sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Opinião do dia – Marco Aurélio Nogueira

Política séria é coisa para gente de têmpera especial, com boa formação e domínio das linguagens (a oral, a escrita, a cênica e performática). Falta tudo isso entre nós.

Comunicar-se bem não é algo banal. Em política, está vinculado à possibilidade de ingressar no terreno do diálogo entre governantes e governados, do debate público democrático e das lutas por hegemonia, nos espaços simbólicos que movem e orientam as pessoas. Não é coisa para técnicos, mas para políticos e cidadãos.

Não é por acaso que entre políticos e cidadãos o quadro é de incomunicabilidade: uma parte não entende a outra, não ouve a outra e não fala com a outra. A falta de qualidade discursiva é enorme, o gestual é pobre, a mensagem é repetitiva e banal.

A miséria da nossa comunicação política só faz crescer. Aparece no atual governo e em todos os anteriores, com uma ou outra exceção. Toda a nossa classe política, de qualquer credo ou vertente ideológica, de direita, centro ou esquerda, é bisonha neste quesito. É uma desgraça associada tanto às falhas da formação escolar, quanto a certas marcas da brasilidade, da cultura brasileira, com seu gosto pelo improviso, pelo coloquial, pela intimidade, pela indiferença diante do cultivo da linguagem e da língua. A situação só tem piorado, nesses tempos em que falar bem e escrever bem passaram a ser vistas como manifestação de “elitismo” ou como coisa pouco importante.

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Marco Aurélio Nogueira é professor titular de Teoria Política da Unesp, ‘Comunicação é coisa séria, e está em falta na política’. O Estado de S. Paulo, 21/9/2016

Moro prende Mantega por corrupção e solta 5h depois

* Eike Batista diz que ex-ministro da Fazenda pediu R$ 5 milhões para pagar dívida do PT * Ele foi preso quando acompanhava mulher no hospital* 34ª fase da Lava Jato deteve outras seis pessoas

A Polícia Federal deflagrou ontem a 34.ª fase da Operação Lava Jato e manteve o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega preso por algumas horas. Ele é acusado de pedir R$ 5 milhões ao empresário Eike Batista em 2012 para saldar dívidas de campanha do PT. Além dele, foram presas seis pessoas. Batizada de Arquivo X, a operação investiga propina na construção de duas plataformas de exploração do pré-sal.

Segundo a força-tarefa, seu ponto determinante foi um depoimento do empresário Eike Batista, que em maio procurou investigadores para revelar que repassou US$ 2,35 milhões para uma conta dos marqueteiros João Santana e Mônica Moura. Autorizada pelo juiz Sérgio Moro, a prisão de Mantega foi feita de manhã no Hospital Albert Einstein, onde ele acompanhava a mulher numa cirurgia.

À tarde, porém, acabou revogada. As decisões de Moro causaram intenso debate nos meios jurídico e político. A defesa do ex-ministro classificou a ação como “monstruosidade”. Para o PT, prisão foi “arbitrária e desumana”.

• Arquivo X atinge ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma, que foi preso e teve mandado de soltura expedido por Moro 5 horas depois; investigação apura repasses a PT e PMDB

Lava Jato prende Mantega por suspeita de corrupção

Para Moro, não cabe a ministro pedir doações

• Juiz da Lava Jato alega ‘risco à ordem publica’ ao decretar temporária de Mantega, mas manda soltá-lo ao saber do estado de saúde de sua mulher

-O Estado de S. Paulo

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi detido ontem por volta das 7h no Hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, e, à tarde, deixou a carceragem da Polícia Federal, na zona oeste, após o juiz Sérgio Moro determinar sua soltura às 12h20.

“Sem embargo da gravidade dos fatos em apuração, noticiado que a prisão temporária foi efetivada na data de hoje (ontem) quando o ex-ministro acompanhava o cônjuge acometido de doença grave em cirurgia. Tal fato era desconhecido da autoridade policial, Ministério Público Federal e deste Juízo”, escreveu o juiz federal.

Ao pedir a prisão preventiva de Mantega, a Procuradoria da República alegou “riscos à ordem pública” e de destruição de provas. Moro expediu prisão temporária de ofício e, ao determinar a soltura do ex-ministro com base no estado de saúde de sua mulher, a psicanalista Eliane Berger Mantega, afirmou que estão “esvaziados os riscos de interferência da colheita das provas neste momento”. Eliane está em tratamento contra um câncer e passou ontem por uma cirurgia no cérebro.

“Revogo a prisão temporária decretada contra Guido Mantega, sem prejuízo das demais medidas e a avaliação de medidas futuras”, afirmou o juiz.

Doação foi ‘por democracia’, diz Eike Batista

- O Estado de S. Paulo

O empresário Eike Batista afirmou ao Ministério Público Federal que fez a doação eleitoral de US$ 2,3 milhões, em 2012, após pedido do ex-ministro Guido Mantega “no espírito democrático”. “Então, eu fazia muito no espírito democrático, como meus projetos eram muito grandes, estavam em todos os Estados... Quer dizer, achamos que temos uma democracia, eu participei de praticamente em 2006 com o mesmo volume de recursos, R$ 1 milhão, para o PT, PSDB...”, declarou.

Eike procurou em 20 de maio deste ano o Ministério Público Federal para prestar depoimento. O empresário relatou que, em novembro de 2012, teria recebido uma solicitação do então ministro Guido Mantega para doar R$ 5 milhões ao PT.

“Foi me feito o pedido de contribuir para contas da campanha, porque a campanha já tinha terminado, para acertar as contas num valor total de R$ 5 milhões”, declarou Eike. “Eu fazia constantemente como um brasileiro que achava ‘bom, essa é minha contribuição política que era para que a democracia flua e continua e vamos lá’.”

Mantega nega ter feito qualquer pedido de contribuição eleitoral ao empresário.

Lava-Jato prende e solta Mantega

Num intervalo de 6 horas, Guido Mantega, ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma, foi preso e solto por ordem do juiz Sérgio Moro. Na hora da prisão, Mantega acompanhava a mulher numa cirurgia. Moro disse que desconhecia o fato e mandou soltá-lo. O ex-ministro foi acusado por Eike Batista de ter pedido a ele R$ 5 milhões para o PT.

Mantega é preso pela PF e libertado 6 horas depois

• Ex-ministro foi acusado por Eike Batista de pedir R$ 5 milhões para pagamento de dívidas do PT

Cleide Carvalho, Thiago Herdy, Mariana Sanches, Dimitrius Dantas - O Globo

-SÃO PAULO E CURITIBA- O ex-ministro Guido Mantega protagonizou ontem um das maiores polêmicas em meio às investigações da Lava-Jato. Alvo da 34ª fase, chamada de Operação Arquivo X, Mantega foi detido no início da manhã enquanto acompanhava a cirurgia de sua mulher, que tem câncer, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Embora os procuradores tenham reiterado a necessidade da prisão, o juiz Sérgio Moro mandou liberar o petista seis horas depois de deflagrada a operação, quando Mantega já havia sido levado para a sede da Polícia Federal, em São Paulo, de onde seria transportado para Curitiba.

Eike Batista sugeriu à Lava-Jato devassa em negócios do BNDES

• ‘Essa é uma área crítica’, disse ele no mesmo depoimento em que denunciou Mantega

José Casado - O Globo

O Arquivo X de Eike Batista é um curioso baú de histórias que oscilam entre o fulgor e a indolência do capitalismo de laços consolidado na era Lula-Dilma. Quando entrou no gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega, na quinta-feira 1º de novembro de 2012, Eike era um homem de negócios com ativos de US$ 12,7 bilhões, na avaliação da época feita pela agência Bloomberg. Às vésperas de completar 56 anos, perdera a liderança nas listagens sobre os mais ricos do Brasil, e suas empresas submergiam em perdas, mas insistia em manter estrutura de serviços de mordomias ao custo de US$ 7 milhões ao mês debitados no caixa da holding.

O ministro pediu-lhe o equivalente a US$ 2,5 milhões para cobrir despesas de campanha do Partido dos Trabalhadores, contou ao Ministério Público Federal, em maio passado, num depoimento que seguiu o roteiro de uma colaboração espontânea — ele foi aos procuradores e pediu para falar: “O ministro de Estado me pediu, que que você faz? Eu tenho 40 bilhões investidos no país, como é que você faz?”. Aceitou.

Ex-ministro Guido Mantega é preso em nova fase da Lava Jato

Mônica Bergamo, Bela Megale, Gabriel Mascarenhas, Estelita Hass Carazzai – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA, CURITIBA - O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso pela Polícia Federal em nova fase da Lava Jato. Mantega se encontrava no Hospital Albert Einstein, onde sua mulher, Eliane Berger, faria uma cirurgia.

A prisão foi revogada pelo juiz Sergio Moro, horas depois.

A equipe da PF pretendia prender Mantega em sua residência, no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Na casa –que é alvo de buscas–, entretanto, só estavam seu filho, de 16 anos, e a empregada doméstica.

A Polícia Federal decidiu então ir até o hospital para encontrar Mantega. "Nós só esperamos que não atrapalhem a cirurgia", afirmou José Roberto Batochio, advogado de Mantega.

Em nota, a PF negou que tenha havido ação no hospital. "Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício", informou a corporação, em nota. "De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca", completa o comunicado.

Depois de acompanhar as buscas no apartamento, o ex-ministro foi levado à sede da Polícia Federal. De lá, seguiria para Curitiba, onde cumprirá a prisão.

A prisão é do tipo temporária, decretada em casos específicos. Sua duração é de cinco dias, prorrogáveis por igual período caso comprovada a necessidade.

Mulher de Santana falou do depósito de Eike na Suíça ao negociar delação

Mario Cesar Carvalho – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A informação original de que Eike Batista pagou US$ 2,35 milhões em dívidas de campanhas do PT em 2013 está num dos anexos do acordo de delação que Mônica Moura negocia com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Essa delação ainda não foi homologada pela Justiça, mas o vazamento dessa informação levou o empresário Eike Batista a procurar os investigadores da Lava Jato e confessar em maio deste ano que fizera o depósito num banco na Suíça para o marqueteiro do PT, João Santana, e sua mulher, Mônica Santana.

Segundo Eike, o montante pedido era uma contribuição para a campanha da presidente Dilma Rousseff, sem especificar de que ano seria a disputa. O valor foi depositado numa conta na Suíça, que o casal mantinha no Heritage Bank.

A campanha de Dilma nega ter recebido recursos ilegais.

Temer quer diplomata como porta-voz

Por Andrea Jubé, Bruno Peres e Fernando Exman – Valor Econômico

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer continua a buscar nomes para a função de porta-voz. Temer quer criar o cargo dentro da nova estratégia de comunicação que o governo adotará, a fim de alinhar o posicionamento dos diversos órgãos do Executivo, criar uma identidade para a administração federal e reduzir as chances de o governo se envolver em crises que desgastem o presidente.

Ontem, Temer discutiu o assunto em reunião com o jornalista Eduardo Oinegue, que apresentou um plano ao presidente com a figura de um porta-voz atuante. Em princípio, o nome do consultor foi cogitado para o posto, o que não será levado adiante. Segundo apurou o Valor, Oinegue não quis ser porta-voz, mas deve manter-se como um interlocutor de Temer e seus auxiliares para discutir a estratégia de comunicação do Planalto. A operacionalização do plano ficará sob a responsabilidade da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

TSE: indícios de fraude em doações do Bolsa Família

• Beneficiários deram R$ 5,16 milhões em dinheiro para campanhas; PMDB, PSD e PT são os que mais receberam

Isabel Braga - O Globo

-BRASÍLIA- O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) descobriu que beneficiários do Bolsa Família já doaram R$ 5,16 milhões em dinheiro para candidatos a prefeito e vereador na campanha deste ano. As contribuições vieram de 9.040 pessoas, que doaram, em média, R$ 571 cada. Além das doações financeiras, 8.254 beneficiários do programa fizeram doações de R$ 10,8 milhões em “bens estimáveis” — como são registrados os custos estimados de serviços ou bens oferecidos gratuitamente às campanhas. Para o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, há “indícios de fraude” que precisam ser investigados.

Mais de 13% dos candidatos têm arrecadação irregular

• Percentual representa 65,2 mil dos aspirantes a cargos públicos

Evandro Éboli - O Globo

-BRASÍLIA- O Ministério Público Federal (MPF) identificou indícios de irregularidades na arrecadação de 13,2% (65.268) dos 493.906 candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em todo o país. Cruzando dados dos doadores com outros órgãos públicos, o MPF detectou três tipos de possíveis irregularidades: doadores cuja renda é incompatível com o valor doado; doadores beneficiados em programas sociais e que aparecem como desempregados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o que indica que não teriam recursos para doar; e doadores que já morreram, e que estão registrados no Sistema de Controle de Óbitos, o que, segundo o MPF, indica lavagem de dinheiro na campanha.

Doria cresce, Russomanno cai e eleição em São Paulo tem triplo empate

Thais Bilenky – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A eleição municipal em São Paulo chegou a um triplo empate técnico, comcrescimento de João Doria (PSDB) e queda de Celso Russomanno (PRB).

Segundo pesquisa Datafolha, o tucano alcançou 25% das intenções de voto, enquanto o deputado caiu para 22%. Marta Suplicy (PMDB) oscilou negativamente para 20%.

O mesmo cenário de empate foi projetado para o segundo turno, em simulações entre os três candidatos.

A margem de erro do levantamento, contratado pela Folha e a TV Globo, é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O instituto ouviu 1.260 pessoas, nesta quarta-feira (21).

O resultado mostra que Doria, que tem o maior tempo de televisão, cresceu 20 pontos percentuais em um mês de campanha, tendo largado com 5%, segundo pesquisa do final de agosto, e passado a 16% no início de setembro.

Em BH, líderes se distanciam dos demais candidatos, de acordo com pesquisa do Datafolha

José Marques – Folha de S. Paulo

BELO HORIZONTE - Os dois primeiros colocados na campanha à Prefeitura de Belo Horizonte ampliaram suas vantagens em relação aos outros candidatos, aponta pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta (22). O deputado estadual João Leite (PSDB) passou de 30% para 33% das intenções de voto e o empresário Alexandre Kalil (PHS) de 19% para 21%.

Na simulação de segundo turno entre os dois, Leite venceria com 48% das intenções de voto contra 31% de Kalil.

A pesquisa anterior foi divulgada no último dia 9. Desde o início da campanha, Leite, candidato aliado do senador e ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB), e Kalil, ex-presidente do Atlético-MG, mantêm distância dos outros nove adversários.

Crivella mantém a ponta no Rio de Janeiro; disputa pelo segundo lugar segue acirrada

Italo Nogueira – Folha de S. Paulo

RIO - O senador Marcelo Crivella (PRB) mantém a liderança nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura do Rio, com 31% da preferência do eleitorado a dez dias do primeiro turno. Ele oscilou positivamente dois pontos, dentro da margem de erro, em relação à última pesquisa feita há duas semanas.

O segundo lugar segue indefinido. Marcelo Freixo (PSOL) tem 10% da preferência do eleitorado –tendo oscilado negativamente um ponto percentual. Ele está em empate técnico com Jandira Feghali (PC do B) e Pedro Paulo (PMDB), com 9%. Os dois oscilaram positivamente um ponto.

Flávio Bolsonaro (PSC), com 7%, e Índio da Costa (PSD), com 6%, também estão tecnicamente empatado em segundo lugar.

A pesquisa, realizada nesta quarta-feira (21), ouviu 1.023 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Carlos Roberto Osório (PSDB) registrou 4% das intenções de voto e também está na área de empate técnico, embora com probabilidade menor de igualar-se aos demais.

No Recife, prefeito Geraldo Júlio (PSB) cresce e assume liderança isolada

João Pedro Pitombo – Folha de S. Paulo

SALVADOR - O prefeito Geraldo Júlio (PSB) assumiu a liderança isolada na corrida pela Prefeitura do Recife, à frente do ex-prefeito João Paulo Lima (PT), que caiu cinco pontos percentuais, aponta pesquisa Datafolha. Eles estavam empatados tecnicamente.

Geraldo Júlio oscilou de 36% para 38% em comparação com a pesquisa divulgada em 9 de setembro. Na pesquisa feita nos dias 23 e 24 de agosto, o prefeito tinha 28%.

Já João Paulo caiu de 34% para 29%. Antes do início da campanha no rádio e televisão, o petista marcou 32%.

Em terceiro lugar aparece Daniel Coelho (PSDB), que cresceu de 11% para 13%. Priscila Krause (DEM), que tinha 2%, agora tem 3%.

Edilson Silva (PSOL) marcou 2%. Carlos Augusto (PV), Simone Fontana (PSTU) e Pantaleão (PCO) não chegaram a 1%.

PSDB lidera pesquisas em quatro capitais

• PMDB está à frente em três, e PT perde dianteira em Porto Velho e só tem vantagem em Rio Branco

Leticia Fernandes, Isabel Braga - O Globo

-BRASÍLIA- O PSDB é o partido que lidera as pesquisas eleitorais no maior número de capitais. Os tucanos estão à frente em Belo Horizonte, Manaus, Maceió e Teresina, e comemoram o crescimento de João Doria (PSDB) em São Paulo, agora empatado tecnicamente com Celso Russomano (PRB) e Marta Suplicy (PMDB).

Já o PMDB, mantém a vantagem em Goiânia, Florianópolis e Boa Vista, e seu candidato em Porto Alegre, Sebastião Melo, está em empate técnico com o petista Raul Pont.
O PT perdeu a primeira posição em Porto Velho (RO) e agora só está na frente em Rio Branco (AC), com o atual prefeito Marcus Alexandre, que tem 62% das intenções de voto e parece ter a reeleição assegurada.

Lula no banco dos réus - Roberto Freire

- Diário do Poder

O recebimento, pelo juiz Sérgio Moro, da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se torna réu pela segunda vez na Operação Lava Jato, agora pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, é um marco e pode representar um divisor de águas nas investigações do maior escândalo da história da República.

Segundo Moro, estão “presentes indícios suficientes de autoria e materialidade” para o acolhimento da denúncia contra Lula, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e ex-dirigentes e executivos da OAS. O MPF aponta que o ex-presidente teria sido o beneficiário direto de quase R$ 4 milhões em propina paga pela empreiteira e proveniente de contratos da Petrobras. O dinheiro teria sido destinado à reforma de um tríplex no Guarujá (SP), além do transporte e armazenamento de bens pessoais de Lula após o encerramento de seu governo.

O terceiro ato - *Fernando Gabeira

- O Estado de S. Paulo

• Moro aceitou a denúncia contra Lula. Hora de conhecer os vencedores

A denúncia contra Lula em Curitiba desfechou um psicodrama nacional. Eu a vejo como parte de um drama inconcluso. De qualquer forma, os dois primeiros atos trazem boas indicações para prever o futuro.

Quando Lula foi levado numa condução coercitiva, abriu-se um grande debate não só sobre a escolha da Lava Jato, mas sobre a própria legalidade do procedimento. Entretanto, no âmbito da mesma Lava Jato, mais de uma centena de pessoas foram conduzidas no momento em que os investigadores escolheram. Não houve nenhum protesto de monta ao longo de todas essas operações.

A vantagem de um processo que envolve políticos de peso é que, de certa forma, põe à prova o próprio Estado de Direito. Tudo o que é feito é escrutinado e criticado sem piedade pelas forças atingidas.

Dilma na mira - Merval Pereira

- O Globo

A prisão do ex-ministro Guido Mantega, mesmo revogada horas depois por razões que analisaremos em seguida, tem significado maior do que ela mesma. Os procuradores de Curitiba frisaram bastante o fato de que Mantega era o presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando pediu financiamento para pagamento de dívida de campanha a Eike Batista, ligando o fato à licitação vencida por consórcio integrado pela OSX para construção de sondas para a estatal.

O mesmo ocorreu quando a então ministra Dilma Rousseff presidia o Conselho de Administração da Petrobras, e foi autorizada a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que está sendo investigada como grande negociata que deu prejuízos bilionários à Petrobras e vantagens financeiras ao PT.

Está aberto o caminho para juntar as pontas de diversas delações que acusam a presidente cassada Dilma de ter recebido favores de empreiteiras e empresários pelo menos para financiar suas campanhas.

Operação X - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment, o ex-presidente Lula acaba de virar réu pela segunda vez, o cérebro político petista José Dirceu foi duplamente condenado, o eterno assessor econômico Guido Mantega está enrolado na Zelotes e foi preso (depois solto) ontem na Lava Jato. Ficou faltando alguém? Sim, falta Antônio Palocci.

A era Lula acabou caminhando para o desastre com Dilma, mas foi sedimentada em cima do tripé Dirceu, Mantega e Palocci, o cordato, o bonachão, o que assumiu o “neoliberalismo tucano”, o queridinho do mundo empresarial e financeiro, que conseguiu a proeza de desabar não uma, mas duas vezes: da Fazenda de Lula e depois da Casa Civil de Dilma. Mas jamais deixou de frequentar as reuniões da alta cúpula lulista.

Com prisão de Mantega, Lava Jato mira elo financeiro de esquema - Valdo Cruz

- Folha de S. Paulo

Um dos alvos da 34ª fase da Operação Lava Jato é identificar o elo financeiro entre o esquema de corrupção que teria sido montado pelo PT e os governos Lula e Dilma Rousseff.

Segundo a Folha apurou, os investigadores suspeitam que um destes elos seria o ex-ministro Guido Mantega (Fazenda), preso nesta quinta (22). Ele sempre negou qualquer relação com o esquema, mas algumas delações já envolveram o ex-ministro em contatos com empresários para que fizessem doações para campanhas do PT.

A prisão de Mantega, além de permitir à Força Tarefa da Lava Jato tentar identificar o elo financeiro com os governos Lula e Dilma, pode complicar ainda mais a situação dos ex-presidentes. Afinal, ele foi ministro de confiança total dos dois, um dos mais longevos a comandar a equipe econômica. A detenção foi revogada pelo juiz Sergio Moro, horas depois.

A eleição encoberta - César Felício

- Valor Econômico

• A eleição deste ano se conecta a 2013 mais que ao impeachment

Não é a primeira vez que uma eleição municipal se processa subterraneamente. Em 1992, o impeachment e o massacre do Carandiru tiraram do noticiário a disputa municipal que marcaria o renascimento de Paulo Maluf em São Paulo e o início do ciclo de Cesar Maia no Rio. O pleito de 24 anos atrás está pouco documentado e estudado, mas marcou uma inflexão anti-Lula e anti-Brizola que se aprofundaria ao longo da década de 90.

A eleição de 1992 foi encoberta pelo impeachment, mas não estava diretamente relacionada a ele. O PDT não perdeu a eleição no Rio apenas porque foi um dos últimos partidos a abandonar Collor. Maluf também aderiu tardiamente ao impeachment e ainda assim triunfou em São Paulo. Havia uma ponte entre as eleições de 1989 e 1994, pelas quais passaram Collor e Fernando Henrique, que estava fechada aos candidatos das esquerdas. No meio dela estavam as eleições para prefeito de capital, com o clamor de uma renovação, distante do populismo e das bandeiras vermelhas.

Pedido infeliz - Míriam Leitão

- O Globo

“O ministro de Estado me pediu, o que que você faz? Eu tenho R$ 40 bilhões investidos no país, como é que o senhor faz?” A pergunta foi feita por Eike Batista na Procuradoria-Geral da República. Espontaneamente, ele contou o episódio: no seu gabinete no Ministério da Fazenda, Guido Mantega pediu a ele que fizesse uma doação ao PT para pagar dívidas que restavam da campanha.

Era o dia primeiro de novembro de 2012, e o ministro falou em dívidas que haviam ficado, portanto, de 2010. Eike havia marcado a audiência para tratar de seus investimentos. “A pauta era geral, sobre projetos, porque era uma empresa grande que todo mundo queria conversar”, explicou. O pedido foi de R$ 5 milhões, e ele foi encaixado na conversa por Mantega, segundo o empresário.

Questão de probabilidade - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pisou na bola nesta quarta-feira quando declarou à agência Bloomberg que é “altamente provável (highly probable)” que os juros básicos (Selic) caiam ainda este ano.

Pode não ter sido intenção produzir a estranheza que essa declaração causou nos mercados, porque Meirelles é um dos que mais defendem a autonomia do Banco Central no exercício de sua política monetária. Mais do que isso, não tem deixado passar uma oportunidade sequer para lembrar que enfrentou inúmeros episódios de atropelamento de sua autonomia quando foi presidente do Banco Central, nos dois governos Lula.

No entanto, pelas declarações não desmentidas, ficou parecendo que a queda dos juros já é considerada favas contadas pelo governo, seja qual for o nível de autonomia real usufruída pelos atuais diretores do Banco Central.

O analista e o marciano - Edmar Bacha

- O Globo

• A nova matriz se caracterizou por uma política monetária frouxa, que deixou de perseguir a meta da inflação

Ao pousar em Brasília, um marciano fica pasmo ao saber que o Brasil paga taxas de juros altíssimas no mercado internacional, apesar de suas reservas internacionais alcançarem US$ 380 bilhões (US$ 40 bilhões a mais que o total da dívida externa do país) e de suas contas externas estarem praticamente em equilíbrio.

A surpresa do marciano é maior ao verificar que, descontada a inflação, a taxa de juros paga pelo governo aos detentores da dívida pública interna é uma das maiores do mundo, apesar de o déficit primário do setor público não ser tão elevado. Esse déficit poderia ser facilmente coberto com o caixa de quase um trilhão de reais que o Tesouro Nacional tem no Banco Central — como aliás ocorreu com o pagamento das “pedaladas fiscais” no fim de 2015.

Contatado pelo marciano, um analista local lhe pondera que esse caixa do Tesouro tem como contrapartida um valor ainda maior de dívida do próprio Tesouro com o Banco Central, não devendo por isso mesmo ser usado para pagar “pedaladas”. Argui, ainda, que a prova de que as contas públicas estão em maus lençóis é que a dívida bruta do governo central alcança elevados 70% do PIB.

Avança a PEC da autonomia do BC - Claudia Safatle

- Valor Econômico

• BC ganhará foro privilegiado, mas não garante mandato fixo

Considera-se, no governo de Michel Temer, que está chegando a hora de lidar com o tema da autonomia operacional do Banco Central. Pela primeira vez na história recente haveria um consenso entre o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda, além da própria autoridade monetária, de que a aprovação de uma lei formalizando a autonomia é uma medida que não custa um centavo e pode ter um efeito notável sobre as expectativas dos agentes econômicos.

A proposta deverá ser feita por emenda constitucional (PEC) porque uma das suas finalidades será dar foro privilegiado à diretoria do BC, ao mesmo tempo que retira o status de ministro que é conferido hoje a seu presidente. Foro privilegiado só pode ser concedido por emenda constitucional.

Ainda não há definição sobre se haverá, no texto da PEC, a instituição de mandatos fixos para a diretoria do BC, não coincidentes com o do presidente da República. É certo, porém, que vai contemplar autonomia orçamentária e de uso da taxa básica de juros como instrumento para o cumprimento do regime de meta para a inflação.

O tamanho da podridão – Editorial / O Estado de S. Paulo

A prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, ainda que apenas por algumas horas, significa que o escândalo da Petrobrás alcançará mais gente e gente muito mais graúda do que os notórios operadores do PT que hoje amargam a prisão. Já se sabia que o propinoduto que ligou a máquina do Estado aos cofres do PT era o pilar de um método de governo, sendo o ex-presidente Lula o “chefe supremo” do esquema de corrupção, como autoridades já denunciaram.

Mas as suspeitas que recaem sobre Mantega, se comprovadas, mostrariam a extensão do contágio por grande parte do primeiro escalão da administração, passando o próprio governo a ser visto como uma organização criminosa.

Mais longevo ministro da Fazenda da história brasileira, Mantega tornou-se, ao lado da presidente cassada Dilma Rousseff, o grande símbolo do jeito petista de governar.

Pesada e regressiva – Editorial / Folha de S. Paulo

Em meio a uma das maiores recessões da história nacional, provoca inevitável exasperação a notícia de que aumentou a carga tributária no Brasil. O total pago em impostos chegou a R$ 1,93 trilhão em 2015, ou 32,66% do PIB; no ano anterior, a arrecadação fora de R$ 1,84 trilhão, 32,42% do PIB.

Não se trata de crescimento expressivo; a alta foi apenas suficiente para reverter a redução observada um ano antes. Tampouco se deve concluir que exista nova tendência de expansão. O peso dos impostos, ao contrário, tem permanecido razoavelmente estável —se bem que num patamar elevado, como sabe o contribuinte.

Seja por resistência de uma sociedade cansada de transferir recursos a governos que nunca buscam empregá-los de forma eficiente, seja por limites da estrutura tributária, parece se esgotar a capacidade do Estado de arrecadar mais e mais. Fundamental, portanto, rediscutir os gastos públicos.

Tratamento de choque para o ensino médio – Editorial / O Globo

É correta a decisão do governo de baixar a reforma da fase final do ciclo básico por medida provisória, diante da grave estagnação do aprendizado em nível muito baixo

Dentro da crise mais ampla da educação básica, a degradação da sua fase final, o ensino médio, é gritante há tempos. Algo assustador, porque os avanços que têm sido alcançados na parte inicial dos estudos terminam sendo perdidos à medida que o jovem se aproxima do ciclo médio. Os resultados do último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), referente a 2015, confirmaram este cenário e mostraram, para quem ainda tinha alguma dúvida, que o ensino médio, em estado terminal, caminha para a falência absoluta.

Pelo terceiro ano consecutivo, a nota média do ciclo foi de 3,7, muito distante das metas. A estabelecida para 2015, por exemplo, era de 4,3. Há intenso debate sobre a crise do ensino básico e, em especial, o médio. Já era mesmo hora de agir, como fez o governo ao baixar ontem medida provisória com mudanças importantes a vigorar a partir do primeiro semestre do ano que vem, mesmo que exista um projeto de lei de reforma deste ensino, desde 2013, na Câmara. Divergências haverá, mas algo foi feito, dentro de alguma lógica.

Cautela volta a predominar e Fed não mexe nos juros – Editorial / Valor Econômico

O Federal Reserve americano resolveu mais uma vez dar tempo ao tempo para elevar a taxa de juros. Com divergências crescentes em seu Comitê de Mercado Aberto - 3 em 10 membros queriam uma alta já - e chocando-se ao longo do ano com as expectativas dos mercados financeiros, muito mais céticos a respeito da evolução futura dos juros, o BC americano sinalizou com um pouco mais de convicção que os indícios de que um aperto monetário seria recomendável se fortaleceram. Das duas últimas reuniões do banco no ano, o ajuste das taxas deve ocorrer, se ocorrer, em dezembro, de acordo com as apostas dos investidores.

Em dezembro de 2015, quando subiu os juros pela primeira vez desde 2006, os membros do Fed previam 4 elevações em 2016 - terminarão, se tanto, com uma. A cautela tem vários motivos e o panorama econômico ainda está longe de ser claro. Na parte mais assertiva, o Fed não parece ter dúvidas de que a economia ganhou maior tração no início do segundo semestre, depois de dois trimestres fracos. Ao mesmo tempo, porém, rebaixou novamente a expectativa de avanço do PIB, desta vez de 2% para 1,8% - ritmo que passou ser a média das expectativas do Fomc também para o crescimento de longo prazo.

Rais expõe o quadro dramático da crise – Editorial / O Estado de S. Paulo

Ao mostrar que o Brasil perdeu 1,5 milhão de vagas formais em 2015, o pior resultado da série histórica iniciada em 1985, os dados mais recentes da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho expõem de maneira dramática os efeitos da crise pela qual o País vem passando. Por abranger os trabalhadores contratados de acordo com as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e os servidores públicos, a Rais é o registro mais amplo do trabalho formal no País.

A forte redução do estoque de trabalhadores com carteira assinada explica em grande parte a queda de vendas do comércio, que se reflete nas encomendas à indústria e nas importações de bens de consumo. Além disso, menos empregados deixam de contribuir para a Previdência Social e a arrecadação tributária cai com a desaceleração do ritmo de atividade.

José – Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Fabiana Cozza - Tendências