Vencedor das prévias do PSBD diz que
governo de SP é exemplo do que poderá ser sua gestão do país
Por Cristiano Romero / Valor Econômico
BRASÍLIAO governador de São Paulo, João
Doria (PSDB), estreou na política há apenas cinco anos, mas não pode ser mais
chamado nem de “novato” nem de “outsider”. Em meia década, foi eleito para
administrar, respectivamente, o terceiro e o segundo maior orçamento do país.
No sábado, foi eleito por seu partido, o PSDB, numa disputa renhida, para
concorrer em 2022 ao cargo máximo da República, responsável por gerir um dos
maiores orçamentos públicos do planeta.
Na prévia concluída no sábado, como ocorreu
na escolha do candidato à prefeitura de São Paulo em 2016 e ao governo paulista
dois anos depois, tucanos históricos se uniram para tentar impedir a escolha de
Doria. Com poucas exceções - uma delas, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, apoiador do governador -, esse grupo trabalhou intensamente para eleger
o jovem governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
É uma narrativa falsa, de que não sou
agregador; temos 13 partidos na base aliada de apoio ao governo na Assembleia”
Doria se recusa a se auto-definir como o
candidato da ‘terceira via’, caminho com o qual setores da sociedade contam
para tirar o incumbente do cargo - o presidente Jair Bolsonaro, candidato à
reeleição - e evitar a volta ao poder de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual
líder das pesquisas. Mas, nesta entrevista ao Valor, Doria se lança como o
candidato posicionado frontalmente contra Bolsonaro e Lula. É provável que a
partir de hoje o governador seja considerado por analistas a terceira via.
Dentro do PSDB, a principal crítica
dirigida a Doria seria a de que ele não é um político agregador. O governador
não gosta de falar sobre isso, mas, no Palácio dos Bandeirantes, sede do
governo de São Paulo e da residência oficial do governador, sabe-se que ele
considera essa a mais falsa das teses que seus colegas de partido criam para
defini-lo de maneira pejorativa.
“Como alguém pode não ser agregador e ter
Henrique Meirelles, que é de outro partido, no seu governo? Rodrigo Maia, por
exemplo? E Rossieli Soares, que veio para o governo assumir a área de educação?
Sérgio Sá Leitão veio para cultura. O Vinicius Lumertz, que era de outro
partido, e veio cuidar da área de turismo? O vice-governador Rodrigo Garcia era
do DEM, mas transferiu-se para o PSDB. É candidatíssimo à sucessão em São
Paulo”, desabafa Doria.
“Para complementar, temos 13 partidos na
base aliada de apoio ao governo na assembleia legislativa de São Paulo,
incluindo o PL, o PP e o Republicanos. E não tem nada de espúrio, até porque se
houvesse a mídia já saberia, os tribunais de contas saberiam, o Ministério
Público, o Tribunal de Justiça etc. Foram três anos de governo sem nenhum
escândalo, nenhuma investigação, nada. É possível fazer a política de pratos
limpos, a política republicana”, diz Doria.
A seguir, os principais trechos da
entrevista.