Valor Econômico
É um erro achar que projeto autoritário foi
vencido em 2022
Quando Jair Bolsonaro se lançou candidato à
Presidência em 2018, poucos analistas - ou quase nenhum - da cena política
nacional acreditaram que ele pudesse ganhar a disputa. Todos olhamos para
Bolsonaro com base nas referências do passado - contar com o apoio de partidos
fortes nos Estados, dispor de bom tempo no horário eleitoral gratuito, ser
conhecido nacionalmente, ter experiência executiva anterior, entre outras.
Bolsonaro só tinha, na ocasião, uma legenda
o apoiando - o PSL (hoje, União Brasil), com o qual não demorou a romper. Tempo
no horário eleitoral era algo, portanto, com o que ele não contava em sua
campanha. Totalmente desconhecido ele não era porque, nos sete mandatos
consecutivos como deputado federal pelo Rio de Janeiro, fez do alarido
quixotesco a sua estratégia de comunicação, sempre em defesa dos benefícios de
militares e funcionários públicos em geral.
Consta que Bolsonaro não apresentou um projeto de lei sequer durante 28 anos, mas sempre dava um jeito de aparecer sob os holofotes das redes de TV. Certa feita, pontuou durante uma edição do programa humorístico “Casseta & Planeta”, da Rede Globo. Por mais que parte da audiência o considerasse “folclórico”, Bolsonaro semeava imagem de político honesto e “outsider”, isto é, aquele que “não se mistura” com políticos tradicionais.