sábado, 17 de julho de 2021

Bolívar Lamounier* - Muito cedo para bater bumbo

 

O Estado de S. Paulo

Pelas condições de vida, somos um país paupérrimo e obscenamente desigual

A indagação que paira sobre as nossas cabeças é se o nosso trenzinho caipira começou, finalmente, a subir a serra, ou se prossegue em seu patético desnorteio, descambando rumo ao abismo.

As últimas semanas trouxeram duas notícias alvissareiras. Primeiro, a de que o impulso do agronegócio tende a dinamizar o crescimento econômico nos próximos meses, a ponto até, quem sabe, de estimular a entrada de investimentos estrangeiros. Segundo, a última pesquisa eleitoral do Datafolha ofereceu claras indicações de que as urnas mandarão o sr. Jair Bolsonaro de volta ao lugar de onde nunca devia ter saído.

Chamar de “trenzinho caipira” um país com um agronegócio poderoso pode soar como um atrevimento. É como chamar de “carroça” a nona ou décima maior economia do mundo. Pelo critério do volume absoluto, não há dúvida, podemos sair por aí batendo nosso bumbo caipira. Mas em seguida precisamos examinar a renda anual por habitante, a catastrófica situação do nosso sistema de ensino, o desempenho de, no mínimo, 30% dos indivíduos com mais de 15 anos, já praticamente vitimados pela sentença de morte do analfabetismo funcional. No tocante ao saneamento – e não precisamos retomar aqui o tema da covid-19 –, sabemos que quase metade dos domicílios continua sem ligação com a coleta pública de esgotos.

Ou seja, pelo ângulo das condições de vida, não há o que discutir. Somos um país paupérrimo e obscenamente desigual.

João Gabriel de Lima - Um ataque infame e uma herança perversa

O Estado de S. Paulo

Mito da ‘democracia racial’, como todo mito, é construção sem base na realidade

A final da copa europeia de seleções, entre Itália e Inglaterra, foi uma partida eletrizante, cuja transmissão bateu recordes de audiência no mundo inteiro. Será lembrada no futuro não apenas pelo caráter épico, mas também por um episódio infame: os ataques racistas aos três jogadores britânicos que não converteram suas cobranças na decisão por pênaltis.

Os episódios de racismo se tornaram tristemente comuns no futebol europeu. Em protesto contra eles, jogadores de quase todas as seleções se ajoelharam antes das partidas da Euro. As ofensas de alguns torcedores ingleses, nas redes sociais, contra os craques Saka, Sancho e Rashford foram – não poderia ser diferente – condenadas com veemência pelo primeiro-ministro Boris Johnson, pelo prefeito de Londres, Sadiq Khan, e pelo príncipe William. Crimes que são, devem ser investigadas e punidas.

Adriana Fernandes – Às favas com o eleitor

O Estado de S. Paulo

Os líderes do Centrão subiram o sarrafo ao patrocinarem a escandalosa e pouco transparente votação de R$ 5,7 bilhões para o fundo eleitoral em plena pandemia da covid-19. A maioria dos partidos apoiou a manobra para garantir esses recursos, numa votação sem que o placar identificasse os nomes a favor e contra.

Mandaram às favas as pressões e as críticas à destinação dessa montanha de dinheiro para o financiamento das campanhas dos partidos e, de quebra, prejudicaram investimentos nos Estados.

A verba para o fundo eleitoral vai sair justamente do espaço do Orçamento destinado ao pagamento de emendas de bancadas. Esse tipo de emenda prevista no Orçamento, pelo menos em tese, permite que os parlamentares de um mesmo Estado, ainda que de partidos diferentes, se juntem para apoiar projetos mais estruturantes para as suas localidades, como, por exemplo, uma obra de uma importante rodovia estadual.

Essa dimensão do gasto é importante porque a maioria dos líderes do Centrão é de oposição aos atuais governadores, sobretudo no Nordeste e no Norte. Eles não têm, portanto, nenhum interesse em favorecer obras em ano eleitoral que possam beneficiar governadores que são seus adversários.

Cristovam Buarque* - Chuva e fogo

Blog do Noblat / Metrópoles

A tragédia do aquecimento global é planetária, mas a política é nacional

A Europa está debaixo d’água e a América do Norte queimando. A comunidade científica afirma que estas tragédias eram anunciadas e resultado das mudanças climáticas, provocando aquecimentos e frios extremos. Os prejuízos aparecem de imediato, com mortes, destruição de propriedades, desarticulação da vida social e econômica. As consequências serão ainda mais dramáticas nos anos que virão, com elevação do nível do mar, desagregação da agricultura, migrações em massa. Alguns projetam inclusive uma desorganização de toda a civilização. Mesmo assim, nada indica que a humanidade vai conseguir evitar o desastre ecológico, apesar de visível. O problema é que a tragédia é planetária, mas a política é nacional. Tudo indica que a democracia nacional não será capaz de lidar com o problema ambiental. A democracia elege seus dirigentes por eleitores individuais, prisioneiros de interesses imediatos e locais, dificilmente os eleitores vão apoiar mudanças nos padrões de consumo a que os ricos estão acostumados e os pobres desejosos, nem aceitar aumentos de custos e preços.

Em uma reunião sobre mudanças climáticas, para mostrar as dificuldades políticas, o presidente Obama disse que não há presidente nem congresso do Mundo. Cada político tem de atender às necessidades imediatas de seu povo, e não as necessidades de longo prazo da humanidade inteira. Quando falou, parecia adivinhar que assinaria o acordo de Paris para enfrentar as mudanças climáticas e o seu sucessor se retiraria do acordo criado.

Ricardo Noblat - A mosca azul pousou na cabeça de Pacheco, presidente do Senado

Blog do Noblat / Metrópoles

Ele começa a ceder à tentação de ser candidato à vaga de Bolsonaro

Para quem não completou 45 anos, nasceu em Rondônia, estado com apenas 1,1 milhão de eleitores, foi deputado federal só uma vez por Minas Gerais e é senador de primeiro mandato, Rodrigo Pacheco está com tudo, inclusive uma boa prosa.

Eleito senador em 2018, presidente do Senado há cinco meses, já não esconde que cedeu às pressões de Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, e admite ser candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Kassab é também presidente do PSD.

Pacheco (DEM) deve sua eleição a presidente do Senado ao apoio de Bolsonaro, mas devagar começa a distanciar-se dele. Enquanto Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, calou-se, Pacheco reagiu à ameaça de Bolsonaro de cancelar as próximas eleições.

Ele anda dizendo que qualquer risco à democracia deve ser “eternamente vigiado”, e embora evite criticar o presidente da República, definiu sua ameaça “como infeliz”, e espera que seja retificada. É pouco? É o jeito de ser cauteloso de Pacheco.

Vera Magalhães - A dificuldade de Bolsonaro para vetar o fundão eleitoral

O Globo

Duas versões de Jair Bolsonaro devem ser colocadas em conflito quando o presidente deixar o hospital e se aproximar o momento de tomar uma decisão: vetar ou não o fundão eleitoral de R$ 5,7 bilhões colocado pelos deputados e senadores na Lei de Dietrizes Orçamentárias.

O velho Bolsonaro, aquele que fez campanha franciscana e fez disso um diferencial, que se elegeu presidente por um partido nanico e sem tempo de TV, vetaria o maná eleitoral na hora, fazendo discurso de que tinha colocado fim à mamata e que a velha política não tinha mais vez na nova era, representada por ele.

Já o novo Jair depende umbilicalmente do Centrão para sobreviver aos pedidos de impeachment que se avolumam na gaveta de Arthur Lira e que ameaçam seu sossego até o fim do mandato, no ano que vem. Essa dependência fez com que os partidos do bloco, os mesmos que trataram de engordar o caixa financiador das eleições, ocupassem cargos em todo o governo e passassem a controlar, via emendas do relator (o Orçamento secreto), gordas fatias do dinheiro público.

Carlos Goes - Embargo brasileiro

O Globo

Falta a alguns perceberem que o auto-imposto embargo brasileiro tem consequências reais sobre o nosso bem-estar

Os diversos protestos contra a ditadura cubana que eclodiram pela Ilha trouxeram ao centro do debate o papel do embargo americano na perene crise de escassez que o país caribenho enfrenta. O que talvez surpreenda o leitor é saber que, mesmo com o embargo, Cuba comercia internacionalmente mais que o Brasil.

Segundo dados do Banco Mundial, na média da década de 2010-19, o país caribenho transacionou internacionalmente 36% de seu PIB, enquanto o Brasil apenas 26%. Algumas características explicam parcialmente essas diferenças.

Países de mercado interno grande, como o Brasil, tendem a comerciar menos com o resto do mundo. Mas o Brasil é um país fechado mesmo quando consideramos suas características particulares.

Nosso nível de comércio é mais baixo que o de países com renda similar ou de população similar à nossa.

É fácil entender porque o embargo prejudica Cuba: ao dificultar o acesso do país a produtos mais baratos, mais variados e de melhor qualidade vindos do exterior, a população tem seu bem estar reduzido.

Pablo Ortellado - O QAnon de Bolsonaro

O Globo

Círculos trumpistas nos Estados Unidos difundiram a teoria da conspiração de que democratas, empresários e artistas estariam envolvidos numa ampla rede de tráfico de crianças para cometer canibalismo e pedofilia. Donald Trump teria descoberto o complô e estaria secretamente trabalhando para denunciar e prender os responsáveis.

A tese estapafúrdia foi exposta num fórum de internet anônimo por alguém que dizia ser um funcionário público de alto nível e que adotava o pseudônimo QAnon.

De maneira semelhante, círculos bolsonaristas começaram a difundir nas últimas semanas uma teoria da conspiração tão desvairada quanto a de QAnon. Receberam a adesão de ninguém menos que o próprio presidente Jair Bolsonaro.

A teoria diz que um ex-dirigente do PT, treinado em Cuba, teria conseguido provas do envolvimento de um ministro do Supremo com um famoso estuprador em atividades sexuais impróprias e que, com base nessas provas, estaria chantageando o ministro para conceder decisões favoráveis ao PT e fraudar as eleições de 2022. A tese, obviamente, não tem pé nem cabeça.

Carlos Alberto Sardenberg - Só faltam Cuba e Coreia do Norte

O Globo

Do final dos anos 1980 e ao longo dos 90, os países socialistas ou comunistas caíram no capitalismo, exceto dois, Cuba e Coreia do Norte.

A História mostrou três tipos de transição. O primeiro modelo é o chinês. Também o mais antigo. Dez anos antes da queda do Muro de Berlim, Deng Xiaoping iniciava as reformas econômicas, depois copiadas pelo Vietnã.

Nesse modelo, o Partido Comunista comanda a introdução dos grandes investimentos privados estrangeiros. É um passo obrigatório para países sem capital, sem tecnologia e infraestrutura, e também, naturalmente, sem empreendedores privados nacionais. Estes acabam aparecendo no decorrer do tempo, formando-se uma combinação entre empresas nacionais e estrangeiras. É nesse nível, da competição entre grandes multinacionais, que se dá hoje a disputa geopolítica entre Estados Unidos e China.

Até aqui, a coisa está funcionando, quando se consideram os indicadores econômicos. Há forte crescimento da produção, da renda e do emprego. Sem liberdades, a não ser a de abrir um negócio.

Ascânio Seleme - Presidência é destino

O Globo

Com a CPI da Covid avançando e dominando o debate nas redes sociais, começam a aparecer novos aspirantes para a vaga de Bolsonaro

Basta que alguma luz seja jogada sobre um político ou um homem público para ele logo ser considerado candidato a presidente da República. Sempre foi assim no Brasil. Os exemplos mais recentes foram Joaquim Barbosa e Sergio Moro. Os dois protagonizaram alguns dos momentos mais turbulentos da História política nacional. Barbosa foi o ministro do Supremo Tribunal Federal que relatou o mensalão e Moro, o juiz da Lava-Jato. O primeiro não se deixou picar pela mosca azul, aposentou-se e virou pessoa privada. O comportamento do segundo dispensa comentário.

Por um simples discurso, o senador Rodrigo Pacheco chegou a ser apontado para o cargo. Ao tomar posse na presidência do Senado, Pacheco falou como se fosse um homem livre, independente, que não sofria influência de Bolsonaro. Não era bem assim, como se viu logo depois, mas enganou até alguns analistas que viram no moço um nome com potencial para 2022. Murchou em poucos meses. Alguns, como Moro e Pacheco, entram na onda e estimulam a fofoca em torno de seus nomes. Outros, como Barbosa, não caem na lorota histórica e seguem seu próprio roteiro. Estes normalmente acabam sendo mais felizes.

Agora, com a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid ocupando os principais horários de TVs e rádios, as primeiras páginas de jornais e o debate de redes sociais, começam a aparecer novos aspirantes para a vaga de Bolsonaro. Pelo menos dois já foram lançados: o presidente da CPI, Omar Aziz, e um de seus membros, o médico baiano Otto Alencar. Os dois exercem muito bem os seus papéis na CPI. Aziz foi uma boa novidade que pegou de surpresa todo o país. De repente, apareceu aos olhos da nação um homem aparentemente íntegro, falando com a linguagem popular que as pessoas das ruas entendem e apontando para o lado correto da história.

Oscar Vilhena Vieira* - Sem armas no salão

Folha de S. Paulo

Jogo democrático não comporta a interferência das classes armadas

As Forças Armadas cumprem um papel relevante em um mundo composto de nações nem sempre amistosas. O fato de deterem o monopólio da violência, no entanto, impõe que se abstenham do jogo político. Nas democracias, esse jogo deve se dar apenas entre cidadãos, setores e instituições desarmadas, dispostas a resolver os seus conflitos por intermédio do voto e da lei, inclusive para punir jogadores incompetentes, arbitrários ou corruptos. A presença de armas subverte essa lógica.

Essa foi a postura da cúpula das Forças Armadas norte-americanas, encabeçadas pelo general Mark Milley, ao se recusar a aderir aos delírios antidemocráticos de Trump e seus apoiadores, após a vitória de Joe Biden, assim como ao se negar a empregar suas tropas para reprimir protestos resultantes do assassinato de George Floyd. É o que revela o livro “I Alone Can Fix It” (sozinho eu consigo consertar), de Carol Leonnig e Philip Rucker, que acaba de ser publicado pela Penguin.

Hélio Schwartsman - Vocabulário presidencial

Folha de S. Paulo

O rico vocabulário presidencial enseja reflexões

 “Caguei para a CPI, não vou responder nada”. O rico vocabulário presidencial enseja reflexões. O mais óbvio aqui seria tentar mostrar como o mandatário máximo se vale dos palavrões para provocar conflito, uma das múltiplas funções dos “maledicta”. Mas, como já fiz algo parecido não muito tempo atrás, ao comentar a exuberância discursiva de Olavo de Carvalho, hoje proponho que discutamos o papel da polidez.

A polidez ou cortesia é a resposta, não necessariamente brilhante, que nossa espécie encontrou para certas contradições da vida social. Como ensina Pinker, se eu desejo algo de alguém que não é meu subordinado, preciso, antes de tudo, conquistar sua boa vontade. Fazer um pedido que soe como uma ordem é péssima ideia. Não só reduz a chance de eu obter o que quero como ainda traz o risco de eu ser mal interpretado, dando início a uma briga da qual posso sair ferido ou morto.

Cristina Serra - O voto evangélico e o STF

Folha de S. Paulo

Religião não pode ser critério para ocupação de nenhuma função pública

Na sessão de abril passado em que o Supremo Tribunal Federal, acertadamente, manteve o fechamento temporário de templos religiosos, o Brasil estava no pior momento da pandemia. Apesar disso, o advogado-geral da União, André Mendonça, que é pastor evangélico, defendeu a reabertura das igrejas em nome da liberdade de religião.

O argumento era uma falsidade. O que estava em questão era a defesa da vida e da saúde dos brasileiros. Assistindo à sua arguição, tive a impressão de estar em uma teocracia. Em 15 minutos, ele falou mais de 40 vezes em Deus, cristãos, cristianismo e termos afins.

Com a indicação de Mendonça ao Supremo, Bolsonaro atende a um setor que foi decisivo para a sua eleição em 2018 e que não para de crescer. Segundo projeções do doutor em demografia José Eustáquio Diniz Alves, o Brasil vive um momento de "transição religiosa", com o declínio de católicos e a ascensão de evangélicos se acentuando.

Alvaro Costa e Silva - Nos país dos facilitadores

Folha de S. Paulo

Qualquer pessoa mais ou menos informada ia desconfiar de mutreta na oferta de vacinas; menos a cúpula do Ministério da Saúde

A República da Bruzundanga moderniza-se. Sai de cena o zangão —aquele falso despachante que vivia rondando cartórios e usava bigode e costeleta, camisa florida, sapato branco sem meia e capanga embaixo das axilas— e entra o facilitador. Este, obrigatoriamente, veste-se e comporta-se como se tivesse chegado ontem de Miami.

É um tipo limpinho e sorridente. Em sites especializados, a definição do que ele faz é um primor de vigarice e, como convém aos novos tempos, de português mal traduzido do inglês: "Alguém que ajuda um grupo de pessoas a compreender os seus objetivos comuns, auxiliando-os a planejar como alcançar estes objetivos".

Demétrio Magnoli - Segredo de Cuba está no sistema totalitário

Folha de S. Paulo

Ditaduras desse tipo operam a repressão de dentro, por meio do Partido-Estado

ditadura castrista completou 62 anos e, há duas décadas, resiste à implosão da URSS. No Brasil, o regime militar perdurou por 21 anos; no Chile, a tirania de Pinochet prolongou-se por 17; na Argentina, a ditadura militar durou quase oito anos. Qual é o segredo da longevidade do castrismo?

A vontade do povo? O cínico argumento, repetido como mantra pelo PT e pelo PSOL, pode ser rebatido pela prosaica constatação de que ao povo cubano não se dá o direito de opinar em eleições livres. Mas, sobretudo, ele descerra uma pungente duplicidade moral, pois a lógica exigiria estendê-lo ao Brasil e concluir que a ditadura militar —com seu cortejo de repressão e tortura— teria representado a vontade do povo entre 1964 e 1985.

O regime cubano beneficiou-se de vantagens circunstanciais. Na Guerra Fria, Cuba foi largamente financiada pela URSS. Em contraste, a ditadura argentina perdeu seu reduzido lastro externo na Guerra das Malvinas (1982) e os regimes ditatoriais no Brasil e no Chile enfrentaram pressões pela abertura desde a posse de Jimmy Carter nos EUA, em 1977.

Marcus Pestana* - Voo de águia ou de galinha?

Certa vez um grande líder político, observando a crise da socialdemocracia alemã no início do século XX e o papel de Rosa Luxemburgo, comentou: “As águias podem momentaneamente voar abaixo das galinhas, as galinhas, porém, jamais alcançarão a altura do voo das águias”.

O crescimento econômico é essencial para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Isto depende de muitas variáveis: recursos naturais, recursos humanos qualificados, capacidade empresarial, qualidade na educação, integração com as cadeias produtivas globais, ambiente inovador, estabilidade institucional. A política econômica pode muito, mas não pode tudo. O Estado, a partir dos anos de 1930, assumiu grande protagonismo no Brasil e no mundo. E seu papel se expressa através da política econômica combinando ferramentas fiscais, monetárias, creditícias e cambiais.

George Gurgel de Oliveira* O Brasil e a América Latina: os 200 anos após a independência das monarquias espanhola e portuguesa. Desafios atuais e perspectivas

A Mesa redonda online promovida pela APURAPERU, no último dia 10 de julho, culminou em um processo de discussão, que se iniciou nas duas mesas anteriores dos dias 26 de junho e 3 de julho passado e que possibilitou um panorama da realidade histórica e atual da América Latina, particularmente do Peru, México, Panamá e Brasil.

O que avançamos como República, nos últimos 200 anos, nos diversos países do continente depois da libertação colonial?

Quais os desafios históricos e atuais dos países latino-americanos frente à pandemia e aos cenários possíveis pós pandemia? 

Foram estas as questões discutidas e avaliadas nessas mesas redondas acima mencionadas e que estão disponíveis em WW.facebook.com/apuraperu/videos.

O texto a seguir apresentado na última mesa redonda do dia 10 de julho passado destaca a realidade brasileira em perspectiva, considerando os desafios a serem enfrentados pelo Brasil no caminho da sustentabilidade política, econômica, social e ambiental.

O que a mídia pensa: Opiniões / Editoriais

 

EDITORIAIS

Terra arrasada

O Estado de S. Paulo

O Brasil, guardião do maior bioma tropical do mundo e a caminho de se tornar o principal exportador agrícola, tem uma legislação ambiental exemplar e reúne as condições para ser uma liderança no desenvolvimento ambientalmente sustentável. Mas, apesar das juras protocolares do presidente Jair Bolsonaro na cúpula ambiental promovida em abril pelo presidente norte-americano, Joe Biden, não há sinal de que o seu governo pretende rever sua hostilidade à causa ambiental. 

Após a saída desonrosa do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, suspeito de integrar um esquema de exportação de madeira ilegal, o novo ministro, Joaquim Leite, tem ao menos a vantagem de ser mais discreto. Mas talvez seja até demais. Ele ainda está a dever um plano de ação para reverter a escalada do desmatamento. A Conferência do Clima da ONU (COP 26), em novembro, será decisiva para a agenda ambiental global e, logo, para os destinos do Brasil. O ministro precisará de muito mais que discrição para apresentar resultados consistentes e compromissos convincentes.

Poesia| Alcides Ribeiro Soares - Liberdade, igualdade, justiça social, democracia, paz mundial e amizade entre os povos

Lutemos pacificamente,

Buscando do povo a união.

Esta é uma via mui potente

Para derrotar a opressão.

Lutemos com convicção.

A tempestade vai passar

Cessará o relamptrovão

Música | Teresa Cristina - Pra que mentir