Por Fabio Murakawa e Vandson Lima – Valor Econômico
BRASÍLIA - Com 53 votos, quatro a mais que o necessário, o Senado aprovou ontem, em caráter definitivo, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que institui, por 20 anos, um teto para o gasto primário (que não inclui a despesa com juros da dívida) da União. O teto impedirá que, a partir do próximo ano, a despesa federal total, incluindo a do Congresso e a do Poder Judiciário, suba acima da variação da inflação. A partir do 10º ano, o limite poderá ser alterado pelo presidente da República, por meio de lei complementar.
A aprovação da PEC 55 é a principal vitória política obtida pelo governo Temer até agora. A folgada maioria obtida nas votações anteriores não se repetiu ontem. Na votação em primeiro turno no Senado, há duas semanas, a PEC teve 61 votos favoráveis e apenas 14 contrários. Ontem, 16 senadores votaram contra. Lideranças governistas explicaram que, na verdade, o governo perdeu apenas um voto - o do senador Dário Berger (PMDB-SC), que votou a favor da PEC no primeiro turno.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu acelerar os trabalhos para garantir que a votação ocorresse antes das manifestações promovidas ontem contra a PEC - o prédio da Fiesp, na capital paulista, foi alvo de invasão e depredação. Por causa dessa estratégia, oito senadores governistas não conseguiram comparecer à sessão.
Renan prometeu promulgar a emenda amanhã. O teto corresponderá aos gastos efetivamente ocorridos em 2016, corrigidos pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De acordo com o parecer do relator, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), ficaram excluídos dos limites da PEC os gastos decorrentes de transferências constitucionais da União para Estados e municípios; créditos extraordinários para despesas imprevisíveis e urgentes, como guerras, comoção interna ou calamidade pública; despesas da Justiça Eleitoral; e dispêndios com capitalização de empresas estatais não dependentes do Tesouro Nacional.
PEC dos gastos será promulgada amanhã
Com apenas quatro votos a mais que o necessário, o Senado aprovou ontem, em definitivo, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que cria o novo regime fiscal e impõe um limite aos gastos primários da União.