Faltam ao MEC plano consistente e habilidade política
O Globo
Camilo Santana assumiu com missão promissora.
Até agora, não apresentou agenda capaz de fugir da polarização
O ministro da Educação, Camilo
Santana, enfrentará dificuldades para aprovar no Congresso o novo
Plano Nacional de Educação (PNE), que define estratégias da política
educacional pelos próximos dez anos. A responsabilidade não é só dos
parlamentares. O governo tem conduzido mal a discussão, abrindo espaço para a
oposição assumir a agenda na tentativa de prorrogar o plano atual.
O levante contra a proposta do governo é compreensível. O plano aprovado na Conferência Nacional de Educação (Conae) contém vários equívocos. A começar pelo componente ideológico, numa questão que deveria ser técnica. O documento que serviu de base às discussões da Conae investe contra o ensino doméstico (homeschooling), a militarização de escolas e o movimento Escola sem Partido, marcas da gestão de Jair Bolsonaro. Se a principal crítica — pertinente — ao governo anterior era justamente a politização da educação, qual o sentido de insistir nos mesmos temas, apenas com sinal trocado?