quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Opinião do dia: Roberto Freire

Não adianta tergiversar, não adianta buscar o oposicionismo fácil para se eximir da responsabilidade que todos nós devemos em relação à situação em que vive o Rio de Janeiro e pela segurança pública nacional.

No mesmo dia da edição do decreto, lançamos uma nota pública apoiando a medida, com PPS do Rio, dizendo que não era intervenção qualquer. Era uma intervenção federal junto à polícia, ao sistema penitenciário, aos bombeiros e à inteligência para quebrar a promiscuidade e a corrupção instalada no Rio entre a cúpula da polícia e o crime organizado.


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Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS, em pronunciamento na Câmara, no dia do voto sobre o Decreto de Intervenção Federal na área de Segurança do Rio de Janeiro.

Rosângela Bittar: Rali da temperança

- Valor Econômico

A sucessão presidencial voltou seu teorema para SP

Depois do segundo não de Luciano Huck ao sistema eleitoral, e do primeiro não da Justiça ao ex-presidente Lula, a sucessão presidencial voltou seu teorema para São Paulo. As definições no Estado estão ligadas, fortemente, às indefinições nacionais, exatamente as que se situam entre os políticos de centro.

Por isso mesmo, as atenções do momento se concentram no governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o seu esforço para alçar voo numa campanha que, justiça lhe seja feita, ninguém ainda decolou de verdade. A não ser Jair Bolsonaro, mas lá atrás, no início, um impulso já em aparente refluxo ainda não medido com rigor pelas pesquisas.

A presença de São Paulo no atual cenário pós-Lula se reforça pela sucessão estadual. É essencial notar o vice-governador Márcio França (PSB), que assumirá o cargo com o pensamento na reeleição e constituirá pelo menos um dos palanques para o presidenciável Alckmin.

As provocações que tentaram, nos últimos dias, derrubar as perspectivas de França não foram engolidas, uma contribuição dele à sanidade da disputa. Tentou-se levá-lo para o PSDB, de forma a tornar mais confortável a caminhada do governador pela campanha presidencial. Era um pretexto, pois uma vez lá, França teria que se submeter a uma prévia e seria engolido pelos capitães da tropa tucana. O vice Márcio França declinou da arapuca.

Outra provocação foi prometer-se ao vice que Alckmin o apoiaria integralmente contra um candidato tucano. Essa o próprio Alckmin se encarregou de desfazer, declarando-se fiel cabo eleitoral do candidato do PSDB em programa popular de TV. Mas não recusou o palanque de França e nem poderá, por crime de lesa coerência. Afinal, foi e é seu fiel vice-governador.

Alckmin terá dois palanques mas os seus não deixarão que fique neutro. Assim, França também ficará livre para oferecer espaço a um candidato de seu partido caso a opção venha a ser por esse caminho, hipótese a cada dia mais improvável.

Para o PSDB, não será o passeio de sempre em São Paulo. As sondagens estão mostrando uma queda no eleitorado do partido no Sudeste e no Sul.

Vera Magalhães: Temer e o tempo

- O Estado de S.Paulo

Michel Temer joga com o tempo para responder à pergunta, cada vez mais repetida, sobre se será ou não candidato à reeleição. Sua condição, apenas e tão somente nesse campo, é vantajosa em relação a alguns dos virtuais oponentes: não precisa renunciar ao mandato e não é premido pelo prazo para escolher um partido.

Por isso, julga ter tempo para que os dois principais fatores que vão determinar suas chances eleitorais mostrem resultado: a recuperação da economia e o sucesso ou fracasso da intervenção federal no Rio.

São essas as variáveis capazes de mexer na sua ainda esquálida popularidade, sem cuja recuperação a candidatura deixará de fazer sentido para o próprio MDB, que sempre se pauta pelo pragmatismo na hora de definir a estratégia eleitoral.

O “deadline” para a decisão é junho, atestam os aliados. É nessa época que se definirão as alianças, essenciais numa eleição cujo resultado ainda será influenciado pelo peso da propaganda de TV.

São pouco menos de quatro meses para que a retomada do consumo e do emprego mostre se tem vigor para embalar um discurso de que o governo tirou o País do buraco econômico cavado pelo PT. E para que a intervenção no Rio melhore a sensação de segurança das pessoas – uma vez que a solução estrutural para o crime no Estado é algo fora do horizonte.

Até lá, pesquisas serão semanais, como num constante eletrocardiograma a medir os sinais vitais do presidente e sua chance de sobrevida eleitoral.

Bruno Boghossian: Seguir o dinheiro

- Folha de S. Paulo

Análise poderia revelar o enriquecimento de agentes que se associaram a criminosos

No fim de outubro, o ministro Torquato Jardim (Justiça) abriu uma crise no governo ao dizer que Luiz Fernando Pezão havia perdido o controle sobre a segurança pública no Rio. Afirmou ainda que os comandantes da polícia local eram "sócios do crime organizado".

O governador reagiu, indignado, e ameaçou interpelar judicialmente o ministro. O presidente Michel Temer interveio, repreendeu Jardim e pediu que ele evitasse novas críticas.

Pouco mais de três meses depois, Pezão e Temer reconheceram que a primeira frase do ministro estava certa. Ainda falta atacar a segunda. A intervenção federal no Rio comprovou a incompetência do governador para cuidar da segurança, mas a operação será um desperdício se não incluir também uma devassa sobre a corrupção policial no Estado.

Temer e seus subordinados evitaram, até agora, declarações públicas contundentes sobre a necessidade de investigação dos elos entre comandantes de batalhões, milícias e traficantes. Argumentam que o tema precisa ser mantido em sigilo para evitar prejuízo às apurações.

Nos bastidores, integrantes do governo discutem acionar o Coaf, a Receita e a Polícia Federal para examinar a movimentação financeira de integrantes das forças de segurança do Rio, o que poderia revelar o enriquecimento de agentes públicos que tenham se associado a criminosos.

Elio Gaspari: A demofobia envenena a intervenção

- O Globo

Não se espera que a tropa venha como o coelhinho da Páscoa, mas não se pode chegar com ameaças aos cidadãos

Michel Temer já viu governo derretendo. Em 2013, quando o monstro da opinião pública estava nas ruas, a presidente Dilma Rousseff tirou um gambá da cartola e propôs uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. Um telefonema de seu vice (ele) ajudou-a a perceber que aquilo era pura maluquice. Passaram-se cinco anos, Temer está na cadeira da doutora e peregrina com gambás na cartola.

No primeiro dia útil depois do decreto de intervenção federal, horas antes da aprovação da medida pelo Congresso, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou:

“Algumas medidas talvez sejam necessárias, como a realização do que se chama mandado coletivo de busca e apreensão.” E explicou: “Na realidade urbanística do Rio de Janeiro, você muitas vezes sai com a busca e apreensão numa casa, numa comunidade, e o bandido se desloca. Então você precisa ter algo como o mandado de busca e apreensão e de captura coletivo para uma melhor eficácia do trabalho a ser desenvolvido.”

A geografia a que o doutor se referiu é a dos bairros pobres da cidade, onde, salvo os bandidos, ninguém foi para lá porque se encantou com o lugar. Por trás da ideia dos mandados coletivos está a noção demófoba segundo a qual quem mora nesses bairros, e não no Leblon, tem algo a esconder. É gente constrangida pelos bandidos, achacada pelos milicianos e abandonada pelo poder público, mas não se confia nela.

No segundo trecho da fala de Jungmann havia um erro, a referência ao “mandado (...) de captura coletivo”. Nunca houve coisa parecida, nem durante a vigência do Ato Institucional nº 5. (Noves fora a ação militar no Araguaia, onde fizeram-se prisões em massa e queimaram-se casas de roceiros.) Horas depois, o ministro corrigiu-se, dizendo que a referência às capturas foi um “mal-entendido”. Foi um erro, muito bem entendido.

Ricardo Noblat: A ambição de Temer

- Blog do Noblat

A procura por uma saída honrosa

Existem o fato e o fato consumado. Dizem os políticos de antanho que esse último só pode ser revogado por um fato novo.

À reeleição de Dilma, seguiu-se o desmanche de sua base de apoio político e social para que governasse. Era fato.

Sua queda deu lugar à ascensão de Temer destinado a deixar mais tarde o poder como alguém que o usurpara. Era fato consumado.

Então o que estava escrito nas estrelas, e lido em todas as línguas conhecidas, foi atropelado pelo fato novo da intervenção no Rio.

Até que o fato novo, consumado nas últimas 48 horas com o aval do Congresso, seja ou não revogado por outro fato novo, poderá se passar um dia, ou poderão se passar muitos.

O provável, por ora apenas provável, é que passem muitos dias, talvez o bastante para que Temer chegue ao fim do mandato em melhores condições do que estava.

Vinicius Torres Freire: Tiros no Rio e barraco em Brasília

- Folha de S. Paulo

Temer, Meirelles e Maia se bicam por causa de planos eleitorais e eleitoreiros

A campanha eleitoral, vaidades de candidatos e a repulsa popular a Michel Temer (MDB) enrolam o programa econômico do governo. Os governistas se dão rasteiras na disputa de uns 3% de votos nas pesquisas, vide o sururu causado pela intervenção no Rio e pelo lançamento do "plano B" na economia.

O ônibus da recuperação econômica, porém, começa a andar mais rápido, embora ainda não pegue o povo, que espera no ponto.

Indicadores da virada de 2017 para 2018 dão bons sinais, tal como a medida do Banco Central de atividade econômica de dezembro, que veio bem mais forte do que o esperado. Além do mais, os números da previsão que o Ipea divulgou nesta terça (20) indicam que a recessão do investimento em construção civil na prática acabou no fim do ano passado. Vendas e lançamentos de imóveis em São Paulo se recuperaram também no último trimestre do ano, mostram dados do Secovi, sindicato da habitação de São Paulo.

No governo, há bufos e ranger de dentes desde que Temer lançou a campanha eleitoral para si ou para um escolhido, a intervenção no Rio.

Míriam Leitão: O que fazer depois

- O Globo

O governo já não contava com a aprovação da Previdência na última revisão orçamentária anunciada em janeiro. Tanto que, mesmo sem anunciar, ele abateu o ganho de R$ 5 bilhões que teria se ela fosse aprovada. Apesar disso, é possível que na próxima revisão, em 22 de março, em vez de cortar mais, deve ser liberada parte dos R$ 16 bilhões contingenciados. É que a arrecadação está melhor do que o esperado.

Medidas para ajustes na Previdência em legislação ordinária têm sido estudadas. Uma das ideias é a de reformular a regra de cálculo do valor do benefício. Outra seria no valor das pensões. Isso pode ser feito por medida infraconstitucional e teria ganho importante. Mas há resistências internas, porque afetaria apenas o Regime Geral e pouparia os servidores. Faria o oposto do que a reforma estava tentando que é diminuir as desigualdades entre os sistemas.

A situação de 2018 não é crítica, mas a do ano que vem é. Em 2019, o ganho da reforma seria de R$ 12 bi a R$ 14 bi. Para preparar o orçamento será preciso cortar em várias áreas, fazer avaliações em todos os programas e reduzir os valores dos que tiverem mais fraudes. Um desses que têm muitos furos é o seguro-defeso, destinado a pescadores em época em que é preciso suspender a atividade. Nele há sinais claros de fraude.

Monica de Bolle *: Sai Porcina, entra Sassá

- O Estado de S.Paulo

A maior parte das medidas depende do Congresso, o mesmo Congresso que tenta a sobrevivência pós outubro

Ah, os anos 80. Década de desarranjos políticos e econômicos, década perdida, de povo em desvario. Década do rock brasileiro engajado, das seleções de futebol que foram sem jamais terem ido, das telenovelas inesquecíveis. O Brasil de Temer é versão apagada dos anos 80, com pitadas próprias de surrealismo.

Em artigo para este jornal publicado em agosto do ano passado, descrevi a agenda Porcina de Temer em alusão à viúva inesquecível. Na ocasião, escrevi sobre as chances de que as reformas de Temer viessem a ser “Porcinadas”, ou, por si, nada: que permanecessem no papel e nas melhores intenções sem os votos suficientes para que fossem a lugar algum.

Como sabemos agora, esse foi o destino da controvertida reforma da Previdência, cujo enterro nem tão prematuro foi anunciado pelo governo na segunda-feira. Vale lembrar que a reforma da Previdência era o pilar de sustentação do teto dos gastos, aprovado com imenso alarde em dezembro de 2016. Disse-nos a equipe econômica na época – mas não era muito difícil chegar à mesma conclusão sem dar ouvidos a Meirelles –, que as reformas estruturais para resolver os problemas fiscais de médio prazo do Brasil seriam feitas em duas etapas, e que a Previdência era fundamental para garantir a sustentabilidade das contas públicas e a solidez da recuperação econômica brasileira. 

Antonio Delfim Netto: Desconsolo

- Folha de S. Paulo

Leniência de governos e uso irresponsável de royalties gerou falta de segurança
A dramática decisão do governo federal de intervir na segurança do Estado do Rio de Janeiro não pode deixar de causar uma certa angústia pelo que se esconde no opaco futuro.

Talvez não existisse melhor alternativa diante da selvageria e da dimensão que a falta de segurança pessoal assumiu. Esta foi gerada pela leniência de muitos governos eleitos e, mais recentemente, porque se usou irresponsavelmente os royalties do petróleo (receita que depende dos seus preços e é, portanto, aleatória) para financiar o aumento de salários e as generosas aposentadorias (despesas líquidas e certas que crescem exponencialmente).

A tragédia do Estado do Rio de Janeiro é produto do criminoso oportunismo de sucessivos governos eleitos, que viram sua "popularidade" aumentada com truques como Olimpíada e quejandos. Quando a maré baixou, viu-se que ele estava nu: deixou de pagar salários e aposentadorias, enquanto a Lava Jato cobra de volta os "biscoitos" inadvertidamente embolsados...

Qual é a relação de causalidade mais provável: primeiro, foi a falta de recursos que atingiu os serviços de segurança e liberou a "malandragem" ou, segundo, foi a "malandragem" que produziu, por geração espontânea, a queda de recursos?

Só no Planalto, sob a influência daquele gás misterioso emitido pelo Paranoá que destrói neurônios, pode levar alguém a aceitar a segunda hipótese. A relação de causalidade é clara: foi a administração pública desastrosa, somada à queda de receita, a "causa causans" da deterioração da segurança que se abateu sobre o Rio de Janeiro.

Nilson Teixeira: O debate de ideias nestas eleições

- Valor Econômico

Mensagens essenciais são a eliminação de privilégios e o aumento da eficiência no uso dos recursos públicos

O período pré-eleitoral é sempre caracterizado por discussões sobre a elaboração de propostas para os partidos e candidatos. Muitos planos de governo surgirão nos próximos meses. Nesse ambiente, há quem defenda que não importa quem será o presidente eleito, e sim qual será a agenda de seu governo. Nesse caso, cada candidato apresentaria um programa abrangente com propostas específicas na campanha presidencial. A discussão se concentraria nessa agenda e ganharia a eleição o programa de governo mais compatível com os anseios da sociedade.

Não obstante, esse cenário não me parece realista. As propostas são importantes por indicarem a direção a ser trilhada nos anos seguintes. Todavia, sua função em uma campanha eleitoral é questionável. Os políticos experientes nos ensinam que essas discussões dificilmente têm papel relevante na conquista de votos. Mesmo se houvesse interesse da sociedade, não haveria tempo hábil para debater a infinidade de temas que precisam ser enfrentados. Além disso, essas agendas geram bem mais constrangimentos e perda de intenção de voto do que a construção de vitórias eleitorais. Não é por outra razão que as propostas dos partidos e candidatos com maior chance de vitória eleitoral são, em geral, genéricas e sem medidas detalhadas.

Os políticos vitoriosos nos ensinam que a disputa eleitoral não mira programas abrangentes de governo e sim temas mais simples. Eles também apontam que uma campanha presidencial não pode ter várias bandeiras. Um candidato precisaria fazer uma campanha de fácil compreensão, com uma ou duas propostas capazes de aglutinar o apoio dos eleitores. No atual ambiente político e econômico, é necessário motivar a sociedade na busca por mudanças.

Sergio Augusto de Moraes: Carnaval e política

- Blog Democracia e Socialismo

De alguns anos para cá o fenômeno já despontava: nos blocos de rua milhões de cariocas, paulistanos, soteropolitanos, recifenses e cidadãos de centenas de outras cidade brasileiras dançam e pulam durante três dias ( no mínimo) ao som das mais diversas músicas, do samba ao funk, em boa parte recheados de críticas às autoridades, aos políticos, às mazelas do Brasil . Mesmo no Rio, com a ameaça da violência e as ausências do Prefeito e do Governador, o povo caiu na folia criticando em particular o Prefeito que havia fugido para a Europa com despesas pagas com nosso dinheiro.

Se nos anos anteriores já despontava em muitos destes blocos alguma crítica política, em 2018 a coisa ganhou outra dimensão. Esta atitude foi generalizada. Algo novo no Brasil.

E não foi só nos blocos, algo mais natural tendo em vista sua independência das autoridades. As grandes escolas de samba também entraram nesta dança, a começar pela Beija-Flor de Nilópolis, campeã do Carnaval Carioca.

Em entrevista dada à revista online “Carnavalesco”, Jack Vasconcelos, responsável pelo bom desfile da Paraíso de Tuiuti, explicou por quê:

“Eu acho que é positivo a gente poder se posicionar. Muito disso tem relação com a troca de governo. Hoje somos oposição e antes éramos parceiros do poder e não podíamos arranhar a relação. Enredos mais críticos não eram incentivados. Agora com uma guerra declarada tem essa abertura maior. Os dirigentes nos deixam livres, e temos mais é que fazer”.

Mesmo com alguns fatos violentos, inaceitáveis, em geral puxados pelos vândalos de sempre, parece que o povo na rua estabeleceu uma outra ordem na cidade. Não a ordem das armas e do temor, a ordem da alegria coletiva. As pessoas caminhavam mais tranquilas, crianças participavam da festa, jovens varavam a noite sem medo dos bandidos. Para a dimensão do evento, com um policiamento pífio, quem estabeleceu a ordem foi a multidão. Uma contribuição à democracia.

Parece que foi um ensaio para outubro de 2018. Os candidatos que se preparem

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Sergio Augusto Moraes é engenheiro, editor do Blog Democracia e Socialismo

Luiz Carlos Azedo: O drible a mais

- Correio Braziliense

A intervenção federal no Rio de Janeiro agastou ainda mais as relações entre o presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que não digeriu até hoje o fato de ter sido atropelado pela decisão, que somente aceitou a pedido do governador Luiz Fernando Pezão. Apesar de ter viabilizado a aprovação da intervenção na Casa, numa votação que entrou pela madrugada, Maia ontem abriu as baterias contra o pacote de 15 medidas econômicas que o governo pretende aprovar, entre as quais a autonomia do Banco Central: “Não li, nem vou ler”.

“Foi um equívoco, foi desrespeito ao parlamento, já que os projetos já estão aqui e nós vamos pautar aquilo que nós entendermos como relevante, no nosso tempo”, afirmou Maia. “Este anúncio precipitado de ontem (segunda), sem um debate mais profundo, eu acho que não colabora e essa não será a pauta da Câmara. O governo não precisa ficar apresentando pautas de projetos que já estão aqui. Isso é um café velho e frio que não atende à sociedade”, garantiu.

Vamos aos bastidores: Maia estava numa posição confortável em relação à política fluminense, cada vez mais poderoso em razão do colapso do governo de Luiz Fernando Pezão e do fortalecimento do ex-prefeito carioca César Maia, seu pai, como alternativa ao Palácio Guanabara. A intervenção virou o jogo na política estadual, devido ao crescente protagonismo do secretário-geral da Presidência, Moreira Franco, ex-governador do estado, que tenta resgatar o MDB fluminense da crise em que mergulhou depois da Operação Lava-Jato. Os altos índices de aprovação da intervenção federal na segurança pública do estado pela opinião pública praticamente anularam sua capacidade de resistência à medida.

Interventor ainda faz diagnóstico

O Comando Militar do Leste informou em nota que o grupo de assessoria ao general Braga Netto, nomeado para cuidar da segurança pública no Rio, “está sendo formado”, e que o CML ainda trabalha no diagnóstico da situação. A repercussão negativa sobre mandados coletivos de busca e apreensão nas operações desagradou ao interventor. O Senado ratificou a aprovação do decreto de intervenção federal no Rio. Um sargento do Exército foi morto em arrastão na Zona Oeste.

Interventor ainda estuda situação do Rio

Braga Netto anunciará equipe ‘nos próximos dias’; governo recua e busca tom sobre mandados coletivos

Mateus Coutinho, Vera Araújo e Marcos Nunes | O Globo

-BRASÍLIA E RIO- Cinco dias após o presidente Michel Temer anunciar a intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro, o general Walter Souza Braga Netto, que ficará à frente da tarefa, ainda está montando sua equipe e estudando a situação de violência no estado para traçar um diagnóstico. Na noite de ontem, o Comando Militar do Leste (CML) informou em nota que o grupo de trabalho que vai assessorar o interventor está “sendo formado e será anunciado nos próximos dias”. No comunicado, o CML diz que “várias reuniões têm sido realizadas para que seja feito um diagnóstico da segurança pública no estado”.

Enquanto isso, ressalta o CML, “os órgãos de segurança pública estadual seguem funcionando normalmente”. A nota convoca ainda a população do Rio a colaborar, e diz que “o processo demandará, de todos e de cada um, alguma parcela de sacrifício e de colaboração, em nome da paz social e da sensação de segurança almejadas”.

INTERVENTOR TEME REPERCUSSÃO DE MANDADOS
Além de buscar o diagnóstico da situação que precisará enfrentar, a intervenção federal também procura saber exatamente de que meios poderá dispor para combater a onda de violência no estado. A sugestão, feita pelo próprio general Braga Netto durante reunião dos conselhos da Presidência da República, na segundafeira, de que será preciso recorrer a mandados de busca e apreensão coletivos, especialmente em ações nas favelas, gerou repercussão dentro e fora do governo.

Ontem, o governo esboçou recuo em busca do tom adequado para tratar do caso. Segundo o ministro da Justiça, Torquato Jardim, o que poderá ser pedido à Justiça do Rio serão mandados de busca em mais de uma residência ou localidade determinadas, mas não mandados “genéricos” para uma área grande — o que não é permitido pelo Código Penal.

A repercussão sobre a utilização de mandados coletivos é também uma das maiores preocupações do general Braga Netto. A interlocutores, o interventor demonstrou estar preocupado com a disseminação na população do medo de que a medida seja entendida como uma autorização irrestrita para invasão de privacidade e de ações violentas, com armas de fogo, contra pessoas que vivem nas favelas.

Com intervenção, Temer neutraliza, por ora, aliados e adversários

Mesmo com baixa popularidade, presidente se movimenta de olho nas urnas

Débora Bergamasco | O Globo

-BRASÍLIA- Com a mudança na agenda política do governo da reforma da Previdência para a Segurança Pública, o presidente Michel Temer (PMDB) neutralizou, por ora, dois pré-candidatos à Presidência da República que se colocam para disputar a posição de centro, Henrique Meirelles (PSD) e Rodrigo Maia (DEM), e ainda entrou na agenda de um postulante mais à direita que aparece bem colocado nas pesquisas de intenções de voto, Jair Bolsonaro (PSC). O movimento anima o entorno do presidente que lhe incensa a buscar uma reeleição, apesar dos baixos índices de popularidade.

Ao enterrar a reforma da Previdência — até então, a pauta principal de seu governo —, Temer tirou das mãos do seu ministro da Fazenda um discurso importante, pois Meirelles acreditava que o tema lhe daria a sustentação entre os agentes econômicos. No caso do presidente da Câmara, além dele perder também a pauta da reforma, o presidente lhe tomou com a intervenção federal no Estado do Rio a bandeira da Segurança Pública, com a qual Maia flertava.

A movimentação para a agenda da Segurança também ataca Bolsonaro, que faz sucesso ao pregar medidas radicais na área. Ao permitir o uso até de tanques de guerra no Rio, Temer dificulta o discurso de rompimento com “tudo que está aí” que o parlamentar, que é militar da reserva, busca representar.

“VAMOS VER, VAMOS VER”
Temer está deixando correrem soltos os comentários de uma possível tentativa de reeleição de sua parte. Este ano, parou de prontamente rebater que não concorrerá. A quem o aborda com este tema, deixou a contundência de lado e passou a responder como quem deixa o assunto suspenso no ar. Sai-se agora com um “vamos ver, vamos ver”, de acordo com pessoas próximas.

A nova postura de Temer projeta uma expectativa de poder futura e prolonga a vida útil de seu mandato, pois mantém o engajamento de seus aliados. Mas há riscos. Foi de Rodrigo Maia o diagnóstico no último final de semana. A intervenção é um “salto triplo sem rede. Não dá para errar”.

Integrantes da oposição reconhecem que com a pauta da Segurança Temer deixou de ser uma carta fora do jogo, caso a intervenção seja bem sucedida.

— Foi uma jogada muito inteligente do Temer. A gente não descarta ele voltar a ter poder e disputar a eleição presidencial de outubro — disse ontem Márcio Pochmann, coordenador do programa econômico do PT.

Potencial aliado e também pré-candidado de centro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse em evento na noite de ontem em Brasília que não espera receber o apoio do governo federal para sua candidatura. Ao ser indagado sobre as chances de ser o escolhido de Temer para receber apoio, respondeu:

— Não tenho essa pretensão.

(Colaborou Gabriela Valente).

Temer investe em nova agenda e Bolsonaro reage

Eleição. Após intervenção na segurança do Rio, presidente prepara outras medidas de apelo popular; presidenciável, deputado diz que emedebista ‘não vai roubar’ seu discurso

Vera Rosa, Tânia Monteiro e Constança Rezende | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA / RIO - O presidente Michel Temer pretende lançar medidas de apelo popular, a exemplo da intervenção na segurança pública no Rio. A ideia é passar uma imagem de “governo de resultados”, mesmo com ações antigas, e ter um discurso que vá além do que o núcleo político do Palácio do Planalto chama de “economês”. Embora negue publicamente, Temer tem demonstrado disposição de se candidatar a um novo mandato.

Com a intervenção no Rio, Temer virou o principal alvo de postulantes à sua cadeira. Dono de impopularidade persistente, ele acirrou a temporada de ataques ao anunciar a inédita medida, além da criação do Ministério da Segurança Pública, também defendida pelo governador Geraldo Alckmin, do PSDB.

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi um dos primeiros a reagir. Em vídeo postado nas redes sociais, o pré-candidato chamou de “política” a intervenção e aumentou o tom contra o presidente. Questionado por um interlocutor se Temer estava roubando sua bandeira da segurança pública, respondeu: “Temer já roubou muita coisa aqui, mas o meu discurso ele não vai roubar, não”. O vídeo foi gravado pelo site Poder 360.

Baixas na Rede podem tirar Marina de debate

Dois deputados negociam com PSB e partido não teria número mínimo de representantes

Renan Truffi | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - A possibilidade de a Rede perder dois deputados iniciou uma ofensiva de Marina Silva no Congresso para atrair novos parlamentares para a sigla.

O motivo é que, com as baixas, o partido da pré-candidata à Presidência não teria o número mínimo de cinco representantes para a participação dela nos debates eleitorais na TV, conforme regra aprovada no ano passado durante a reforma eleitoral.

Os deputados federais Alessandro Molon (RJ) e Aliel Machado (PR) negociam a filiação ao PSB, a convite do presidente da legenda, Carlos Siqueira. A expectativa é de que o anúncio ocorra ainda nesta semana.

Com a saída deles, o partido de Marina fica com apenas três parlamentares no Congresso: os deputados Miro Teixeira (RJ) e João Derly (RS) e o senador Randolfe Rodrigues (AP).

Movimento ligado a Huck assina carta-compromisso com PPS

Principais pontos do documento falam em espaços para candidatos ligados ao grupo se candidatarem nas próximas eleições

- Veja

O PPS e o movimento Agora! assinaram nesta terça-feira (20), em Brasília, uma carta-compromisso de ação política. Os principais pontos do documento falam em espaços para candidatos oriundos do movimento se candidatarem nas próximas eleições, autonomia dos seus participantes e a criação de um grupo para discutir “o revigoramento da vida partidária”.

Além do PPS, o Agora! irá assinar uma carta semelhante com a Rede e com mais duas legendas (ainda não divulgadas pelo grupo). Apesar da assinatura com o movimento de renovação política, a negativa do apresentador Luciano Huck à candidatura presidencial deve levar o partido para a base de apoio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

“A carta é um primeiro compromisso, um primeiro passo. Ela aponta para a necessidade de uma ação concreta do movimento em direção à interferência na política”, disse um dos fundadores do Agora!, Leandro Machado. “Esse é um acordo de convergências, uma vontade de criar pontes e não destruí-las. Vontade de criar uma relação que pode ser de interdependência e troca com o universo político”, completou outro fundados do grupo, Humberto Laudares.

O presidente do PPS, Roberto Freire, afirmou que esse também foi um passo em direção às mudanças inevitáveis no “fazer político” e nos partidos. “Se a sociedade mudou, os sindicatos mudaram, a família mudou… Por que o mesmo não aconteceria com os partidos”, disse. O deputado também confirmou que, sem Huck, a tendência é que o partido feche questão e apoie a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Apoio pode ser fechado mesmo antes da reunião nacional.

A reunião nacional do PPS, marcada para os dias 23 a 25 de março, devem definir mudanças estatutárias e encaminhar uma decisão sobre candidaturas majoritárias. “Quando a candidatura Luciano Huck ainda era uma hipótese, havia a possibilidade de uma mudança de nome da legenda. Ela pode acontecer, mas saiu um pouco de foco”, disse Freire.

PSDB define prévias em SP em março e favorece Doria

Eleição que vai definir candidatos será antes do prazo para saída dos cargos

Thais Bilenky, Daniel Camargos | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO E SÃO CAETANO DO SUL - Em vitória do prefeito João Doria, o PSDB paulista decidiu que as prévias para escolha do candidato tucano ao governo de São Paulo ocorrerão em março.

Com o calendário estabelecido em reunião na segunda-feira (19), Doria não precisará deixar a administração municipal antes da definição da candidatura, como queriam forçar que ocorresse os outros pré-candidatos.

José Aníbal, Luiz Felipe d'Avila e Floriano Pesaro tentaram articular o adiamento da eleição interna para final de abril ou maio, mas foram voto vencido.

Por 16 a 8, o diretório estabeleceu que o primeiro turno será em 18 de março, e o eventual segundo turno, no dia 25. O prazo de desincompatibilização é 7 de abril.

A votação não estava prevista na pauta da reunião, e irritou os pré-candidatos, sobretudo Aníbal. A articulação foi liderada pelo vice-prefeito Bruno Covas, que tem controle de boa parte do diretório paulista.

Nada substitui a reforma da Previdência: Editorial | O Globo

É ilusório que o conjunto de propostas reunidas pelo governo compense as perdas com a inviabilização da PEC, mas o trabalho no Congresso continua

Um exemplo de batida em retirada desastrosa é esta do governo Temer da reforma da Previdência. A intervenção federal no Rio, tentativa de conter a liquefação final da área de segurança pública do governo peemedebista de Pezão, suspenderia a tramitação de qualquer Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Está na própria Carta.

O grupo de Temer tentou o “jeitinho” de suspender a intervenção quando tivesse certeza de contar com o mínimo de 308 votos na Câmara, para aprovar o projeto em primeiro turno e, logo em seguida, reeditar o decreto. O presidente levantou o balão de ensaio no pronunciamento que fez na assinatura do decreto, mas ele foi esvaziado por consultas ao Judiciário e conselhos de políticos.

Neste campo do exercício da criatividade para driblar leis e a própria Constituição, basta o vaivém de ministro que é destituído pelo presidente apenas para atravessar a rua, reassumir a cadeira de deputado ou senador, dar seu voto ao governo, e, logo depois, renunciar, a fim de retornar ao ministério. Uma prática que desmoraliza a independência entre os poderes, estabelecida pela Constituição.

Nem Previdência nem Plano B: Editorial | O Estado de S. Paulo

Chamar de Plano B as prioridades apresentadas pelo governo depois de abandonada a reforma da Previdência é desmoralizar a palavra plano e aviltar a letra B. Nem sequer se pode falar de um novo pacote. Onze das 15 medidas anunciadas como prioritárias são projetos encalhados no Congresso. As outras quatro, incluída a consagração de autonomia do Banco Central (BC), são velhas ideias e promessas até agora mantidas na gaveta. A “nova agenda prioritária” – expressão usada oficialmente – inclui providências para a modernização econômica e ações importantes até para a gestão das contas públicas neste ano, como a privatização da Eletrobrás e a reoneração da folha de vários setores. A privatização da enorme e mal administrada empresa do setor elétrico pode render R$ 12,2 bilhões ao Tesouro Nacional em 2018. Bilhões também podem ser adicionados à receita, nos próximos meses, com a redução do custoso e pouco produtivo benefício concedido há alguns anos a grande número de companhias.

Não tem sentido apresentar como novas prioridades medidas como essas duas, de grande impacto imediato nas finanças federais e, portanto, muito relevantes para a boa execução do Orçamento neste ano. A equipe de governo e seus líderes no Congresso deveriam estar batalhando com muito empenho, o tempo todo, pela aprovação dessas e de outras providências, nem todas incluídas na pauta anunciada na segunda-feira, no Palácio do Planalto, por um grupo de quatro ministros e três líderes da base governamental.

Não é plano B: Editorial | Folha de S. Paulo

Governo faz lista que une propostas essenciais a outras menos relevantes

À medida que se esvaem as esperanças de votar em breve a reforma da Previdência, o governo Michel Temer (MDB) busca meios de demonstrar que não haverá paralisia da agenda econômica nos meses que restam até a eleição.

Para tanto, apresentou uma lista com 15 iniciativas, a maior parte delas já em tramitação e há muito defendidas como prioritárias. Cogitam-se, além disso, alterações menores nas regras de aposentadorias e pensões que não dependam de mudanças na Constituição.

Constam do rol projetos essenciais e outros menos relevantes, passando pelos que parecem ter sido relacionados apenas para impressionar as agências de classificação de risco e o mercado financeiro.

Entre os que deveriam merecer prioridade está a simplificação do PIS e da Cofins, proposta sempre descrita pelo governo como quase pronta. Trata-se de um primeiro passo para o redesenho do sistema de impostos e contribuições sociais que oneram o consumo.

Mexer no emaranhado tributário nunca é fácil, mas não se vê explicação convincente para a lentidão em tratar do assunto.

Pressão renovada para baratear custo do crédito: Editorial | Valor Econômico

A possibilidade de o Copom reduzir novamente a taxa básica na reunião de março renova a pressão sobre o mercado de crédito. A oferta de recursos melhorou nos últimos meses, especialmente para as pessoas físicas, mas os juros dos empréstimos ainda são elevados demais. A expectativa é de que o crédito aumente neste ano, apoiando a retomada da economia. As previsões variam de um crescimento de 3%, de acordo com o próprio Banco Central (BC), a 5% ou mais, segundo o mercado financeiro. Mas as taxas precisam recuar para proporcionar o estímulo adequado às atividades.

Se a projeção de aumento do crédito se confirmar, será a primeira variação positiva em dois anos. Em 2016, o estoque total de crédito encolheu 3,5% em termos nominais; em 2017, diminuiu mais 0,6%, fechando dezembro em R$ 3,086 trilhões. Em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB), o saldo total dos empréstimos cai há quatro anos, de 55,6% em 2013 para 53,1% em 2014, baixando a 49,6% em 2016 e a 47,1% no ano passado, o menor patamar desde 2010.

A redução do saldo total dos empréstimos foi puxada pelas operações com as empresas, que encolheram 7%, especialmente por conta do crédito direcionado, que diminuiu com as restrições dos desembolsos dos bancos públicos, que enfrentam restrições de capital para cumprir as regras da Basileia. Somente a carteira do BNDES encolheu 11,8% no ano passado. Enquanto isso, os empréstimos para pessoas físicas aumentaram 5,6%.

Senado aprova intervenção federal na segurança do Rio

Decreto de Temer teve 55 votos a favor e 13 contrários

Manoel Ventura e Maria Lima | O Globo

BRASÍLIA — O Senado aprovou, na noite desta terça-feira, o decreto do presidente Michel Temer que institui a intervenção federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro. A medida foi aprovada por 55 votos a favor e 13 contrários, com uma abstenção. A intervenção já está em vigor desde a última sexta-feira, quando o decreto foi assinado por Temer. No entanto, para continuar valendo, precisava ser aprovada pelo Congresso Nacional.

Antes, a Câmara deu aval à medida na madrugada desta terça-feira por 370 votos a favor e 72 contrários (houve uma abstenção), em uma sessão que durou mais de sete horas. Agora, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-RJ), vai assinar um decreto legislativo em que confirma a intervenção. Esse texto será publicado no Diário Oficial da União e encaminhado oficialmente ao presidente Michel Temer.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, acompanhou as sessões da Câmara e do Senado. O senador Eduardo Lopes (PRB-RJ), relator do decreto na Casa, deu parecer favorável à intervenção. Ele assumiu a vaga no Senado no lugar do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). Sem ter poder para alterar o texto, o senador disse que haverá reuniões com o governo para discutir minuciosamente o planejamento das operações e que pode ser editada uma medida provisória (MP) para definir recursos federais para custear a intervenção no Rio.

Eduardo Lopes afirmou ainda que vai encaminhar as sugestões feitas na Câmara pela relatora Laura Carneiro (PMDB-RJ), que entre outras coisas, cobra a definição de um orçamento para financiar a intervenção, já que o caixa do governo do Rio está quase zerado. A deputada também pediu a Temer que dê poder de polícia aos militares do Exército.

— Sem recursos federais a intervenção não vai funcionar. A deputada Laura Carneiro sugeriu a edição de uma medida provisória. Não tenho ideia nem estimativa de quanto vai custar essa operação. O que não pode é que, no meio da operação, dizerem que não vão concluir por falta de recursos — disse Lopes.

Cinco senadores falaram a favor da medida e outros cinco discursaram contra a proposta. Assim como na Câmara, parlamentares da oposição ao governo no Senado (como PT, REDE e PCdoB)
votaram contra a intervenção. Para o líder do PT, senador Lindbergh Farias (RJ), faltou planejamento.

Graziela Melo: A morte

A morte
É uma meia volta
que não tem volta!

Só tem ida!

É como
um beco
que não tem
saída!

No dia,
os vivos
te molham
em copioso
pranto...

mas logo
esquecem
do teu
encanto

e se reengajam
nas seduções
da vida!

A morte
é só tua
e de mais ninguém

sempre
para o teu mal
nunca
para o teu bem!!!

Cruel e má
te priva
dos teus
sapatos preferidos

das tuas roupas
dos teus entes
mais queridos...

entre tantas
maldades,
que não
são poucas...

te priva do ar
da terra
de ver o céu
o mar,

as estrelas

te tira da vida,
as coisas
mais belas!!!

Te leva do mundo
Por caminhos tortos...

Os mortos
sabem de tudo!!!

Por isso
e contudo,

a pior ironia
é a ironia
dos mortos!!!

Edu Lobo / Mônica Salmaso: Valsa brasileira