O Estado de S. Paulo.
Apenas com uma democracia revigorada será possível pensar em um Estado que defina políticas estratégicas para o País
O ano novo veio à luz carregando um fardo
de problemas para os brasileiros. Era de esperar.
A variante Ômicron da covid fez a pandemia
repicar, embalada pelo réveillon e por sua própria ferocidade. Acredita-se que
o pior pode ter passado, mas o que restou ainda é ameaçador. O recrudescimento
viral é preocupante. Tocar a vida com menos medo e mais segurança, seja em que
área for, parece ter se tornado uma das principais aspirações de 2022.
O repique pandêmico escancara a
incapacidade do governo brasileiro de responder aos efeitos do vírus. Por
tática ou burrice, o governo olha a pandemia com desdém. Alguma coisa acontece,
porém, graças à pressão de prefeitos e governadores, da opinião pública, de
agências e instituições estatais. A intenção governamental não é cuidar, mas tumultuar.
Sua atuação é pilotada por um Marcelo Queiroga desprovido de autonomia, postura
cívica e perfil público. Prolonga-se o desastre.
Some-se a isso a desorientação governamental em política econômica. Inflação, desemprego e baixa atividade produtiva combinam-se com a falta de critérios fiscais e tributários, com os ataques estapafúrdios ao teto de gastos e a distribuição de benesses a amigos e aliados. O cenário é preocupante pelos efeitos de curto prazo e para o que virá à frente: quanto mais tempo se perder, mais difícil será a retomada a partir de 2023, efeito bola de neve fácil de prever.