Num
ano terrível, a democracia triunfou nos EUA, um alento para seguirmos lutando
para melhorar a vida da maioria
Mal
escrevi o título deste artigo (usando o pouco latim de que ainda me recordo), e
já me arrependi. Será mesmo, ou o ano que nos espera à frente será ainda pior?
Difícil imaginar, mas não impossível. É certo que a pandemia, o novo
coronavírus, mata sem piedade e... Não só os mais velhos, molesta também os
mais jovens; o que piora a situação. Também é certo que nos tocou um governo
com pouca imaginação e que olha o país por um espectro curto. Mas, se olharmos
para o mundo, pelo menos não houve guerra global, e a recessão, embora forte,
não é comparável com outras crises que paralisaram os negócios internacionais.
Enfim, sem “panglossismo”, bem-feitas as contas, o ano foi mal, mas poderia
(como quase sempre) ser pior...
Não
digo isso para me consolar, ou, quem sabe, apascentar o eventual leitor. Digo
porque é preciso olhar para frente com alguma esperança. Sei também que é mais
fácil imaginar que “não fosse este governo”, a pandemia talvez não tivesse
matado ou maltratado tanta gente. Será verdade? Provavelmente. Mas, o vírus é
soez e está dizimando as pessoas, independentemente da qualidade dos governos.
Parece uma saída simples “culpar” só o governo (no caso o federal) pelos males
que nos afligem. Claro, não é sensato —para dizer o mínimo — trocar tantos ministros
da Saúde e nomear, por fim, quem, por profissão, não conhece a matéria. Tão
grave quanto isto é considerar os adversários como “inimigos”, jogando o país
em divisões imaginárias. E sempre é possível ampliar a lista do que falta aos
governantes para que tudo dê certo...
Não é hora, contudo, para o ajuste de contas. A experiência mostra que é melhor esperar que o tempo escoe do que precipitar o fim de governos. Mais um pouco — se o povo não insistir nas antigas preferências e se tivermos a sorte de existir alguém que abra um caminho mais promissor — haverá novas eleições. Mudaremos algo?