quinta-feira, 1 de agosto de 2013

OPINIÃO DO DIA – Alberto Goldman: a voz das ruas

Se tivermos mais de um pré-candidato à Presidência, existirão dois caminhos: esperar a convenção de junho de 2014 ou fazer prévias e antecipar, o que seria mais conveniente. Isso mostraria que o PSDB está sintonizado com a voz das ruas e sabe escutar a base

Alberto Goldman, ex-governador, vice-presidente nacional do PSDB. In “Prévias no PSDB voltam a assombrar Aécio Neves”, O Tempo (MG), 1/8/2013

Mensalão: julgamento será retomado dia 14

Supremo começará a analisar recursos dos condenados; não há previsão para término

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, anunciou que o julgamento dos recursos dos 25 réus condenados vai começar no próximo dia 14. O aviso foi publicado ontem na página do STF na internet. Barbosa enviou ofício aos chefes de gabinete dos outros dez ministros com a informação. Não há previsão de quando essa nova fase do julgamento termina. No entanto, Barbosa já demonstrou a intenção de impor rapidez à análise do recurso, para não adiar mais o cumprimento das penas.

A intenção de Barbosa era marcar a data na sessão de hoje, a primeira do semestre após o recesso forense. Mas ele está de repouso, devido a tratamento médico ao qual se submete para o problema crônico nos quadris. Até ontem à noite, o STF não havia confirmado se Barbosa irá hoje ao plenário.

Barbosa vai propor aos colegas que seja realizada uma sessão extra por semana, até a conclusão do caso. As sessões seriam nas segundas, quartas e quintas-feiras, a exemplo do ano passado, quando o processo foi julgado. Dos 37 réus no processo, 25 foram condenados. Desses, todos recorreram ao STF. As penas só podem ser executadas quando houver trânsito em julgado, sem possibilidade de mais recursos.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, só poderá participar dos dois primeiros dias de julgamento, porque seu mandato termina dia 15. A presidente Dilma Rousseff ainda não anunciou quem lhe sucederá.

Fonte: O Globo

Para PT, governo Dilma precisa de correção de rumo na política

Diretório nacional do partido afirma que país permanece "injusto e desigual"

SÃO PAULO - A direção nacional do PT defende que tanto o partido quanto o governo Dilma Rousseff façam "retificações na linha política" para atender aos apelos das manifestações que tomaram conta das ruas do país em junho. O documento oficial com as resoluções do diretório nacional da legenda, divulgado ontem, admite ainda que o Brasil "permanece injusto e desigual".

O texto pontua que os partidos aliados ao governo federal são conservadores, mas deixou de fora os trechos mais críticos, propostos por alas do PT que querem a revisão da política de alianças e da política econômica. Na mira de um segmento de dirigentes está o PMDB, cuja relação com o governo e os petistas tem ficado cada vez mais tensa e delicada.

Segundo o presidente nacional do PT, Rui Falcão, as críticas dirigidas ao PMDB não foram incorporadas porque não apontavam a direção para eventuais mudanças. Dirigentes ouvidos pelo GLOBO afirmaram que o documento foi "suavizado".

Insistência no plebiscito para 2014

De acordo com o documento de 12 páginas, que foi objeto de discussão em duas reuniões do diretório nacional, "a condução de uma nova etapa do projeto popular exige retificações na linha política do PT e do governo, que se reflitam na atualização do programa e na consolidação de estratégia que expresse a radicalização da democracia".

Para os dirigentes do PT, "as manifestações (de junho) são consequência combinada dos êxitos e dos limites das mudanças realizadas no Brasil ao longo dos últimos 10 anos". No entanto, o partido admite que o Brasil "permanece um país injusto e desigual, e que vários direitos constitucionais inexistem na prática, na qualidade e na universalidade".

Os petistas reafirmam apoio à proposta da presidente Dilma Rousseff de fazer um plebiscito para a reforma política, determinando que o partido deve se empenhar em uma campanha para que o plebiscito ocorra e tenha validade ainda nas eleições de 2014, apesar de o próprio Congresso Nacional já ter descartado essa possibilidade. Para acelerar a realização do plebiscito, o PT propõe mobilizações pelas redes sociais, consultas e petições on-line.

O documento também traz críticas à mídia e pede a regulação do setor. Para os petistas, a imprensa mudou sua posição durante os protestos de junho, que tinham como foco a crítica ao transporte público. "A mídia conservadora, que no primeiro momento atacou a luta do MPL (Movimento Passe Livre), passou a divulgar e incentivar a participação, visualizando uma oportunidade de dirigir as insatisfações contra o PT e o governo Dilma. Depois, quando setores pautaram a democratização dos meios de comunicação, retraiu o entusiasmo, mas prosseguiu na disputa sobre a versão do ocorrido".

O PT afirma também que as manifestações causaram "perplexidade no mundo político e institucional" e transformaram o cenário político, com um "novo tipo de mobilização, convocada fora das formas e de atores políticos e sindicais dos últimos 30 anos". Com isso, o partido sentiu-se "desafiado a reformular sua análise e propor novos desafios à nação".

"Cabe ao PT propor um novo pacto político, programático, democrático e popular, capaz de unificar os partidos da base que dialoguem com essa nova conjuntura e movimentos sociais, inclusive os novos modos de organização, debate e mobilização", sublinha o documento.

Fonte: O Globo

Portas do gabinete presidencial se abrem após protestos

Após as manifestações que tomaram as ruas do País em junho, a presidente Dilma Rousseff mudou seu estilo de governar, abriu as portas do Palácio do Planalto e recebeu, em um mês, de integrantes do Movimento Nacional de Gatadores de Materiais Recicláveis até o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM). Foram sucessivas agendas, incluindo visitas rotineiras dr políticos, um hábito que a presidente não cultivava.

Com a mudança de comportamento, Dilma recebeu no Planalto, pela primeira vez, grupos indígenas e o presidente da entidade que representa os prefeitos, Paulo Ziulkoski.

Responsável pela convocação dos protestos contra o aumento da tarifas dos transportes, o Movimento Passe Livre (MPL) foi o primeiro a se reunir com a presidente, em 24 de junho. O encontro com o MPL ocorreu pouco antes da reunião emergencial que Dilma convoção com os 27 governadores e prefeitos de capitais, como forma de dar uma resposta às manifestações e de construir uma agenda positiva.

Na manhã de 25 de junho, um dia após propor uma Assembleia Constituinte específica para votar a reforma política, a presidente recebeu o presidente.da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coelho, que disse ter apresentado a ela um projeto de reforma que mexia em "pontos cruciais", sem necessidade de reformar a Constituição.

Dilma abriu o gabinete,a movimentos jovens para debater o plebiscito e a reforma política. A presidente também aproveitou o momento para se aproximar das centrais sindicais e de empresários. Também tiveram espaço na agenda da presidente representantes do movimento LGBT, evangélicos, sem-terra e lideres do movimento negro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Rede de Marina se queixa ao TRE contra cartórios

Isadora Perón

Preocupados com o risco de ficar fora da corrida eleitoral de 2914, coordenadores da Rede Sustentabilidade se encontraram ontem com o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Alceu Penteado Navarro, para relatar dificuldades que têm enfrentado nos cartórios eleitorais para validar as assinaturas necessárias para a criação do novo partido.

A Rede, que tem entre as suas principais lideranças a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, provável candidata ao Palácio do Planalto, tem até início de outubro para conseguir o registro no Tribunal Superior Eleitoral e, assim, se cacifar juridicamente para a disputa do ano que vem.

Para criar um novo partido, a Justiça Eleitoral exige que cerca de 500 mil assinaturas de apoio sejam reconhecidas pelos cartórios, mas até agora a Rede conseguiu apenas 150 mil.

Durante a reunião na sede do TRE paulista, o grupo pediu para ter acesso ao motivo pelo qual as fichas enviadas não estão sendo aceitas pelos cartórios, para que possam recorrer da decisão. Hoje, segundo a coordenadora de coleta de assinaturas da Rede, a advogada Marcela Moraes, eles só são notificados do número de assinaturas que não passou pelo crivo dos cartórios.

Marcela contou ainda que as maiores dificuldades ocorrem em São Paulo e no Distrito Federal, onde cerca de 30% das ficham têm sido rejeitadas. Na semana passada, a Rede já havia emitido uma nota em que cobrava agilidade da Justiça Eleitoral no processo.

Normalidade. Segundo a assessoria do órgão, a invalidação de assinaturas é uma situação normal no processo de criação de um novo partido. O presidente do TRE, no entanto, se comprometeu a analisar o caso e, se for necessário, enviará um ofício circular para reforçar os procedimentos que os cartórios devem adotar nesses casos.

Quando uma ficha de apoio chega a um cartório, cabe ao órgão verificar a autenticidade da assinatura. Se a rubrica não coincidir com a do canhoto da última eleição ou com a de outros documentos disponíveis, elas são automaticamente rejeitadas, para evitar fraudes.

Também participaram da reunião da Rede com o tribunal o deputado Walter Feldman (PSDB) e o vereador de São Paulo Ricardo Young (PPS), que vão deixar seus atuais partidos para entrar na nova sigla.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Serra se une a médicos contra governo Dilma

Pedro Venceslau

No momento em que articula seu futuro político dentro ou fora do PSDB, o ex-governador José Serra se aliou à classe médica para reforçar a artilharia contra a presidente Dilma Rousseff.

Depois de uma reunião ontem em São Paulo com dirigentes da Associação Médica Brasileira (AMB), ele assinou um projeto de lei complementar de iniciativa popular da entidade que estabelece a destinação de 10% da receita corrente bruta da União para a saúde federal. Hoje, a vinculação corresponde ao valor do exercício anterior mais 1 correção nominal do PIB.

Convidado pelos médicos, Serra, que é ex-ministro da Saúde, prometeu ir na semana que vem ao Congresso participar da solenidade de entrega das assinaturas. A entidade diz que já recolheu dois milhões de rubricas, 500 mil a mais que o exigido para que projeto tramite na Câmara. Enquanto Serra e os dirigentes médicos criticavam Dilma, uma manifestação de médicos bloqueava uma das pistas da avenida Paulista. "Não é possível que o setor da saúde seja objeto de troca-troca político para a obtenção de benefícios", disse o ex-governador. Ele classificou como "abominável" a tentativa do governo de "satanizar" a classe médica e disparou contra o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. aO ministro da Educação devia cuidar da educação, coisa que não está fazendo."

O discurso pró-médicos vem sendo repetido nas últimas semanas pelo tucano. Ontem, Serra também disse que a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) foram degradadas na última década.

Quando questionado se deixará o PSDB, ele apenas sorriu. Sobre realização de prévias para definir o candidato do partido à Presidência, disse que é muito cedo para tratar do assunto. Na próxima segunda-feira, o tucano se reunirá com o deputado Duarte Nogueira, presidente do PSDB de São Paulo, para discutir seu futuro político. No dia seguinte, todos os presidentes estaduais do PSDB se reunião com Aécio Neves.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PSDB paulista divulga agenda de Serra em ato médico

Por Fernando Taquari

SÃO PAULO - O ex-governador José Serra (PSDB) aos poucos deixa para trás o período de submersão a que se submeteu depois da derrota na eleição para Prefeitura de São Paulo em 2012. A maior exposição do tucano coincide com o aumento das especulações em torno do seu nome para a disputa pela Presidência em 2014. Ontem, o PSDB-SP chamou a imprensa para acompanhar sua visita à Associação Médica Brasileira (AMB), onde aderiu à campanha "Saúde Mais 10", que coleta assinaturas para proposta de iniciativa popular que obriga a União a vincular 10% da receita federal bruta com a saúde. O montante representará um acréscimo de até R$ 30 bilhões para o setor, conforme a entidade.

De acordo com a AMB, duas mil assinaturas já foram coletadas. A proposta será encaminhada ao Congresso na semana que vem e o tucano se colocou à disposição para defender o documento junto a parlamentares. A iniciativa mostra o interesse de Serra em manter-se em evidencia no momento em que crescem os rumores sobre suas movimentações para concorrer em 2014, pelo PSDB ou outro partido. Na AMB, no entanto, o ex-governador evitou responder perguntas sobre política partidária e eleitoral.

Ex-ministro da Saúde, Serra não poupou o governo federal de críticas. De acordo com o tucano, o governo Dilma Rousseff reagiu de forma midiática ao apresentar o programa Mais Médicos. "Criaram uma cortina de fumaça. Querem satanizar os médicos e responsabilizá-los pelo caos na saúde", disse, ressaltando que o problema da falta de profissionais está relacionado com a má distribuição regional.

O tucano também acusou o governo de terceirizar a Estados e municípios atribuições da União. Como exemplo, lembrou que, em 2002, na administração de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o governo federal arcava com 53% das despesas totais da saúde. Hoje, segundo Serra, o montante recuou para 44%. "A saúde precisa de mais recursos federais". Além disso, acusou Dilma de lotear órgãos como a Anvisa e a Funasa. "Instituições públicas não podem ser objeto de troca-troca".

Nesta semana, o tucano viu reduzir suas possibilidades de concorrer à Presidência com o fim das negociações entre PMN e PPS para criar o MD. A fusão abriria uma brecha para parlamentares migrarem para a nova sigla. Com uma bancada mais robusta, teria melhores condições de disputar, já que o tempo de televisão entre os candidatos e distribuído com base na bancada da Câmara.

Fonte: Valor Econômico

PSDB quer Serra na disputa pelo Senado

Partido questionará o ex-presidenciável tucano sobre o plano pessoal para 2014. Se decidir continuar na legenda, ideia é convencê-lo a disputar algum cargo no Congresso

Baptista Chagas de Almeida, Paulo de Tarso Lyra

Tentar decifrar o enigma da esfinge José Serra. É essa a missão que terá, amanhã ou na segunda-feira, o vice-presidente nacional do PSDB, Duarte Nogueira (SP), em encontro com o ex-governador de São Paulo. A reunião deveria ter ocorrido na semana passada, mas, com a internação de Serra para fazer um cateterismo, foi adiada. Oficialmente, será apenas uma sondagem, não se falará em candidatura no ano que vem, até porque Serra continua tentando erguer o próprio palanque para a briga pelo Palácio do Planalto, com partidos como o PPS, o PSD e o PTB.

Oficialmente, o encontro entre os dois caciques tucanos não é confirmado, mas a reunião tem o aval até do deputado estadual paulista Andrea Matarazzo (PSDB), talvez o político mais próximo de Serra. O partido não falará em cargos para o ex-governador e ex-ministro da Saúde disputar, mas deixará a porta aberta para a vaga no Senado — no ano que vem, a disputa em São Paulo terá apenas uma cadeira.

Ter o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) como adversário, no entanto, é tarefa complicada, devido à popularidade que o parlamentar petista tem perante os eleitores. Por isso, a torcida no PSDB é que Serra opte — o que ele próprio vem descartando — por se candidatar a um assento na Câmara dos Deputados. A provável boa votação que teria serviria para aumentar a bancada paulista na Casa, razão de muitos torcerem para que ele aceite a missão.

Permanência
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) aposta todas as fichas na permanência de Serra no PSDB. Taxativo, FHC alega que o colega não conseguiria levar um único vereador para o partido que optasse para disputar a Presidência da República, e que não teria mais o apoio de nem a metade da bancada de São Paulo no Congresso. Rigoroso, Fernando Henrique prevê que Serra teria um fim melancólico para a carreira disputando o Palácio do Planalto pelo PPS. Não é à toa que o presidente da legenda socialista, deputado Roberto Freire (PE), tem-se mostrado, em conversas com aliados nos últimos dias, desanimado com essa possibilidade.

Na semana passada, quem teve uma longa conversa com Serra foi o atual presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), virtual candidato do partido para enfrentar a tentativa de reeleição de Dilma Rousseff em 2014. O telefonema foi dado logo que Serra deixou o hospital, no último sábado, depois da colocação de stent no coração. Toda essa movimentação no ninho tucano em torno de José Serra é tratada como extra-oficial. Até porque, dizem os integrantes do PSDB que conhecem bem Serra: o desfecho dessa novela só será conhecido em outubro, quando acabar o prazo para a troca de partidos para quem pretende disputar as eleições do ano que vem.

O PSDB reúne, na próxima terça-feira, em Brasília, o diretório nacional do partido, para discutir o cenário político com as manifestações de rua e, principalmente, o quadro sucessório com a queda da avaliação da presidente Dilma Rousseff apontada por todas as pesquisas de opinião. Será uma reunião ampliada, pois terá a presença também de todos os presidentes estaduais da legenda.

Governador
A preferência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), seria uma candidatura de José Serra a uma cadeira na Câmara dos Deputados, para puxar a legenda e aumentar a bancada tucana na Casa. A decisão também abriria a vaga no Senado para uma negociação com o presidente nacional do PSD, Gilberto Ksssab, ex-prefeito paulistano, ou quem sabe até com o PMDB. Se Serra insistir no Senado, no entanto, Alckmin aceitará sem reclamar, dizem aliados.

Fonte: Correio Braziliense

Jefferson volta à cena para combater onda 'volta, Lula'

Ex-deputado diz que sua urgência agora é afastar fantasma de ex-presidente

Júnia Gama

BRASÍLIA - Após quase um ano cuidando de sua saúde, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), cassado, voltou aos bastidores da política para comandar uma articulação no PTB contra o movimento "volta, Lula". Os dois se tornaram desafetos desde que Jefferson, condenado no julgamento do mensalão, delatou o esquema de compra de votos por parte do governo Lula. O PTB é, até o momento, o único partido governista pacificado em torno da reeleição da presidente Dilma Rousseff, segundo garantem seus dirigentes.

Jefferson, que virtualmente ainda controla a legenda, esteve ontem em Brasília participando de evento da juventude do partido e de reuniões com a cúpula do PTB. Recuperados os 13kg que havia perdido durante o tratamento contra um câncer e liberado por seu médico para viajar, Jefferson disse a interlocutores que, se Lula voltar, "zera o jogo" da parceria com o PT.

Afirmou que a briga com Lula foi total e questiona quem seriam os interlocutores no caso da volta do ex-presidente. Cita o ex-ministro e também condenado no julgamento do mensalão José Dirceu e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, como figuras com as quais não haveria diálogo possível com o PTB.

O presidente do PTB, Benito Gama, que ganhou recentemente a vice-presidência de governo do Banco do Brasil, nega que o partido esteja mantendo conversas com outros potenciais candidatos. Afirma que as conversas que manteve com o governador petista Jaques Wagner (BA) e com o ministro Aloizio Mercadante (Educação) serviram para consolidar o apoio à reeleição da presidente Dilma:

- Conversamos uma vez com o Eduardo Campos, que fica no meio do caminho, e com o Aécio (Neves), mas não houve compromisso de manter essas conversas. O mais distante para o PTB hoje seria José Serra. Ele significa a ruptura total, e o PTB quer ficar no governo. Mas, se acontecer mesmo de o Lula voltar, as conversas teriam de começar novamente. Com ele, não há nada fechado.

Nas conversas com colegas, Jefferson disse que os únicos sinais de dissidência no PTB são localizados, justamente em Pernambuco e em Minas. A sua urgência, no momento, é afastar o fantasma de Lula, repetiu ontem várias vezes.

Fonte: O Globo

Prévias no PSDB voltam a assombrar Aécio Neves

Debate interno sobre candidato à Presidência está reaquecido

Descartada a fusão do PPS com o PMN, José Serra voltar a brigar pela indicação do PSDB nacional

SÃO PAULO. A implosão do projeto de fusão entre o PPS e o PMN, que abriria uma janela de migração partidária e era a principal alternativa de José Serra para disputar a Presidência em 2014, reacendeu em setores do PSDB o debate sobre a realização de prévias para definir o nome da legenda que estará na urna eletrônica.

A candidatura do senador mineiro Aécio Neves, tratada como fato consumado até as manifestações de junho, deixou de ser unanimidade. O cenário de prévias tem sido cogitado reservadamente por tucanos de São Paulo, Estado que registra o principal foco de resistência ao projeto de Aécio. Atento a esse movimento, o mineiro vai concentrar sua agenda em São Paulo a partir de agosto.

“Se tivermos mais de um pré-candidato à Presidência, existirão dois caminhos: esperar a convenção de junho de 2014 ou fazer prévias e antecipar, o que seria mais conveniente”, afirma o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.

“Sou a favor de qualquer consulta de base. Sou contra decisões tomadas pela cúpula. Prévia é saudável porque o partido está morrendo”, diz o deputado estadual Pedro Tobias, ex-presidente do PSDB paulista.

Goldman pondera, porém, que a disputa interna para definição do candidato não significaria um racha dentro do partido. “Isso mostraria que o PSDB está sintonizado com a voz das ruas e sabe escutar a base”, disse.

Giro paulista. Além de manter contato regular com parlamentares e caciques tucanos do interior paulista, Aécio fará um giro por dez cidades do interior do Estado.

A promessa é fazer uma escala em São Paulo antes ou depois de cada agenda em outras regiões. A primeira aparição pública de peso será no próximo dia 24, em Barretos, na tradicional Festa do Peão. O senador espera circular pelo evento ao lado do governador Geraldo Alckmin, que ainda não confirmou presença.

Executiva. O tema das prévias ganha força e será tratado pela primeira vez oficialmente na próxima terça-feira, em Brasília, quando ocorrerá uma reunião da Executiva Nacional para definir a agenda do partido em 2013 e 2014. O presidente estadual do PSDB, Duarte Nogueira, se reunirá nos próximos dias com José Serra para tratar do assunto.


“Se houver mais de dois candidatos do PSDB à Presidência, haverá prévias, mas acho essa hipótese remota”, disse o deputado federal Sérgio Guerra. Ex-presidente nacional do partido, ele faz parte da direção nacional da legenda.

Fonte: O Tempo (MG)

Anastasia anuncia corte de seis secretarias em reforma administrativa

BELO HORIZONTE - O governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), anunciou ontem a decisão de reduzir o número de secretarias estaduais de 23 para 17. Além disso, duas autarquias serão extintas e uma série de medidas para enxugar gastos também entram em vigor. Ao todo, segundo o governo, a reestruturação vai proporcionar uma economia ao Estado de pouco mais de R$ 1 bilhão.

"O propósito dessas medidas é uma redução das nossas despesas." Como o Brasil e o mundo, disse ele, Minas atravessa um momento de dificuldades financeiras. "Temos uma crise econômica que não permite ao Estado crescer na velocidade que nós gostaríamos e isso significa que a receita acaba tendo uma frustração naquilo que nós esperávamos", disse o governador.

A redução das secretarias e das autarquias começará a valer somente a partir de janeiro de 2014. Anastasia disse que envia na semana que vem à Assembleia Legislativa um projeto de lei com as mudanças, que levarão a uma redução de 20% - de um total 10,2 mil - dos cargos em comissão e a extinção de 52 cargos da alta direção. A extinção de secretarias e de autarquias em si terá um impacto pequeno na economia que Anastasia quer fazer. Representarão R$ 33 milhões a menos ao ano.

A Secretaria do Trabalho será fundida com a de Desenvolvimento Social. A de Esportes com a de Turismo e a da Copa do Mundo. A de Regularização Fundiária será fundida com a de Agricultura. E a de Gestão Metropolitana com a de Desenvolvimento Regional e Política Urbana. Por fim, a de Coordenação de Investimentos Estratégicos será transformada em assessoria especial.

A medida remete à defesa feita pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) de que o governo da presidente Dilma Rousseff reduzisse o número de ministérios. Uma das razões alegadas por Dilma e para rejeitar uma medida desse tipo é que os ganhos em economia com uma redução de ministérios seria menos significativa do que as ações que eles comandam.

Além da redução das secretarias, o governo diz que adota imediatamente uma série de medidas para cortar gastos, que incluem restrições a viagens, proibição de contratação de consultorias, limitações ao uso de veículos de representação do Estado, suspensão da participação de servidores em cursos, congressos e seminários (medida que não atinge pessoal da educação e da saúde) e até redução do uso de celular corporativo. Ao todo, até o fim do ano e em 2014, a economia com esse conjunto de ações será de R$ 365 milhões. Além disso, no Orçamento de 2014, o plano é reduzir despesas com custeio em mais R$ 700 milhões. Somando esses valores, o governo mineiro chega ao valor anunciado de uma economia de aproximadamente R$ 1,1 bilhão. O Orçamento de Minas neste ano é de R$ 65 bilhões.

Ao falar a jornalistas da situação econômica de Minas que, de acordo com ele, pedem essas medidas, Anastasia citou alguns exemplos. "A perda prevista neste ano do ICMS sobre energia elétrica é de quase R$ 700 milhões. Também teremos uma perda do Fundo de Participação dos Estados de quase R$ 300 milhões. Também uma não realização da receita da Cide de quase R$ 300 milhões." (MMS)

Fonte: Valor Econômico

Governo faz cirurgia para salvar a MP dos Médicos

Planalto desiste de ampliar o curso de medicina de seis para oito anos, mas quer tornar obrigatória a residência no SUS após aluno concluir a graduação

Elaborada por uma comissão de especialistas do MEC e da Associação Brasileira de Educação Médica, a proposta deve seguir agora para votação no Congresso Nacional

Governo recua, mas críticas permanecem

Ministérios da Saúde e da Educação desistem de ampliar o curso de medicina de seis para oito anos. Entidades de classe, no entanto, são contra a decisão de tornar a residência obrigatória no SUS

Julia Chaib, Adriana Caitano

O governo federal desistiu da proposta original de aumentar a formação em medicina de seis para oito anos, como previsto na medida provisória que instituiu o Programa Mais Médicos, publicada no último dia 9. A posição dos ministérios da Saúde e da Educação, apresentada ontem, é de que a etapa chamada de “segundo ciclo” faça parte da residência médica. Após concluírem a graduação em medicina, os estudantes devem ser obrigados a fazer a especialização no Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta será encaminhada ao Congresso e a regulamentação ficará por conta do Conselho Nacional de Educação (CNE). Anunciada no último dia 8, a proposta de criar o segundo ciclo foi alvo de ferrenhas críticas de entidades médicas e de representantes de faculdades de medicina. Ainda ontem, a Justiça Federal negou as ações civis públicas ajuizadas por duas entidades para suspender o Mais Médicos.

Atualmente, o médico não é obrigado a fazer a residência, tendo a opção de atuar como generalista. Instituições particulares também oferecem a especialização e a maioria tem convênio com o SUS. Pela proposta, o primeiro ano da modalidade de ensino deve ser feito, necessariamente, na atenção primária em serviços de urgência e emergência. Já no segundo ano, o médico dá continuidade à pós-graduação em qualquer outra área do SUS. Até 2017, o governo terá de garantir vagas para todos os alunos, já que a medida passa a valer em 2018. Segundo o Ministério da Saúde, hoje, só há 0,73 vaga para cada formando em medicina — são 11.468 postos de residência para 15 mil formandos. Se a medida for aprovada, alunos que ingressaram no curso de medicina a partir de 2012 já devem cumprir as normas. O que ocorrerá com o médico que não quiser fazer a residência estará na regulamentação.

A proposta, elaborada por uma comissão de especialistas do MEC e pela Associação Brasileira de Educação Médica, foi debatida ontem em reunião com os ministros Alexandre Padilha e Aloizio Mercadante com representantes de 30 universidades federais. Segundo Mercadante, houve unanimidade de que a medida é positiva. “Mas vamos continuar aprimorando o programa. Vamos levar essa proposta ao relator da MP, porque quem vai decidir no fim do processo é o Congresso”, ressaltou o ministro da Educação. A comissão que analisará a MP será instalada em 7 de agosto, quando será designado o relator.

Mercadante disse que a obrigatoriedade da residência médica não significa que haverá um ano a mais nas especializações. A proposta dos especialistas prevê também alterações na grade curricular da formação médica, para aumentar a vivência do aluno do SUS já na graduação. Segundo o ministro, na próxima terça, o CNE inicia o debate. A intenção é aproximar o estudante da atenção básica. O Mais Médicos também levará esses profissionais formados no Brasil e no exterior para trabalhar em postos de municípios do interior do país e em periferias de grandes cidades.

Problemas
A proposta de tornar a residência médica obrigatória não foi bem recebida pelas entidades de classe. “É uma medida improvisada, um programa temerário que antevê a formação de vínculo empregatício de trabalho em pseudoforma de residência”, argumentou o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital. O temor é de que, com o aumento da demanda e sem a melhora no próprio SUS, os residentes não sejam acompanhados por tutores presencialmente.

O vice-presidente do CFM também colocou em xeque a capacidade do governo de melhorar os hospitais. “Se em 70 anos só se conseguiu desenvolver 12 mil vagas, e 40% não são preenchidas por falta de estrutura para receber os alunos, somente por mágica se conseguirá corrigir esse problema e ainda dobrar o número de residentes em cinco anos”, comentou. A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) considerou tênue o recuo do governo. “A obrigatoriedade que está sendo imposta é trabalho forçado e uma política eleitoreira. Essa desistência só demonstra como está confusa a formatação do programa”, disse o presidente da Fenam, Geraldo Ferreira.

As mudanças
Compare como o que o governo pretende mudar nos cursos de medicina

Como é
Graduação
» Tem duração de seis anos.

Residência médica
» O médico não é obrigado a fazer a especialização. Quando não opta pela pós-graduação, ele pode atuar como generalista. Atualmente, somente o médico especialista em saúde da família e comunidade necessariamente atua na atenção primária durante a residência. Profissionais de áreas como clínica médica; cirurgia geral; pediatria; ginecologia e obstetrícia; e psiquiatria podem ter um período de atuação na atenção básica durante a residência a depender do currículo da instituição em que ingressarem.

Onde?
» A maior parte das residências médicas são feitas no Sistema Único de Saúde (SUS), mas há a possibilidade de se fazer a especialização em um hospital privado. O período da pós-graduação varia de dois a cinco anos.

Como entrar?
» O médico ingressa na residência após fazer prova

A proposta do governo
Graduação
» Continua com duração de seis anos.

Residência médica
» O governo garantirá vagas para todos os médicos formados. Eles devem, necessariamente, fazer a especialização. A nova proposta prevê que 40% das vagas de residência oferecidas até 2017 sejam em medicina de família e comunidade.

Onde?
» A residência será feita integralmente no SUS. O primeiro ano da especialização deve ser, obrigatoriamente, na atenção primária em saúde ou serviços de urgência e emergência para as áreas de clínica médica; cirurgia geral; pediatria; ginecologia e obstetrícia; medicina da família e comunidade; e psiquiatria. Segundo a proposta elaborada pelos especialistas, será analisada a viabilidade de outras especialidades terem início na atenção básica.

Como entrar?
» O médico terá de fazer prova para ingressar na residência. Esse ponto, no entanto, está sujeito a alterações, de acordo com a regulamentação que será feita pelo Conselho Nacional
de Educação (CNE).

Fonte: Correio Braziliense

Cenário à frente. Vetos, mensalão, infraestrutura, novas pesquisas – Jarbas de Holanda

Após o predomínio de um clima de trégua, durante a visita do papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, teremos a retomada da ebulição política em agosto. Com a volta das sessões do Congresso dominada pela apreciação de vetos presidenciais, que indicará estancamento ou persistência da erosão da base governista. O retorno, também, das atividades do plenário do STF, que propiciará ao presidente Joaquim Barbosa – conforme antecipação que fez – promover logo o julgamento dos recursos (embargos) dos condenados no processo do mensalão, com possível prisão dos principais até o final do ano, se tais recursos forem rejeitados. Os passos finais do Palácio do Planalto na aposta pela reanimação de investimentos e da economia por meio de concessões à iniciativa privada na área de infraestrutura (rodoviária, de ferrovias, de novos aeroportos, de terminais de carga marítima), começando a haver dúvidas sobre a manutenção do caríssimo mega projeto do trem-bala. E a expectativa de novas pesquisas avaliativas dos governos (federal, dos estados e das capitais) e de candidatos, a serem realizadas com ou sem manifestações de protesto.

Quanto ao estancamento ou sequência da crise da base parlamentar governista, a novidade mais significativa é o protagonismo assumido pelo ex-presidente Lula no controle do relacionamento entre o Executivo e o Congresso. Com a clara subordinação da sucessora (“Ele não vai voltar porque ele não saiu”) e do PT, com o abandono ou isolamento das propostas de “volta Lula” e de ruptura da aliança com o PMDB. Ou a sucessora (que “não é mais do que a extensão da gente lá”) e o partido, blindando-a, passam a cantar a mesma música, ou ambos, e ele também, terão mínima ou nenhuma condição de manter o poder, na avaliação que Lula deve ter imposto aos parceiros. Sem que isso dispense a contenção ou uma reversão da queda de popularidade do governo e da candidata à reeleição. Na ausência das quais, e com uma continuidade dos indicadores econômicos negativos, os partidos não esquerdistas da referida base, à frente o PMDB, seguirão rechaçando plebiscitos dilmistas e provavelmente rejeitando vetos do Executivo, bem como deixando incerto se haverá ou não alinhamento reeleitoral. No caso da federação peemedebista, com o objetivo maior de preservar e reforçar o papel de principal força do Congresso (contra o projeto petista de chegar lá), ao que convém não acertar tal alinhamento.

No caso dos campos oposicionista e independente, os dados novos no recomeço da ebulição política são, primeiro – o estreitamento das relações entre o tucano Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB, incluindo o preparo de alianças entre os dois partidos em palanques estaduais e a perspectiva, explícita, de composição num 2º turno presidencial; segundo – quanto a Marina Silva, o retardamento, ao máximo, da votação no Senado do projeto da Rede de Sustentabilidade (por acordo do Planalto e do PT com o presidente da Casa, Renan Calheiros), agrava as dificuldades para construção de uma base partidária de apoio que lhe garanta um tempo mínimo, indispensável, de competitiva propaganda eleitoral “gratuita”; e, terceiro – quanto a José Serra, o fracasso da fusão entre o PPS e o PMN, que poderia dar lugar a um partido com 20 ou 30 parlamentares serristas, deixa-o apenas com a alternativa de uma candidatura dependente do PSD de Gilberto Kassab, certamente inviável, apontando para provável permanência dele no PSDB de Aécio Neves e de Geraldo Alckmin.

Jarbas de Holanda é jornalista

Não sobrou nada - Merval Pereira

Com a desistência do governo de levar adiante a proposta de aumentar em dois anos o curso de Medicina para que os alunos fizessem um estágio obrigatório como médicos do Sistema Único de Saúde (SUS), vai por terra a última das grandes ideias palacianas lançadas a toque de caixa para supostamente dar resposta aos anseios das ruas.

Daquele dia em que a presidente Dilma apresentou em cadeia nacional de rádio e TV suas propostas de "pactos" com a sociedade até hoje, nenhuma delas teve condições de sobreviver ao intenso tiroteio crítico a que foram submetidas. Por insuficiência de conteúdo.

A convocação de estudantes para ajudar nos trabalhos do SUS era claramente inconstitucional, como parece ser a proposta apresentada ontem em substituição. Obrigar a que todos os estudantes façam dois anos de residência em unidades do SUS parece uma interferência do poder público nas decisões individuais dos futuros médicos. Como da primeira tentativa, talvez fosse o caso de colocar essa exigência só para aqueles que estudem com algum tipo de bolsa do Estado ou para os que se formem em faculdades públicas. Seria um modo de pagamento.

A proposta de trazer médicos estrangeiros também causou grande revolta na área médica, especialmente pela tentativa de fazer isso sem que os importados precisassem revalidar seus diplomas. O governo conseguiu com essa proposta pôr toda a classe médica contra ele, e agora detecta que os médicos estão usando as consultas para conseguir o apoio de seus clientes, especialmente na classe média das grandes cidades.

A ideia do programa Mais Médicos dá uma sensação de preocupação com a situação atual e por isso tem o apoio da maioria dos cidadãos. Mas a execução do programa é criticável, pois as associações médicas queriam mesmo é que fosse desenhada uma carreira de Estado para a Medicina, o que levaria os médicos ao interior dentro de um planejamento de carreira de longo prazo.

A mais dramática e popularesca das propostas foi a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva para tratar da reforma política, que seria convocada através de "plebiscito popular". A impossibilidade de convocação de uma Constituinte exclusiva foi demonstrada por diversos juristas, e a proposta foi devidamente desidratada depois que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tentou afirmar que a presidente não havia dito o que realmente dissera.

Como o pronunciamento foi gravado, foi fácil demonstrar que ela realmente queria convocar uma Constituinte exclusiva, que, além de ser inconstitucional em si, não poderia ser convocada pelo Executivo, pois cabe apenas ao Legislativo essa iniciativa. Ficou de pé apenas o "plebiscito popular", proposta com que a presidente pretendeu emparedar o Congresso, forçando a barra para que o povo definisse que pontos deveriam constar de uma reforma política.

Foi a vez de o Tribunal Superior Eleitoral entrar em ação para demonstrar que não seria possível a convocação de um plebiscito que determinasse as novas regras para a eleição de 2014. Não havia tempo hábil para que as decisões fossem sugeridas e aprovadas para valer no prazo de um ano antes da eleição, como manda a Constituição.

Medidas concretas mesmo, o governo não anunciou nenhuma. Os cortes orçamentário de R$ 15 bilhões na maior parte referem-se a despesas que seriam feitas. Dilma indignou-se com a sugestão de reduzir sua enorme máquina ministerial de 39 ministros, afirmando que não haveria redução de despesas.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, mostrou agilidade de candidato: além de criticar as declarações de Dilma, combinou com o correligionário Antonio Anastasia, governador de Minas, a adoção de medidas de austeridade anunciadas ontem. Até o fim de 2013, diz o governo mineiro, o custeio terá redução de 13% devido à extinção ou fusão de secretarias, e corte de cargos de confiança.

Como consequência da antecipação da corrida sucessória, cada ato de governantes se transforma em uma ação política com objetivo certo. O choque de gestão, que sempre foi uma bandeira do PSDB ridicularizada por Lula, passou a ser um ativo valioso à medida que a população faça a ligação entre um governo eficiente e as respostas que ele dá em serviços públicos.

Fonte: O Globo

Quem não chora não mama - Eliane Cantanhêde

Os deputados e senadores tiraram uns dias de recesso branco, foram às suas bases e captaram "in loco" o mau humor do cidadão, que acaba de abater mais da metade da popularidade de Dilma.

Na volta ao Congresso, estarão mais preocupados em falar a língua dos seus eleitores do que em ouvir os apelos do Planalto. Ou seja: mais empenhados em votar projetos que tenham ressonância popular, mesmo que agridam os ouvidos da presidente e as contas do governo.

Por isso, Dilma abriu as burras para as emendas parlamentares, que fazem a festa e mudam votos no Congresso como varinhas de condão. É dando que se recebe, apesar de o Gilberto Carvalho usar o seu tom franciscano para jurar que não.

Enquanto Dilma libera R$ 2 bilhões em emendas para Suas Excelências em agosto, corta R$ 919 milhões das Forças Armadas e ninguém mais fala na compra dos caças da FAB. As autoridades cruzam os céus em jatinhos de ponta, mas os velhos Mirage da defesa nacional viram ferro-velho em dezembro.

A diferença é clara: as Forças Armadas não têm poder de fogo, mas o Congresso tem um canhão. Se o governo não atende os pleitos militares, eles ameaçam cortar um dia útil de trabalho por semana, levam um chega pra lá, batem continência e recuam. Já se o governo não se sujeita à manha dos políticos, eles negam voto aos projetos governistas e despejam nos antigovernistas. A economia não está uma maravilha, mas o Planalto abre os cofres e paga o preço.

Para corroborar que quem não chora não mama, Dilma foi ontem a São Paulo com um mimo de R$ 8 bilhões para o estratégico petista Fernando Haddad, que andava muito chorão, pedindo colo para o tucano Geraldo Alckmin.

Com popularidade alta e governo forte, ninguém chora e a conta fecha. Com popularidade ladeira abaixo e governo fraco, vem o chororô e abre-se um buraco sem fundo.

Ah! E quem paga a conta é você.

Fonte: Folha de S. Paulo

Era vidro e se quebrou - Dora Kramer

Comete um ledo engano a presidente Dilma Rousseff se achar que a promessa de liberação até novembro de R$ 6 bilhões em emendas parlamentares ao Orçamento vai fazer seus ditos aliados, no Congresso se reconciliarem com o Palácio do Planalto.

Deputados e senadores gostam de emendas, é verdade. Eles têm direito assegurado pela Constituição a elas e em boa medida dependem das verbas que destinam às suas bases eleitorais para sobreviver na política.

Mas, é pelo instinto de sobrevivência mesmo que suas excelências gostam muito mais de andar na companhia de presidentes populares, com alto índice de aceitação, e o principal: que lhes deem importância, não os tratem com indiferença e arrogância.

O governo pode até achar que o Legislativo é mero anexo do Executivo e que os parlamentares são vendidos, mas têm a prerrogativa de não partilhar dessa avaliação e de reagir quando tratados sem cerimônia como mercadorias.

Os problemas da presidente com o Congresso não se restringem à liberação de recursos do Orçamento e, portanto, não se resolvem com a habitual manobra das emendas. Em algum grau pode até servir para aplacar temporariamente o ímpeto da Câmara de tornar obrigatórios (Orçamento impositivo) os pagamentos, mas na essência não vai alterar a situação.

Uma relação que nunca foi boa, nesses dois anos e meio veio ficando pior cm decorrência de uma visão torta do papel do Parlamento - que também se deixou subjugar-, das maneiras da presidente e equipe.

A convivência ficou péssima quando Dilma desabou nas pesquisas e se deteriorou de vez devido à tentativa da presidente de dar uma resposta às manifestações de junho jogando o problema no colo do Congresso, com as propostas de constituinte exclusiva e do plebiscito para fazer uma reforma política às pressas a tempo de valer para 2014.

Na época em que tudo eram flores nas pesquisas, o Planalto se impunha por causa da popularidade, Á insatisfação, porém, estava ali, presente, e o passivo de descontentamento, crescente. Com a queda, os partidos que integram a aliança governista perderam o medo e agora estão dispostos a mostrar à presidente que a banda não toca como na cadência do tranco e do barranco.

O Legislativo, com suas condutas desviantes, deu uma grande contribuição para se desqualificar, mas o Executivo alimentou essa desqualificação. E faz agora de novo esse gesto ao reforçar a ideia de que o Parlamento se move exclusivamente ao ritmo da barganha.

Se isso seria possível lá atrás, hoje está bem mais difícil. A pauta na reabertura dos trabalhos é pesada: derrubada de vetos presidenciais, Orçamento impositivo, medida provisória do polêmico programa Mais Médicos, destinação dos royalties do petróleo para saúde e educação e mais uma série de projetos que criam despesas, aprovados como reação aos protestos de junho.

A animosidade está no ar, como se vê pela reação dos líderes do PMDB à decisão sobre as emendas. O da Câmara, Eduardo. Cunha, foi ambíguo comprometendo-se a manter a "governabilidade mínima". Ou seja, lei do menor esforço. O do Senado, Eunício Oliveira, foi explícito: "A relação conosco se esgarçou". Quer dizer, era vidro e se quebrou.

Levantamento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) publicado pelo jornal Valor Econômico mostra que em 2011 o governo teve apoio na base aliada em 90% das votações. Em 2013, o índice caiu para 72%. Média até alta diante do clima de ressentimento, mantida pelo peso do PT: 92% de fidelidade. Já no PMDB, desceu de 90% para 56% no mesmo período.

No cotidiano do Congresso, o caminho é sem volta. O que não significa que a aliança não possa se recompor para a eleição de 2014, mas tudo vai depender da recuperação da popularidade.

Parlamentares gostam de emendas mas não gostam de arrogância e indiferença.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Agosto - Tereza Cruvinel

Os congressistas voltarão sob forte impressão do que viram no recesso, esticando a corda com o governo, que começa, porém, a dar sinais de que tentará recompor a coalizão esgarçada

Agosto, mês de desgosto, diz a superstição que já se confirmou algumas vezes na política brasileira. O mês começa com augúrios ruins, que o governo poderá esconjurar com ações efetivas para recompor a base parlamentar, buscando, ao mesmo tempo, responder à insatisfação das ruas (como Dilma fez ontem, levando a São Paulo R$ 8 bilhões para investimento em transportes), melhorar a aprovação do governo e as intenções de voto na presidente.

Deixemos as ruas, que ninguém governa, e foquemos a política institucional. Os congressistas voltarão sob forte impressão do que viram e ouviram nas respectivas bases, no recesso, buscando salvar a própria pele, vale dizer, a renovação dos mandatos na eleição que promete elevada renovação. Se isso não ocorrer, os protestos terão sido inconsequentes. E com essa disposição, vão continuar esticando a corda com o governo, derrubando vetos e aprovando propostas que contrariam o Executivo. No recesso, ao contrário do que alguns esperavam, Dilma não mexeu no ministério nem reformulou a coordenação política. Mas alguns sinais está dando de que compreendeu a natureza do presidencialismo de coalizão. Se os aliados não levam os anéis, mordem os dedos. E o resto.

Nesse sentido, o governo começou a peneirar as emendas de parlamentares que podem ser liberadas para aplacar um pouco do ressentimento, especialmente no maior partido aliado, o PMDB. O Planalto planeja convidar para uma reunião na próxima segunda-feira todos os líderes da coalizão governista, para tentarem acertar os ponteiros, repassando as contas do rosário de queixas. Dilma e o vice-presidente, Michel Temer, devem participar pessoalmente, pelo menos de uma parte desse encontro sem precedentes no atual governo. Pode ser o começo de uma restauração das relações que já vinham tensas e acabaram de se esgarçar após o início dos protestos: as propostas unilaterais da presidente, como a do plebiscito, desagradaram o Congresso, e a queda nas pesquisas deixou todo mundo à vontade para reclamara e atacar.

Humor do PMDB
A costura da aliança com nove partidos para 2014, já avançada, foi interrompida pela virada do vento a partir de junho, chegando o PMDB a externar a possibilidade de ruptura da coligação com o PT. Não bastasse, o próprio PT recaiu na divisão interna em relação ao governo e aos aliados. Mas ontem também surgiu aí um fato favorável ao realinhamento. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), fez críticas contundentes à aliança com o PMDB, considerando que, tal como se comporta, o aliado se torna “mais um problema que uma solução”. O presidente do PT, Rui Falcão, respondeu com uma nota curta e firme, reafirmando “a parceria governamental e a aliança eleitoral prioritária com o PMDB”, bem como a disposição do partido para reeditar a chapa Dilma-Temer. Os peemedebistas gostaram muito.

A pacificação, entretanto, vai exigir mais esforço da própria Dilma. Temer continua com a sondagem, por meio de questionários, sobre a disposição dos parlamentares em relação à aliança. Mais de 60 deputados já responderam à enquete, que, a pedido do vice, o ex-deputado Eliseu Padilha aplicará também aos senadores e presidentes regionais do partido. A sondagem vem revelando que alguns se queixam, com razão, do descaso, especialmente dos ministérios, da não liberação de emendas e da não participação no governo. Outros, entretanto, reclamam para ganhar mais, embora tenham tido verbas liberadas e indicados nomeados para cargos nos estados. É a gula.

Balas na agulha
Mesmo que a temperatura baixe, algumas derrotas o PMDB (e boa parte da base) não deixará de impor a Dilma. O melhor que ela faria, por exemplo, seria começar logo a negociar os termos da emenda constitucional (sobre a qual não terá poder de veto) que tornará impositiva a liberação das emendas parlamentares individuais ao orçamento, pois a aprovação é inexorável. A febre favorável já tomou conta da Câmara, e o Senado não fechará o portão neste caso. O governo poderia tentar negociar condições para evitar a pulverização dos recursos e garantir a vinculação deles a programas prioritários.

Alguns vetos serão derrubados. O do Ato Médico talvez não, pois há movimentos, no setor da saúde, pela derrubada (médicos) e pela manutenção (psicólogos, fisioterapeutas e outros segmentos). Já a derrubada do veto que manteve a cobrança de multa de 10% sobre o FGTS nas demissões sem justa causa (não confundir com os 40% que vão para o empregado), dificilmente alguém impedirá. A pressão dos empresários sobre os deputados foi enorme para que aprovassem o projeto. Agora, para que derrubem o veto. E são eles que vão financiar as campanhas do ano que vem. Com que cara um deputado pedirá dinheiro depois de lhes negar esse favorzinho (de milhões)? A MP do programa Mais Médicos segue na mira das bancadas rebeldes, mas ontem o próprio governo desistiu do serviço obrigatório de dois anos no SUS para os formandos em medicina. Alguns deputados já falam, porém, na exigência do exame Revalida para os médicos estrangeiros inscritos no programa.

Nas laterais
Para completar, agosto começa com os militares extremamente aborrecidos com o corte de mais de R$ 900 milhões no orçamento da Defesa. A Fazenda teve corte igual, mas eles ainda têm um forte sentimento de intocabilidade. Para o momento, não sei não… Em agosto tem o Dia do Soldado. Agosto leva ao 7 de Setembro, e as ruas prometem um grande protesto na data. Mangalô três vezes.

Fonte: Correio Braziliense

A marca da desigualdade - César Felício

Uma análise aleatória das eleições nos mais variados países do mundo faz realçar, com facilidade, uma peculiaridade brasileira: no país presidido por Dilma Rousseff, que tem Marina Silva como a segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto para a sucessão, mulher na política é um fenômeno raro.

Argentina e Chile estão em pleno processo eleitoral. Na Argentina, metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado serão renovados. Quem chega a Buenos Aires e se interessa pelo tema percebe que na capital argentina a liderança na disputa para o Senado está com Gabriela Michetti, conservadora apoiada pelo prefeito Mauricio Macri. Para a Câmara, a lista mais cotada é a encabeçada pela deputada Elisa Carrió, de centro-esquerda. De cada cinco parlamentares argentinos, duas são mulheres. O Congresso é eleito pelo sistema proporcional de lista fechada.

No Chile, as eleições são gerais e a escolha parlamentar é distrital. A disputa pela presidência deve levar para o segundo turno a ex-presidente Michelle Bachelet e a ex-ministra do Trabalho Evelyn Matthei. Não há cotas eleitorais de gênero no país e as lideranças feministas deploram o fato de apenas 14% da Câmara ser formada por mulheres, percentual que não deve se elevar muito este ano, já que 80% dos candidatos ao Legislativo são homens.

Por que tão poucas mulheres no Congresso?

O Chile está abaixo da média mundial, mas longe da aberração brasileira: No Brasil, existem 46 deputadas federais ou 8,9% do total. Nenhuma faz parte da mesa diretora, uma única preside comissão (a de cultura) e apenas uma exerce liderança partidária. Não por acaso, ambas do PCdoB: a fluminense Jandira Feghali e a gaúcha Manuela D"Ávila.

A União Parlamentar Internacional (UPI) compila a composição da Câmara de 189 países desde 1997. Segundo o levantamento fechado em julho, o Brasil está em centésimo-vigésimo lugar em participação feminina. Na América Latina, ocupa o penúltimo posto, superando apenas o Panamá. Na África subsaariana, a média é de 20,9% de parlamentares mulheres.

Especialistas em gênero e representação política divergem sobre qual a explicação para a particularidade brasileira, mas convergem em um ponto: a lei que estabeleceu a cota de 30% de candidaturas femininas para o Congresso não funcionou. Era um fracasso já delineado nas primeiras eleições sob o novo sistema, em 1998 e 2002, cuja explicação não provoca muita polêmica. Com o sistema proporcional de lista aberta, os partidos e alianças podem preencher a cota com candidaturas decorativas, só para constar.

A lei brasileira estabelece que ganha quem tem mais voto na coligação e aí o poder das cúpulas de induzir o resultado é relativamente pequeno. No PT, as mulheres representam 28% da composição do diretório nacional, mas apenas 10 de seus 89 deputados federais são do sexo feminino. No PSDB, 37 dos 212 integrantes do diretório nacional são mulheres. Mas na Câmara, as deputadas tucanas somam apenas 6% da bancada.

Não é absurdo supor que a ínfima participação das mulheres no Congresso brasileiro afeta a própria representatividade do Legislativo. De todas as diferenças que a Câmara tem em relação ao povo que representa, esta talvez seja a maior delas.

O enigma é entender como se construiu esta situação. A explicação cultural é tentadora. Uma pesquisa comparativa feita periodicamente em 80 países, a "World Values Survey", permite inferir que o pensamento brasileiro é menos igualitário que o de outras nações latino-americanas em algumas questões cruciais. Dos pesquisados brasileiros em 2006, 30,5% afirmaram que os homens são mais talhados para a liderança política do que mulheres. É o segundo maior percentual da região, inferior apenas ao chileno.

Na mesma pesquisa, 31,7% dos entrevistados brasileiros disseram que os homens são mais preparados para o mundo dos negócios. É o maior índice latino-americano. Apenas 21,9% dos mexicanos e 12,1% dos peruanos pensavam do mesmo modo. Mas os dados da pesquisa mostram uma situação ambígua, como assinalou um pesquisador, Ednaldo Ribeiro, da Universidade Estadual de Maringá (PR).

Os brasileiros estão entre os que discordam com maior ênfase do conceito de que é mais importante para um homem do que para uma mulher ter educação universitária, por exemplo. A violência contra a mulher é condenada pelos pesquisados brasileiros como o mesmo vigor registrado pelos que foram entrevistados nos Estados Unidos. Fica claro que não é apenas o machismo que explica a sub-representação.

Uma explicação alternativa pode estar na forma como candidatas mulheres se inserem no processo eleitoral. Muitas entram no parlamento por serem casadas ou filhas de políticos, mas isto está longe de ser o traço distintivo: o parentesco também é uma porta para homens terem acesso à Câmara.

Salvo as que se arriscam por partidos de esquerda, a candidata mulher em geral se move em um nicho: é a mãe, a organizadora do espaço privado, a dona de casa, que entra em cena propondo uma espécie de "olhar generoso" sobre a atividade pública. A estratégia do nicho sempre tem êxito garantido, mas com limites claros em sua expansão.

Na Argentina partiu-se deste ponto, com o mito de Evita Perón, a atriz de filmes baratos, que teve a sua vida de prodígios, seu martírio e o seu culto como santa. Mas os espaços pré-estabelecidos já foram ultrapassados há muito tempo. Parlamentar durante doze anos, a atual presidente Cristina Kirchner estava no equivalente argentino à CCJ quando o marido era um obscuro governador de província.

Antes disso, no início dos anos 90, o fervor privatista da era Menem teve um símbolo em Maria Julia Alsogaray, encarregada da liquidação das estatais. Uma deputada oposicionista, Victoria Donda, nasceu em um centro de torturas da ditadura, de pais executados pouco depois. A defesa pública do regime militar argentino é feita por outra mulher, Cecilia Pando. Talvez esta seja a medida da igualdade: quando se transita tranquilamente do heroísmo para a ignomínia, independente de raça, credo ou sexo.

Fonte: Valor Econômico

Da arte de iludir - Demetrio Magnoli

Todos eles leram O Leopardo, de Lampedusa. "Se queremos que as coisas permaneçam como sempre foram, elas terão de mudar" - o célebre conselho de Tancredi Falconeri a Don Fabrizio provavelmente não foi enunciado explicitamente na reunião de Dilma Rousseff com os líderes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), mas uns e outros sabiam que era disso que se tratava. A presidente declarou-se simpática à proposta de reforma política, mas não chegou a anunciar apoio público, algo que "não interessa" ao movimento, segundo o juiz Márlon Reis. O patrocínio oficial ficou, assim, fora dos autos.

Nas ruas, em junho, gritaram-se as palavras "educação" e "saúde", não "reforma política". Contudo o governo concluiu, razoavelmente, que o sistema político em vigor se tomou insuportável - e resolveu agir antes que uma nova onda de manifestações se organize sob a bandeira "Fora Dilma". Os ensaios sucessivos da Constituinte exclusiva, uma flagrante inconstitucionalidade, e do plebiscito, uma tentativa quixotesca de cassar as prerrogativas do Congresso (o que se traduz hoje, na prática, como prerrogativas do PMDB), evidenciaram o desespero que invadiu o Planalto. E sobre esse pano de fundo que surgiu, como derradeira boia de salvação, a iniciativa do MCCE. Tancredi está entre nós.

Antes das manifestações de junho, só o PT tinha uma proposta completa de reforma política. Nos sonhos petistas, o anárquico e corrompido sistema atual evoluiria em direção a algo mais consistente - e ainda mais impermeável à vontade dos cidadãos. O financiamento público de campanha concluiria o processo de estatização dos partidos políticos, que se tomariam virtualmente imunes ao escrutínio popular. O voto em lista fechada concentraria o poder nas mãos das cúpulas partidárias, rompendo os tênues vínculos ainda existentes entre os eleitores e seus representantes. No fim, surgiria uma partidocracia cortada segundo os interesses exclusivos do partido dotado da máquina eleitoral mais eficiente.

O projeto petista, que já es barrava na resistência do restante da elite política, tornou-se inviável depois do transbordamento das insatisfações o pulares. No lugar dele, o Planalto inclina-se em direção ao arte fato lampedusiano produzido no forno do MCCE. O primeiro componente da proposta, sobre o financiamento de campanha, é um tímido aceno às ruas.

O segundo, sobre o sistema eleitoral, é uma versão levemente modificada do projeto petista do voto em listas fechadas. Os autores da proposta têm bons motivos para temer que lhes colem o rótulo de companheiros de viagem do governo.

Dentro da ideia do financiamento público de campanha pulsa um coração totalitário. Sob a sua lógica, os partidos se libertariam por completo da necessidade de persuadir as pessoas a financiá-los. Pela mesma lógica, eu seria compelido a pagar as campanhas de figuras arcaicas restauradas pelo lulopetismo (Samey, Calheiros, Collor, Maluf), de pastores fanáticos que sonham incendiar bruxas (Feliciano), de oportunistas sem freios atraídos pelas luzes do poder (Kassab, Afif), de saudosistas confessos do regime militar (Bolsonaro) e de stalinistas conservados em formol que adoram ditaduras de esquerda (quase todos os candidatos do PT, do PCdoB e do PSOL). O MCCE rejeitou essa ideia macabra, associando sensatamente o financiamento de campanha à capacidade dos partidos de exercer influência sobre cidadãos livres. Entretanto, curvando-se aos interesses gerais da elite política, a proposta não toca nas vacas sagradas do sistema em vigor: o Fundo Partidário e o tempo de televisão cinicamente qualificado como gratuito.

O sistema eleitoral atual é uma triste caricatura de democracia representativa. Soterrados sob listas intermináveis de candidatos apresentados por dezenas de siglas partidárias e ludibriados pelo truque imoral das coligações proporcionais, os eleitores operam como engrenagens da máquina de reprodução de uma elite política bárbara, hostil ao interesse público. A alternativa petista do voto em listas fechadas corrompe a representação de modo diverso, mas não menos doentio, conferindo aos chefes dos partidos o poder extraordinário de esculpir a composição do Parlamento.

A proposta do MCCE envolve a alternativa petista num celofane ilusório, sem modificar o seu cerne. Os partidos seriam obrigados a realizar prévias internas fiscalizadas pela Justiça Eleitoral para selecionar seus candidatos, o que configura uma interferência antidemocrática na vida partidária. Numa primeira etapa, os eleitores votariam apenas nos partidos. Depois, na etapa derradeira, votariam em nomes constantes de listas com duas vezes mais candidatos que as vagas obtidas na etapa anterior. A valsa complexa conserva o poder de decisão essencialmente com os dirigentes dos partidos, mas distribui alguns doces aos eleitores. O Planalto e o PT entenderam o sentido da obra - que, por isso mesmo, deve ser descrita como "apartidária".

Uma ruptura democrática seria a adoção do sistema de voto distrital misto. Nos Estados Unidos e na França, a disputa entre apenas um candidato de cada partido em circunscrições eleitorais delimitadas transfere o poder de decisão para os eleitores e provoca nítidas polarizações ideológicas. Sob a sua lógica, os partidos são estimulados a lançar candidatos capazes de sobreviver ao escrutínio direto do público. E, ao contrário do que argumentam os arautos do voto proporcional exclusivo, os candidatos não se podem apresentar como "deputados-vereadores", pois a dinâmica da disputa majoritária os compele a associar seus nomes às posições doutrinárias de seus partidos.

O MCCE, porém, parece avesso à ideia de uma mudança genuína. "Precisamos do apoio de todas as forças políticas na hora da aprovação no Congresso", explicou Márlon Reis, o Tancredi disponível na esteira da tempestade de junho.

A Lampedusa, o MCCE parece avesso à ideia de uma mudança genuína do sistema eleitoral.

Sociólogo e doutor em geografia humana pela USP

Fonte: O Estado de S. Paulo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Aposta bipolar
O “americanismo” na política brasileira, desde o pós-guerra de 1945, sempre foi uma tentação para as elites do país. Seria uma maneira de facilitar as coisas: um partido no governo, outro na oposição. Os militares tentaram o modelo por decreto: criaram a Arena e o MDB. A experiência virou um tiro no pé, com o MDB sovando a Arena nas urnas. Resultado: o general Golbery do Couto e Silva, em 1979, resolveu resgatar o velho modelo multipartidário europeu, que está aí até hoje, vivíssimo, com um megabloco governista liderado pelo PT, no poder, e uma oposição minguada, encabeçada pelo PSDB.

Vem aí mais uma tentativa de reforma política no Congresso. Não há a menor possibilidade de adoção do modelo bipolar norte-americano, mas haverá uma tentativa de enxugamento do quadro partidário, com o fim das coligações proporcionais.

É que existe uma polarização política de fato no país, que contrapõe os partidos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor. Os dois são expressões de projetos que emergiram na transição democrática, nos anos de 1980, sem nenhum compromisso com as estruturas partidárias que antecederam o golpe de 1964. Ambos são também os políticos sem mandato mais influentes na vida nacional.

Terceira via
Quem quiser que se iluda. Esses dois partidos protagonizarão o debate sobre a reforma política no Congresso. O choque entre as estruturas de poder que comandam — a União versus os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Alagoas e Pará — pode polarizar as eleições do próximo ano, com o projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e com a candidatura oposicionista do senador mineiro Aécio Neves. Somente se um dos dois não for para o segundo turno das eleições presidenciais mas, sim, Marina Silva (Rede Sustentabilidade) ou outro candidato, essa polaridade, que já dura 20 anos, estará superada pela chamada terceira via.

Está manso
Do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, ontem, sobre a volta dos parlamentares ao Congresso: “Não vai acontecer nada. É sempre assim, quando maior a expectativa, maior a frustração”. Cunha, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o vice-presidente Michel Temer estão afinados. O líder do PMDB não pretende criar problemas para o governo na retomada dos trabalhos no Congresso.

Sócios
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), responsabilizou o adiamento dos reajustes de passagens pelas manifestações que eclodiram na capital paulista e pôs a culpa da decisão no governo federal. “Se o reajuste tivesse sido feito em janeiro, talvez não tivéssemos tido a onda de protestos. Mas houve um pedido do governo federal para adiar, por conta da inflação. E nós concordamos, porque nos permitiu dar um reajuste menor”, disse. É a tal história, se vovó tivesse barba era vovô.

Não foi
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) não foi ao evento no qual a presidente Dilma Rousseff anunciou a destinação de R$ 8 bilhões para a mobilidade urbana na capital paulista, tendo o prefeito Fernando Haddad (PT) como anfitrião. O tucano foi atropelado pelo Palácio do Planalto. Serão destinados R$ 3 bilhões exclusivamente para corredores de ônibus e terminais de integração. Além disso, um total de R$ 1,4 bilhão vai para drenagem; R$ 2,2 bilhões para a recuperação de mananciais; e R$ 1,5 bilhão para a construção de moradias do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Trens
A Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos) criticou o fato de os investimentos do governo federal não terem contemplado os transportes sobre trilhos. “São Paulo é o maior canteiro de obras relacionadas ao transporte de passageiros sobre trilhos do mundo. Mesmo assim, quando tais obras estiverem concluídas, a oferta desse transporte será, ainda, inferior à demanda da população. É preciso investir mais e logo. Não há alternativa”, afirma Joubert Flores, presidente do conselho da entidade.

Boa vontade
A boa vontade da base aliada na volta do recesso está cheia de zeros: a presidente Dilma Rousseff autorizou a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento da União, de agosto a outubro, em um montante de R$ 6 bilhões

Greve/ O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Carlos Alberto Reis de Paula, manteve a greve do setor aéreo, com as seguintes exigências: com 100% das atividades de controle de tráfego; 70% do efetivo das áreas de segurança e de operações; e um percentual mínimo de 40% nos demais setores.

Estágios/ A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) propôs ao Ministério da Educação uma alteração no currículo dos cursos de direito, que poderão incluir um estágio em comunidades carentes do país. O estágio, de seis meses, seria dentro do período do curso. A proposta foi apresentada pelo presidente da OAB, Marcus Vinícius Coelho.

Posse/ O ex-sindicalista Luiz Antonio de Medeiros tomou posse na Superintendência do Trabalho no Estado de São Paulo. Para o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias Medeiros, ele tem histórico sindical e vivência política.

Fonte: Correio Braziliense

Panorama Político - Ilimar Franco

As voltas que a política dá
O Rio tem garantido grandes votações ao PT nos pleitos presidenciais. Isso, segundo assessores do governo, tem como alicerce a aliança com o governador Sérgio Cabral. Essa ligação está na memória do eleitor. Por isso, dizem, à presidente Dilma interessa a recuperação de Cabral. O candidato do PT ao governo, Lindbergh Farias, quer ver Cabral na lona. A convicção no governo Dilma é que, na atual situação, Cabral puxa Dilma para baixo. Enquanto isso, o candidato do PSDB, Aécio Neves, que andou flertando com Cabral antes dos protestos deflagrados em junho, quer distância do governador do PMDB.

Fora da linha
A despeito das pressões de uma ala do PMDB, Emília Ribeiro não será reconduzida à diretoria da Anatel. Ela deixou a agência em novembro, no final de seu mandato, e ainda não foi substituída. O governo já tem nomes para a vaga.

Quem não chora não mama
A maioria do PMDB não quer romper com o governo. A cúpula constatou, em pesquisa interna, que só 15% dos deputados não querem apoiar Dilma em 2014. Os outros 85% querem manter a aliança e mais espaço no governo.

Resistência dentro de casa
A tentativa de criar o MD dividiu o PPS. O acordo previa entregar para o PMN o comando do MD em dez estados, entre os quais Rio e Pernambuco. As novas direções ficariam congeladas até 2018, período no qual estariam suspensas conferências e congressos. Irritados, vários integrantes do PPS ameaçaram sair, boicotando a fusão articulada por seu presidente, deputado Roberto Freire (SP).

Realismo socialista
O diretor de Futebol do Ministério do Esporte, Ricardo Gomide, a convite do governador Eduardo Campos, esteve com um pé no PSB. Para segurá-lo, a direção de seu partido interviu no Paraná e o escalou para presidir o PCdoB local.

Vergonha nacional
No lançamento do Fórum Mundial dos Direitos Humanos, ontem, a ministra Maria do Rosário disse que o Brasil se envergonha de ainda não ter feito justiça no caso do massacre do Carandiru, há 21 anos, quando foram mortos 111 presos.

Roberto Jefferson
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB-PE) conversaram com o presidente licenciado do PTB, Roberto Jefferson, sobre as eleições de 2014. Ouviram dele que seu partido tende a apoiar a presidente Dilma. As conversas ocorreram a pedido dos PTBs locais. Mas com José Serra não teve papo. O partido diz que ele não cumpriu os acordos de 2010.

O Planalto está tentando trocar a derrubada de vetos polêmicos, mas sem impacto financeiro imediato, pela manutenção dos 10% do FGTS.

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

Na geladeira
A relação de Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante (Educação) esfriou nos últimos dias. Iniciativas do ministro, como antecipar que o governo recuaria da decisão de ampliar em dois anos o curso de medicina, e críticas que teria feito ao colega Guido Mantega (Fazenda) incomodaram a petista. Ministros observam ainda que Mercadante, antes presença assídua nas comitivas presidenciais, ficou de fora das últimas viagens de Dilma, entre elas os dois encontros com o papa no Rio.

Bênção 1 O ex-presidente Lula recebeu Alexandre Padilha terça-feira em São Paulo e deu aval para que o ministro da Saúde mantenha o projeto de sua candidatura ao governo paulista, apesar dos contratempos com a implantação do Mais Médicos.

Bêncão 2 Lula repetiu que Padilha deve ser o candidato do PT no Estado e que deveria negociar com a presidente a data de saída do governo para a pré-campanha. A aliados, Padilha tem negado que pretenda disputar.

Decor Gleisi Hoffmann (Casa Civil) ganhou uma suíte em sua homenagem na Casa Cor do Paraná, tradicional mostra de decoração. A suíte "Gleisi" tem as cores amarelo e azul, e deve receber a visita da ministra no sábado.

Sem vacina De um auxiliar de Fernando Haddad (PT) sobre a gripe que acomete Dilma há uma semana: "É a gripe PMDB: vai demorar 20 anos para se livrar dela".

Fim de férias A presidente recebe na segunda-feira os líderes da base aliada no Congresso para discutir a agenda legislativa do segundo semestre. Até lá, a presidente quer ter em mãos o mapa de emendas empenhadas.

Na área Do suplente de deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) sobre a articulação para levá-lo de volta à Câmara: "Eu sempre estive em Brasília à disposição do PMDB. Trabalho com a missão de unir, nunca dividir".

Laços... Um entendimento do Conselho Nacional de Justiça sobre nepotismo, que está na pauta para o segundo semestre, pode atingir a secretária-geral do STF, Flávia Beatriz da Silva.

... de família Nomeada por Joaquim Barbosa para o cargo, ela é casada com um assessor do gabinete do ministro Ricardo Lewandowski.

Onde pega Voto de um conselheiro diz que a prática de nepotismo é reconhecida mesmo na ausência de subordinação hierárquica entre o servidor comissionado e o efetivo designado para o exercício de cargo de direção''.

Em cima A corregedoria-geral do governo de São Paulo vai ouvir hoje os depoimentos de diretores e funcionários citados nas denúncias de corrupção em licitações de metrô e trem do Estado. A administração de Geraldo Alckmin (PSDB) quer passar a imagem de que está colaborando com as investigações para punir eventuais desvios.

Mineirinho O governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), nega que o pacote de corte de gastos e cargos que anunciou ontem seja um contraponto à decisão de Dilma de não reduzir ministérios. "Existe na sociedade um sentimento, que não é de agora, de que a máquina estatal é pesada'', afirma.

Customizado O presidenciável Eduardo Campos gravou mensagens específicas para o eleitorado de cada Estado, que serão exibidas nas inserções regionais de TV do PSB. As de São Paulo vão ao ar a partir do dia 14.

Visita à Folha Ana Maria Machado, presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço.

Com Andréia Sadi e Bruno Boghossian
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Tiroteio
"Se o PAC de São Paulo empacar como o PAC nacional, Dilma vai precisar de fone de ouvido se não quiser ouvir vaias do povo."

DO DEPUTADO VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP), sobre o protesto no aeroporto de Congonhas na chegada de Dilma a São Paulo para anunciar investimentos.

Contraponto

No couro
Convidado para a Comissão de Infraestrutura do Senado, em junho, o diretor do DNIT, Jorge Fraxe, tentava explicar os entraves que o órgão enfrenta para cumprir planos ambientais previstos na construção de rodovias.

--Eu tenho que comprar 24 touros, 240 vacas, dois mil pintos, dar cursos de doce caseiro... Pelo amor de Deus!

Diante dos risos dos senadores, Fraxe prosseguiu:

-- Eu tenho que executar R$ 15 bilhões em obras, mas eu tenho que comprar 24 touros... E ai de mim se chegar um touro gay lá! Tem que ser touro bom, touro que vai dar conta das vacas -- brincou o diretor do DNIT.

Fonte: Folha de S. Paulo