O Estado de S. Paulo
Marxistas-leninistas, trotskistas e
anarquistas seguem alertas e ávidos de poder. A onda vermelha se movimenta e
está em evolução.
Passou em branco o centenário do Partido
Comunista Brasileiro (PCB), fundado em março de 1922, como um passo adiante do
movimento anarquista na tarefa de organizar as primeiras associações e ligas
operárias. Adeptos do marxismo, os comunistas procuravam arregimentar o
proletariado para implantar no Brasil o regime vigente na Rússia após a vitória
da revolução de outubro de 1917, liderada por Lenin e Trotsky.
Em 1918, imigrantes anarquistas e
comunistas organizaram na cidade de Santana do Livramento, no Rio Grande do
Sul, a Liga Comunista de Livramento. No ano seguinte, funda-se a União
Maximalista em Porto Alegre. No ano de 1919 surge o Partido Comunista-Anarquista
no Rio de Janeiro. Grupos comunistas se organizam no Recife, em Juiz de Fora,
Cruzeiro, São Paulo e Santos. O jornal Spártacus, criado e dirigido por
Astrojildo Pereira, era o órgão incumbido da doutrinação marxista.
Em 25 de março de 1922, o barbeiro libanês
Abílio de Nequete; o jornalista Astrojildo Pereira; o professor Cristiano
Cordeiro; o eletricista Hermogênio Silva; o gráfico João da Costa Pimenta; os
alfaiates Joaquim Barbosa e Manuel Cendón; o funcionário municipal José Elias
da Silva; e o artesão e vassoureiro Luís Peres, egressos do movimento
anarquista, representando os núcleos de Porto Alegre, Recife, São Paulo,
Cruzeiro, Niterói e Rio de Janeiro, se reuniram na velha capital da República
com o objetivo de fundar o Partido Comunista Brasileiro.
Sobre as raízes do comunismo, lemos
em O Partido Comunista Brasileiro (1922-1964): “A sociedade brasileira,
nesta época, sofrera inúmeras transformações, criando condições para o
florescimento das ideias socialistas e anarquistas. A imigração europeia,
particularmente em São Paulo, e a abolição do trabalho escravo abriram caminhos
para a industrialização, criando condições objetivas para o desenvolvimento de
uma ideologia proletária no Brasil. De 1890 a 1914, surgiram, no Brasil, perto
de 7 mil indústrias, sendo desse período a formação do proletariado industrial
no Brasil. O capitalismo incipiente caracterizava-se pela brutal exploração do
trabalhador, desprovido das mais elementares garantias trabalhistas” (Eliezer Pacheco,
Ed. Alfa-Ômega, SP, 1984, 29).