem de responder até a perguntas (legítimas, diga-se) sobre acusações anônimas de uso de cocaína.

Enquanto isso, Dilma mantém-se numa zona de conforto, só sacudida pela imprensa independente, e repete coisas assim para ótimos repórteres de TV: o Neymar é fantástico, a Copa será um sucesso e o mundo ficará encantado com o Brasil.

Há controvérsias. A Folha já mostrou que os aeroportos de 11 das 12 sedes da Copa funcionam com falhas e o único em que as obras para a Copa foram concluídas foi o de Brasília --mas bastou chover na terça-feira (3) para inundar a área antiga. E os "selfies" e torpedos durante os jogos? Em seis dos estádios, esquece!

O desequilíbrio vai continuar na campanha oficial. Aécio vai ter metade do tempo, e Campos, em torno de um décimo do tempo de Dilma na TV. E ela não vai a debates na internet?

Presidente, o que a sociedade brasileira quer perguntar é:

1) Por que o crescimento econômico no seu governo só foi melhor do que nos de Collor e Floriano Peixoto?

2) O crédito enxugou no primeiro trimestre por causa dos juros, que foi um dos motivos do pibinho de 0,2%?

3) O consumo das famílias caiu no primeiro trimestre por causa da inflação alta? E agora?

4) Por que a inflação ficou sempre fora do centro da meta, próxima ao teto? Um pouquinho de inflação não faz mal a ninguém?

5) Para que tentar adiar os dados de emprego com a nova metodologia do IBGE?

6) A sra. vai deixar uma "herança maldita" para o futuro governo?

Bem, o espaço acabou, mas as perguntas, não. E as respostas, quando a sociedade brasileira vai ter?

Cristian Klein: A patrulha contra a corrente pra frente


  • Copa é mais o catalisador do que o alvo prioritário

- Valor Econômico

Falta exatamente uma semana para o início da Copa do Mundo. Uma Copa que, desta vez, tem um sabor diferente para os brasileiros. Por enquanto, um sabor agridoce. Organizar o Mundial trouxe para o país um elemento novo, um choque de realidade, que contrasta com a fantasia, a sensação de tempo suspenso que os brasileiros reservam ao período.

Copa para o Brasil é como um Carnaval de quatro em quatro anos, porém regido ainda mais pelo signo da imprevisibilidade, que tanto marca a cultura nacional. A esperança de final apoteótico depois de quatro semanas e sete jogos convive com a ameaça de uma quarta-feira de cinzas que pode chegar a qualquer dia num mata-mata.

Mas enquanto a festa dura, é a época em que o brasileiro se olha no espelho e se vê mais bonito do que é no concerto das nações. No futebol, somos os melhores, os maiores vencedores, os mais criativos, que improvisam com a bola nos pés. Organizar o Mundial pôs o país diante do desafio contrário: planejar, executar e gastar com a objetividade e precisão de uma seleção alemã.

A reta final dos preparativos empurra para o espelho todos os defeitos que o brasileiro busca esquecer na Copa do Mundo: aeroportos que são péssimos cartões de visita, como o Galeão, no Rio, estádios inacabados, como o Itaquerão, em São Paulo, e investimentos em mobilidade urbana que ficaram no papel ou só funcionarão na Copa da Rússia de 2018 - e olhe lá.

O resultado era previsível. Em 1950 não foi diferente. O Maracanã serviu à Copa mas ficou pronto, mesmo, 15 anos depois. Recentemente, os Jogos Pan-Americanos de 2007 foram outro exemplo da incapacidade atávica de respeitar prazos e cumprir cronogramas. Coisa chata.

A Copa do Mundo em casa tem sabor agridoce porque trouxe para o torcedor brasileiro a mistura desconfortável de política e futebol. Trouxe uma organização internacional - a Fifa, com mais associados do que a ONU - que impõe regras e padrões exógenos e invade a soberania. Provocou intervenções urbanas lideradas pela coalizão entre gestores municipais, estaduais e federais e grandes empreiteiras - os maiores financiadores de campanha eleitoral - sob os quais sempre pairam suspeitas de superfaturamento de obras públicas.

A Copa encareceu o custo de vida. Injetou bilhões na economia e mostrou que dinheiro há. Mas por que não se faz o mesmo investimento em saúde e educação? A Copa deixou evidente um elemento básico da política. Governar é priorizar. Políticos de esquerda e de direita são - ou deveriam ser - diferentes porque atendem a demandas de setores distintos da sociedade. Mas que grande controvérsia haveria em sediar o Mundial logo aqui, no "país do futebol"? Já o fizemos há 64 anos, com um PIB comparativamente mais modesto que o atual. Copa e Seleção brasileira são fatores de união nacional.

Mas desde junho do ano passado, a Copa virou o bode expiatório para todos os males do país. Manifestantes saíram às ruas para protestar contra os gastos na organização do campeonato, e também contra tantas outras coisas, como a corrupção, a classe política e a PEC 37. Não havia foco até se sintetizar o movimento como a busca da população por melhores serviços públicos. E contra a Copa.

O Mundial, no entanto, é mais o catalisador de todas as insatisfações do que o alvo prioritário. É o ponto de encontro, o momento mais oportuno de se reivindicar - dada a atenção internacional ao país e o temor dos governantes de que algo dê errado. Foi assim na África do Sul, em 2010. É assim agora, quando sindicatos e movimentos sociais organizados tomam a frente dos protestos e aproveitam a melhor hora para serem ouvidos. A "luta continua" - e a Copa dá carona às manifestações. A Copa é um meio e não um fim.

A mistura de política e futebol causou uma confusão na opinião pública, parte dela assustada com o caráter violento das manifestações. O tradicional clima de Copa do Mundo, com ruas pintadas e enfeitadas, está represado. Lojistas evitam decorar vitrines com motivos em verde e amarelo com medo de depredação. O morador ainda tímido teme demonstrar patriotismo para que os vizinhos não lhe recriminem por falta de consciência político-social. A patrulha ideológica - "Não vai ter Copa" - está entre os efeitos mais interessantes - e possivelmente ingênuos - dos protestos de junho.

Uma maioria envergonhada espera a hora de torcer como sempre - ou como nunca, já que ninguém gosta de perder em casa. A manifestação - tão legítima e incontrolável quanto as que tomaram as ruas no ano passado - é inevitável. O resultado será o mesmo do conhecido fenômeno de psicologia das massas, descrito pela filósofa política alemã Elisabeth Noelle-Neumann na chamada teoria da espiral do silêncio.

O fenômeno nada mais é do que a tendência de as pessoas não expressarem o que realmente pensam quando acreditam que suas opiniões são minoritárias em um determinado grupo social - mesmo quando estas opiniões podem ser majoritárias.

Quanto mais os indivíduos se calam, mais pessoas que pensam da mesma forma se sentem intimidadas e provocam a tal espiral de silêncio. No campo eleitoral, o comportamento pode levar a distorções entre as previsões de pesquisas de intenção de voto e resultados surpreendentes colhidos nas urnas. Foi essa repentina mudança de opinião em processos eleitorais na virada dos anos 1960 para os 1970 que levou a alemã a pesquisar o assunto em seu país.

Mas não é preciso ser um analista eleitoral ou da cultura brasileira para prever que o silêncio tem hora para acabar. A espiral, na Copa do Mundo, será, de repente, aquela corrente pra frente. Como sempre.