terça-feira, 4 de julho de 2017

Opinião do dia – Alexis Tocqueville

De minha parte, detesto os sistemas absolutos, que tornam todos os acontecimentos da história dependentes de grandes causas primeiras, ligadas entre si por um encadeamento fatal, e que eliminam, por assim dizer, os homens da história do gênero humano. Considero-os estreitos em sua pretendida grandeza e falsos em seu ar de verdade matemática. Creio – e que não se ofendam os escritores que têm inventado essas sublimes teorias para alimentar sua vaidade e facilitar seu trabalho – que muitos fatos históricos importantes só podem ser explicados por circunstâncias acidentais e que muitos outros são inexplicáveis; e enfim que o acaso – ou antes o entrelaçamento de causas secundárias, que assim chamamos por não sabermos desenredá-las – tem um grande papel em tudo o que vemos no teatro do mundo; mas creio firmemente que o acaso nada faz àquilo que, de antemão, já não esteja preparado. Os fatos anteriores, a natureza das instituições, a dinâmica dos espíritos e o estado dos costumes são os materiais com os quais o acaso compõe os improvisos que nos assombram e nos assustam.

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Alexis Tocqueville (1805-1859), “Lembranças de 1848” p. 104, Companhia de Letras, 2011.

Werneck Vianna: É preciso coragem, paciência e ética de responsabilidade para interromper a modernização autoritária.

Entrevista especial com Luiz Werneck Vianna

Por: Patricia Fachin | IHU On-Line, 03 Julho 2017

Para explicar a absolvição da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral – TSE em meio a uma série de escândalos políticos, disputas e apostas em torno da permanência de Michel Temer na Presidência da República até a sucessão presidencial em 2018, o sociólogo Luiz Werneck Vianna recorre a Max Weber para defender que o que tem imperado no país, especialmente na decisão do TSE, é uma ética da responsabilidade. O que, segundo ele, não significa a ausência de uma ética de convicções. “Essas duas éticas não se contrapõem, ao contrário do que certas opiniões ingênuas formulam, elas se complementam. O estadista, o homem de Estado verdadeiro, é aquele que é capaz de ser fiel a uma ética de responsabilidade sem abdicar das suas convicções, fazendo com que essas convicções estejam presentes na sua tomada de posição, que tem que considerar o mundo”, afirma.

De acordo com ele, embora houvesse “elementos para a condenação da chapa no Tribunal Superior Eleitoral”, diante do caos em que o país se encontra, “o formalismo jurídico não vai levar a lugar nenhum” e, portanto, outros elementos foram considerados na decisão política dos juízes do TSE. “Acredito que naquela decisão esteve presente, sim, um cálculo político dos juízes que resolveram absolver a chapa, com uma ética de responsabilidade, pois onde nos teria levado uma ética de convicção estranha e exótica à da responsabilidade? Onde? Está se preparando a sociedade para uma saída à direita, é isso? Ela está aí, rondando”, diz.

Embora faça elogios e críticas à atuação do Ministério Público e do Judiciário na cena política, Werneck Vianna insiste que o que falta ao país é “clarividência”, “reflexão” e um “projeto”. “Temos que ir aos fundamentos nessa hora de caos em que todas as referências estão sendo destruídas. Temos que voltar um pouco para a nossa própria história. (...) Por que mudamos de orientação e fizemos com que uma era, que se abria com uma plataforma de interromper a modernização autoritária que nos vinha dos anos 30, não fosse levada adiante? Por que de repente nós aderimos à modernização autoritária? Por que a esquerda aderiu às práticas econômicas dos governos do regime militar?”, questiona.

Embora seja favorável à Operação Lava Jato, Werneck questiona: “Como se sai desse buraco? Colocando 80% dos políticos na cadeia, é isso?” E adverte: “Nós temos que criar mercado de trabalho para 14 milhões de brasileiros, que estão à míngua. Uma coisa é a defesa de programas ético-morais, outra coisa é esse moralismo rastaquera, que está dominando a mídia, a opinião das redes sociais”.

Na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line na última sexta-feira (30-06-2017), Werneck analisa a conjuntura política e comenta a escolha da subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, que irá substituir Rodrigo Janot à frente da Procuradoria Geral da República a partir do dia 17 de setembro. A decisão, frisa, representa uma “lufada de ar fresco nesse ar viciado que aí está”.

Luiz Werneck Vianna é professor-pesquisador na Pontifícia Universidade Católica - PUC-Rio. Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo, é autor de, entre outras obras, A revolução passiva: iberismo e americanismo no Brasil (Rio de Janeiro: Revan, 1997); A judicialização da política e das relações sociais no Brasil (Rio de Janeiro: Revan, 1999); e Democracia e os três poderes no Brasil (Belo Horizonte: UFMG, 2002). Sobre seu pensamento, leia a obra Uma sociologia indignada. Diálogos com Luiz Werneck Vianna, organizada por Rubem Barboza Filho e Fernando Perlatto (Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2012).

Confira a entrevista.
IHU On-Line — Segundo uma pesquisa recente, a percepção de 95% dos brasileiros é a de que o Brasil não está no rumo certo. Considerando a situação política do país, a sua percepção também é essa?

Luiz Werneck Vianna — Qual é o rumo certo? Essa questão do rumo é complicada; é quase uma questão metafísica.

IHU On-Line — Mas considerando a crise atual em torno do presidente da República e o impeachment da ex-presidente Dilma, era de se esperar que o país estivesse nessa situação de crise continuada?

Luiz Werneck Vianna — O impeachment, como já disse em alguns artigos e em entrevistas para o IHU, é sempre muito traumático, é uma solução extrema e que deixa sequelas, e as sequelas estão aí. Os partidos e as personalidades que foram atingidos pelo impeachment estão respondendo às circunstâncias posteriores de forma muito irracional e sensorial. Mas imagino que isso também vai se esvair, assim como em outras circunstâncias; o tempo ajuda.

Por que de repente nós aderimos à modernização autoritária? Por que a esquerda aderiu às práticas econômicas dos governos do regime militar?

Na medida em que a sucessão presidencial se aproxima, novos tempos, novos temas e novas questões vão se impor, inclusive essa com a qual você iniciou a entrevista, sobre os rumos. A sociedade vai definir, entre os candidatos dos partidos, os rumos a seguir. Não vai se voltar à política econômica da época de Dilma; acho isso de uma improbabilidade absoluta. Aquela política nos levou a uma situação muito ruim do ponto de vista econômico, social e político. A sucessão presidencial tende a nos devolver aos trilhos da racionalidade à medida que os novos candidatos vão ter que oferecer plataformas exequíveis, persuasivas e estimulantes. Mas é preciso voltar a crescer.

A renovação política em 2018 | *Murillo de Aragão

- O Estado de S.Paulo

Caminho para alavancar uma candidatura não alinhada com o antigo será o das redes sociais

Uma das perguntas mais recorrentes em minhas palestras é como e se o novo prevalecerá nas eleições de 2018. A pergunta parte do pressuposto de que existe um notável sentimento antipolítico na sociedade e que, a partir dessa constatação, seria mais do que natural uma grande renovação do sistema político.

No entanto, existem condições muito duras para que o novo prevaleça. A primeira barreira para a disseminação do novo, que chamarei de novos entrantes, são as regras atuais. O marco regulatório das eleições estabelece regras para a distribuição de fundos partidários e para o uso de tempo de televisão. Ambas são críticas para a campanha eleitoral e estabelecem uma situação de privilégio para as estruturas partidárias tradicionais.

Grandes partidos ganham mais verbas, mais tempo de televisão e, na maioria das vezes, mais prefeituras. Ora, numa competição em que haverá escassez de recursos – pela ausência de financiamento empresarial e pela debilidade das doações individuais – o maior financiador da campanha será o Fundo Partidário.

O fato novo | Merval Pereira

- O Globo

Uma máxima que sempre foi levada muito a sério pelos profissionais do PMDB é a que diz que em política existem apenas dois fatos que importam: o fato novo e o fato consumado.

A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima é um desses fatos novos que afetam diretamente a estabilidade do governo Temer, que ele já havia abalado ao ter que se demitir da Secretaria de Governo, devido a uma disputa com o então também ministro da Cultura Marcelo Calero, em torno de um prédio em Salvador, no qual tinha um apartamento, que infringia regras do patrimônio da União. Geddel insistia em liberar.

Uma atuação vulgar que revelava o caráter patrimonialista que rege o grupo do PMDB que chegou ao poder com Temer. Esse fato novo se junta a outros que estão na fila para serem revelados, como a delação do doleiro Lúcio Funaro — responsável pela prisão de Geddel —, a provável delação do expresidente da Câmara Eduardo Cunha e a possível delação do ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.

O elo do crime | Míriam Leitão

- O Globo

A prisão de Geddel Vieira Lima é mais um passo para perto do presidente Michel Temer, mas é também mais um fato revelador de que o grande beneficiário desse crime permanece, e assim será, fora do alcance da Justiça. O que está sendo investigado pela Sépsis e pela Cui Bono é o uso do dinheiro do FGTS para empréstimos fraudulentos, e o maior deles foi ao grupo J&F.

Geddel, que há um ano era o todo poderoso ministro da Secretaria de governo de Temer, responsável pela relação entre o executivo e os políticos, está hoje em prisão preventiva, sem data para sair. Antes disso, ele já havia perdido o poder depois de ser pego num flagrante de tráfico de influências e uso do poder político para interesses pessoais.

O que o levou para a prisão foi o ato de rondar um ex-comparsa preso e que pode relatar o seu envolvimento na corrupção na Caixa Econômica. A suspeita é de obstrução de Justiça.

Saída negociada | Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Diretor-geral da PF entrou no cargo no início do governo Dilma e já viu seis ministros passarem pelo ministério da Justiça

A troca do diretor-geral da Polícia Federal nunca é simples, mas se tornou particularmente delicada com o avanço da Lava Jato sobre o Executivo e o Legislativo e a gritaria, dia sim e outro também, sobre supostos golpes contra a maior operação de combate à corrupção da história. Foi assim que Leandro Daiello foi se tornando “imexível”, mas ele pode estar se cansando.

Daiello assumiu a direção-geral em janeiro de 2011, no início do governo Dilma Rousseff, foi mantido no de Michel Temer e já está no sexto ministro da Justiça. Desde a Olimpíada do Rio, em agosto de 2016, ele já pediu para sair pelo menos três vezes, mas um ministro atrás do outro recusa a demissão.

Jacaré na jaula | Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Não durou três dias o alívio do governo com a libertação do deputado da mala. No sábado, o Planalto festejou a soltura de Rodrigo Rocha Loures. Na segunda, voltou a se assustar com outra prisão: a do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

O peemedebista é um dos aliados mais próximos de Michel Temer. Os dois atuam em parceria desde a década de 90, quando viraram colegas na bancada do PMDB na Câmara. No ano passado, Geddel estava sem mandato e voltou a Brasília para ajudar a aprovar o impeachment. Foi recompensado com o posto de ministro da Secretaria de Governo.

O articulador caiu em novembro, acusado de usar o cargo para liberar a construção de um espigão em área tombada de Salvador. Na carta de demissão, descreveu Temer como um presidente "sério, ético e afável" e o chamou de "fraterno amigo".

O Brasil tem ideologia? | Joel Pinheiro Da Fonseca

- Folha de S. Paulo

A distinção entre esquerda e direita é daquelas que parecem óbvias mas, quando olhadas de perto, se desfazem. O Datafolha realizou em junho sua pesquisa sobre a inclinação ideológica do país. Os resultados dão pano para discussão, mas refletem também as dificuldades do tema.

Os problemas começam na definição. Os rótulos agrupam coisas muito diferentes. Isso já é verdade para a esquerda: será mesmo que o socialismo modelo soviético é um modelo puro do qual a social-democracia europeia é uma versão parcial, imperfeita? No saco de gatos da direita, então, a confusão é total, pois ele agrupa posicionamentos que são rigorosamente opostos: de nacionalismo econômico e conservadorismo moral de um lado a, de outro, liberalismo econômico e individualismo moral (a crença de que cada um deve poder decidir sobre sua própria vida).

A ‘Constituição teórica’ – Editorial | O Estado de S. Paulo

Entre as esquisitices dos tempos atuais, tem-se observado, com crescente frequência, a defesa de algumas ideias destoantes da Constituição como se elas fossem o suprassumo do espírito democrático. É um insidioso sofisma, que tenta fazer com que opiniões pessoais prevaleçam sobre normas que estão no ápice do ordenamento jurídico.

Essa inversão de hierarquia foi vista, por exemplo, na movimentação de alguns grupos por eleições diretas no caso de o presidente Michel Temer deixar o cargo. Há na Constituição uma regra para tal situação. “Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei”, fixa o art. 81, § 1.º da Carta Magna.

Não obstante a clareza do texto, houve quem divulgasse a ideia de que o respeito a essa disposição constitucional seria formalismo jurídico. Nessa enviesada visão das coisas, a pretensa restauração da democracia exigiria desobedecer à Constituição. Apesar do barulho que é feito por seus mentores, um postulado com esse teor tem poucas chances de sobrevivência, tendo em vista sua manifesta contradição. A Constituição é o caminho institucional para a democracia no País, e não obstáculo.

A preocupante barganha política sobre o imposto sindical – Editorial | O Globo

Recuo na criação da contribuição espontânea dos trabalhadores impede modernização dos sindicatos e prejudica a própria reforma

Ao termo “insegurança jurídica”, usado em análises em vários campos, no econômico e fora dele, junta-se agora o da “insegurança política”, para designar o risco que projetos em tramitação no Congresso enfrentam devido à vulnerabilidade do presidente Michel Temer, na dependência de votações na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e no plenário da Casa para saber se será processado, ou não, pelo Supremo.

Cada projeto de importância que esteja na pauta do Congresso vira matéria de barganha entre parlamentares e Planalto em torno do destino de Temer. Padece de “insegurança política”.

Infelizmente, a proposta de reforma trabalhista, em fase de votação final pelo Senado, está sobre a mesa, em negociação. E nela, a principal vítima pode ser o fim do imposto sindical, convertido em contribuição espontânea, emenda correta feita ao projeto na sua passagem pela Câmara.

Ideologia nacional – Editorial | Folha de S. Paulo

Pouco mais de um ano depois que o PT foi substituído no poder federal por uma coalizão liderada pelo PMDB, hoje igualmente impopular, os brasileiros de novo se mostram divididos entre posições à esquerda e à direita.

Na mais recente pesquisa do Datafolha, nota-se oscilação rumo à primeira do pêndulo ideológico nacional, quando se comparam as preferências manifestadas agora com as de quase três anos atrás.

Em setembro de 2014, conforme os critérios do levantamento, 45% do eleitorado identificava-se com pontos de vista tidos em geral como mais conservadores, enquanto 35% apoiavam ideias comumente associadas ao campo oposto.

Agora, apurou-se um empate técnico —de 40% a 41%, respectivamente— que reproduz o equilíbrio observado em novembro de 2013, na primeira sondagem do tipo realizada pelo instituto.

Saldos comerciais garantem sossego nas contas externas | Editorial | Valor Econômico

Uma luz amarela acendeu nas contas externas no mês passado, quando o mercado de câmbio começou a refletir a intranquilidade dos investidores estrangeiros frente à turbulência desencadeada nos mercados financeiros pelas acusações da delação dos donos da JBS ao presidente Michel Temer. Dados parciais registrados até o dia 23 mostravam um fluxo cambial negativo de US$ 5,3 bilhões. Se as operações ficaram no zero a zero nos dias seguintes, esse número já era suficiente para o mês fechar com o pior resultado do ano. Novas informações a respeito estarão disponíveis amanhã.

As saídas de dólar concentraram-se nas operações de câmbio da conta financeira, que ficou negativa em US$ 8,6 bilhões nos 23 primeiros dias de junho, incluindo empréstimos, investimentos, serviços e rendas. Desde o início de maio, o saldo negativo da conta financeira totalizou US$ 13,8 bilhões, concentrando em menos de dois meses quase 60% das saídas de US$ 23,7 bilhões acumuladas no ano. Como as exportações têm registrado desempenho bastante positivo, as operações de comércio exterior compensam essas saídas. Por isso, o saldo total do mercado está positivo em US$ 6,5 bilhões no ano. No entanto, o comportamento recente do investidor estrangeiro levou o Banco Central (BC) a revisar as expectativas para as aplicações externas em renda fixa de US$ 10 bilhões para zero; e as em ações, de saída de US$ 7 bilhões para zero.

Inadimplência, mais um freio – Editorial | O Estado de S. Paulo

Se depender dos gastos familiares, a economia continuará em marcha lenta – avançando, quase certamente, mas sem grandes arrancos. Isso deve perdurar pelo menos até uma boa limpeza nos orçamentos caseiros. Em maio, com mais 900 mil nomes adicionados à lista, o número de consumidores inadimplentes chegou a 61 milhões, segundo a Serasa Experian. Foi o maior contingente registrado na série iniciada em 2012. Isso corresponde a quase um terço da população brasileira, incluídos bebês, crianças e jovens menores de idade. Desemprego ainda muito elevado, com 13,8 milhões de desocupados no trimestre de março a maio, e crédito escasso e caro são obviamente as principais explicações. Um ano antes, o cadastro apontava 59,5 milhões de inadimplentes.

Pessoas com dívidas em atraso pouco poderão contribuir para a recuperação dos negócios no varejo. Mantido esse quadro, o consumo das famílias até poderá crescer mais que o investimento privado, neste ano, mas ainda avançará em ritmo insuficiente para tirar do já prolongado marasmo a economia nacional. A seca do crédito prossegue, embora a taxa básica de juros, a Selic, esteja em baixa desde outubro. Há cautela de lado a lado. Os bancos permanecem muito cuidadosos na concessão de empréstimos, enquanto os tomadores – pessoas jurídicas e físicas – se mantêm prudentes na busca de financiamentos.

PT prevê protestos se Lula for condenado

Por Ricardo Mendonça | Valor Econômico

SÃO PAULO - A poucos dias - ou horas - da primeira sentença do juiz Sergio Moro em caso que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como réu, petistas dão ênfase ao discurso de que o Ministério Público não conseguiu provas materiais para sustentar a acusação e prometem mobilizar a militância para uma onda de protestos, caso o magistrado decida pela condenação.

Lula é acusado de ter recebido propina da construtora OAS por meio da reforma de um tríplex num edifício no Guarujá, litoral paulista. A defesa diz que o apartamento nunca pertenceu a Lula e que ele só esteve no local uma vez, quando teria desistido da compra. Os dois lados já apresentaram alegações finais no processo, restando agora só a sentença.

Lula participou ontem de reunião da executiva estadual do PT em São Paulo, com a presença da nova presidente nacional da sigla, a senadora Gleisi Hoffmann (PR). Após o encontro, o presidente estadual do PT, Luiz Marinho, afirmou que uma eventual condenação irá mobilizar a militância automaticamente, "como foi automática e espontânea no episódio da condução coercitiva do presidente". Na ocasião, em março de 2016, houve início de aglomeração ao redor do aeroporto de Congonhas, para onde Lula foi levado.

PT já prepara protestos caso Lula seja condenado por tríplex

Partido pretende ir às ruas se Sergio Moro der sentença contra o ex-presidente

Sérgio Roxo, O Globo

-SÃO PAULO- O PT já prepara uma ofensiva para responder a uma eventual condenação do ex-presidente Lula pelo juiz Sergio Moro no caso do tríplex do Guarujá. Dirigentes do partido afirmam que militantes vão se mobilizar da mesma forma que ocorreu na condução coercitiva do petista, em março do ano passado. Na ocasião, simpatizantes foram ao aeroporto de Congonhas, onde ocorria o depoimento, para protestar.

Antes da divulgação da sentença, a estratégia tem sido adotar o discurso de que não há provas no processo para embasar uma condenação. Todas as fases do processo já foram concluídas e falta apenas a sentença do juiz.

— Esperamos que o Sergio Moro seja efetivamente juiz e julgue conforme as provas dos autos e não com convicção, com base simplesmente em delação. Se vier a condená-lo, vamos fazer todo o debate com protestos e repúdio — disse o presidente do PT de São Paulo, Luiz Marinho, após se reunir ontem com Lula e parlamentares da legenda.

Na semana passada, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que também participou da reunião de ontem com o ex-presidente, disse, por meio de nota, que a militância da legenda está mobilizada para “dar a resposta adequada para qualquer sentença que não seja absolvição completa e irrestrita”.

Lula cobra maior empenho do PT na oposição a Alckmin

Catia Seabra, Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou, nesta segunda-feira (3), da timidez do PT de São Paulo na oposição ao governo do tucano Geraldo Alckmin e na defesa do partido.

Reunido com as bancadas do partido em São Paulo, Lula afirmou que os petistas têm aliviado a administração Alckmin e gastado muita energia nas críticas à gestão do prefeito João Doria, também do PSDB.

Segundo participantes da reunião, Lula ponderou que, nos primeiros seis meses de mandato, os governantes são bem avaliados. Após fazer uma enquete com os prefeitos presentes ao encontro, o o ex-presidente disse que Doria é um exemplo dos administradores que gozam de grande popularidade no início da gestão.

Mas que Alckmin tem sido poupado. Por isso, seu governo deve ser dissecado.

Temer diz ter 'quase certeza absoluta' de 'sucesso' na Câmara

Em entrevista a apresentador da BandNews, presidente afirma estar 'animadíssimo' e não triste diante do cenário atual

Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em entrevista à rádio BandNews nesta segunda-feira, 3, o presidente Michel Temer disse ter confiança de que a Câmara dos Deputados irá rejeitar o pedido de abertura de investigação contra ele. "Estarei muito obediente àquilo que a Câmara decidir. Há 363 indecisos, são aqueles que darão seu voto no último momento. Os que são contra dizem logo que são contra. Tenho esperança, quase certeza absoluta, de que teremos sucesso na Câmara".

O presidente reiterou o que sua defesa tem dito desde que a Procuradoria-Geral da República ofereceu denúncia contra o peemedebista ao Supremo Tribunal Federal: "Desde logo, vemos a inépcia da denúncia. A denúncia é fragil e inconsistente. Quando a Câmara tomar conhecimento da defesa que será feita, defesa que será uma mera explicação. Quando a Câmara tomar conhecimento da defesa, verá que a votação necessária para processar a denúncia não se dará".

PMDB não deve fechar questão contra a denúncia de Janot

Aliados reconhecem maior instabilidade depois da prisão de Geddel

Cristiane Jungblut, Eduardo Barretto e Maria Lima, O Globo

-BRASÍLIA- As dissidências que já haviam sido identificadas em relação à denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer devem contaminar o PMDB. Ontem, diante do quadro de incerteza, agravado pela prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, muito próximo a Temer, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que também preside a legenda, e o líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), disseram que não haverá fechamento de questão em relação à denúncia.

— Não precisa fechar questão, pois isso não é questão partidária, é questão de foro íntimo, de julgamento. A posição do presidente do partido é analisar qualquer pedido e agir como juiz — disse Jucá.

O líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), disse estar otimista e qualificou o fechamento de questão como desnecessário.

Gilmar Mendes: ‘Não veria problema de Moro receber o presidente Lula’

Para presidente do Tribunal Superior Eleitoral, encontro com Temer foi ‘absolutamente normal’

André de Souza, O Globo

-BRASÍLIA- O ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou a reunião feita com o presidente Michel Temer, na noite da terça-feira da semana passada, fora da agenda divulgada pelos dois, como absolutamente normal. Segundo ele, foi um conversa na condição de presidentes do TSE e da República, e não de juiz e investigado, para tratar da reforma política.

Após prisão de Geddel, Planalto teme cerco de Janot a Padilha e Moreira

Avaliação no governo é de que ministros de Temer, já investigados na Lava Jato, entrem na mira da PGR

Carla Araújo, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Com a prisão do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, nesta segunda-feira, 3, chamado de “mensageiro” pelo empresário Joesley Batista, da JBS, o Palácio do Planalto agora se preocupa com possíveis investidas do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). Investigados na Operação Lava Jato, eles são os auxiliares mais próximos do presidente Michel Temer.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pode agora tentar acelerar as apurações contra os dois peemedebistas, na avaliação de assessores do Planalto. Com isso, a prisão de Geddel na Operação Cui Bono?, um amigo pessoal de Temer há mais de 30 anos, reacendeu a preocupação com a crise política, uma vez que a semana havia começado em um clima mais “tranquilo”, nas palavras de um aliado.

Juro menor dá alívio bilionário nas contas públicas

Despesa da União com o pagamento de juros da dívida deve chegar a R$ 402,2 bilhões, quase R$ 100 bilhões a menos do que em 2015

Douglas Gavras, O Estado de S.Paulo

Uma das vitrines da equipe econômica do governo Temer, a queda dos juros básicos também vai ajudar a impulsionar uma redução nos gastos públicos. A conta dos juros pagos pelo governo deve fechar o ano em R$ 402,2 bilhões – R$ 4,8 bilhões a menos que no ano passado e R$ 99,6 bilhões a menos que em 2015, segundo projeções da consultoria Tendências, que levam em consideração uma taxa de 8,75% ao fim do ano.

Caso esse cenário se concretize, a despesa do governo com juros neste ano, em relação ao PIB, ficaria abaixo dos 6,5% do ano passado e dos 8,4% de 2015.

No fim de maio, o Banco Central reduziu a Selic, os juros básicos da economia, pela sexta vez seguida. O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa em 1 ponto porcentual, de 11,25% ao ano para 10,25% ao ano. Na prática, isso significa que a dívida pública cresce menos, já que cerca de um terço dela é atrelada à Selic.

Incluindo os excluídos | José Márcio Camargo*

- O Estado de S.Paulo

Ao enrijecer a jornada de trabalho, a CLT encarece a criação de empregos e reduz as oportunidades

Quem será prejudicado, se a reforma trabalhista for aprovada? Em especial, quais serão os efeitos da reforma sobre o desemprego e sobre as condições de trabalho dos trabalhadores menos qualificados e mais pobres?

Um dos principais objetivos da reforma é valorizar a negociação, em detrimento da legislação, na determinação das condições de trabalho. Para um conjunto importante de itens dos contratos de trabalho, o que for negociado entre as empresas e os trabalhadores não poderá mais ser mudado pela Justiça do Trabalho.

Governo quer acelerar reforma trabalhista

Votação, prevista para o dia 11, pode ocorrer esta semana se Planalto conseguir acordo com líderes de partidos

Maria Lima, Bárbara Nascimento, O Globo


-BRASÍLIA- O governo pode voltar atrás na decisão de adiar a votação da reforma trabalhista para a próxima semana. O líder do governo no Senado Federal, Romero Jucá (PMDB-RR), disse ontem que não descarta a possibilidade de votar o texto em plenário ainda esta semana. Ele ponderou, contudo, que isso depende da construção de um acordo com o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e os líderes dos partidos. Hoje, será votada a urgência para que o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) seja apreciado em plenário, mas Jucá ressaltou que caberá a Eunício fazer o cronograma. Inicialmente, a votação está prevista para o dia 11.

— Queremos aprovar a reforma trabalhista com rapidez, mas sem atropelar. Não há nenhuma intenção de passar o trator. Vamos buscar o entendimento para discutir o mérito e ganhar o embate — disse Jucá.

MOBILIZAÇÃO NECESSÁRIA
Para conseguir aprovar o texto ainda esta semana, o Palácio do Planalto teria de armar uma verdadeira mobilização, aos moldes do que fez na última quarta-feira, quando o projeto foi votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na opinião de senadores da própria base, a votação da urgência não ocorreu na quintafeira da semana passada porque o governo não se articulou como deveria para ter quórum suficiente em plenário. Geralmente, às quintas-feiras, o Congresso fica esvaziado.

Assim como | Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

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Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada.
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.

Carminho e Marisa Monte - Estrada do Sol