O Estado de S. Paulo
O momento exige que os democratas entrem
claramente na disputa política. Unidos, se possível for, ou ao menos
pacificados entre si.
O processo eleitoral de 2022 ainda não foi
formalmente aberto, mas não se fala em outra coisa nas ruas e na opinião
pública. Conversa-se, claro, sobre custo de vida, inflação, desemprego e perda
do poder de compra dos salários, mas tudo isso fica suspenso no ar, à espera
das urnas do final do ano. Ou, pelo menos, do surgimento de uma candidatura
democrática que nos tire do marasmo.
Há uma disputa encarniçada entre os
candidatos a presidente, tanto entre os já definidos (Lula, Bolsonaro) quanto
entre os que estão em fase de postulação. É o caso, antes de tudo, dos
articuladores do chamado centro democrático, que ora ensaiam um passo adiante,
ora giram em círculos. Temos um mês pela frente antes que saibamos se haverá,
mesmo, um nome unitário desse campo e quem será ele, ou ela. É um tempo
apertado, pois as demais campanhas estão a todo vapor, ainda que por debaixo
dos panos.
Tudo está a indicar que esta será uma eleição entre pessoas, não entre ideias. Faltam sinalizações claras do que pretendem fazer os candidatos se acaso chegarem à vitória. Não há programas nem propostas estruturantes. Pode-se dar um desconto e reconhecer que ainda há longos meses pela frente, suficientes para que planos venham à luz, saiam dos bastidores em que trabalham colaboradores técnicos e políticos, sejam traduzidos em linguagem popular e mobilizem os cidadãos. Não há como ficar à espera disso passivamente.