quinta-feira, 15 de maio de 2014

Opinião do dia: Eduardo Campos

É uma atitude completamente equivocada do ponto de vista político e histórico. O mesmo discurso foi muito utilizado contra Lula e o PT no passado. Lamento que se parta para esse tipo de argumentação.

Vejo um certo tipo de desespero. Acho que aquilo vai ser um grande tiro no pé. Com esse tipo de campanha, os que acham que vão colocar medo, vão encorajar o povo a tirar a presidente Dilma inclusive do segundo turno.

Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB. PT usa discurso do medo para socorrer Dilma, O Globo, 14 de maio de 2014.

CPI da Petrobras poupa Dilma e coloca o foco na oposição

• Investigação sobre Petrobras não inclui convocação de conselheiros que aprovaram polêmica compra de refinaria

• Plano de trabalho inclui apuração sobre o porto de Suape, construído na gestão de Campos, hoje adversário da petista

Gabriela Guerreiro – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Controlada por aliados do Planalto, a CPI da Petrobras instalada nesta quarta-feira (14) no Senado tira do foco das investigações o Conselho de Administração da estatal, que autorizou a compra da refinaria de Pasadena (EUA) e era na época chefiado por Dilma Rousseff.

O plano de trabalho da CPI inclui investigações sobre o porto de Suape (PE), construído na gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), provável adversário de Dilma nas eleições de outubro.

O STF havia negado a inclusão na CPI desse tema e do cartel de trens em São Paulo, Estado governado pelo PSDB, mas governistas dedicaram um capítulo da comissão de inquérito à refinaria de Abreu e Lima (PE) e conseguiram incluir sua interligação com o porto de Suape.

Aliados de Campos consideram a ação um "desrespeito" à decisão do STF, mas o relator da CPI, José Pimentel (PT-CE), afirma que fatos correlatos ao principal podem ser apurados pela comissão.

O plano de trabalho aprovado não contempla a convocação dos ex-diretores que integravam o conselho da Petrobras em 2006, quando a polêmica compra da refinaria de Pasadena, que motivou o pedido de investigação sobre a estatal, foi autorizada com o aval de Dilma.

O único chamado a prestar depoimento é o ex-diretor da empresa Nestor Cerveró, apontado pela presidente como responsável pelo parecer técnico "incompleto" que orientou o negócio.

Também não há requerimentos para chamar a depor o ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal, nem Fábio Barbosa e Jorge Gerdau, que integravam o conselho da estatal à época.

A presidente da Petrobras, Graça Foster, e o ex-presidente Sérgio Gabrieli serão os primeiros a serem ouvidos pela CPI, na semana que vem. Os dois já prestaram depoimentos na Câmara e do Senado.

Chapa branca
Dos 13 integrantes da CPI do Senado, apenas um é da oposição. DEM e PSDB se recusaram a indicar membros porque insistem na instalação de CPI do Congresso, com deputados e senadores.

Há 19 indicados para esta última comissão, dois a mais que o mínimo necessário para o começo dos trabalhos, mas aliados do governo sustentam que ela só pode ser instalada após o prazo para indicações, que termina na semana que vem.

O governo emplacou senadores alinhados com o Palácio do Planalto para a presidência e a relatoria da CPI do Senado.

Além de Pimentel, que é líder do governo no Congresso, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), fiel aliado de Dilma, foi eleito para presidir os trabalhos da comissão.

Colaborou Sofia Fernandes, de Brasília

Governistas incluem obras de PSB e PSDB na CPI da Petrobras

• Senadores aliados de Dilma ampliam investigação para tentar atingir Campos e Aécio

• Porto de Suape e plataforma P-36 terão apuração; convite a Lula é derrubado

• Senadores aliados do governo não respeitam o STF

De maioria governista, a CPI do Senado criada para investigar irregularidades na Petrobras começou a funcionar ontem e já incluiu apuração sobre o Porto de Suape, em Pernambuco, para tentar atingir o ex-governador Eduardo Campos, pré-candidato do PSB e adversário da presidente Dilma na eleição. A base do governo também aprovou convocação do presidente da ANP no governo FH para falar do caso da plataforma P-36, que afundou na Bacia de Campos em 2001. PSDB e PSB disseram que o governo manobra com o que Aécio Neves chamou de “CPI chapa-branca” para blindar o Planalto. Ontem, o deputado André Vargas, envolvido com o doleiro Alberto Youssef, preso pela PF, retomou seu mandato

Sob controle do governo, CPI investiga Suape

• Comissão também pretende tratar do afundamento da P-36, na gestão FH

Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA- Na primeira reunião da CPI do Senado criada para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras, a base governista deu início à estratégia de blindar o Palácio do Planalto e atacar os adversários da presidente Dilma Rousseff na eleição presidencial de outubro. O plano de trabalho aprovado ontem incluiu investigações sobre o Porto de Suape, em Pernambuco, para atingir o ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB). Em outra frente, o PT articula uma CPI para investigar o cartel do metrô em São Paulo, como forma de atingir Aécio Neves (PSDB-MG).

A comissão também aprovou 74 requerimentos com convocações de integrantes da Petrobras, como a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, e envolvidos na compra da refinaria de Pasadena, como o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli e o ex-diretor da Área Internacional Nestor Cerveró.

Graça e Gabrielli devem ser ouvidos já na próxima semana. A base governista, no entanto, derrubou um pedido de convocação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva feito pelo senador Cyro Miranda (PSDB-GO).

Para atacar o governo Fernando Henrique Cardoso, a CPI também pretende tratar do caso da plataforma P-36, que afundou em 2001, na Bacia de Campos.

Foram aprovadas as convocações de David Zylbersztajn, ex-presidente da ANP durante o governo tucano, e do empresário Germán Efromovich, que era dono da Marítima, empresa responsável pela construção da plataforma.

Na esvaziada sessão de instalação da CPI, a tropa de choque governista escalou nomes alinhados ao Planalto para os dois cargos-chave da comissão: a presidência ficou com o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e para a relatoria foi escolhido José Pimentel (PT-CE). O vice-presidente é o senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) .

A comissão, composta por 13 senadores, sendo apenas três da oposição, tem 180 dias para investigar irregularidades na Petrobras ocorridas entre 2005 e 2014. O relator dividiu o plano de trabalho em quatro eixos, sendo que o terceiro consiste em apurar indícios de superfaturamento na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e na interligação da refinaria com o Porto de Suape.

Líder do partido de Eduardo Campos no Senado, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) afirmou que a inclusão de Suape é uma manobra do governo para tirar o foco das investigações da CPI. O senador destacou que a medida contraria a decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber de uma comissão que apure fato determinado e respeite o direito das minorias:

— A CPI é da Petrobras, o Porto de Suape, a princípio, não tem nada a ver com a Petrobras. O governo tem maioria ampla e, se quer investigar Suape, deveria aprovar uma CPI para Suape. Na prática, estão descumprindo a decisão da ministra Rosa Weber, que disse que tem que haver fato determinado em uma CPI. Mas o PT não tem primado pelo respeito ao Poder Judicário.

No mês passado, após a oposição protocolar o pedido de investigação da Petrobras, a base aliada reagiu para retaliar os adversários de Dilma, tentando incluir investigações sobre o Porto de Suape e o cartel do metrô de São Paulo, estado governado pelo PSDB. A oposição recorreu ao STF, pedindo que a Corte garantisse uma CPI exclusiva sobre a Petrobras, e saiu vencedora. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recorreu da decisão de Rosa Weber, mas ainda não houve pronunciamento final sobre o tema.

O presidenciável Aécio Neves também criticou a forma como a base governista conduziu a primeira sessão da CPI da Petrobras.

O senador afirmou que o PT continua tentando desviar o foco das investigações e cobrou de Renan que arbitre a favor da CPI Mista, composta por senadores e deputados:

— Esta é uma CPI chapa-branca, de blindagem ao governo. Hoje ficou claro que o governo não vai permitir que as investigações ocorram.

O PT continua se desgastando a cada semana tentando impedir com manobras que as investigações ocorram.

Já os petistas defendem que a decisão da ministra e a jurisprudência permitem a inclusão de temas que tenham conexão com o objeto inicial da CPI. O relator da comissão, José Pimentel, defendeu a inclusão e negou se tratar de manobra para retaliar a oposição.

Governistas instalam CPI da Petrobrás, ocupam cargos-chave e miram oposição

• Peemedebista será presidente e petista, o relator; plano de trabalho da comissão prevê investigar obras da estatal ligadas ao Porto de Suape

Débora Álvares e Eduardo Bresciani - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Os governistas do Senado instalaram nesta quarta-feira, 14, a CPI da Petrobrás, ocuparam os principais cargos para controlar as investigações e aprovaram medidas com potencial de estrago para a oposição.

O plano de trabalho aprovado na primeira sessão incorpora obras da estatal petrolífera ligadas ao Porto de Suape, administrado pelo governo de Pernambuco, como atalho para atingir Eduardo Campos, pré-candidato do PSB ao Planalto que comandava o Estado. Também prevê apuração do afundamento da plataforma de extração de petróleo P-36 ocorrido durante o governo Fernando Henrique Cardoso, principal aliado do pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves.

Com o peemedebista Vital do Rêgo na presidência da CPI e o petista José Pimentel na relatoria da comissão, os governistas também aprovaram a convocação de David Zylbersztajn, ex-genro de FHC, que dirigiu a Agência Nacional do Petróleo (ANP) durante o governo tucano.

A investida contra a oposição foi orientada pelo Palácio do Planalto. Foi uma forma de driblar as restrições que a ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber impôs, por liminar, às intenções governistas. Os aliados da presidente Dilma Rousseff queriam investigar obras do Porto de Suape e suspeitas ligadas ao cartel de trens do governo paulista, comandado pelos tucanos há 20 anos. A ministra, porém, disse que a CPI teria de ter foco específico. Desse modo, a saída dos governistas foi achar uma obra da Petrobrás ligada a Suape e se voltar aos problemas da estatal durante o governo FHC.

O caso do cartel será apurado pela CPI mista dos metrôs, com participação de deputados, aprovada pelos governistas como retaliação à CPI da Petrobrás. A oposição ainda tenta instalar uma CPI mista da Petrobrás, já que o governo tem maior controle sobre o Senado - na Câmara, haveria mais margem de manobra para os opositores.

Justificativa. Pimentel disse que a sugestão de investigar uma obra da Petrobrás que liga a refinaria Abreu e Lima ao porto de Suape "não saiu um milímetro" da determinação do STF. "A Abreu e Lima e a Petrobrás pagaram para várias operações para viabilizar acesso a Suape. A apuração vai ser técnica", afirmou.

Aécio chamou a CPI do Senado de "chapa branca", "vingança" e completou: "Não há manobra que impeça que a população saiba o que acontece na Petrobrás". Aliado de Campos, o líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF), disse que, "na prática, está se descumprindo a decisão da ministra Rosa Weber". "A CPI deve ter fato determinado, mas o PT não tem primado pelo respeito ao poder Judiciário."

Após aprovar 74 requerimentos de convocação, convite e pedidos de informação aos órgãos de controle que já investigam a estatal, o presidente da CPI agendou para a próxima terça-feira o depoimento da presidente da Petrobrás, Graça Foster. Ela já falou sobre a compra da refinaria de Pasadena, um dos alvos da oposição na CPI, em audiências na Câmara e no Senado. Na quinta-feira é a vez do antecessor, José Sergio Gabrielli, que também já foi ao Congresso.

O rito acelerado impresso à comissão já no primeiro dia foi um pedido pessoal de Dilma a Vital. Embora admita a impossibilidade de impedir a instalação da CPI mista da Petrobrás, com a participação de deputados, o Planalto ainda tem esperanças de que o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB), acate a questão de ordem do PT - o recurso alega "prevalência" das investigações do Senado, iniciadas primeiro, sobre a CPI mista, que ainda precisa ser instalada.

Nesta quarta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, atual presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, falou no Congresso e defendeu a compra da refinaria de Pasadena.

Para Planalto, protestos hoje serão baliza para a Copa

• Gabinete de segurança de Dilma vai monitorar manifestações pelo país

• Sem-teto e grupos contra a realização do Mundial prometem atos em ao menos 50 grandes cidades do país

Giba Bergamim Jr., Marco Antônio Martins, Lucas Vetorazzo, Reynaldo Turollo Jr., Cláudia Rolli e Felipe Souza – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA - Sem-teto, grupos contrários à realização da Copa e outros movimentos sociais prometem fazer nesta quinta-feira (15) protestos simultâneos em pelo menos 50 grandes cidades do país.

As manifestações terão objetivos diversos, mas têm como ponto em comum a crítica, direta ou indireta, aos gastos públicos para a realização do Mundial no Brasil.

Será, por essa razão, um termômetro do que poderá acontecer durante a competição, avaliam autoridades de segurança do governo federal e especialistas que acompanharam de perto os protestos do ano passado.

Os protestos devem coincidir com greves de trabalhadores organizados por duas centrais sindicais.

As manifestações, marcadas sobretudo para as capitais que sediarão a Copa, irão definir a estratégia dos órgãos de segurança para essas ações durante o evento.

Segundo fontes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), da Presidência da República, o planejamento para a Copa poderá sofrer alterações a depender do comportamento e do poder de mobilização das manifestações desta quinta.

O GSI considera que, sem a adesão da classe média, como ocorreu nos protestos de 2013 pela redução da tarifa de ônibus, os movimentos podem não decolar.

Também vem sendo observada por eles a participação dos sem-teto.

O governo considera que o sinal de alerta deverá ser ligado caso as manifestações reúnam mais de 5.000 pessoas em cada uma das ações em São Paulo e no Rio.

Em campo
Nas avaliações até aqui, com o desembarque da classe média dos protestos, o protagonismo vem sendo exercido pelos sindicatos e movimentos de moradia.

Uma possível boa campanha da seleção é apontada como fator que pode enfraquecer os movimentos --assim como uma eliminação precoce poderia fortalecê-los.

Professora de relações internacionais da Unifesp, que acompanha as manifestações em São Paulo desde o ano passado, Esther Solano diz que será uma espécie de "inauguração" da agenda formal de protestos anti-Copa.

Segundo ela, os grupos que protestam agora têm um grau de politização mais apurado do que os que participaram protestos do ano passado.

"Há coletivos mais organizados, como os comitês contra a Copa, entidades de classes trabalhistas que estão exigindo melhorias salariais e os movimentos de moradia. Todos devem estar nas ruas."

Em São Paulo, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) promete bloquear avenidas nas regiões norte, sul e leste. Às 7h, manifestantes da ocupação Copa do Povo farão ato no entorno do vizinho estádio do Itaquerão.

A Polícia Militar de São Paulo não acredita na possibilidade de confronto, já que o líder do MTST, Guilherme Boulos, mantém contato frequente com o comandante-geral da PM, Benedito Meira.

À tarde, em várias cidades do país haverá o ato chamado de Dia Internacional de Lutas contra a Copa. Sindicatos ligados a duas centrais também farão atos. Na Força Sindical, 15 mil metalúrgicos de São Paulo devem parar fábricas.

Protestos nesta quinta colocam segurança da Copa em teste

• Manifestações convocados em dez cidades servirão também para avaliar o poder de mobilização dos organizadores

Leticia Fernandes e Renato Onofre
Tiago Dantas, Silvia Amorim e Gustavo Goulart – O Globo

RIO - Com a realização dos 17 protestos contrários à Copa do Mundo que foram convocados para acontecer hoje em diversas cidades do país, governos e manifestantes terão o primeiro teste de fogo — ou de forças — relacionado ao evento. De um lado, os descontentes precisarão mostrar capacidade de mobilizar o país e levar às ruas uma nova versão do clamor ouvido no ano passado.

Do outro lado, as forças de segurança precisarão provar que estão treinadas e prontas para evitar distúrbios de grande porte.

Segundo convocações feitas pela internet, haverá manifestações em pelo menos dez das 12 cidades-sede. Estão na lista São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba e Manaus. Ao que tudo indica, São Paulo será a mais afetada, com cinco protestos, e seus organizadores já alertam para o “maior congestionamento do ano”.

Às 6h30m, metalúrgicos convocados por grupos ligados à Força Sindical tentarão fechar vias das zonas Sul, Leste e Oeste. Simultaneamente, a Frente Resistência Urbana, formada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Movimento Popular por Moradia (MPM) e Movimento Lutas Populares (MLP), buscará fechar outras seis artérias. Nenhuma divulgada.

Ao meio-dia, estudantes da USP protestarão na reitoria, e às 14h, os professores municipais, que já estão em greve, marcharão rumo à prefeitura.

O principal ato contra o Mundial está agendado para as 17h. O Comitê Popular da Copa de São Paulo vai às ruas com 11 reivindicações. Entre elas: a realocação de famílias removidas por conta de obras da Copa, a realização de projetos de mobilidade que atendam não só aos torcedores e a implementação do passe livre. Esse ato que, segundo os organizadores deve reunir 15 mil pessoas, teve adesão do Movimento Passe Livre (MPL), o mesmo dos primeiros protestos de 2013.

Ato no Rio às 16h, na Central
A prefeitura de São Paulo informou que colocará em prática um plano operacional de contingência para situações emergenciais e que fará um acompanhamento mais intensivo das regiões afetada pelas manifestações. A PM afirmou, por sua vez, que está preparada, mas não detalhou plano alegando estratégia.

No Rio, o protesto contra a Copa acontece às 16h na Central do Brasil, no Centro, e a ideia de seus organizadores é juntar jovens insatisfeitos e trabalhadores que estão em greve. Rodoviários e professores agendaram para hoje assembleias para decidir se aderem ou não à manifestação.

Membro da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop), Thiago Ávila diz que os protestos de hoje serão apenas “um gostinho” do que está por vir e que eventos maiores estão agendados para o início do Mundial. Já o grupo Juntos!, que também articula manifestações, espera contribuir, sozinho, com 10 mil pessoas em todo país.

— A ideia é fazer o maior ato unificado nacional desde junho, provavelmente na casa de centenas de milhares de pessoas no país todo — diz Thiago Aguiar, estudante de Sociologia da USP e membro do Juntos!.

Assim como em São Paulo, a PM do Rio informou que seu planejamento é estratégico e que não fala sobre ele. A corporação reconhece a importância das manifestações, mas diz que, se houver atos de vandalismo, fará detenções. O grupo Habeas Corpus RJ, formado por advogados voluntários, informou via Facebook que estará no Centro hoje.

Em Brasília, os Centros de Comando e Controle, criados para garantir a segurança de eventos relacionados à Copa, informam que estarão em pleno funcionamento e que poderão entrar em ação a qualquer momento. Segundo a secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, as forças de segurança do governo federal e dos estados trocam informações sistematicamente e estão prontas.

Na capital baiana a manifestação foi convocada pelo Comitê Popular da Copa, Intersindical, Conlutas, Movimento Sem Teto, Atitude Quilombola e o Circulo Palmarino. A concentração para o início da passeata será na Praça da Piedade, no Centro da cidade, a partir das 17 horas. De lá as pessoas seguirão rumo à Arena Fonte Nova, onde ocorrem os jogos da Copa do Mundo. Conforme os organizadores o ato é em repúdio “ao investimento exorbitante do Governo Federal" no Mundial.

Os participantes foram convocados a percorrer as ruas com cruzes e velas acesas “em reverência aos nove operários que morreram durante as obras da Copa”.

A assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado, informou que a Polícia Militar vai acompanhar a manifestação para garantir o direito das pessoas a protestar. Mas vai coibir atos de vandalismo contra equipamentos públicos e privados. A PM não informa como será o esquema de segurança que pretende montar para a manifestação nem o número de homens a ser utilizado.

Já o presidente do Sindicato dos Lojistas do Estado da Bahia (Sindilojas) Paulo Motta disse que a orientação é manter o comércio aberto, confiando de um lado no bom senso dos manifestante e no outro das autoridades policiais.

Em Recife
Em Pernambuco, diversas organizações sociais também decidiram protestar hoje contra as obras de mobilidade e a construção da Arena Pernambuco. O ato está marcado para acontecer às 15h em Camaragibe, onde mais de 200 famílias foram desapropriadas para dar lugar às obras de ampliação do Terminal Integrado de Camaragibe e do Ramal da Copa.

Entre as razões para a manifestação, o grupo elencou três temas principais: as remoções, o conflito criado entre os comerciantes do Centro pela incerteza da realização da Fifa Fan Fest e a denúncia do mal funcionamento das obras viárias, que deveriam ter melhorado o transporte na Região Metropolitana do Recife. O investimento de recursos públicos na Arena Pernambuco e a cessão de terreno para a Cidade da Copa também devem ser questionados.

Em Porto Alegre
Em Porto Alegre, os organizadores do Dia Internacional de Lutas contra a Copa do Mundo marcaram protestos em três locais diferentes. Às 17h, as organizações estudantis lideradas pela Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (Anel) se reúnem em frente à Faculdade de Educação, no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), para iniciar uma caminhada em direção ao centro da cidade. No mesmo horário, as centrais sindicais envolvidas com o dia de luta – entre elas o Sindicato dos Professores do Estado (Cpers) e o Sindicato dos Municipários (Simpa) – se reúnem na Esquina Democrática para um ato de apoio ao Comitê Popular da Copa, principal organização que representa a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa no Rio Grande do Sul. Os cerca de 20 mil municipários aproveitam o dia de protesto para realizar uma paralisação de 24 horas por melhores salários. Às 9h, a categoria faz uma manifestação em frente à prefeitura.

O ponto de convergência será a partir das 18h em frente à prefeitura de Porto Alegre, onde o Bloco de Lutas pelo Transporte Público e a Central Sindical e Polular (CSP/Conlutas) realizam um ato de protesto. Ali, os manifestantes devem se concentrar até por volta de 19h, quando iniciam uma caminhada pelas ruas centrais da cidade. É possível que a manifestação tenha como destino o Palácio Piratini – sede do governo do Estado.

A principal palavra de ordem é “Copa Sem Povo: Tô na Rua de Novo”. O ato foi organizado em uma assembleia realizada na noite de terça-feira na sede do Simpa. Segundo Matheus Gomes, da Juventude do PSTU e integrante do Bloco de Lutas, a mobilização é uma forma de registrar a “indignação contra as injustiças da Copa”.

A Brigada Militar promete acompanhar de perto os manifestantes, mas afirmou que só vai intervir se houver risco ao patrimônio e aos próprios integrantes do ato. Prédios públicos como o Tribunal de Justiça, que já foi atacado por vândalos em 2013, e o Palácio Piratini, serão isolados. A cúpula da corporação se reuniu na quarta-feira à noite com o governador, mas a pauta do encontro – que não estava na agenda – não foi informada.

Campanha do medo assusta até petistas

• Inserção que evoca o temor dos "fantasmas do passado", em referência ao governo do PSDB, é alvo de críticas petistas nos bastidores

Leonardo Cavalcanti, Paulo de Tarso Lyra e Naira Trindade – Correio Braziliense

O "discurso do medo" exibido na propaganda do PT dividiu a cúpula do governo Dilma Rousseff. Enquanto parte dos ministros considerou necessária a peça publicitária montada pelo marqueteiro João Santana como forma de demarcar território contra os tucanos, outro grupo também influente nas decisões da presidente deixou clara a insatisfação com o tom sombrio do comercial. No anúncio de um minuto que começou a ser veiculado na terça-feira, atores fazem o papel de homens, mulheres e crianças felizes — com emprego, remédios, carro e escola —, até avistarem eles mesmos desempregados, a pé, a pedir esmolas. No fim da peça, uma voz diz: "Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos com tanto esforço". O PT apresentará hoje a propaganda partidária de 10 minutos com um jogral entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ressaltando os avanços do país nos últimos 12 anos, e a expectativa é saber se o tom da inserção de um minuto será mantido.

Não é a primeira vez que há uma nítida divisão no Planalto sobre os rumos do discurso de campanha petista. Em janeiro deste ano, o partido fez um ataque direto ao candidato do PSB, Eduardo Campos. Como da primeira vez, a discussão interna do governo é até que ponto o PT não está antecipando as investidas contra a oposição e, assim, expondo no limite o receio de perder a eleição. Para os defensores de João Santana, o marqueteiro sabe o que está fazendo ao ter em mãos pesquisas internas que mostram a necessidade de partir para o ataque o mais rápido, por mais que, por ora, a estrutura do comercial possa servir apenas para animar a militância petista. Em contrapartida, municia o discurso da oposição.

Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), o próprio debate gerado pela propaganda mostra que o partido acertou na estratégia. Sobre o tom sombrio da peça, ele acha que a tendência é um crescente de otimismo nas próximas inserções. "Eles estão querendo sepultar o que fizemos ao longo destes 12 anos. Não estamos incutindo o medo, apenas mostrando que a campanha deles se baseia em propostas vazias", completou Costa.

"Desesperança"
Convidados ontem para uma sabatina durante a Marcha dos Prefeitos, o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, e o do PSB, Eduardo Campos, repetiram as críticas feitas na véspera. "Depois de 12 anos no poder, é isso que o PT tem a oferecer ao país? O medo, a desesperança? É o sinal de um governo que está em seus estertores", declarou o tucano. Ao Correio, ele usou de ironia. "Os petistas estão, sim, com medo de perder o emprego dos companheiros", provocou. Eduardo também atacou o tom pessimista da propaganda petista, lembrando que, em períodos eleitorais, aparecem pessoas dizendo que se "alguém for eleito, fará determinada coisa, e, se outra pessoa for eleita, não fará".

Na avaliação de parlamentares da oposição, a propaganda é incoerente com o momento histórico do país. "O PT subestima a inteligência do povo brasileiro. Vem com um programa partidário eleitoral que mais parece o de um partido que não está e nunca esteve no poder. Ele vem com um discurso de que vai resolver os problemas do Brasil e de que são os outros que estão fazendo mal para o país. O PT esquece que ele está há 12 anos no poder", disse o líder da minoria na Câmara, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).

Cúpula do PT traçou a ‘estratégia do medo’

• Propaganda foi vista previamente por Lula e Dilma; partido fará pesquisas para checar se tática deu certo

Germano Oliveira e Tatiana Farah – O Globo

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Foi em conversas com a alta cúpula petista, que inclui o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da sigla, Rui Falcão, e o ex-ministro Franklin Martins, que o marqueteiro João Santana teve a ideia do vídeo “Fantasmas do passado”, que gerou polêmica por criar um clima de medo nos eleitores. Falcão conversou com integrantes da direção do PT no encontro nacional do partido, há 15 dias, em São Paulo, entre eles José Américo Dias, secretário nacional de Comunicação, e o deputado José Guimarães (CE), vice-presidente do partido. Eles traçaram as linhas gerais do que pretendiam e as repassaram para Santana, que criou a peça publicitária.

A propaganda foi vista previamente por Rui, Lula e pela presidente Dilma Rousseff. Dirigentes explicam que, apesar da confiança em João Santana, é regra no PT que todas peças sejam aprovadas por esse núcleo.

— Antes de ir ao ar, a campanha foi passada para todos eles por e-mail e causou grande impacto. Mostra a linha da nossa campanha: comparar o que foi feito por Fernando Henrique Cardoso e as conquistas obtidas nos governo Lula e Dilma. Não é a exploração do preconceito que foi feita pelo PSDB em 2002, mas compara as conquistas dos governos FH e do PT — disse Dias.

Ontem, Falcão negou que a propaganda seja apelativa e instaure medo:

— Terrorismo é querer acabar com a valorização do salário mínimo, com os juros subsidiados, é dizer que vão baixar a inflação por decreto. Acho surpreendente que tenham vestido a carapuça — disse o petista.

A partir de hoje, o PT começa a testar nas ruas, com pesquisas cujos resultados serão divulgados internamente, se a estratégia deu certo. Na propaganda de um minuto, apresentada nas inserções gratuitas de TV, personagens são confrontados com suas imagens de um suposto passado. De terno, um trabalhador se vê desempregado. Uma adolescente se vê moradora de rua. O narrador diz que não se pode voltar atrás.

Guimarães disse que a peça é resultado da “construção política do PT”:

— Vamos usar essa linha neste momento inicial da campanha eleitoral. O vídeo tocou muito a militância do partido. Estamos virando o jogo, que começou com o discurso de Dilma no 1º de Maio e culminou com o encontro do PT em São Paulo, no qual o “Volta, Lula” foi sepultado.

Essas ações já haviam sido antecipadas por Falcão no documento “Tática eleitoral e política de alianças” elaborado por ele e aprovado no encontro nacional, em São Paulo há 15 dias. No item 12 do documento, o PT diz que o “primeiro desafio político da campanha é articular a defesa das grandes conquistas obtidas pelo povo brasileiro durante os governo Lula e Dilma com a proposta de um novo ciclo de desenvolvimento e inclusão, que amplie a aprofunde os avanços anteriores”.

Reação de Campos surpreende
No Planalto, a surpresa ficou por conta da reação do ex-governador Eduardo Campos, pré-candidato do PSB à Presidência e ex-aliado do PT, pois o recado não era para ele, e sim para o tucano Aécio Neves, também pré-candidato à Presidência. A estratégia do PT é polarizar o debate político com Aécio, e não com Campos, e mostrar a diferença entre os dois projetos de governo.

A socióloga Vera Chaia, do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política da PUC-SP, explica que a “estratégia do medo” é uma constante nas campanhas eleitorais e foi usada pelo PT em outras eleições, como em 2006, quando a sigla disse que havia risco, em caso de vitória de Geraldo Alckmin (PSDB), de se retomar o programa de privatizações e acabar com o Bolsa Família.

— O medo é uma moeda forte nas campanha porque mexe com as emoções do eleitor. Em 2002, quando o PSDB mostrou Regina Duarte dizendo que tinha medo e foi dito que Lula fecharia as igrejas evangélicas, o PT fez um trabalho fantástico em termos de estratégia, até na definição do candidato a vice-presidente, José Alencar, que era religioso. Fez a “Carta aos brasileiros” e tomou outras medidas.

Autora do estudo “Eleições no Brasil: o medo como estratégia política”, Vera explica que os partidos trabalham com esse sentimento também nos subterrâneos das campanhas, quando apontam que o adversário pode tomar atitudes contrárias aos princípios do eleitorado

O vídeo é o mais compartilhado da página do PT no Facebook. Até ontem à noite, eram mais de 8.700 compartilhamentos e 3.600 curtidas. Os comentários, porém, estavam divididos: entre os que são a favor, o tom era de euforia; mas houve também uma chuva de críticas. A avaliação no Youtube é negativa: dos 930 que avaliaram o vídeo, 660 não gostaram, e 270 aprovaram. (Colaborou Luiza Damé)

Dilma vira alvo de Aécio e Campos em Marcha dos Prefeitos

• Pré-candidatos criticaram o programa do PT que usa o discurso do medo

• Presidente não compareceu ao evento

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA - Ausente do debate dos presidenciáveis na Marcha dos Prefeitos, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff foi alvo de duros ataques dos pré-candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), este último com as críticas mais fortes chegando a pedir "o fim do terrorismo e ameaças". Os dois reagiram de forma veemente ao programa do PT que começou a ser veiculado ontem na TV, adotando o tom da ameaça de que se a presidente Dilma não for reeleita, os beneficiários de programas sociais no Brasil voltarão a passar fome e enfrentar o desemprego.

- O Bolsa Família e os programas sociais não são conquista de partido nenhum, é conquista da luta do povo brasileiro.

Vamos acabar com esse terrorismo, com a falta de respeito ao povo, com os que querem discutir o Brasil com ameaças e terrorismo. Queremos tirar é a corrupção, é acabar com o patrimonialismo, com os 39 ministérios e um bando de gente incompetente. Com quem deveria estar aqui e não teve coragem de enfrentar os prefeitos - discursou Eduardo Campos , criticando a ausência da presidente Dilma, que no ano passado bateu boca com os prefeitos depois de ser muito vaiada.

Aécio Neves também criticou a ausência de Dilma.

- A omissão do governo federal com a segurança pública é criminosa. Oitenta e sete por cento dos gastos com segurança são bancados pelos estados e municípios. Lamento não poder dizer isso na frente da presidente, que se nega a estar aqui neste foro tão importante de discussão - atacou Aécio.

Os dois foram muito aplaudidos e se comprometeram com a aprovação da emenda que aumenta de 1% para 2% da receita bruta para o Fundo de Participação dos Municípios, e que aumenta para 10% os gastos da União com Saúde e Educação.

- Vamos acabar com os 39 ministérios, com aqueles que só estão ali em busca de benefícios próprios ou para ajudar o governo - disse Aécio.

Aécio diz que medo do desemprego é de petistas com a possibilidade de saírem do governo

• É a segunda vez que senador critica propaganda do PT

Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA - Ao chegar ao II Congresso dos Diários do Interior do Brasil, aberto na terça-feira a noite pelo ex-presidente Lula, o presidenciável do PSDB, Aécio Neves, criticou novamente a “aposta” do marqueteiro do PT, João Santana, no medo e ameaça de perda de conquistas do eleitor menos favorecido, caso a presidente Dilma Rousseff não seja reeleita. Aécio disse que a aposta, equivocada, de vender o medo ao invés da esperança, mostra uma fragilidade extrema da presidente Dilma.

- As últimas apostas do João Santana não deram certo. A única coisa coerente naquele vídeo é o medo de que haja desemprego. Mas é o medo do PT perder os empregos que tem no governo - ironizou Aécio Neves.

Mais cedo, no encontro da Marcha dos Prefeitos, Aécio voltou a atacar a falta de competência da presidente Dilma para governar o Brasil. E disse que, independente da polêmica e tentativa de amedrontar o eleitor, ele vai governar com responsabilidade se for eleito.

- Não se governa um país com a complexidade do Brasil, sem coragem para tomar as medidas certas. Vou repetir uma frase que tem causado polêmica: se tiver o privilégio de vencer essa eleição, não governarei de olho nos índices de popularidade. Vou governar com responsabilidade. O mal já foi feito e o crescimento é pífio.Ao invés dos Brics, hoje fazemos parte dos Frics, países em quem ninguém confia - discursou Aécio.

No encontro da mídia regional, Aécio prometeu a descentralização da destinação dos recursos públicos para veiculos de comunicação.

- Vamos fazer essa descentralização sem escolhas e privilégios, sem visão ideológica, sem discriminação, fortalecendo os veículos de comunicação do interior do Brasil - prometeu.

Ele disse que o Brasil caminha para um estado unitário, com a concentração recursos nas mãos da União, levando ao esfacelamento das receitas dos municípios

Em ato com prefeitos, Campos condena 'terrorismo eleitoral' do PT

• Ao lado de Marina Silva, o pré-candidato do PSB à Presidência participou de evento em Brasília

Daiene Cardoso - Agência Estado

BRASÍLIA - O presidente do PSB e pré-candidato do partido à presidência da República, Eduardo Campos, condenou nesta manhã "o terrorismo eleitoral" da campanha petista. Durante participação na 17ª Marcha dos Prefeitos em Brasília, acompanhado de sua vice de chapa, Marina Silva, Campos fez um discurso palatável aos municipalistas e disse que, se eleito, não fará política de desoneração "com chapéu alheio".

Durante o evento, o pré-candidato voltou a condenar o discurso da campanha do PT, que sugere o fim de programas sociais e de políticas bem sucedidas do governo federal no caso de uma derrota do atual governo. Na terça-feira, o PT veiculou em cadeia de rádio e TV uma propaganda em que alerta para os riscos de "voltar atrás" nas conquistas sociais.

Campos garantiu que não haverá encerramento de programas como o Bolsa Família e ressaltou que o aumento do desemprego como tem enfatizado a propaganda petista é uma realidade a partir da volta da inflação. "Ninguém vai tirar o Bolsa Família e o povo está disposto a fazer mudança", disse.

Com críticas aos recursos destinados ao pagamento de juros e a subsídios ao setor elétrico, Campos ainda prometeu elevar gradualmente os recursos para a saúde em 10%. O pré-candidato disse que é possível fazer isso num período de quatro anos.

Sobre o repasse de recursos ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Campos se aliou às críticas dos prefeitos à política de desonerações que atinge diretamente as verbas repassadas do governo federal aos gestores municipais. "Não podemos fazer (as desonerações) às custas da paralisação da máquina pública municipal", defendeu.

Tributos. O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), também participou da marcha.

Ele afirmou que, se eleito presidente, terá como prioridade nos primeiros seis meses de mandato o envio de um proposta ao Congresso Nacional para simplificar o sistema tributário do País.

No discurso proferido aos prefeitos, Aécio também criticou o que chamou de ineficiência do atual governo em administrar os recursos públicos. "É natural que o Brasil seja o país que menos vai crescer nessa última década em toda a América Latina? Será que é justo depois de 11 anos [do governo do PT] nos deixarem como legado crescimento pífio, inflação sem controle e uma perda de credibilidade crescente do Brasil?", disse.

'Vamos parar com terrorismo', afirma Campos sobre tática do PT

Aguirre Talento – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ex-governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), fez críticas nesta quarta-feira (14) à estratégia do "medo" usada na propaganda do PT para alavancar a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

"Bolsa Família não é conquista de partido nenhum, é conquista do povo brasileiro que ninguém vai tirar. Vamos parar com esse terrorismo, com essa falta de respeito de querer discutir o Brasil agora na base da ameaça e do medo", disse, em discurso a prefeitos durante evento da Marcha dos Prefeitos, em Brasília.

"O povo brasileiro não tem medo dessas ameaças, ou não tinha tirado os generais do poder, não tinha eleito um filho do povo brasileiro que foi tão vítima do terrorismo como agora vem sendo usado", discursou Campos.

A fala de Campos é uma resposta à iniciativa do PT de veicular um comercial, dirigido por João Santana, que ressalta o risco de uma eventual vitória da oposição na eleição de outubro pôr em risco as conquistas da gestão Dilma Rousseff e da do seu antecessor, o ex-presidente Lula. "Nosso emprego de hoje não pode voltar a ser o desemprego de ontem. Não podemos dar ouvidos a falsas promessas. O Brasil não quer voltar atrás", diz um locutor no comercial.

Após ouvir cobranças dos prefeitos sobre dificuldades nos Orçamentos municipais, o ex-governador de Pernambuco prometeu que não vai desonerar tributos "à custa da receita dos municípios" e que vai assumir maior fatia de gastos dos programas federais nas cidades.

"Quero assumir o compromisso com os prefeitos de que no nosso governo não vamos mais fazer desoneração à custa da receita dos municípios brasileiros, dos pobres Estados brasileiros. No primeiro momento desonerar tributos dava um ganho lá na frente, a economia melhorava e o crescimento repunha aquela perda. Nos últimos anos, o caminho errado na condução macroeconômica fez com que a gente renunciasse a tributos e a economia não respondesse com crescimento, portanto não houvesse recomposição da receita", afirmou o presidenciável.

Dirigentes regionais do PMDB criticam aliança com PT

Ricardo Della Coletta - Agência Estado

A menos de um mês da convenção nacional do PMDB, caciques do partido se encontraram em Brasília para medir a temperatura das críticas à aliança com o PT. No encontro, o acordo nacional com os petistas - para reeditar a chapa de 2010 - sofreu críticas de dirigentes de diretórios regionais com problemas eleitorais, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará. Os dissidentes se queixaram que, ao chancelar a parceria da presidente Dilma Rousseff com o vice-presidente Michel Temer, o PMDB fortaleceria o adversário da legenda em diversas disputas estaduais.

Também pontuaram que com o foco na eleição nacional o PMDB pode diminuir sua bancada federal nas eleições deste ano, o que diminui o peso do partido no próximo governo. "A maioria (do PMDB) do Rio de Janeiro é contra a aliança nacional. O PMDB participa do governo com cinco ou seis minutos do tempo de televisão, mas não apita nada na construção de políticas públicas do país", resumiu um dos porta-vozes dos insatisfeitos, o deputado federal Leonardo Picciani (RJ).

Para aplacar os oponentes da reedição da aliança, Michel Temer chegou à reunião com o apoio declarado dos diretórios de Minas Gerais e de São Paulo. A ideia era passar uma demonstração de força e tentar pedir, com isso, a união do partido em torno do projeto nacional.

O vice-presidente não falou com a imprensa ao deixar o evento, mas segundo relatos de peemedebistas ele afirmou aos presentes que apoiaria nos Estados até mesmo os candidatos que fossem contra a parceria. A tese da ala encabeçada por Temer é que nos Estados o PMDB deve estar livre para compor os acordos da forma que achar melhor, mas preservando o apoio à aliança PT-PMDB.

Defensores da reedição da chapa com Dilma e Temer argumentaram também que o PMDB tem participação importante no governo, lembrando que o partido controla as presidências da Câmara e do Senado, ministérios e a própria vice-presidência. Além do mais, garantiram que na convenção do partido em junho a sigla não deve romper com o PT. "Se houvesse risco seria a maior incoerência política e o PMDB pagaria muito caro por isso", disse o presidente do Senado, Renan Calheiros.

Queda nas intenções de voto em Dilma reforça neutralidade do PMDB

• Ala do PMDB aumenta pressão por neutralidade

• Queda nas intenções de voto em Dilma e divergências nos Estados reforçam tese de setores que defendem a independência do partido na eleição de outubro

Ricardo Della Coletta - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A queda nas intenções de voto na presidente Dilma Rousseff, conforme as mais recentes pesquisas, e as divergências nos Estados levaram ontem a ala dissidente do PMDB a aumentar a pressão sobre a cúpula do partido para que a sigla fique neutra na disputa pelo Palácio do Planalto e negue apoio à reeleição da petista.

A menos de um mês da convenção nacional do PMDB que vai decidir o rumo do partido na sucessão presidencial, setores da legenda aproveitaram a reunião da Executiva Nacional, em Brasília, para reforçar a cobrança por uma postura independente na eleição d e outubro. "Oscilações de pesquisas atiçam o debate político", disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), após o encontro.

As críticas principais foram no sentido de que o partido se beneficia pouco do acordo nacional com os petistas. Os peemedebistas reclamaram ainda que a bancada federal pode ficar menor caso a aliança seja mantida, o que diminuiria o peso político da sigla no próximo governo. "O PMDB participa do governo com cinco ou seis minutos do tempo de televisão, mas não apita nada na construção de políticas públicas do País", disse um dos porta-vozes dos insatisfeitos, o deputado federal Leonardo Picciani (RJ).

Embora as divergências locais ainda sejam o motor das insatisfações dentro do PMDB, a avaliação é que as críticas à aliança nacional PMDB-PT também foram influenciadas pela queda da avaliação do governo Dilma e das intenções de voto na petista nas pesquisas eleitorais. No Rio, por exemplo, o PMDB deve lançar candidato Luiz Fernando Pezão, que assumiu o governo do Estado no lugar de Sérgio Cabral, enquanto que o PT trabalha pela candidatura do senador Lindbergh Farias. "Fortalecer o seu adversário a nível nacional é o mesmo do que fortalecer o adversário no Estado", resumiu Picciani.

O Rio tem o maior número de convencionais que decidirá pela coligação ou não com Dilma na convenção no dia 10 de junho. A insatisfação também ocorre em outros Estados com peso interno, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Sul.

Apoios. Na tentativa de mostrar unidade do partido, Temer, presidente licenciado da sigla e que trabalha pela aliança, apresentou ontem ofícios de apoio assinados pelos convencionais dos diretórios de Minas Gerais e de São Paulo. Também advogou a tese de que a sigla respeite as peculiaridades eleitorais dos Estados nas coligações, desde que haja a defesa do projeto nacional.

Dora Kramer: A ira vence o delírio

• PT abandonou modelo da fantasia paradisíaca e ficou bravo de novo

- O Estado de S. Paulo

Fiel ao seu lema de que política é encenação, o artífice da propaganda do Planalto, João Santana, trocou o cenário do otimismo de governo pelo embate na arena do pessimismo na campanha eleitoral.

A celebração do paraíso em contraposição às críticas dos que apontavam equívocos na condução da política e da economia do País não foi suficiente para cumprir o vaticínio feito pelo mesmo Santana de que no fim de 2013 a presidente Dilma Rousseff não só recuperaria todo capital de popularidade como seria eleita no primeiro turno, batendo com facilidade os "anões" da oposição.

Conforme atesta também o mago do marketing em sua teoria, política é teatro, mas não é ficção. De onde, a realidade se impôs e contrariou suas previsões indicando a necessidade da mudança de rumo na estratégia.

"Não está tudo bem com os preços", começou dizendo a presidente em recente encontro com jornalistas. Nesta semana, reconheceu que o governo "subestimou" a complexidade e os prazos das obras do projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. Pegou leve diante do quadro real, mas fez uma inflexão menos delirante do ufanismo costumeiro.

Na mesma linha, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, rendeu-se à "frustração" ante ao atraso das obras da Copa e admitiu que o governo foi "incompetente" no diálogo com a sociedade. De fato, monologou o tempo todo e atuou na base do "venha a nós".

O comercial do PT exibido na terça-feira faz referência aos "fantasmas do passado", genericamente representados por perdas de benefícios obtidos durante os governos comandados pelo partido.

Há quem veja nisso a repetição com sinal trocado do medo versus esperança que dominou a cena da eleição de 2002.

A comparação, contudo, não resiste a um exame racional. Na época havia um receio real a respeito do que faria o PT no governo. Tanto que o partido precisou se comprometer por escrito com os fundamentos da estabilidade econômica para ganhar a eleição.

Hoje as incertezas têm origem justamente nas atitudes do governo, que ao longo do tempo vem abandonando os compromissos firmados na Carta aos Brasileiros e se aproximando cada vez mais de seu programa original. Com receio de perder o poder, deixou de lado a leveza do modelo da fantasia paradisíaca e ficou bravo de novo.

Há receio quanto à crença firme do governo na manutenção de uma inflação baixa, na necessidade do controle de gastos públicos, na correção de rumos equivocados, na oitiva aos apelos à racionalidade, na capacidade de enfrentar com realismo situações adversas e de fazer o que precisa ser feito para o País avançar.

A estratégia do medo pode render boas propagandas, mas só terá resultados se refletir a realidade. João Santana tem razão: política é teatro, mas não é ficção.

Devido processo. Líder da corrente mais transigente no julgamento de crimes eleitorais, defensor da mínima interferência da Justiça nos embates entre partidos, o novo presidente do TSE não considera que a atual movimentação de candidatos configure campanha eleitoral antecipada.

Na concepção do ministro Dias Toffoli, só incorreria em infração à lei em vigor aquele que dissesse "eu sou candidato, vote em mim".

Embora seja louvável a ideia de não interditar o debate político, a revogação de leis não é ato de vontade, é prerrogativa do Poder Legislativo.

Logo, consente. Não seria o caso, ainda que para cumprir uma formalidade civil, de o PT repudiar as ameaças de filiados e militantes à integridade física do ministro Joaquim Barbosa?

Em silêncio, o partido avaliza o espírito de intolerância e o caráter violento desse tipo de manifestação.

Luiz Carlos Azedo: A CPI chapa-branca

• Vital do Rêgo (PMDB-PB) lidera o grupo de raposas governistas escalado para domar a CPI da Petrobras, que será a mais chapa-branca das comissões de inquérito já instaladas no Senado. Tanto que o relator, senador José Pimentel, é o líder do governo Congresso

- Correio Braziliense

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras do Senado começou a funcionar ontem. Aprovou requerimentos de convocação da presidente da Petrobras, Graça Foster, e do ex-diretor da área internacional da empresa Nestor Cerveró. Ambos foram chamados para prestar esclarecimentos sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). A CPI aprovou também um plano de trabalho elaborado pelo relator, senador José Pimentel (PT-CE), e outros 74 requerimentos apresentados por parlamentares aliados ao governo. O único titular da oposição é senador Cyro Miranda (PSDB-GO), apenas para marcar posição.

O depoimento de Graça Foster à CPI foi marcado para a próxima terça-feira e o de Gabrielli, para quinta-feira. Ambos foram chamados para pôr um ponto final na polêmica sobre a compra de Pasadena, nos EUA: a primeira dirá que a operação passou a ser um mau negócio depois da crise mundial; o segundo, que foi um bom negócio quando realizado. Ficará o dito pelo não dito. As demais convocações não têm data definida, segundo o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), que lidera o grupo de raposas governistas escalado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para domar o colegiado. Essa será a mais chapa-branca das comissões de inquérito já instaladas no Senado. Tanto que o relator, senador José Pimentel, é o líder do governo no Congresso.

Também são titulares da CPI os senadores governistas João Alberto Souza (PMDB-MA), Valdir Raupp (PMDB-RO), Ciro Nogueira (PP-PI), Humberto Costa (PT-PE), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Acir Gurgacz (PDT-RO), Aníbal Diniz (PT-AC), Jorge Viana (PT- AC), Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) e Gim Argello (PTB-DF). A maioria tem interesses na Petrobras e suas subsidiárias. As prioridades dos trabalhos da comissão não estão muito claras. Uma delas é o Porto de Suape, que tem uma ligação com a refinaria de Abreu e Lima, esta sim, prevista no requerimento de criação da CPI. O porto é uma empresa pública do estado de Pernambuco e, segundo Pimentel, haveria denúncias de sobrepreço nas obras de interligação entre a refinaria e o Píer de Suape. Abreu e Lima está situada dentro da área portuária. O requerimento mira o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República.

O elo perdido
A CPI é tão chapa-branca que não dá sequer para imaginar um Fla-Flu parecido com o que ocorreu na CPI Mista do Banestado, entre o relator, o deputado petista José Mentor (SP), e seu presidente, e o então senador tucano Antero Paes de Barros. Aquela foi uma das mais conturbadas investigações parlamentares já realizadas pelo Congresso. O Palácio do Planalto também tentou impedir a instalação, mas fracassou por causa da repercussão negativa do caso. Um dos momentos de maior tensão na CPI ocorreu em torno da convocação do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf. O PT posicionou-se contra, Maluf não foi convocado.

Após um ano e meio de investigações, Mentor sugeriu o indiciamento de 91 pessoas, entre elas o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco; o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta; e o ex-dono das Casas Bahia (maior rede varejista do Brasil) Samuel Klein. Foram acusados de participar de um esquema de evasão de divisas, por meio de contas CC5, que teria chegado a R$ 150 bilhões. Franco foi denunciado apenas porque criou os mecanismos legais usados pelo Banestado para envio de dinheiro ao exterior. Havia a presunção de que mais de 130 políticos estavam envolvidos no esquema, além de empresários e pessoas ligadas ao tráfico de drogas, de armas e de mulheres, mas nenhum nome surgiu no relatório.

A CPI foi acusada de abusar das quebras de sigilos bancários e fiscais. Foram mais de 1,7 mil pedidos. Um dos atingidos foi o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, acusado de não declarar à Receita Federal movimentações financeiras feitas no exterior. Para protegê-lo, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou uma Medida Provisória ao Congresso para dar status de ministro e foro privilegiado ao presidente do Banco Central. O que tem a ver a fracassada CPI do Banestado com a CPI da Petrobras? Aparentemente nada, exceto o fato de que o doleiro envolvido no caso Banestado era o mesmo Alberto Youssef, preso na Operação Lava-Jato com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa, também detido e considerado o homem-bomba do suposto propinoduto da Petrobras que assombra o Congresso.

César Felício: Realismo em cena trará pressão de fora

• Enfraquecimento de Dilma pode estar superestimado

- Valor Econômico

"Estou muito otimista com outubro. Não sei se é realismo ou é um desejo louco dentro do meu peito", comenta um empresário do setor elétrico ao ser indagado sobre as suas expectativas em relação à eleição presidencial. Quem se sente atingido pelo governo da presidente Dilma Rousseff começa a ler as pesquisas de opinião de uma forma em que prognóstico se mistura com torcida.

Nesta maneira de ver o mundo, confunde-se o que é possível com o que é provável, tendência torna-se destino e já há quem ouse mencionar um cenário em que Dilma não estaria no segundo turno. De concreto, fica evidente apenas o rechaço do atual governo dentro do setor empresarial, dentro e fora do Brasil. Este turbilhão de emoções tem ajudado a compreender o comportamento autista do mercado a cada pesquisa que mostra o declínio da aprovação popular da administração da presidente Dilma Rousseff e algum movimento na curva de intenção de voto dos adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Na última semana, em relatórios especializados, consultores internacionais começaram a alertar em relação à possibilidade de estar acontecendo um "overshooting" na interpretação das pesquisas, em que se estaria superestimando o enfraquecimento de Dilma. Coincidência ou não, foi sóbria a reação do mercado à última sondagem Datafolha que sinalizou segundo turno entre Dilma e Aécio, no dia 9: o Ibovespa fechou em baixa de 0,6%.

No transcorrer de uma campanha, governantes que buscam um novo mandato e são afrontados pelo desejo de mudança não estão desarmados. Sempre podem dizer aos votantes que os adversários colocam em risco o que se tem, como o PT de Dilma fez em seu comercial de TV na terça-feira. Nos Estados Unidos, em 1964, um comercial da campanha pela reeleição de Lyndon Johnson insinuou que um presidente republicano poderia fomentar o apocalipse nuclear. A tradição histórica também reforça a cautela com que se deve avaliar a perspectiva de mudança quando existe a reeleição no horizonte.

Na América Latina, apenas dois presidentes perderam uma recondução nos últimos 25 anos: Daniel Ortega na Nicarágua em 1990 e Hipólito Mejía na República Dominicana em 2004. Nos Estados Unidos, em cem anos, houve cinco derrotas de um candidato a um segundo mandato. No mesmo período, 13 reeleições.

No Brasil a pesquisa Datafolha mostra o tamanho do desafio a ser vencido por Aécio e Campos. Os dois reúnem 31% das intenções de voto, mas apenas 15% dos pesquisados afirmam acreditar na vitória de um ou outro. A crença na reeleição é compartilhada por 37%, mesmo percentual dos que escolhem Dilma como candidata. A convicção na vitória de Dilma só é perturbada pela sombra avassaladora do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: 23% dos pesquisados acham que o ex-presidente irá substituir Dilma na chapa e vencer as eleições.

Resta saber a que tipo de perigo o país estará exposto caso os agentes financeiros internacionais passem a apostar de forma consistente em um novo mandato petista. À medida que esta convicção crescer, a pressão que vem de fora tende a subir.

Para especialistas em risco soberano, como o economista uruguaio Arturo Porzecanski, "o mercado está sinalizando que não dará um voto de confiança a ela". Radicado nos Estados Unidos, Porzecanski hoje é professor da American University, mas por 28 anos foi o responsável em diversas instituições financeiras por investimentos em mercados emergentes.

"Quando a bolsa sobe porque a presidente cai, está sendo emitido um sinal de que a troca de governo irá interromper um processo", comentou Porzecanski em entrevista por telefone. O pensamento do economista, como o de muitos formadores de opinião em relação ao Brasil no exterior, não tem muitos matizes: o país está na mesma vereda intervencionista de Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina.

"Isto começou com as políticas de distribuição de renda, ainda com Lula, e resultou no aumento do protecionismo à indústria, do protagonismo dos bancos federais, no controle de preços de energia e na concessão de subsídios, já com Dilma", disse o uruguaio.

A avaliação mais favorável do Brasil em relação ao universo bolivariano, segundo Porzecanski, deve-se às reservas monetárias altas e a uma inflação ainda "relativamente baixa, quando comparada a de outros intervencionistas". São dois fatores que teriam sobrevivência duvidosa a longo prazo, mantido o rumo das coisas, na visão do professor.

"A pergunta que se faz, caso se raciocine com a eleição dela, é se Dilma antecipará o ajuste em relação aos demais países do grupo ao qual o Brasil se juntou. Na Argentina e na Venezuela, os governos aguardaram as situações extremas para começarem a atuar. Essa sinalização precisaria ser dada ainda este ano", disse. Em outras palavras, o que se cobra é outra "Carta ao Povo Brasileiro", o compromisso de enquadramento assumido por Lula em junho de 2002, época em que o mercado começou a perceber que o petista iria mesmo substituir Fernando Henrique Cardoso.

Porzecanski não antecipa respostas, mas a história é repleta de líderes que trocaram até de religião para assumirem o poder, desde Henrique IV na França, protestante que em 1593 se converteu ao catolicismo e teria dito que "Paris vale uma missa". O problema é que Dilma, ao contrário dos precedentes históricos, inclusive o de Lula, já está no comando. Na perspectiva privilegiada de Lula em 2002, era possível administrar expectativas tanto fora quanto dentro do país e acenar com políticas que não representavam perdas para nenhum segmento. Para quem está no poder, guinadas radicais podem ter gosto de rendição. Seria uma renúncia ao controle da agenda do governo, com efeito direto no curso da campanha.

Eliane Cantanhêde: Batendo cabeça

- Folha de S. Paulo

À Folha, o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, admitiu o que todo mundo sabe, mas ninguém no governo diz: sim, há controle de preços (de energia e gasolina) para segurar a inflação.

Ele não usa a expressão "controle de preços", mas declarou exatamente isso: "Preços administrados são preços administrados. Você administra em função do interesse estratégico da economia, dos consumidores". É a "política anticíclica".

Já o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem em audiência pública na Câmara que não existe nada disso de controle de preço ou de preço administrado. Mas ele se enrolou todo ao usar o exemplo da energia e desmentir, na prática, a posição do colega da Casa Civil.

A tarifa, assumiu Mantega, "subiu 18%". Em sendo assim, "cadê o represamento dos preços?".

E continuou se enrolando, ao falar sobre os R$ 13 bilhões (9 e depois mais 4) que o Tesouro tem de despejar no setor de energia para corrigir as políticas voluntaristas do governo Dilma: "No fundo, a conta é do contribuinte. (...) Pior seria colocar tudo no consumidor, diretamente".

Ou seja, nós todos vamos pagar essa continha salgada do "controle", ou da "administração", ou do "represamento" das tarifas de energia que Mercadante admite e Mantega nega.

Nenhum dos dois lembrou que Dilma fez pronunciamento na TV para gabar-se da redução da conta de luz de empresas e consumidores. E nem era por uma política "anticíclica" ou contra a inflação, mas por populismo puro e simples.

O gato comeu a intenção, o setor sofreu, os preços aumentaram e, enquanto Dilma e seus dois ministros mais importantes batem cabeça, o Tesouro tem de dar um jeito.

Quando se fala em "Tesouro", não está se falando de algo abstrato ou do dinheiro alheio. Está se falando do meu, do seu e do nosso suado dinheirinho. Porque nós, contribuintes e consumidores, em geral somos uma entidade só. A que paga o pato.

Jarbas de Holanda: Dilma, Aécio, a montagem de alianças, CPIs e a Copa

Reafirmação de Dilma Rousseff (com queda de 1%, na margem de erro, para 37%, que conteve o “volta Lula”). O crescimento de Aécio Neves (de quatro pontos, para 20%) e o de Eduardo Campos (de 10% para 11%), bem como o da soma do conjunto de concorrentes da postulante à reeleição, para 38%. Configurando-se, assim, o cenário de um 2º turno, que teria os dois primeiros como protagonistas. Isso de par com novo declínio da avaliação do desempenho da máquina federal e de aumento da demanda de mudança do governo, mas associada predominantemente ainda à figura de Lula. Esses indicadores do Datafolha da semana passada, que confirmam tendências registradas em outras pesquisas recentes, passam a condicionar, com maior peso, as articulações voltadas, simultaneamente, à composição de alianças para o pleito maior e para a montagem dos palanques estaduais. A serem concluídas nas convenções partidárias, até o final de junho. Novas pesquisas ao longo de maio poderão trazer números com alguma diferença em relação aos do Datafolha, mas sem provável alteração significativa das tendências.

O reequilíbrio na disputa presidencial amplia as resistências que se têm manifestado em diversos partidos da base governista, inclusive no PMDB, à reprodução dela na aliança eleitoral pró-Dilma. O que se desdobra em dificuldades, crescentes, na construção de palanques estaduais vinculados à reeleição nacional. Agravadas por conflitos entre esses partidos e o PT. O enfrentamento das ameaças a tal reprodução constitui a principal prioridade política conjunta do Planalto e do ex-presidente Lula. Elas se estendem da defesa de neutralidade, que tem sido explicitada por vários segmentos do PMDB, até a proposta de deslocamento para a oposição, assumida por muitos parlamentares e lideranças regionais do PP. Num contexto em que esses e outros partidos da referida base, além do PSD que não a integra formalmente, já liberaram os diretórios estaduais pa-ra participação em palanques predominantemente anti-Dilma. As armas básicas do governo e do ex-presidente para esse enfrentamento são “relações especiais” (liberação de recursos e cargos federais) com as cúpulas das legendas de base, em particular com os caciques do PMDB José Sarney e Renan Calheiros.

Quanto aos desafios específicos da presidente e do ex, o principal dela é intensificar, ainda mais, as ações recomendadas pelo marqueteiro João Santana para a melhoria de seus precários índices de avaliação, sem o que não resistirá ao “volta Lula” até a convenção do PT. Por seu turno, os do ex-presidente incluem um que é responsável pela guinada radicalizante de recentes manifestações dele – numa entrevista que deu em Portugal atacando o STF por causa da condenação dos mensaleiros e, num encontro do PT em 2 de maio, pregando a regulação da imprensa e qualificando a mídia como “partido de oposição”. Trata-se de resposta ao forte desgaste social do seu partido, que está dificultando as alianças nos planos federal e estadual e que põe em xeque o grande objetivo de hegemonia no Congresso – ou em apoio a um segundo mandato de Dilma ou em forte oposição, tendo em vista sua candidatura em 2018.

Quanto às campanhas dos oposicionistas nesse período, a de Aécio, favorecida pelo avanço nas pesquisas, ganha melhores condições para respaldo nos palanques estaduais, mas passará a sofrer ataques bem mais duros do Planalto e do lulismo e a receber estocadas da campanha de Eduardo Campos (de parte do PSB e da Rede de Marina), no legítimo empenho desta de disputa de um lugar no 2º turno. Com uma diferenciação natural, entre as duas, que o lulismo buscará aprofundar na perspectiva de beneficiar-se disso no 2º turno.

Duas outras variáveis significativas de nova fase pré-eleitoral ligam-se, a primeira, ao papel que poderá ser representado pelas CPIs, sem que se tenha ainda clareza de que a oposição consiga vencer o forte bloqueio do oficialismo à CPMI da Petrobras, e, a segunda, o imponderável das manifestações – pacíficas e violentas – contra a Copa da Fifa.

Jarbas de Holanda é jornalista

José Aníbal: Era o que faltava

- Blog do Noblat

Segundo reportagem do Estadão, recursos do fundo partidário foram usados pelo PT para pagar os advogados de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo. Suspeita de integrar um esquema de venda de “facilidades” na administração pública, Rosemary, assim como outros filiados petistas encrencados com a Justiça, teria custeado sua defesa com dinheiro dos impostos dos contribuintes.

Empregar recursos públicos para defender pessoas acusadas de lesar o Estado é a quintessência do cinismo e do deboche. Aqui, o poder público passa a ser o avalista de uma operação de risco. Caso um militante-delinquente seja pego burlando a lei ou surrupiando cofres públicos, o partido, com o dinheiro do cidadão, paga sua defesa. É uma espécie de “seguro ladrão” – obviamente ilegal e imoral.

A lei é cristalina quanto à aplicação desses recursos. Ela proíbe que despesas pessoais sejam pagas com o fundo partidário. Embora quase R$ 1 milhão tenha sido pago pelo PT – com o fundo partidário – aos advogados de Rosemary, eles juram que os honorários do processo por tráfico de influência, formação de quadrilha e corrupção passiva foram “cortesia”. Os repasses do partido ao escritório teriam servido para quitar outras causas.

Cada vez mais infestada pelo partido, a máquina pública sofre com disfuncionalidades crescentes em vários níveis. As instituições vão sendo carcomidas por apaniguados e a agenda nacional aos poucos sucumbe a interesses enviesados. Melhor exemplo são as estatais, que fraquejam à mercê de promiscuidades diversas. Agora mais essa: financiamento público de criminalistas para beneficiários privados.

À medida em que essas espertezas vão aparecendo e a reprovação ao governo ganha voz, cresce a violência retórica do PT contra quem cruza seu caminho. Após o processo de suavização ideológica, cujas marcas foram o “Lulinha Paz e Amor” e a “Carta ao Povo Brasileiro”, o partido aos poucos vai reavivando as fagulhas de seu raivoso radicalismo. Ao perder a vergonha de mostrar o que é, o PT reencontra sua história.

O curioso é que o radicalismo petista, antes nutrido por ranços ideológicos, agora se inflama pela defesa das ilegalidades cometidas. A confusão entre o Estado e o partido é tão obscena que eles perderam a vergonha de reinvindicar legitimidade para seus desvios. Se Lula vocifera contra a Justiça, é por ela fazer valer a lei. Se o PT ataca a imprensa, é porque ela não se curva. Agora, dinheiro do fundo partidário paga advogado de militante pego no pulo. Era só o que faltava.

José Aníbal é deputado federal (PSDB-SP).

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

São Paulo, palco da discórdia
Pelo andar da carruagem, Eduardo Campos e sua vice, Marina Silva, vão divergir muito até acertar o palanque ao governo do Estado de São Paulo. Marina disse à coluna que o partido terá candidatura própria. Enquanto isso, Eduardo, em conversa com o PPS, levantou a hipótese de não lançar candidatos simbólicos em locais de indefinição, e citou São Paulo. "Lá não está nada fechado", diz ele, sem trancar a porta a uma composição com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
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O PPS é importante para Eduardo, portanto, o mais provável é que, para não perder o partido de Roberto Freire, Eduardo termine na chapa de Alckmin. O problema, entretanto, é deixar de divulgar o 40, número do socialista, e ficar no ar apenas o 45, número do PSDB de Geraldo e Aécio Neves.

Enquanto isso, em Minas Gerais...
O PSB prepara a pré-candidatura do deputado Júlio Delgado ao governo do estado. Se vingar, o candidato a deputado no lugar dele será Tarcísio Delgado, ex-prefeito de Juiz de Fora e ex-deputado.

Em Pernambuco...
Daniel Coelho se aquece para entrar na campanha como candidato a governador do estado pelo PSDB. Os socialistas não reclamam. Há quem aposte que o tucano tirará votos de Armando Monteiro Neto, do PTB, apoiado pelo PT, e não de Paulo Câmara, do PSB.

Sinais
O ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) pediu e ganhou o cargo de relator do projeto de federalização dos servidores do Amapá. A proposta foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e ontem passou no plenário da Casa. Quem o conhece, não duvida mais: Sarney será candidato à reeleição.

Juniores versus seniores
Horas antes da reunião da Executiva do PMDB que pretendia marcar uma mudança dos ventos na chapa Dilma-Michel, o vice-presidente da República, Michel Temer, recebeu um documento por escrito com o apoio de Minas Gerais e de São Paulo à manutenção da aliança com a presidente. No encontro da Executiva à tarde, Jader Barbalho e Renan Calheiros foram incisivos na defesa da aliança com Dilma, enquanto os jovens tocavam fogo contra.

É pegar ou largar
Àqueles que o procuram para saber da CPI Mista da Petrobras, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem dito que, quem estiver com pressa que deflagre as investigações via CPI do Senado, a mista só sai a 14 dias da Copa.

Partido ao meio/ Tudo no PMDB é meio invertido. Geralmente, as pessoas correm para apagar incêndios. Ali, não. "Falamos depois, tenho que ir ali botar fogo numa rebelião", diz o deputado Lúcio Vieira Lima.

Juntinhos/ A Confederação Nacional dos Municípios não esperava a presença de Marina Silva na Marcha dos Prefeitos. Tanto é que, na última hora, a produção teve de entrar correndo no palco com uma cadeira extra. A ordem era deixar o espaço reservado apenas ao candidato e ao comandante da Marcha, Paulo Ziulkowski.

Vibraram/ Os socialistas perceberam que ontem foi a primeira vez que Eduardo discursou ao lado de Marina Silva de forma mais solta, sem olhar para ela como quem pede aprovação ao que está dizendo.

Se colar.../ A ONG Adote um Distrital promete colocar seus simpatizantes às ruas para cobrar que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes leve ao plenário a ação da OAB que pretende extinguir os financiamentos das empresas às campanhas políticas. O comandante da ONG, Diego Ramalho, anunciou a mobilização ontem no debate "As eleições que nós queremos".

Ops! Ministro trocado!/ O ministro que compareceu à posse da diretoria da Antaq e, ao sair, pediu a todos que tivessem juízo foi o dos Portos, Antônio Silveira, e não o dos Transportes, César Borges. São tantos ministros que, às vezes, até a gente troca.