sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA - Eugênio Bucci

A oratória petista depende de ter um antagonista imaginário. Sem isso, parece que não para mais de pé. Sim, temos aí um traço de discurso autoritário. Em todo regime autoritário ou totalitário, a figura mais essencial é a do inimigo. Para os nazistas, esse inimigo estruturante foram os judeus. Para o chavismo, foi o imperialismo, encarnado por Bush, que teria cheiro de enxofre. E mesmo Bush só conseguiu salvar seu mandato do fiasco porque lhe caiu no colo o inimigo chamado terrorismo. É claro que não se pode dizer que o PT atualmente se reduza a um discurso tropegamente autoritário, mas as feições autoritárias e fanatizantes desse discurso vão ganhando densidade a cada dia. Não obstante, está assentado em bases fictícias, completamente fictícias.

Eugênio Bucci, “Dos que tanto amam odiar a imprensa”, O Estado de S. Paulo, 26 de dezembro de 2013.

Comércio tem Natal mais fraco em 11 anos

Endividamento em alta, confiança em baixa e queda no poder de compra inibem gastos; vendas sobem só 2,7%

Vendas de shopping ficam estáveis sem levar em conta os novos empreendimentos; entidade 'culpa' Miami

Mariana Barbosa

SÃO PAULO - Queda no poder de compra, encarecimento do crédito, endividamento em alta e confiança do consumidor em baixa fizeram deste Natal o mais fraco para o comércio em 11 anos.

Segundo o indicador de atividade do comércio da Serasa Experian, as vendas na principal data para o comércio cresceram 2,7% no país (já descontada a inflação), pior desempenho desde o início da série, em 2003.

"O consumidor está menos disposto a comprar e mais preocupado em sair da inadimplência do que em contrair novas dívidas", diz Luiz Rabi, economista da Serasa. O levantamento foi feito com base em consultas realizadas na semana de 18 a 24 deste mês.

"Vivemos nos últimos anos uma antecipação forte do consumo, estimulado pela redução das alíquotas de impostos", diz Nuno Fouto, professor do Provar/FIA.

"Isso comprometeu muito a renda. E, com a inflação, o consumidor está mais receoso. Acabou a onda positiva. Hoje só o ministro da Fazenda diz que está tudo bem."

Para ele, a bolha de consumo acabou "há muito tempo". "Em 2011 voltamos ao nível de crescimento que tínhamos em 2004."

Os shoppings registraram crescimento de 5% em termos reais, metade do esperado, puxado exclusivamente pela abertura de novos empreendimentos e ampliações.

Na mesma base de comparação, conceito mesmas lojas, não houve crescimento. "Foi um ano preocupante", diz o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun.

O setor deve encerrar o ano com faturamento de R$ 132,8 bilhões. O número considera os 38 novos shoppings abertos ao longo do ano.

Efeito Miami
Além dos motivos que afetaram o comércio de modo geral, os shoppings acrescentam a competição com outlets de Miami e Orlando, que vivem abarrotados de brasileiros. "Os preços lá fora são muito menores e isso é um inibidor de compras, sobretudo no setor de vestuário", diz Sahyoun. O segmento nos shoppings registrou queda de 1% no Natal e deve encolher 2,5% no ano.

Segundo a Alshop, o gas- to individual com presentes caiu 10% neste ano. Variou de R$ 35 a R$ 45 nos shoppings populares. E de R$ 75 a R$ 125 nos estabelecimentos de classe média e alta.

Na avaliação da associação, essa desaceleração não é apenas conjuntural.

"A volúpia de compras acabou. As pessoas já compraram o que precisavam e agora estão fazendo reposição", diz Luiz Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Alshop.

Para o economista Eduardo Tonooka, a capacidade de estimular a economia por meio do consumo, com a redução de impostos, chegou ao limite.

"Com os níveis de emprego elevados, não há muito mais espaço para ter mais pessoas ingressando no mercado de consumo", diz.

E-commerce
Só quem comemorou foi o comércio eletrônico, que teve crescimento nominal de 41%. De 15 de novembro a 24 deste mês, as vendas somaram R$ 4,3 bilhões --o período inclui a Black Friday. No ano, o setor deve faturar R$ 28 bilhões, segundo a E-bit.

Fonte: Folha de S. Paulo

Governo só liberou 28% do dinheiro destinado a plano nacional contra desastres naturais

Em agosto de 2012, União anunciou R$ 18,8 bilhões que devem ser gastos até 2014

Thiago Herdy, Chico de Gois

SÃO PAULO e BRASÍLIA - O governo federal gastou até agora apenas 28% dos R$ 18,8 bilhões que anunciou, em agosto de 2012, para o Plano Nacional de Gestão de Riscos e Resposta a Desastres Naturais. Os recursos seriam gastos, até 2014, em ações divididas em eixos temáticos: prevenção, mapeamento, resposta e monitoramento climático em todo o país.

Dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), obtidos pela ONG Contas Abertas, mostram que o governo gastou R$ 5,3 bilhões em 2012 e 2013. Deste total, R$ 1,3 bilhão é referente a ações que já estavam previstas antes mesmo do anúncio do plano nacional, e que foram gastos até este mês. Para cumprir sua promessa, o governo Dilma precisará investir no próximo ano, eleitoral, nada menos que R$ 13,5 bilhões.

Com o objetivo de driblar a burocracia do próprio governo, a presidente Dilma editou uma medida provisória, publicada ontem no Diário Oficial, que facilita o repasse de recursos do governo para estados e municípios atingidos por desastres naturais. A nova regra determina que a transferência de verba para os locais que enfrentam calamidades seja feita por meio de depósito direto em uma conta específica, em bancos oficiais.

A MP alterou a lei 12.340, de 2010, e permite a estados acesso direto aos recursos federais, sem a necessidade de apresentar um projeto detalhado para as obras de prevenção. Antes, os repasses eram feitos por meio de convênios e liberados apenas após a aprovação do projeto básico da obra, da liberação da licença ambiental, e da aprovação da Caixa Econômica Federal, o agente financeiro do governo.

Outra novidade da medida é a possibilidade de aplicação do RDC (Regime Diferenciado de Contratações) às licitações e aos contratos destinados à execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres, de resposta e de recuperação em áreas atingidas por desastres.
Segundo o Ministério da Integração Nacional, a medida dará mais agilidade a todos os órgãos federais que trabalham com prevenção e recuperação de áreas atingidas por desastres. O prazo médio para destinação das verbas cairá de quatro meses para apenas um.

No ES, 27 mortos com as chuvas
A medida provisória foi publicada dois dias depois de Dilma visitar o Espírito Santo, onde 27 pessoas já morreram por causa das chuvas. Em Minas, que a presidente sobrevoará hoje, 18 pessoas morreram. Na ocasião do lançamento do Plano Nacional de Gestão de Riscos, a União acertou com o governo de Minas a liberação de R$ 792,3 milhões para obras de drenagem em quatro cidades e contenção de encostas em outras 18, com situação considerada crítica.

Passados 16 meses, nenhuma obra foi iniciada — todas se encontram em fase de licitação de projetos, sem previsão de início dos trabalhos em campo, segundo a Secretaria de estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, responsável pelas obras.

Se em Minas os projetos não saem do papel, no Espírito Santo não houve planejamento de resposta aos desastres. De R$ 2,790 bilhões gastos pelo governo em 2013 com gestão de riscos e resposta a desastres, o estado recebeu só R$ 2,9 milhões — pouco mais de 0,1%. A cidade de Vila Velha, uma das mais atingidas pelas chuvas, foi beneficiada com R$ 557 mil para drenagem na bacia da Costa, de convênio assinado com a prefeitura em 2011.

O governo federal liberou R$ 305,5 milhões aos estados em 2013 para ações da Defesa Civil, mas o Espírito Santo recebeu só R$ 794 mil, e os recursos foram todos alocados no município de Alfredo Chaves. Vitória, segundo o Siafi, recebeu, ao todo, R$ 1,5 milhão até o dia 24 de dezembro. Dois outros municípios capixabas tiveram recursos minguados para ações contra desastres. Colatina recebeu apenas R$ 9,9 mil; Linhares, R$ 2,6 mil.

No estado de São Paulo, Diadema, São Bernardo do Campo e Mauá pleitearam, em 2012, R$ 119 milhões para obras de estabilização de encostas e remoção de famílias. O pedido foi feito por meio do Consórcio Intermunicipal Grande ABC. Dilma visitou a região um ano depois, em agosto de 2013, mas não para fiscalizar as obras, e, sim, para anunciar a liberação de R$ 104 milhões para o projeto, que ainda não tem qualquer previsão de início de obras.

Responsável pela coordenação do Plano Nacional de Gestão de Riscos, a Casa Civil informou ontem que apenas os sete ministérios responsáveis pelas ações do plano poderiam dar informações detalhadas sobre os projetos. O Ministério da Integração informou que “trabalha para dar celeridade a todas as obras”, mas que considera importante destacar que “os responsáveis pelas execuções são os estados e municípios.”

Para justificar a MP editada ontem, Dilma escreveu pelo Twitter que recursos chegam atrasados “aos municípios por falta de projetos ou exigências, que são corretas em tempos normais, mas excessivas para enfrentar situações de emergência”.

Fonte: O Globo

Atraso é geral nas obras do PAC previstas para este mês

André Borges

BRASÍLIA - O diagnóstico feito pela presidente Dilma Rousseff quanto aos atrasos crônicos que comprometem as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi preciso. Um exame mais detalhado sobre o desempenho do principal programa de infraestrutura do governo deixa claro por que, como disse a presidente, "uma das maiores preocupações e dores de cabeça do governo federal é justamente o cumprimento de prazos".

A partir do primeiro balanço do PAC feito pela presidente, em 2011, o Valor fez um levantamento daqueles projetos que - independentemente de já acumularem ou não atrasos em seus cronogramas - deveriam ser entregues neste dezembro. Chega-se a uma relação de nove obras, com investimentos totais superiores a R$ 12 bilhões. O aborrecimento do governo é justificado: nenhuma delas será inaugurada neste mês.

PAC atrasa obras e impede inaugurações em dezembro

A Ferrovia Transnordestina, com orçamento inicialmente previsto em R$ 4,5 bilhões, já estourou a conta e hoje está avaliada em R$ 7,5 bilhões. Os trens que tinham previsão de rodar sobre os seus 1.728 km de trilhos a partir deste mês agora terão de aguardar, pelo menos, até setembro de 2016.

A frustração de prazos também toma conta da BR-163, no trecho de 1,1 mil km que começa na divisa do Mato Grosso com o Pará, e avança até chegar a Santarém (PA). A rodovia, que há 30 anos está em obras sem nunca ter sido concluída, tem capacidade de alterar o mapa de escoamento de grãos do Mato Grosso. Até o início deste ano, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a garantir que a estrada realmente seria entregue neste Natal. A previsão atual, entretanto, é de que apenas metade do trecho fique pronta no fim do ano que vem. A entrega plena da rodovia ficou para dezembro de 2015.

Resultados nada animadores também são encontrados em obras de grande porte na área de saneamento. O esgotamento sanitário na Baixada Santista (SP) foi iniciado em 2007, com o lançamento do PAC. Em dezembro de 2010, quando Lula deixou o governo, a obra de R$ 1,3 bilhão tinha alcançado 80% de sua execução total. Até agosto passado, esse índice havia saltado para apenas 86%. A despoluição da Baía de Todos os Santos, na Bahia, que atingia 40% de sua execução total em dezembro de 2010, saltou para 48% até agosto deste ano.

Fonte: Valor Econômico

Dilma oferece cargos para aumentar exposição na TV

Natuza Nery, Valdo Cruz

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff planeja usar a reforma ministerial em estudos no governo para ampliar sua exposição no rádio e na televisão na campanha do ano que vem, quando disputará a reeleição.

Os conselheiros políticos de Dilma definiram como um dos pilares de sua estratégia eleitoral assegurar metade do tempo previsto pela legislação para a propaganda dos candidatos no rádio e na TV.

Dilma pretende ter a seu lado uma coalizão inédita, formada por 12 partidos que podem garantir a sua campanha pouco mais de 12 minutos em cada bloco de 25 minutos de propaganda, ou 49% do total.

Quatro desses 12 minutos poderão ser assegurados com a adesão de quatro siglas partidárias que devem ser contempladas com cargos na reforma ministerial, que Dilma promete anunciar até março.

O PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que já tem um ministério, o PTB, que tem um posto em uma das vice-presidências do do Banco do Brasil, e o PP, que controla o Ministério das Cidades, querem ampliar seu espaço no governo.

Outro partido que poderá ser atraído ao bloco é o recém-criado Pros, do governador do Ceará, Cid Gomes, e de seu irmão, Ciro Gomes.

Na avaliação da cúpula do governo, o domínio do palanque eletrônico dará a Dilma uma enorme vantagem. Seus dois adversários mais prováveis, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), são pouco conhecidos e terão pouco tempo para se apresentar ao eleitor.

Se conseguir o que quer, Dilma será a candidata a presidente com maior exposição no palanque eletrônico na história do país. O dono do recorde atual é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, reeleito em 1998 com 47% do tempo total de televisão.

De acordo com a legislação eleitoral, a divisão do tempo de propaganda é proporcional ao tamanho das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados. Em 2014, os programas do horário eleitoral serão exibidos de 19 de agosto a 2 de outubro, três dias antes do primeiro turno.

Agenda
A segunda vantagem de Dilma, dizem seus estrategistas, será poder fazer a campanha sem deixar a cadeira presidencial. Sua agenda privilegiará inaugurações e eventos de programas federais como alavanca de votos.

Eventos de campanha explícitos serão restritos a fins de semana e horários fora do expediente. Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho político de Dilma, pretende rodar o país a partir de março, atuando como uma espécie de dublê da candidata à reeleição.

Nos bastidores, articuladores de Dilma afirmam que, apesar dessas vantagens, ela precisará entrar na corrida "olhando para frente" e "acenando para o futuro", para se contrapor a seus adversários, que deverão se apresentar aos eleitores como novidade.

O desafio da presidente será convencer o eleitorado de que um segundo governo Dilma será melhor que o primeiro. Como o presidente do PT, Rui Falcão, resumiu em evento recente do partido, é o "fiz, faço e farei, mais e melhor".

Entre os obstáculos que o Palácio do Planalto mais teme, estão a inflação e a volta dos protestos de rua com a Copa do Mundo. Como a Folha informou há uma semana, o governo estuda medidas para evitar que a Copa alimente manifestações contra o gestão no prelúdio da eleição.

Fonte: Folha de S. Paulo

PSB flerta com o PSDB de olho na disputa pelos estados

Sem o apoio do PT na corrida presidencial, o socialista Eduardo Campos busca o apoio tucano para lançar candidaturas próprias aos governos regionais. A prioridade é sair com nomes do partido para concorrer às eleições

Bruno Dutra

Depois de atrair a ex-senadora Marina Silva, o PSB trabalha nos estados para fechar alianças de apoio à candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, à presidência da República. O partido quer formar coligações em torno de nomes próprios aos governos estaduais para impulsionar Campos. Roberto Amaral, vice-presidente do partido socialista, admite que os petistas, antigos aliados, têm mantido “relação fria com o PSB”, após a saída de membros do partido do governo federal.

O PSB, na verdade, começa a trilhar caminhos que convergem para o PSDB. Os dois estarão unidos no Pará, onde o governador tucano Simão Jatene tentará a reeleição, e no Paraná, onde o PSB vai apoiar a reeleição de Beto Richa, do PSDB. Enquanto, na Paraíba, o PSDB vai apoiar a reeleição de Ricardo Coutinho, do PSB.

PSB e PSDB ainda podem confirmar apoio mútuo nos estados do Ceará, Piauí, Alagoas, Amazonas e Roraima. As coligações serão de grande importância pelo tempo de propaganda política na televisão. O mapa eleitoral do PSB ainda mostra petistas como possíveis aliados no Amapá, Sergipe, Espírito Santo e Acre. Mas a expectativa é que os tucanos se tornem grandes aliados, em junho, quando ocorre a convenção do partido.

Estados considerados cruciais — como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais—estão com coligações indefinidas, mas há indícios de que Campos opte pelo apoio aos tucanos. “O partido está pensando, preferencialmente, nas candidaturas próprias para os governos estaduais, especialmente após a entrada de Marina Silva. A aliança entre o partido e o PT ficou mais difícil, porque será o principal enfrentamento para a Dilma nas urnas.

Por esse motivo, acho que podem existir mais palanques com o PSDB, mas é ainda uma avaliação superficial”, disse Alfredo Sirkis, deputado federal pelo PSB do Rio. Para o vereador Jefferson Moura (PSOL-RJ), integrante da Comissão Nacional da Rede Sustentabilidade, a política do PSB mudou após a filiação da ex-senadora Marina Silva. “Marina Silva e a Rede Sustentabilidade buscam dialogar com Campos a necessidade de uma terceira via para a política no país.

Não faz sentido anunciar um novo projeto para o Brasil que perpetue a prática da velha política. Se o PSB insistir na aliança com PT e PSDB, poderá levar Marina a reavaliar seu papel de vice na chapa, que ainda não tem nenhuma formalização”, disse. O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que deve se candidatar ao governo do Distrito Federal em 2014, disse ser difícil prever a dinâmica das coligações estaduais. “Onde o PSB tiver condições de oferecer alternativa aos petistas e ao PSDB, ele vai fazer, buscando outros partidos.

É difícil prever o comportamento em todo país, em função das peculiaridades regionais”, afirmou. Para garantir apoio em eventual segundo turno, Campos e o pré-candidato tucano, Aécio Neves, já avançaram no diálogo. As eleições em Minas e em Pernambuco, redutos importantes para as duas legendas, estão no centro das conversas. Em Minas, Campos busca um candidato forte para concorrer ao governo, assim como Aécio tem feito em Pernambuco.

O cenário atual indica que o PSB deve apoiar a candidatura dos tucanos em Minas para receber apoio à candidatura própria do PSB, em Pernambuco. “Num possível segundo turno, existe acordo de mútuo apoio entre Eduardo Campos e Aécio Neves. O PSB apoiaria o tucano em um possível segundo turno sem o PSB na disputa e vice-versa”, disse Sirkis.

Fonte: Valor Econômico

Dívida externa cresce 37% no governo Dilma e bate recorde

Registrado em novembro, o montante de US$ 482 bilhões em débitos no exterior é o mais elevado da série histórica iniciada em 1971. Mais de um terço dessa dívida, observam analistas, vence entre 2014 e 2015, período com forte risco de elevação do dólar devido à mudança na política monetária dos EUA

Dívida externa bate recorde: US$ 482 bilhões

Somente no governo Dilma, débitos aumentam 37%. Analistas alertam para o fato de mais de um terço do endividamento vencer entre 2014 e 2015, período de mudança na política monetária dos Estados Unidos, que deve elevar o dólar e a aversão ao risco Brasil

Diego Amorim

O Brasil chega ao fim de 2013 colecionando indicadores preocupantes. Não bastassem o crescimento pífio e a inflação bem acima da meta estipulada pelo governo, de 4,5%, a dívida externa bruta atingiu, em novembro, o maior valor desde o início da série histórica do Banco Central, em 1971. São US$ 482 bilhões em débitos no exterior, incluindo as faturas do governo, dos bancos, de empresas e os empréstimos intercompanhias, ou seja, aquelas transações feitas geralmente entre as filiais de multinacionais no Brasil e suas sedes fora do país.

Somente na era Dilma Rousseff, iniciada em janeiro de 2011, a dívida externa brasileira registrou um salto de 37%. Em valores absolutos, cresceu US$ 130,2 bilhões, complicando um quadro que era considerado confortável até então. Mesmo os saldos do setor público, que vinham chamando a atenção por apresentar quedas expressivas ao longo do ano, terminarão 2013 em alta, retornando ao patamar de cinco anos atrás, com US$ 64,6 bilhões acumulados.

O recorde, por si só, já seria suficiente para acender de vez o alerta em relação à dívida do país no exterior. Mas o cronograma do vencimento desses débitos, detalhado pela autoridade monetária, torna a situação mais delicada. Um terço do saldo total — US$ 157,2 bilhões — vencerá nos próximos dois anos, período de mudanças na política monetária do Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos, e de desconfiança acerca do próximo governo por aqui.

A redução dos estímulos à economia norte-americana — a partir de janeiro próximo, conforme programação divulgada neste mês — tende a exercer forte influência no câmbio de países emergentes, como o Brasil e, consequentemente, na composição da dívida externa. A se confirmar a projeção mais conservadora do mercado para o ano que vem, o dólar subirá pelo menos 10%, para R$ 2,50. Com isso, o saldo devedor teria uma alta de US$ 50 bilhões, sem contabilizar prováveis novos empréstimos.

Bancos e empresas foram os principais responsáveis pelo aumento da dívida no governo Dilma. Os débitos de ambos tiveram crescimento de 29% nos últimos três anos, segundo dados do BC. Com dificuldades para refinanciar os débitos no exterior, com custos cada vez mais altos, as companhias perdem capacidade de investimento, justamente o que mais faz falta ao país em um momento em que o crescimento da atividade insiste em não deslanchar. Não à toa, a desconfiança em relação ao Brasil só faz aumentar, a ponto de o país correr o risco de ser rebaixado pelas agências de classificação de risco.

Fuga de capitais
Os números do BC revelam a deterioração do setor externo, no entender do economista e ex-diretor de Área Externa da autoridade monetária Carlos Eduardo de Freitas. Para ele, essa leitura pode ser feita por conta do conjunto de variáveis negativas. “O crescimento do país tem sido abaixo do medíocre, a poupança interna está caindo, e o deficit nas transações correntes aumentou. Tudo isso sugere a deterioração”, enumera.

Para evitar uma fuga de capitais muito grande e conter pressões do câmbio sobre a inflação em pleno ano eleitoral, acredita Freitas, o governo não economizará em medidas para segurar a alta do dólar em 2014, o que poderá acabar minimizando os impactos na dívida externa bruta. Também ajudaria a melhorar o cenário, completa o economista se o governo resolvesse, enfim, equilibrar as contas públicas e reduzir o protecionismo.

Ainda que haja um esforço concreto, o endividamento não deve diminuir, na avaliação do economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luis Oreiro. “É preocupante o fato de que a qualidade do financiamento externo piorou em função do aumento do deficit em conta corrente. Em vez de investimento estrangeiro direto (capital de longo prazo) financiando o rombo, o que vemos é uma dependência maior por capital especulativo”, justifica o especialista.

Fonte: Correio Braziliense

Geddel usa rede social para pedir demissão

Por Raymundo Costa e Bruno Peres

BRASÍLIA - Um inusitado pedido de demissão expôs ontem a dificuldade para a reedição da aliança PT-PMDB nas eleições presidenciais de 2014 e abriu de maneira inesperada a temporada de mudanças no primeiro e segundo escalões do governo federal. Demissionário desde setembro último, o vice-presidente para Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima, recorreu às redes sociais para que sua saída do cargo seja concretizada.

"Cara presidenta Dilma, por gentileza, determine a publicação de minha exoneração da função que ocupo, e cujo pedido já se encontra nas mãos de Vossa Excelência", escreveu Geddel em sua conta no Twitter. Mais tarde, Geddel disse ao Valor que não considerava "decente, do ponto de vista político, entrar o ano" num governo que não deve apoiar nas eleições de outubro de 2014. "Fui para a Caixa em função de uma engenharia política construída em 2010 que não deve se repetir em 2014". Nas eleições passadas, Geddel disputou o governo da Bahia com o petista Jaques Wagner num acordo, segundo ele, de palanque duplo na Bahia que não foi cumprido. A presidente fez campanha apenas para Wagner.

Geddel atribui a separação "às circunstâncias da política". Por isso não "há briga nem mal estar com a presidente da República". Geddel pretende concorrer novamente ao cargo de governador da Bahia numa aliança com os partidos de oposição - DEM e PSDB. A posição do pemedebista, na realidade, é a mais cobrada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva junto à cúpula do PMDB e do vice-presidente Michel Temer. Lula insinua que Geddel é mal-agradecido, pois foi seu ministro com a aprovação do governador Jaques Wagner. O caso baiano expõe também uma situação que o PT quer evitar: o apoio de seções do PMDB aos eventuais candidatos da oposição, Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB).

O pedido público de demissão causou atropelos em Brasília. Geddel pediu para sair, em setembro, ao vice Michel Temer. "Foi ele quem me indicou". Temer pediu um tempo para costurar a indicação do sucessor. O tempo passou, Geddel foi cobrado por petistas na Bahia e ontem resolveu botar um ponto final na situação. Apanhada de surpresa, a Casa Civil solicitou que Geddel enviasse uma carta por escrito, com a data de ontem. O pemedebista mandou um e-mail para a ministra Gleisi Hoffman dizendo que "reiterava" o pedido feito em setembro. À noite funcionários da Caixa tentavam conseguir a carta protocolar de Geddel.

A demissão deve ser consumada no Diário Oficial da União que circula hoje ou nos exemplares seguintes. É a primeira mudança importante de uma reforma que a presidente prometeu para o fim do anjo e agora é prevista para se realizar em fins de fevereiro, início de março. A mudança mais importante deve ocorrer na Casa Civil, cargo para o qual são cotados o atual ministro Aloizio Mercadante (Educação) e o secretário-executivo do ministério da Previdência, Carlos Gabas.

A presidente Dilma vai hoje a Minas Gerais, interrompendo seu período de recesso iniciado ontem, para acompanhar pessoalmente a situação das fortes chuvas que atingem a região. A previsão é que a presidente se dirija da Bahia, onde passa o período de descanso na Base Naval de Aratu, para Minas Gerais, para um sobrevoo da região.

Antes de embarcar para a Bahia, Dilma sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2014, publicada em edição extraordinária do "Diário Oficial da União". Outro dos últimos atos formais da presidente antes do recesso foi a extensão até o fim de 2014 dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), atendendo a um pleito de seus integrantes. A decisão foi incluída em medida provisória editada com uma série de providências, entre as quais o aumento na remuneração de servidores de agências reguladoras (MP 632/13).

Durante o recesso da presidente e de demais autoridades do Palácio do Planalto, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, coordenará uma espécie de plantão do governo. Em seu retorno, Dilma vai analisar as mudanças no primeiro escalão. Espera concluir a reforma até o início de março. As sucessivas mudanças de prazo devem-se a ministros que são candidatos e querem aproveitar a exposição que o cargo permite até om último dia do prazo legal - 6 de abril. Candidato ao governo de São Paulo, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) tem uma intensa agenda prevista para o Carnaval. Em períodos de recesso anteriores, Dilma antecipou sua volta aos trabalhos para tratar de assuntos de governo emergenciais, como desastres naturais no Rio de Janeiro em 2012 e risco de apagão energético no início deste ano.

Cotado para substituir Gleisi na reforma ministerial, Mercadante também está em férias até a primeira semana de janeiro. Os encontros de coordenação do governo dos quais Mercadante tem participado são mantidos sob sigilo, a ponto de serem negados publicamente pela Presidência. (Colaborou Fábio Brandt)

Fonte: Valor Econômico

Palanques estaduais são a única ameaça, diz Braga

Por Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Integrante do grupo de senadores novatos do PMDB que se fortaleceu desde a eleição de 2010 e hoje divide o controle operacional do Senado com o grupo de Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AL), o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), avalia que os conflitos na relação do seu partido com o PT em vários Estados podem comprometer a aprovação da aliança nacional entre as duas legendas e a reedição da chapa Dilma Rousseff, na Presidência da República, e Michel Temer, na Vice-Presidência.

"Se os delegados do Rio se juntarem aos do Ceará e de mais dois Estados, como Bahia e Pará, para votar contra, [a chapa Dilma-Temer] perde a convenção. Aí os dois partidos não coligam, a presidenta perde cinco minutos na televisão e o PMDB não faz o vice. O esforço para resolver esses problemas tem que ser muito mais do PT, da presidenta, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De todo mundo, arrumando e organizando o jogo regional, que não está arrumado", diz.

Exceto por esse problema, o ex-governador do Amazonas considera o cenário eleitoral bastante favorável à reeleição de Dilma, especialmente porque será um ano de campanha curta, devido à Copa do Mundo. "Dilma é presidente, tem visibilidade. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco não são tão conhecidos e dependem mais do tempo de campanha. Mas ela precisa costurar acordos mais claros nos Estados", diz o líder.

O senador calcula que "tirando o Carnaval e a Copa, teremos 134 dias úteis [período de campanha]". "E tem mais: o julgamento da ação 470 [mensalão do PT] pelo Supremo Tribunal Federal (STF) passou longe da presidenta Dilma. Só que o [julgamento do] mensalão de Minas Gerais pode atingir o núcleo que financiou a campanha do Aécio. O julgamento vai cair no colo do PSDB de Minas", diz.

Braga é apontado como o candidato favorito da base governista para disputar o governo do Amazonas, o qual ocupou por dois mandatos (2003 a 2011). Embora tenha bom desempenho nas pesquisas, ele também enfrenta um quadro político indefinido no Estado e diz que só decidirá disputar ou não mais à frente.

"Campanha majoritária não depende da sua vontade. Depende de viabilidade política e eleitoral e de razões objetivas e pragmáticas de uma campanha. A viabilidade política passa pelo arco de alianças. A viabilidade eleitoral é o apoio do povo. O terceiro fato é como será o financiamento de campanha, que ainda não está definido", explica. Admite, no entanto, que está disposto a concorrer se isso for melhor para a campanha de Dilma.

Quando chegou ao Senado, o grupo de Renan, Sarney e Romero Jucá (PMDB-RR), então líder do governo, comandava a Casa. Braga e cinco calouros do PMDB se aliaram aos veteranos Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) e formaram o G-8, grupo de oito dos 20 senadores pemedebistas que contestava Renan e aliados. Os novatos ganharam espaço. Hoje ocupam cargos estratégicos no Senado e têm interlocução com o governo.

"A correlação de forças do PMDB mudou e a interlocução do partido com o governo se ampliou. O PMDB do Senado tem sido extremamente importante para o governo Dilma", afirma Braga, que dá uma estocada no PMDB da Câmara, pois "nem sempre acompanha as posições da bancada do Senado".

Fonte: Valor Econômico

Mensagem do Serra - 'Que meus desejos se realizem'

O ex-governador José Serra publicou ontem no Facebook um post de boas festas desejando que seus próprios desejos se realizem em 2014. "Feliz Natal a você que me acompanha. Espero que todos os meus desejos se realizem. E o primeiro deles é continuar seu amigo por muitos anos". A mensagem rapidamente virou piada nas redes sociais por causa do trecho "que meus desejos se realizem".

Com poucos interlocutores dentro e fora do PSDB, o Facebook e o Twitter têm sido usados por Serra sempre que ele tem "recados". Recentemente, sugeriu ter desistido de suas pretensões presidenciais, dizendo que Aécio Neves deveria ser lançado "sem demora" ao Planalto já que é esse o desejo da maioria do PSDB.

"Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora", escreveu Serra.

Em outubro, ele usou seus perfil no Facebook para dizer que permaneceria no PSDB após especulações de que poderia aderir ao PPS a fim de ter legenda para disputar o Palácio do Planalto em 2014. /P.V.

Fonte: O Estado de S. Paulo

"Sustentabilidade está fora da pauta de 2014"

Vanessa Jurgenfeld

SÃO PAULO - O economista José Eli da Veiga, professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), diz que ainda nenhum pré-candidato à eleição presidencial de 2014 adotou o desenvolvimento sustentável como prioridade.

Para Veiga, os políticos em geral, na verdade, não sabem o que significa desenvolvimento sustentável e não perceberam que a sustentabilidade se tornou um valor equivalente a outros, como igualdade e liberdade. Diz que aquele que tem o desenvolvimento sustentável como prioridade deveria ter a ciência e a tecnologia como principal área no seu governo. "O Brasil infelizmente é uma nação infantil em ciência e tecnologia. Não acordou para a importância da educação científica", afirmou, em entrevista ao Valor. "Teve uma época em que falar de educação de qualidade era muito importante porque houve um acesso grande e estava faltando qualidade fosse qual fosse. Não estamos discutindo isso agora. Estamos discutindo uma estratégia para o Brasil", acrescentou.

Os próprios royalties do pré-sal, afirma o economista, não deveriam ter sido vinculados à educação de maneira geral, mas sim à ciência e tecnologia, incluindo educação. "É impressionante que a gente fale 'segunda lei da termodinâmica' e ninguém nunca tenha ouvido falar", disse, sobre alguns dos problemas do ensino no país.

Veiga foi um dos fundadores do Rede Sustentabilidade, que acabou não tendo a candidatura da ex-ministra Marina Silva aprovada. Em breve, ele pretende ajudar a dupla Eduardo Campos-Marina na elaboração de propostas. Mas faz uma ressalva: "Só entrarei na campanha se Campos vier a encarnar um projeto que conteste o atual governo pela esquerda".

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Valor: O sr. acha que os possíveis candidatos de 2014 vão ter foco no desenvolvimento sustentável?

José Eli da Veiga: A minha impressão é que eles não sabem o que é desenvolvimento sustentável, exceto a Marina. Mas a Marina não é mais candidata à Presidência. Tenho minhas dúvidas de que forma Eduardo Campos (PSB) entende isso. Eu não o conheço bem. E também acho que o discurso dele [Campos] não está suficientemente conhecido para saber até que ponto leva em consideração o desenvolvimento sustentável. Mas a minha impressão geral é que, com raras exceções, os políticos ainda não chegaram lá. Desenvolvimento sustentável para eles ainda é uma coisa um pouco vaga. Na verdade, não perceberam que a sustentabilidade se tornou um valor equivalente a outros como igualdade e liberdade.

Valor: O sr. achou a aliança de Marina Silva com Eduardo Campos acertada?

Veiga: Acho que em primeiro lugar todo mundo ficou surpreso e ele [Campos] não escapou disso. Houve muitos relatos na imprensa. Até o momento em que Marina soltou isso naquela reunião, ninguém imaginava. Foi realmente uma grande surpresa. A Marina observou a trajetória dele, como foi sua a atitude em relação à criação do Rede, o fato de ele ter como secretário do meio ambiente em Pernambuco um nome muito ligado à Marina (Sérgio Xavier, do PV, que foi uma pessoa-chave para colocar a Marina no PV em 2010). Acho que ela tinha referências de que isso [aliança com Eduardo Campos] poderia ser coerente.

Valor: E está coerente, na sua opinião? Há uma busca de Campos pelo apoio do agronegócio, por exemplo. Como fica essa equação com uma ambientalista como vice?

Veiga: Acho que a gente está pagando um preço pelas pessoas usarem essa expressão "agronegócio" sem mais.

Valor: Como assim?

Veiga: Se você pegar os que são colocados como os principais representantes do agronegócio, nenhum é do agronegócio. São da agricultura. Agronegócio em principio é, por exemplo, a Natura.... Isso é que é agronegócio, porque é uma empresa do setor transformador de produtos que têm origem na natureza. Quando você vê cálculos econômicos, como o do PIB do agronegócio, nele entra até indústria farmacêutica. No entanto, quando você vai ver, Roberto Rodrigues é fazendeiro, é agrônomo. O presidente da Rural [Sociedade Rural Brasileira (SRB)] é proprietário de terra. O que criou o problema com a Marina, o deputado Ronaldo Caiado, é médico, mas é basicamente um especulador fundiário. Esse pessoal que tem gado no centro-oeste não é nem agricultor. O que é a agricultura no Sul do país comparada com o que é um fazendeiro de gado no Centro-oeste? São coisas completamente diferentes.

Valor: O sr. está se referindo a latifundiários?

Veiga: É que essa palavra está muito carregada. Então, em geral, evito usá-la Mas, assim, proprietário de terra que ganha mais com a valorização da terra do que com o negócio....

Valor: Mas qual a relação disso com Campos? Ele está buscando essas pessoas?

Veiga: Suponho que ele saiba que neste discurso do agronegócio se escondem muitas coisas. Tem desde anjo até bicho-papão e tudo usa o rótulo de agronegócio. Mas, na verdade, você não pode tratar da mesma forma um empresário produtivo e eficiente da agricultura basicamente do Sul e Sudeste da mesma forma que você lida com um grande fazendeiro de gado do Centro-Oeste. No Centro-Oeste, grande parte do cerrado foi ocupada de maneira absolutamente predatória. Já foi. Essa briga toda que teve em torno do novo Código Florestal não era tanto para saber o que vai acontecer daqui para frente. É que eles queriam que nós, como sociedade, aceitássemos e convalidássemos que eles destruíram as áreas de preservação permanente e puseram capim, que é a coisa mais absurda, contra qualquer regra agronômica.

Valor: Depois do capim não dá mais para recuperar...

Veiga: Pior, algumas dessas áreas vão para desertificação. O fato é que destruíram áreas de preservação permanente [APPs] adoidado e quiseram, com o Código Florestal, legitimar isso. A briga foi essa. Então, a bronca que existe contra a Marina e contra nós todos que pensamos em sustentabilidade - e eu não sou ambientalista - é o fato de que a discussão era para que não fosse legitimado o que fizeram e que eles fossem colocados a recuperar essas áreas. Qualquer agrônomo, mesmo que seja de extrema direita, concorda comigo. Da mesma forma que eu - contrariamente a muitas pessoas do chamado ambientalismo - entende que, se uma área tem um potencial (alta aptidão agrícola), é normal que seja desmatada. Teria que existir um mecanismo de compensação, que se ainda a gente hoje tiver áreas com florestas mas que tenham um solo de alta aptidão agrícola, compense a gente desmatar essas, desde que sejam recuperadas outras. Já as áreas que têm baixa aptidão agrícola deveriam ser todas reflorestadas. As áreas de preservação permanente não têm aptidão agrícola alguma. São margens de rios, nascentes. Aí que está o conflito.

Valor: Poderia explicar melhor o conflito?

Veiga: Na agricultura, tem dois tipos de rentabilidade: a rentabilidade corrente, que é essa em função do teu esquema produtivo, mas você tem também uma rentabilidade patrimonial alta, que costuma ser mais importante do que a produção em si. Hoje um agricultor que consiga tirar uma rentabilidade comparável ao que ocorre em outros setores, como o financeiro, é herói. Esse cara não tem absolutamente nada a ver com os caras que contestam a Marina.

Valor: Mas muitas pessoas os veem unificados em torno do termo agronegócio.

Veiga: Existe um espírito de corpo criado neste setor que é surpreendente. Recentemente, teve uma entrevista do Roberto Rodrigues, que é um dos mais arejados do setor, e ele deixou isso muito claro. Ele sabe que Caiado não tem nada a ver com ele, mas eles têm uma espécie de pacto, de que eles jamais aceitam uma coisa que os diferencie. Querem falar como uma coisa só, um setor, um corpo. Então, há um jogo aí. Usam essa expressão agronegócio, mas, na verdade, é o setor agropecuário.

Valor: Campos e Marina estão selecionando apoios nesse grupo?

Veiga: Não sei se estão selecionando. O discurso da Marina é pelo aumento da produção pela produtividade e não pela área. Quantos desses caras topam isso? Os agricultores tecnificados em geral estão buscando isso, eles topam. Quem não vai topar é o sujeito que só ganha dinheiro se fizer uma pecuária ultraextensiva, sem gerar nenhum emprego, onde basta um empregado e a única coisa que ele vai fazer é dar sal ao gado e ficar esperando o dia em que vai levá-lo para o abatedouro. Esses caras não têm nenhum plano de aumentar a produtividade. Pelo contrário. Sequer querem aumentar a produção. Preferem manter esse esquema rentável, principalmente se vier uma valorização das terras.

Valor: Não há então uma contradição, Campos e Marina estão buscando aqueles que são favoráveis a um projeto verde?

Veiga: O ideal, evidentemente, seria poder dizer quem dentro desse bloco é da agricultura sustentável porque eles seriam mais sensíveis a uma candidatura deste tipo. Mas ainda não está muito clara essa diferenciação. Nas lideranças do dito agronegócio, esse pessoal ligado à sustentabilidade morre de medo dos outros. Morre de medo de dizer alguma coisa que possa contrariar a Katia Abreu [presidente da CNA]. Então, não é fácil. O que Campos tem tentado fazer é que todo mundo que topa conversar, ele vai conversar. E eles [Campos e Marina] não vão fechar com ninguém. Farão uma plataforma e vão apresentar para todos e depois esperar no que vai dar.

Valor: Acha que a candidatura de Campos é em prol do desenvolvimento sustentável?

Veiga: A da Marina teria sido com certeza. A do Eduardo Campos, se eu disser que sim, vai ser partidarismo. Ele tem sido extremamente cauteloso nos discursos. Não noto que ele é o candidato do desenvolvimento sustentável, por enquanto. Pode até vir a ser.

Valor: A Marina, sendo vice, não tem força para a candidatura dele ter essa bandeira?

Veiga: Tem estímulo, mas esbarra em muita coisa. A imprensa tem procurado mostrar isso quando diz que ele ganhou essa vitamina, com apoio da Marina, mas já tinha compromissos estaduais que não vão nesta direção. Particularmente, aqui em São Paulo, por exemplo, se o PSB resolver mesmo manter essa aliança que tem com os tucanos, acho que isso descaracteriza completamente a candidatura dele aqui. Eu, por exemplo, não vou fazer campanha para Campos se isso significar apoio ao Geraldo Alckmin [governador de São Paulo]. E como eu deve ter uma torcida do Flamengo.

Valor: Há dois economistas que são importantes nesta candidatura de Marina e Campos - o André Lara Resende e o Eduardo Giannetti da Fonseca. Podem trazer essa agenda do desenvolvimento sustentável?

Veiga: Sim. Eu conheço bem os dois. Acho que eles têm uma identificação grande com a Marina. Não notei ainda se eles têm a mesma identificação com o Campos. Não deram nenhum sinal.

Valor: Algumas pessoas estão considerando esses economistas como ortodoxos...

Veiga: Acho que essa divisão ortodoxo e heterodoxo, no caso particularmente deles, está superada. Não é por aí que a gente vai entender o que eles pensam. O Eduardo Giannetti, principalmente quando voltou do doutorado na Inglaterra, foi visto como um cara extremamente ortodoxo. Mas pergunta para todo mundo que diz que ele é ortodoxo se leu os livros dele. Se você lê "O Valor do Amanhã" e diz que ele é um economista ortodoxo, isso é estranho. O Lara Resende pode até ser que pudesse ser considerado economista ortodoxo lá atrás. Mas, agora, é o contrário. Está no extremo oposto. Esteve recentemente no Instituto FHC e fez uma crítica pelo lado da neurociência, da escolha racional. Foi um bombardeio ao ortodoxismo. Então, dizer que um cara como Lara Resende hoje possa ser classificado como ortodoxo é falta de informação brutal. Hoje ele é uma dos mais radicais críticos ao ortodoxismo que dispomos no Brasil.

Valor: Que mudanças em direção ao desenvolvimento sustentável o eleito em 2014 deveria ter?

Veiga: Para alguém que é pelo desenvolvimento sustentável, a primeira questão que tem que surgir é ciência e tecnologia. Não temos a mínima chance de nada no futuro sem que seja dada prioridade total à pesquisa científica e tecnológica voltada à inovação. Vivemos numa nação que não acordou para a educação científica. A população não vigia a escola para saber se ela está preparando seus filhos para daqui dez ou 20 anos. Não tem assunto mais importante. Tinha que ser a espinha dorsal da proposta. Não adianta falar que em educação de qualidade. Não é o mesmo.

Valor: Como avalia a ciência e tecnologia no governo Dilma?

Veiga: O governo Dilma até não foi dos piores. Foi muito ruim no início do governo Lula, com Roberto Amaral (PSB). Foi péssimo. Mas não se trata de avaliar se o Ministério da Ciência e Tecnologia e desempenha bem ou não. Não é isso. Por exemplo, há pouco tempo discutiu-se a vinculação dos royalties do pré-sal à educação. Deveriam ter sido vinculados à ciência e tecnologia, incluindo educação.

Valor: Ficou muito aberta a definição?

Veiga: Falar de educação de qualidade era muito importante porque houve acesso grande e estava faltando qualidade fosse qual fosse. Não é disso que se trata agora. Estamos discutindo uma estratégia para o Brasil. Qualquer país que saiu da periferia não tem outra explicação a não ser essa. O caso mais badalado é o da Coreia do Sul. Todos esses países quase inviáveis, como Cingapura, fizeram isso.

Valor: A prioridade para ciência e tecnologia vai ocorrer nessa formação de Campos e Marina?

Veiga: Não vejo isso no discurso do Campos. Mas eles têm um trunfo. Por incrível que pareça, se você olhar para 15 anos atrás, um foi ministro da Ciência e Tecnologia (Campos) e outro foi ministro do Meio ambiente (Marina), que é o símbolo da sustentabilidade no Brasil. Então, quer dizer, não tem coisa melhor. Mas eu não estou vendo eles explorarem esse lado.

Valor: O sr. está ajudando na formulação de propostas da união Campos-Marina?

Veiga: Vou ajudar. Recentemente, o que fizeram foi soltar um site em que as pessoas podem ler texto básico e fazer sugestões. Dessa fase não participei. Mas eu estou disponível. Mas desconfio que muita gente nesse movimento não tenha a mesma visão de que a ciência e a tecnologia deva ser o eixo de tudo.

Valor: Vai participar da campanha eleitoral?

Veiga: Pretendo me empenhar muito na campanha caso essa pequena coalizão realmente desafie a candidata do centrão fisiológico (Dilma) pela esquerda. O inverso do que forçosamente ocorrerá com a candidatura Aécio, que peitará o centrão pela direita. Em suma: ajudarei na formulação das propostas que a Rede submeterá à coalizão, mas só entrarei na campanha se Campos vier a encarnar um projeto que conteste o atual pela esquerda. Se por qualquer razão isso não puder ocorrer, será mais produtivo, além de gratificante, esticar meu estágio anual de pesquisa no exterior para pensar no projeto do Rede para 2016.

Fonte: Valor Econômico

O ano da crise e o grito das ruas por mudança - Roberto Freire

Dadas as dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil e a gritante inoperância do governo federal para superá-las, nem parece que a presidente Dilma Rousseff já ocupa o cargo há três anos. O que se vê hoje é um país estagnado que coleciona “pibinhos” e perde competitividade em relação aos concorrentes no mercado internacional, além de sofrer com um processo de desindustrialização e constantes repiques inflacionários.

Onze anos depois de conduzir o PT ao poder, a população brasileira mostrou com clareza, em 2013, que vê um esgotamento do atual modelo. Foi justamente essa insatisfação generalizada que levou milhões de cidadãos às ruas nas chamadas “jornadas de junho”. Desencadeados a partir das manifestações contra o aumento de vinte centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo, os protestos tomaram conta do país com outras reivindicações acrescidas à pauta inicial, entre as quais a melhoria substancial na qualidade dos serviços públicos e o combate à corrupção.

O auge do movimento foi vivenciado durante a Copa das Confederações, torneio realizado em Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife e Salvador. Nessas cidades, as manifestações se intensificaram em frente aos estádios construídos ou reformados, em grande parte, com dinheiro público, e o clamor pelo “padrão Fifa” em áreas essenciais como saúde, educação e segurança virou palavra de ordem. Além de não dar respostas convincentes a essas demandas, o governo petista vem fazendo o país pagar caro pela irresponsabilidade na condução da economia.

A herança deixada por Lula, com uma política baseada no incentivo desenfreado ao consumo, gerou recordes de endividamento das famílias brasileiras. O PIB, que em 2012 registrou um pífio crescimento de 1%, teve retração 0,5% no terceiro trimestre deste ano, o índice mais baixo desde 2009. O país aparece no fim da fila entre as principais economias do mundo no período, ostentando o pior “pibinho” do G20. Isso sem falar na degradação da Petrobras, vilipendiada desde a gestão do petista José Sérgio Gabrielli, ainda nos anos Lula.

Em dezembro, a estatal sofreu a pior queda em suas ações ordinárias desde a crise internacional de 2008, perdendo R$ 24 bilhões em um único dia. O loteamento político da empresa, transformada em mero instrumento a serviço de um projeto de poder, corroeu sua credibilidade e a fez perder 40% do valor de mercado em três anos. Os brasileiros ao menos tiveram motivos para terminar o ano celebrando o fim da impunidade de criminosos do colarinho branco.

Em 15 de novembro, dia da Proclamação da República, mensaleiros coroados do PT como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares tiveram a prisão decretada e iniciaram o cumprimento de suas penas na cadeia. Apesar dos sucessivos ataques do partido ao Supremo Tribunal Federal e da tentativa de rotular seus políticos presos como presos políticos, o desfecho do caso esteve carregado de simbolismo, pois mostrou à sociedade que corruptos poderosos podem e devem pagar por seus crimes como qualquer cidadão comum.

Se em 2013 as ruas gritaram por mais educação, saúde e transporte de qualidade, pelo fim da violência e da corrupção, 2014 pode ser marcado pela mudança de rumo de um país cansado de tantos desmandos. Mas este é um tema para o próximo artigo, o primeiro do novo ano.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Personalidade do ano - Marina Silva

É comum, ao final de cada ano, que os veículos de comunicação façam enquetes e consultas para escolher --e, às vezes, premiar-- as personalidades que se destacaram e influenciaram o rumo dos acontecimentos no país. Exponho aqui o meu voto e o justifico.

Em 2013, o Brasil se encontrou nas ruas. Este não é apenas o fato mais significativo do ano, mas se estende ao futuro e influencia todas as expectativas para o próximo ano.

Na verdade, as jornadas de junho permanecem como uma presença extra, incômoda para muitos como um fantasma na sala, gerando uma sensação de que os bastidores foram devassados, de que não há mais possibilidade de "votos secretos", de que o reino inteiro está nu.

Por mais que os operadores do sistema político tentem restaurar a opacidade na vida institucional, não conseguem escapar aos olhos de um novo sujeito político que, de fora, abre as janelas. Ainda não chegaram a um termo na insistente tentativa de controlar a internet, mas já criaram grandes dificuldades para o surgimento de novos partidos e novas formas de representação política. Não adianta erguer novos muros, todos serão ultrapassados ou derrubados.

Esse novo sujeito, coletivo e difuso, que não obedece a um comando único e age a partir de vários centros, ganhou diversos nomes: ruas, multidão, manifestantes são alguns dos mais frequentes.

Antes de entrar em cena, era o último a saber das coisas, a massa de manobra, a maioria silenciosa, enfim, os que não viam, não ouviam e não falavam. Agora tudo mudou. Esse novo protagonista torna à vida pública de fato pública e exige que vigore efetivamente uma nova República.

Novos tempos e espaços surgem e neles navegam milhares, talvez milhões de militantes de uma política diferente, despreocupados em aparelhar esses espaços ou espichar seus tempos, ou seja, sem a ansiedade tóxica das disputas por hegemonia e poder.

Essa nova militância, que chamo de ativismo autoral, pois não se submete a direções partidárias ou sindicais, ONGs ou lideranças carismáticas, produz uma nova agenda em que as prioridades não são manipuladas. Assim, no país do futebol, tornou-se possível fazer da Copa das Confederações uma ocasião para reivindicar mais saúde e educação.

Por essa emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa permanência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos consensos estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia esquecida, voto nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano de 2013 e desejo-lhe mais força e criatividade para renovar a democracia no Brasil em 2014.

Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente

Fonte: Folha de S. Paulo

De impasse em impasse, da política ao futebol - Washington Movaes

E chega-se ao fim do ano com o País perplexo, mergulhado em múltiplos impasses e crises em vários setores institucionais, políticos e sociais, sem vislumbrar de onde possam vir soluções - para o Executivo, o Legislativo, o Judiciário, os sistemas eleitorais, as políticas econômicas e sociais, quase tudo.

Pode-se começar pelo imbróglio mais recente: a decisão do Congresso Nacional de anular a sessão do dia 2 de abril de 1964, que declarou a "vacância" na Presidência da República e assim cassou, na prática, o mandato do então presidente João Goulart e sustentou o golpe militar e tudo o que foi consequência dele. Sem precisar entrar no mérito da decisão política, pode-se, entretanto, perguntar: e quanto a todas as decisões econômicas e políticas tomadas pelos que ocuparam o poder nos anos seguintes e que atingiram também outras pessoas? São contestáveis, têm consequências? Juristas têm argumentado com a chamada "teoria do governo de fato", que legitimaria o que veio depois - quando nada, pela dificuldade de arguir qualquer nulidade e pelo fato de a Constituição de 1988 haver legitimado o que a antecedeu: como indenizar os prejudicados, suas famílias e herdeiros? Como repor os mandatos de quem foi cassado? E assim por diante.

Chega-se ao capítulo seguinte, das divergências entre o Judiciário e o Congresso, a respeito de doações de empresas para financiamento de partidos e campanhas eleitorais. Dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), 4 já votaram pela inconstitucionalidade das doações de empresas - o que, se aprovado pela maioria dos ministros, já impedirá em 2014 as doações ("imorais", segundo o ministro Luís Roberto Barroso; e representam 98% do financiamento de campanhas). Mas partidos políticos e líderes no Congresso não aceitam a restrição e dizem que a anularão, se for preciso. A maioria deles parece caminhar para reformas políticas que assegurariam às principais lideranças a reeleição, ao instituir um sistema em que grande parte da votação da legenda se destinaria exatamente à eleição dos líderes partidários escolhidos para encabeçar as listas de candidatos, independentemente dos votos que cada um obtenha nas urnas. Um conflito entre os Poderes mais altos, Judiciário e Legislativo. Quem o decidirá? E como? Vigorará ou não a proibição de que empresas concessionárias ou permissionárias do poder público contribuam para as campanhas? Até aqui, o PSOL já disse que lançará candidato à Presidência e apoia a proibição de contribuições empresariais. E ao eleitorado, vai-se perguntar?

Mas tudo se pode agitar mais com o anúncio de que em 2014, finalmente, se vai chegar, depois de uma década, ao julgamento do chamado "mensalão mineiro", exatamente sobre financiamentos eleitorais (no mínimo) a membros do principal partido de oposição ao poder central, o PSDB. E para complicar o ex-secretário do Ministério da Justiça lança em livro depoimento em que acusa a própria pasta, na segunda gestão Lula, de favorecer a "fabricação" de dossiês contra seus adversários. Não bastasse, afirma que o próprio ex-presidente Lula, no seu tempo de dirigente sindical, era "informante" do Dops, regido pela ditadura militar. É muita confusão para uma área política só e para a cabeça do eleitor, que ainda vê, de longe, as discussões sobre espionagem dos órgãos secretos norte-americanos. E que, incrédulo, se pergunta se potências como os EUA, a Rússia ou a China deixarão de fazê-la, por algum caminho.

Nem a velha paixão pelo futebol escapa à confusão, quando, já atônito com as notícias de corrupção na área - agora dominada por dirigentes e empresários que sobrepõem seus interesses particulares aos dos torcedores -, o cidadão toma conhecimento de uma decisão do mais alto tribunal de Justiça Desportiva que rebaixa times em lugar de outros, no nível mais alto desse esporte. Então tudo se decide, também aí, no "tapetão", como bradam os torcedores de times atingidos?

Só que não diminuem as preocupações quando se vai para os setores econômico e social. Um em cinco jovens brasileiros entre 15 e 29 anos de idade - ou 19,6% - não estuda nem trabalha, segundo os últimos estudos divulgados (Estado, 30/11). São a geração "nem-nem". E com certeza influenciam para que as taxas de desemprego no País continuem abaixo de 5%, apesar da queda de atividades econômicas. A taxa de empregos criados em 11 meses deste ano é a menor desde 2003. Mas é alto o número dos que não procuram emprego e de idosos que se retiram e, assim, contribuem para o baixo desemprego.

A perplexidade social - que ainda é alimentada pelos dramas da mobilidade urbana, pela ausência de macroplanos para cidades -, entretanto, parece não encontrar até aqui caminhos para se expressar e influir na política. Os protestos estimulados pelas redes sociais encolheram-se, reduziram-se, no momento em que tantos analistas - inclusive em artigos nesta página - já pareciam mostrar que a falta de projetos políticos para tornar viáveis suas reivindicações levara à exaustão. Mesmo na melhor das hipóteses, de produzirem mudanças de governos nos níveis mais altos, conduziam aos mesmos impasses, como já vem ocorrendo no Norte da África, no Oriente Médio e na Ásia.

Por aí, nossas crises, que parecem tão localizadas, parecem inserir-se no quadro geral das crises planetárias, que abrangem a política, a economia, os recursos naturais, as desigualdades sociais - tudo, independentemente de otimismo ou pessimismo. A concentração, nos países "desenvolvidos", de quase 80% da renda mundial, assim como de igual porcentagem de consumo de recursos, continua, como uma sombra, a escurecer toda a paisagem. E para elas damos a nossa contribuição. Mas países, empresas, pessoas continuam presos a lógicas que os beneficiam. E não se caminha, a não ser com acordos que apenas evitam ou adiam rompimentos.

Jornalista

Fonte: O Estado de S. Paulo

O ara pyau e a soberba oficial - Luiz Carlos Azedo

O calendário guarani é dividido em duas estações do ano: o ara pyau e o ara ymã, que significam “tempo novo” e “tempo velho”, respectivamente. O primeiro tem calor e fartura de alimentos, começa no equinócio da primavera e termina no equinócio do outono, quando o Sol se encontra sobre a linha do Equador. O melhor do “tempo novo” ocorre no solstício de verão, quando o Sol atinge o maior afastamento para o lado Sul, chegando ao Trópico de Capricórnio, ou seja, em janeiro. É quando os guaranis celebram a colheita do milho e realizam o ritual do batismo.

Ara ymã é o período de frio e de escassez de alimentos. Começa no outono e termina no equinócio da primavera, quando o Sol se encontra, novamente, sobre a linha do Equador. Ou seja, no ara pyau, o Sol está no hemisfério Sul; no ara ymã , no Norte. O Cruzeiro do Sul rege o calendário guarani: no outono, ele fica deitado no sudeste; no inverno, fica em pé, com seu braço maior apontando para o Sul; na primavera, deitado no Sudoeste; e no verão, só aparece depois da meia-noite, de cabeça para baixo. Os indígenas relacionam os astros com períodos de chuva ou de seca, de calor ou de frio. Associam esses eventos às enchentes, às marés, ao plantio e às colheitas, à caça e à pesca. Há muita ciência em tudo isso, fruto de observações milenares. E também crendices e superstições, nas festas religiosas e nos rituais iluminados pelo céu estrelado.

Recorro à cultura ancestral dos guaranis para tratar da falta de sensibilidade do atual governo com a questão indígena. Embora o Brasil seja a nação mais “traduzida” do mundo — aqui descendentes de árabes e judeus, portugueses e espanhóis, italianos e gregos, franceses e ingleses, russos e alemães, todos preservam suas identidades étnicas —, a identidade étnica dos índios foi apagada nos centros urbanos, sobrevive apenas nas aldeias, embora o guarani até há 200 anos fosse a língua franca do Brasil. Essa falta de sensibilidade com a questão indígena é um sintoma do esgarçamento das relações entre o Estado e a sociedade, talvez o maior já ocorrido desde a redemocratização do país.

Foram sucessivos incidentes entre forças policiais e indígenas ao longo do ano — seja na Esplanada dos Ministérios, na Usina de Belo Monte, na Rio Mais-20, sem falar em conflitos localizados nas próprias reservas indígenas. A ameaça de suicídio coletivo dos guaranis-kaiowas de Mato Grosso do Sul, que reivindicam suas terras sagradas, gerou um movimento de protestos nas redes sociais que foi uma espécie de aviso do que estava por vir: as manifestações de junho passado. Essa insensibilidade para lidar com os nossos indígenas — que lutam por suas terras, sua cultura e sua identidade étnica — não foi muito diferente da revelada pelos prefeitos de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) – quando eclodiram as manifestações contra os aumentos de passagem dos transportes coletivos. Quanta arrogância, quanta soberba foram reveladas. A diferença é que já não se tratava de uma minoria étnica, mas de um grande contigente de jovens insatisfeitos com a qualidade de vida de nossas cidades e revoltados com o autoritarismo e a violência policial.

De onde é que vêm a arrogância e a soberba? Ora, do enorme poder que o Estado brasileiro exerce desde os tempos coloniais e de sua secular utilização como instrumento de acumulação de capital, formação de patrimônio, preservação de privilégios e distribuição de benesses. De uns tempos para cá, tornou-se comum, no palavreado das autoridades — de quase todos os escalões —, o uso generalizado das expressões “Estado brasileiro” e “política de Estado” para justificar toda e qualquer decisão, como se o Estado estivesse acima da sociedade e não subordinado a ela numa ordem democrática. É “republicano” pra lá e pra cá, como se isso fosse sinônimo de democracia, o que é falso, historicamente. Trata-se, muitas vezes, de uma justificativa para decisões inopinadas, intervencionistas e voluntaristas do governo. Talvez os nossos índios, que vivem em sintonia com os astros nas suas comunidades primitivas, tenham sido os primeiros a enfrentar, com seus protestos, esse novo Leviatã.

» Hory ma"etyna pyau (feliz ano-novo). Volto em 6 de janeiro.

Fonte: Correio Braziliense

Sem ressentimentos - Michel Zaidan Filho

Com um milhão de reais para fazer licitação entres as agências de propaganda e os veículos de comunicação social, tendo em vista da propaganda oficial do governo de Pernambuco, o sr. Eduardo Campos pode se dar o luxo de aparecer em todos os jornais locais, no último domingo, com um discurso apaziguador, de concordância e harmonia, como recomenda o espírito de Natal.

Prestes a desembarcar da chefia do Estado, para alçar vôo em direção às eleições presidenciais, o mandatário pernambucano adota o tom adequado de quem é amigo de todos, pai da nação, irmão mais velho, preocupado com o bem comum dos pernambucanos, e não com a sorte de sua aventura política e eleitoral. E não aceita o rótulo de "traidor" ou "infiel". Poderia dizer, como o antigo secretário de estado norte-americano, John Foster Dulles, um político não tem amizades,tem interesses a perseguir. E sempre estará mudando de posição quando isto fôr conveniente aos seus interesses. Maquiavelismo abastardado, aprendido com o seu secretário da Casa Civil, ex-militante comunista.

Não é mera coincidência que esse tom melífluo e contemporizador venha depois do afastamento, que já não era sem tempo, do seu secretário da Defesa Social, o membro do Polícia Federal, a quem o governador entregou o comando de sua tropa de choque. O referido policial, do alto de sua arrogância e de seus procenceitos, expressou a tese de que as mulheres pernambucanas são estrupadas e violentadas pela polícia, porque sentem uma atração fatal pela farda, pelo coturno, pela continência. É a vitimologia do cientista da SDS. A culpa é das vítimas, não dos agressores fardados, pagos com o dinheiro público para proteger a população, não para atentar contra o pudor. A outra tese do grande cientista policial é a de que a homossexualidade é um problema de família, das famílias tradicionais. Não sei onde leu essas teses. Não foi, com certeza, na obra de Gilberto Freyre, que menciona expressamente a herança sado-masoquista deixada pela escravidão africana no Brasil.

Esse impoluto homem da lei já deveria ter sido afastado há mais tempo. Desde quando autorizou a força policial a reprimir as manifestações sociais contra o governo e a favor das políticas públicas, e não da construção de estadios inúteis e caros de futebol. Saiu tarde. Poderia nos ter poupado da invasão do campus universitário e da presença indesejável da polícia militar no recinto da UFPE.

Outro que poderia ser mandado embora é o secretário da Saude. O ilustre magistrado Roberto Wanderley acolheu, com a sua proficiência jurisdicional, o pedido de afastamento do cidadão, por conflito de interesses e medidas atentatórias contra o SUS e o interesse público, como foi o desmonte do centro de Transplante da Medula Óssea. O IMIP, instituição público-privada do secretário, pode ser um centro de excelência médica, mas não pode usurpar a prestação uniforme e universal do Sistema Público de Saude, recebendo equipamentos e verbas destinados à saude pública. Isso é um crime de lesa-sociedade. Sobretudo daqueles que mais precisam da prestação estatal desses serviços, por não poder paga por eles.

Finalmente, uma nota triste: surpreendi num dos comerciais da gestão do governo do Estado, o rostinho ingênuo de uma ex-aluna e ex-orientanda, usada para fazer propaganda das escolas pilotos da rede estadual de ensino. É lamentável, sob todos os pontos de vista, que os professores e outros funcionários públicos sejam "convencidos" e "convidados" a fazer propaganda a favor do gestor! Onde fica a impessoalidade, a legalidade e a publicização dos atos da administração pública?

Michel Zaidan Filho, sociólogo e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Exotismo parlamentar - Hélio Schwartsman

Não deixa de ser paradoxal que um dos políticos mais contestados do país, o pastor e deputado Marco Feliciano, não só esteja com sua reeleição garantida como ajudará a eleger outros parlamentares para seu partido (o PSC). As controvérsias durante sua gestão à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara deram tanta visibilidade aos evangélicos que a bancada bíblica já se mobiliza para seguir no comando da comissão.

A questão é interessante. Ninguém discorda de que, na democracia, cabe à população eleger seus representantes. O problema é que o termo "eleger" comporta muitas acepções.

Se levamos em conta só os votos a favor, como ocorre no atual modelo de sufrágio nominal e proporcional, Feliciano e outras figuras controversas nadam de braçada. Ter alguma representatividade, ainda que dispersa, e destacar-se na multidão de postulantes se tornam os requisitos mais importantes. Mas, se déssemos ao eleitorado algum poder de veto --o que, de certa forma, ocorre no sistema distrital--, candidatos cuja principal característica é o exotismo teriam dificuldades para se eleger.

Não dá para afirmar que exista um sistema certo. Se o atual favorece o surgimento de Felicianos, ele também assegura um Congresso diverso e que representa bem minorias articuladas. Já o distrital, em que pese contribuir para aproximar mais representantes de representados e até para conter a proliferação de partidos, reforçaria as tendências paroquiais dos deputados, que se tornariam vereadores federais.

Com o passar dos anos, tenho ficado mais simpático ao distrital. Mas não nos enganemos. Sua adoção serviria mais para trocar problemas antigos por novos do que para resolver as coisas. Quem duvida deve olhar para o Senado. Ele é fruto de eleições majoritárias e isso não nos poupa de figuras como Renan Calheiros (PMDB), com suas prodigiosas vacas e maravilhosas caronas na Força Aérea.

Fonte: Folha de S. Paulo

Barroso empurra a História - Merval Pereira

O ministro Luís Roberto Barroso, ao fazer um balanço do ano para o site Consultor Jurídico, defendeu o fim do financiamento eleitoral por empresas, matéria em julgamento no STF, já com quatro votos a favor, inclusive o seu.

Mesmo admitindo que o tema “não é simples e situa-se na fronteira movediça e conturbada que separa, de um lado, a interpretação constitucional e, de outro, as escolhas políticas”, ele defende que a proibição terá o “efeito positivo (...) de fazer com que a discussão sobre a reforma política seja retomada, e um pacto geral pelo barateamento do processo eleitoral seja firmado”.

Em seu voto, Barroso entende que a contribuição por empresas “não é, necessariamente, ilegítima ou inconstitucional”, mas, “no âmbito do sistema eleitoral brasileiro de voto proporcional e lista aberta, seu impacto resulta sendo, inexoravelmente, antidemocrático e antirrepublicano”.

Ele considera que vem desse tipo de financiamento “a centralidade que o dinheiro passou a desempenhar no modelo brasileiro”, que traz, como consequência, “o perigoso descolamento entre a classe política e a sociedade civil. Temos uma democracia representativa em que o povo não se sente representado por seus representantes”.

Barroso vê também questão adicional de moralidade pública: segundo ele, muitas empresas contribuem porque se sentem ameaçadas se não o fizerem.

“É possível argumentar ser legítimo uma empresa financiar partidos e candidatos que representem sua visão de mundo e seus interesses legítimos. Na prática, porém, o que se vê são empresas contribuindo para todos os que tenham alguma chance de ganhar, ou de ocupar espaço político, por medo ou em busca de favores futuros”.

Ele admite que a decisão do STF, se se confirmar a proibição, cria dificuldades imediatas e, eventualmente, “pode demandar algum grau de modulação”. Mas acha que a proibição levará ao estudo de novas fórmulas, como o voto em lista e o voto distrital misto. Precisamos de democracia e não de uma plutocracia, com baixo patamar ético, exorta Barroso, que defende a tese de que “precisamos empurrar a História, e este é um passo indispensável a ser dado”.

Ele classificou de “atípico” o ano de 2013, em que foi nomeado para o STF: “O povo voltou às ruas, em reivindicações amplas e difusas. Os condenados na Ação Penal 470 (mensalão) foram efetivamente presos, superando o ceticismo dominante”.

Barroso diz que esses dois fatos “conjugaram o desejo de mudar e o início da mudança”, e, embora sejam independentes, inserem-se “no cenário geral de um país que busca uma nova narrativa para si próprio”.

Ele dá a sua visão dos motivos que levaram o povo à rua: “O nível de consciência cívica e de compreensão crítica da sociedade se elevou nos últimos anos, em razão da democracia e dos avanços socioeconômicos”.

Como consequência, “as pessoas se tornaram mais exigentes em relação às prioridades escolhidas pela Administração Pública, à qualidade dos serviços públicos e aos índices de corrupção da classe dirigente brasileira”.

De certa forma, diz Barroso, o julgamento e a execução das penas na AP 470 vieram ao encontro desse sentimento geral. “O Direito Penal, no Brasil, tradicionalmente seletivo — duro com os pobres, manso com os ricos —, afastou-se do seu curso tradicional e colheu um conjunto de pessoas bem postas na vida. Era essa demanda por republicanismo e igualdade que estava por trás da catarse coletiva que foi o julgamento e o espetáculo exageradamente midiático representado pela concretização das prisões”.

Ele adverte que a AP 470 só será vista no futuro como um marco institucional na História brasileira “se não deixarmos que seja o que ela de fato foi: um ponto fora da curva — frase que pronunciei na sabatina no Senado e que me acompanhou como uma assombração no ano de 2013”.

Se o julgamento da AP 470 conseguir ser o marco zero de um processo extenso e profundo de transformações sociais, toda a energia judicial e política nela despendida terá valido a pena, analisa Barroso. “Apropriar-se de dinheiro público é algo mau, independentemente do partido que o faça”, diz o ministro, que é o relator do mensalão mineiro, que deve entrar em julgamento no Supremo ainda no próximo ano eleitoral.

Fonte: O Globo

Brasília-DF - Denise Rothenburg

A mudança de Gleisi
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, já requisitou o apartamento funcional do Senado para ocupar a partir de 13 de janeiro. A expectativa é que, até lá, ela esteja dispensada das atribuições atuais para curtir uma quinzena de férias e, depois, cuidar exclusivamente da campanha ao governo do Paraná e do mandato de senadora. Com o PMDB paranaense rachado, é hora de tentar se posicionar com mais afinco no estado em que Dilma perdeu as eleições em 2010 e atrair aliados. A missão dela é ganhar terreno sobre os tucanos. E é nisso que começará a trabalhar em breve. Hoje, ela recebe jornalistas em um café da manhã para um último balanço de suas ações na Casa Civil.

Ideli fica
A cada dia crescem as apostas de que Ideli Salvatti continuará no governo Dilma Rousseff. Isso porque a vaga de candidato ao Senado em Santa Catarina está mais para Cláudio Vignatti, que tem cada dia um espaço maior no diretório estadual.

Que não se repita I
Os deputados que passaram ontem por Brasília atrás das emendas ao Orçamento deste ano, não escondiam a alegria com a sanção da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “No ano que vem, com o Orçamento impositivo, estaremos livres dessa humilhação”, comentou o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).

Que não se repita II
O que mais irritou as excelências foi o fato de a Secretaria de Relações Institucionais ter enviados apenas às vésperas do Natal a lista de emendas a serem atendidas. Resultado: todo mundo foi obrigado a ficar em Brasília para se certificar do empenho e da liberação dos recursos.

É ele!
O PSD dá como certa a chapa pura para o governo paulista, com Gilberto Kassab candidato a governador e com o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao Senado. O papel de Kassab será o de defender sua gestão em meio à onda de denúncias que tomou conta da capital paulista.

Hora da política
Quando Gleisi assumiu o cargo de ministra da Casa Civil, a ordem de Dilma foi trabalhar muito e falar o menos possível, porque queria mais gestão e menos política por ali. Agora, 10 em cada 10 ministros do governo apostam num perfil mais político — leia-se Aloizio Mercadante. Se Dilma mudar de ideia no recesso e quiser deixar a Casa Civil mais técnica, o nome será o de Carlos Gabas.

Fila I/ O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, teve que correr para o gabinete depois da entrevista sobre as ações de emergência para auxílio aos desabrigados no Espírito Santo. É que a sala de visitas estava apinhada de deputados atrás das emendas ao Orçamento deste ano.

Fila II/ “Quando vier o Orçamento impositivo, no ano que vem, a Saúde terá que mudar o seu sistema. Eles são hoje os mais atrasados na liberação das emendas”, contou o deputado Guilherme Campos (PSD-SP). O ministro Padilha, entretanto, diz que está tudo bem na liberação das emendas de sua pasta.

Por falar em .../ Guilherme Campos, ele fez um périplo ontem pela Esplanada a fim de liberar as suas emendas. “Faltaram algumas que ele pretende liberar ainda esse ano. Sabe como é, quem torce para a Ponte Preta acredita em qualquer coisa!”

Fim decisivo/ A ministra Laurita Vaz estabeleceu uma meta para sua equipe de gabinete no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até o fim deste mês, quer intensificar os trabalhos com o objetivo de diminuir o número de processos à espera de decisão. Desde que assumiu o cargo, em setembro de 2012, ela já reduziu por volta de 30% a quantidade de ações que estavam paradas. Agora, pretende diminuir mais 10% desse volume até a virada do ano. Ou seja, lá não teve moleza nessa quinzena.

Fonte: Correio Braziliense