O Estado de S. Paulo
Bolsonaro, que tem o espírito do Centrão, rompeu com todas as mediações. As alavancas do controle estão diretamente nas mãos do fisiologismo
Orçamento secreto, implosão do teto de
gastos, sombrias manobras parlamentares, tudo isso anima o noticiário da
semana, mas, ao mesmo tempo, nos dá uma sensação de imobilidade, como se o
Brasil não andasse para a frente.
Tanto o orçamento secreto como a implosão
do teto de gastos são uma espécie de retrato do País, se o avaliamos pelas
lentes dos seus principais intérpretes. A voracidade das elites dominantes em
distribuir entre si os recursos públicos, em transformá-los em seu patrimônio,
não é novidade de um ponto de vista histórico. É espantoso, no entanto, que em
pleno século 21 a denúncia da existência de um orçamento secreto, feita aqui,
no jornal Estado, tenha demorado tanto tempo para se transformar num escândalo,
ainda que num tímido escândalo.
É evidente, para todos nós, que os gastos
públicos têm de ser feitos com transparência. Há algumas exceções que dizem
respeito à segurança nacional. Nenhuma delas tem conexão com as verbas
distribuídas aos deputados. Também está previsto em lei que as verbas
destinadas às emendas parlamentares devam ser distribuídas de forma impessoal,
entre todos, sem discriminação.
O que está acontecendo em Brasília rompe com dois princípios: o da transparência e o da impessoalidade.