quarta-feira, 15 de maio de 2013

OPINIÃO DO DIA - Massimo D’Alema: por um novo Welfare State que tenha no centro a cultura

"Estamos imersos nessa fase histórica e diante de nós – antes de tudo, diante da esquerda – se coloca uma grande pergunta cultural: devemos ler também essa passagem histórica com as lentes de Gramsci? Se pensarmos essa grande mudança em termos dogmáticos, surge diante de nós uma situação sem saída: o fim do fordismo é o fim geral do socialismo, seja na forma do movimento comunista, seja na forma do Welfare e do reformismo nacional. É o advento de um pensamento único, de um liberalismo absoluto, alheio a qualquer ordenamento político. Essa visão é sustentada não apenas pelos profetas da nova direita, mas também, no campo da esquerda, existem aqueles segundo os quais o fim do fordismo assinala inexoravelmente o declínio da esquerda, de suas idéias, de seus valores e, conseqüentemente, não restaria outra opção senão a de resistir à transformação, tornando-se assim uma força conservadora, estacionária, destinada com o tempo a ceder diante das razões prepotentes da inovação e da modernidade.

Mas se, ao invés, lermos a “grande transformação” à maneira de Gramsci, com os instrumentos conceituais que ele nos deixou, veremos esta fase de mudanças como uma fase cujo desfecho está ligado à ação das forças históricas em campo. A palavra-chave é “cultura”. Em vez de defender de maneira rígida as velhas formas de proteção social ligadas ao Welfare State nacional, uma esquerda moderna deve pôr em discussão o problema de um Welfare, que tenha no centro a cultura, a formação, a educação permanente dos indivíduos: condições para que o processo inovativo não empurre as pessoas para as margens, mas ofereça-lhes a possibilidade de viver melhor e de realizar plenamente a própria personalidade."

Cf. Massimo D’ Alema’, Que herege era aquele Gramsci liberal, Estado de São Paulo, 30 de agosto de 1997.

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Modernização dos portos: Governo aprova base da reforma, mas MP pode cair
Direitos iguais: Casamento entre gays terá registro
Estrangeiros de volta: Leilão de petróleo bate recorde
Floresta em perigo: Senado libera cana na Amazônia

FOLHA DE S. PAULO
Governo aprova texto principal da MP dos Portos
Leilão de áreas de petróleo rende R$ 2,8 bi e bate recorde
Cartórios terão de reconhecer casamento gay
Julgamento do caso Dorothy Stang é anulado

O ESTADO DE S. PAULO
Câmara aprova texto-base da MP dos Portos após acordos
Leilão da ANP arrecada R$ 2,8 bi e bate recorde
Cartório terá de fazer casamento entre gays
PT fechou 2012 com superávit de R$ 8,4 mi

VALOR ECONÔMICO
Leilão atrai investimentos de R$ 7 bilhões em petróleo
Governo tem vitória na MP dos Portos
O rendimento das reservas do BC

BRASIL ECONÔMICO
Pequenas notáveis
MP dos Portos : Votação vira uma novela sem fim na Câmara
Cepal
Minérios

ESTADO DE MINAS
Nem todas podem ser Angelina
Escravos do carvão são libertados em fazenda de Minas
Cartório não poderá rejeitar casamento gay
Cancelados 1,3 milhão de títulos de eleitor no país
Retomada de leilão para exploração bate recorde

O TEMPO (MG)
Henrique Alves convoca sessão extraordinária para concluir votação da MP dos Portos
Senado marca para esta quarta-feira sessão para leitura da MP dos Portos
PSDB quer CPI para apurar denúncias de Garotinho sobre MP dos Portos
Aumenta pressão sobre Lacerda

CORREIO BRAZILIENSE
Elogios para o Mané, ameaças ao Itaquerão
Agora, gays já podem se casar no papel
Recordes no leilão de petróleo
Câmara aprova texto base da MP dos Portos

GAZETA DO POVO (PR)
Deputados aprovam texto principal da MP dos Portos
Leilão de gás e petróleo rende R$ 2,8 bi à ANP
A escolha de Angelina
Garotos inflacionam a seleção da Copa das Confederações
Atropelamento é o que mais mata no trânsito
Líder de Richa confirma novos pedágios no PR
Itaú compra a Credicard por R$ 2,7 bilhões

ZERO HORA (RS)
“Imaginem como seria o país sem o PT”, diz Lula
Igualdade: Cartórios terão de registrar casamento gay
Golpe no crime: PF prende quadrilha que torturava vítimas

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Exploração de petróleo ganha força no Estado
Reitor da UFPE quer o Enem só para 1ª fase
Votação confusa aprova texto-base da MP dos Portos

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do País

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Campos faz recuo tático para evitar ataques

Natuza Nery, Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), trocou a superexposição dos últimos meses por articulações de bastidores. Mas não alterou seu propósito de rivalizar com a presidente Dilma Rousseff.

Para evitar ser um alvo prematuro de petistas, como já vinha ocorrendo, Campos mudou de tática. Fez um recuo temporário. Está mais reservado. Fala menos sobre sua disposição de concorrer ao Palácio do Planalto no ano que vem.

Assim, calcula um aliado, evita a ruptura com o governo antes da hora. Não espanta correligionários contrários a um voo solo e semeia a dúvida no PT sobre a conveniência de tratá-lo, desde já, como adversário.

"Minha estratégia é o tempo", repete o governador.

Eduardo Campos passou o primeiro trimestre desfilando em carro alegórico. Apontou defeitos no governo e convenceu até mesmo os mais incrédulos sobre seu desejo de se lançar à Presidência.

O movimento acabou atraindo reações, o que levou o governador a optar por um recuo tático e a preferir um figurino mais moderado.

Segundo a Folha apurou, buscará manter cautela até o dia 4 de outubro, limite para mudanças de partido por políticos interessados em concorrer no ano que vem.

O Rio de Janeiro é dado como exemplo. Lá, se o PT decidir apoiar o candidato do PMDB, Eduardo Campos buscará o petista Lindbergh Farias para lançá-lo ao posto pelas mãos do PSB. Se isso não ocorrer, tentará um palanque pelo PMDB.

Outubro marca o fim do prazo para a temporada dos ataques especulativos. Até lá, estrategistas do governador esperam que ele pontue cerca de 10% nas sondagens eleitorais. Em pesquisa feita há um mês por Diego Brandy, seu guru na área, Campos teria oscilado de 4% a 7% em quatro Estados: São Paulo, Rio, Minas e Bahia.

Em julho, o PSB fará uma reunião da sua Executiva Nacional. Campos, também presidente do partido, lembrará a todos o processo de definição da legenda em outras corridas para o Planalto. Em todas, o apoio só foi fechado no fim do primeiro trimestre do ano eleitoral. Ou seja: ele só se lançará oficialmente em março do ano que vem.

O pessebista tem esperanças de construir uma candidatura com partidos mais à esquerda. Mas no seu entorno há também defensores de ter o DEM numa aliança.

A Folha apurou que o objetivo central do PSB para tentar chegar ao segundo turno em 2014 é ter ao menos cinco minutos de tempo de TV.

Campos tem mantido ativa sua agenda de contatos. Ontem, esteve com Marina Silva. Assinou uma ficha de apoio à criação do partido Rede. Convém a ele assegurar o maior número de concorrentes ano que vem.

Também almoçou com Gilberto Kassab, do PSD. Ambos combinaram ser aliados em Pernambuco, embora em lados opostos no plano nacional -Kassab deve dar seu tempo de TV para Dilma.

Fonte: Folha de S. Paulo

Em discurso, o tom nacional de Eduardo

2014 Se preferiu não conceder entrevista após encontros com Marina Silva e Kassab, ontem, governador voltou a ensaiar discurso de candidato ao empossar novo secretário

Gabriela López

O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) ensaiou mais um discurso de candidato, ontem, durante a cerimônia de posse do novo secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Aldo Santos, na sede provisória do governo. Ao nomear o então secretário executivo de Agricultura Familiar, o socialista avaliou que o Brasil precisa "apostar" neste segmento rural "para gerar emprego, conter a inflação, dinamizar a economia" e enfrentar a crise financeira mundial.

"No primeiro momento (da crise) a economia foi dinamizada por conquistas que não temos como repetir. Não temos como repetir 20 milhões de emprego, uma rede de proteção que foi construída nos últimos dez anos, ganhos reais no salário mínimo e na aposentadoria rural. Não temos como repetir o plus na Loas (Lei Orgânica da Assistência Social), como foi feito nos últimos anos", observou.

o governador cobrou mais recursos para a reforma agrária e para a consolidação dos assentamentos. "Às vezes, são os poucos recursos que tornam os assentamentos pouco produtivos", disse, destacando a necessidade de discutir o planejamento do desenvolvimento econômico do campo.

"Temos que cuidar do que não foi feito no passado, mas também pensar nas ações que possam garantir um futuro mais equilibrado para o Nordeste", continuou, mencionando a crise nas pequenas e médias propriedades rurais.

Projetando um voo nacional descolado da base da presidente Dilma Rousseff (PT), Eduardo tem feito críticas ao governo federal, principalmente nos aspectos econômicos.

Na cerimônia, o novo secretário prometeu universalizar o acesso à água para todas as famílias do meio rural até 2014 (leia mais em Economia). Aldo Santos substitui Ranilson Ramos, que assume vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Eduardo Campos destacou no discurso que seu ex-secretário, após experiências no enfrentamento à seca, "vai aproximar o mundo do controle ao mundo onde as pessoas vivem".

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Marina, Kassab e a esfinge Eduardo

Após reuniões separadas com o governador, ex-ministra e dirigente nacional do PSD demonstraram não saber se Eduardo será mesmo candidato ao Planalto

Carolina Albuquerque

Freando as viagens pelo País, o governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) tem recebido lideranças políticas no seu próprio gabinete. Ontem, foram logo duas. Primeiro, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, a quem prestou ajuda fundamental para viabilização do PSD, em 2011. Por último, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que está no Recife para divulgar o seu novo partido, o Rede de Sustentabilidade. Após o encontro, os dois saíram com impressões semelhantes acerca do vôo nacional do governador. "Não sei necessariamente se ele já se lançou (candidato)", confessou Marina. Após os dois encontros, Eduardo não se pronunciou.

A entrevista aconteceu na entrada da sede provisória do governo do Estado, no Centro de Convenções, logo após o encontro com o governador, que durou uns 50 minutos. Ao final, Marina exibiu a ficha de apoio ao Rede, assinada por Eduardo. Refutando a especulação de que a conversa tenha sido norteada por 2014, Marina criticou a aprovação, na Câmara Federal, do projeto que restringe o tempo de TV e rádio para novos partidos, chamado-o de antidemocrático e casuísticos.

"Isso só aumentou a solidariedade da população. As pessoas veem dois pesos e duas medidas. Para o partido do Kassab, não foram criados esses obstáculos e para o Rede está sendo criado", alfinetou.

Embora revele que não vê a postulação à presidência de Eduardo, Marina disse ser legítima. "Sou da filosofia de que quanto mais estrelas no céu, mais claro é o caminho", poetizou a ex-ministra. Porém, sacramentou que os dois percorrem "percursos diferentes". Em pleno ano pré-eleitoral, quando as articulações políticas começam a se formar visando, principalmente, palanques e tempo de TV, ela criticou o alinhamento pragmático. "É preciso que se tenha em vista o programa, a identidade programática, em vez de fazer a junção de água com óleo, visando tempo de TV e o poder pelo poder", disse.

Perguntada se havia alguma semelhança programática entre o PSB de Eduardo e o Rede, saiu-se com essa: "Já perguntou a ele isso?". Colocando o Rede na seara da renovação, Marina criticou a forma como se dá o financiamento de campanha. "O Rede está antecipando aspectos da reforma política. Em vez de ficar só fazendo a critica à falta de financiamento público de campanha, estamos implementando o financiamento popular de campanha", frisou.

Depois de uma bem-sucedida campanha em 2010 a presidente da República, Marina não nega que seja candidata em 2014. "Que é uma possibilidade, é, para quem teve mais de 20 milhões de votos". Porém, esquivou-se de perguntas eleitorais. "Só interessa (a antecipação eleitoral) ao governo, porque, aí, você fica no ruído eleitoral e não discute o que interesse para o País na agenda da economia, da saúde, do desenvolvimento sustentável, da educação. As pessoas querem ver agora os prefeitos trabalhando. Vamos deixar a eleição de 2014 em 2014", desconversou.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Campos recebe Kassab e assina ficha para Marina

Ângela Lacerda

RECIFE - O governador de Pernambuco e possível presidenciável do PSB, Eduardo Campos, assinou ontem a ficha de apoio à criação da Rede Sustentabilidade, partido que está sendo articulado pela ex-senadora Marina Silva. Cumprindo uma agenda de encontros políticos iniciada anteontem, quando se reuniu com o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, Campos recebeu no Recife a ex-senadora e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Após almoçar com o governador, Kassab foi evasivo ao ser questionado sobre acha que Campos continua trabalhando por uma futura candidatura à Presidência ou se recuou da intenção. Nos últimos dias, o governador pernambucano adotou uma postura mais reclusa, evitando a imprensa. "Não me cabe afirmar isso e não abordamos o assunto", afirmou Kassab. "É um direito que ele tem (de disputar a Presidência), ele vai avaliar com calma e avaliar a conveniência."

O ex-prefeito de São Paulo também evitou dizer se havia oficializado ao governador o apoio do PSD ao governo Dilma Rousseff. "Nossa condição é de conhecimento público."

"Casuísmo". Marina se reuniu com Campos no fim da tarde. A ex-senadora disse que no encontro o governador manifestou a solidariedade do PSB em relação ao direito de criação da Rede. Segundo ela, a conversa com Campos girou em torno do "casuísmo" do projeto de lei que inibe a criação de novos partidos. Marina reiterou que entrará com uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal "se o Congresso não corrigir o erro cometido na Câmara Federal".

Uma liminar do ministro Gilmar Mendes interrompeu a tramitação do projeto na Câmara. Anteontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deu parecer favorável à liminar e considerou o projeto de lei inconstitucional.

Fonte: O Estado de S. Paulo

"Repetição não pode ser a lógica", diz Marina em entrevista

Entrevista - Marina Silva

Quatro anos desde a "midiática" ascensão nas eleições presidenciais de 2010, a ex-ministra Marina Silva pouco mudou. Usa o mesmo penteado, veste-se sobriamente, fala calmo. Roda o País em busca de apoio para fundar o Rede Sustentabilidade. Após visita ao governador Eduardo Campos, conversou sobre política, mas não adentrou nas articulações. Contagiou-se com as críticas feitas por Eduardo à política econômica nacional. "Agora tenta se repetir do mesmo. E essa não é a saída".

Jornal do Commercio - Como o Rede tem se articulado?

Marina Silva - Temos recebido solidariedade muito grande. Já temos cerca de 300 mil assinaturas, recolhidas em menos de três meses. A maioria dos partidos levam de oito meses a um ano. Essa mobilização espontânea da sociedade vê no Rede uma possibilidade de renovação e de reencantamento com a política.

JC - E o que tem atrapalhado?

Marina - Temos uma atitude antidemocrática no Congresso de tentar retirar de nós o acesso ao tempo de rádio e TV e o fundo partidário. Mas isso só aumentou a solidariedade. As pessoas veem dois pesos e duas medidas. Para o partido de Kassab (PSD) não foram criados obstáculos. Estamos aí na expectativa do que vai acontecer no Supremo, mas se por ventura o Senado não corrigir os erros cometidos na Câmara, entraremos com uma ação de inconstitucionalidade.

JC - O governador tem feito duras críticas à política nacional de desoneração fiscal. A seca no Nordeste tem levado prefeitos a protestar também contra. Concorda com tais críticas?

Marina - Em 2008, foram tomadas medidas por parte do Governo que deram alguns resultados, mas deram resultados para a eleição de 2010. Agora tenta se repetir o mesmo, tentando criar uma realidade para 2014. Só que o contexto é diferente. Não dá mais para querer sair da crise estimulando apenas o viés do consumo, apostando apenas nas commodities. A repetição do mais do mesmo não pode ser a lógica dos mecanismo de política macroeconômica para sair da crise. Investir em educação, em tecnologia, em ampliação das nossas bases produtivas, esse é o dever de casa. Não adianta estimular o consumo, se a nossa capacidade de consumo está em pleno funcionamento.

JC - O Rede se diferencia dos outros partidos por carregar a bandeira da sustentabilidade?

Marina - Propomos como eixo programático a questão do desevolvimento sustentável, coisa que os partidos tradicionais não tem como plataforma. O PV tem um programa voltado para a sustentabilidade, mas tem um processo que é completamente contraditório. É um partido verticalizado, que não foi capaz de se democratizar. (...) Quisera eu que a presidenta Dilma tivesse cumprido com o documento que assinou que ia vetar qualquer coisa que significasse anistia para desmatadores, que tivesse se opondo hoje ao casuísmo com os índios. Essa é uma luta que não pode ser privatizada, é minha é sua, deveria ser da presidenta.

JC - O que ouviu do governador?

Marina - Que é contra o casuísmo. Que a democracia é um valor e que a gente não pode subordinar os princípios às conjunturas. Os fins não justificam os meios.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

PSDB elege novo presidente e executiva, em Convenção Nacional, dia 18 de maio

BRASÍLIA – Filiados ao PSDB, lideranças nacionais e regionais, governadores, senadores, deputados e prefeitos estarão reunidos em Brasília (DF), no dia 18 de maio, para a XI Convenção Nacional do partido.

Será eleito o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para a presidência do partido, em substituição ao atual presidente, deputado Sérgio Guerra (PE).

A expectativa é que cerca de 1,5 mil convencionais, entre delegados dos estados e do Distrito Federal, deputados federais e senadores e integrantes do atual Diretório Nacional, compareçam ao Centro de Eventos Brasil 21, no Setor Hoteleiro Sul. As atividades começam às 9h e prosseguem até às 14h.

Além do novo presidente tucano, serão escolhidos 236 nomes para o Diretório Nacional, entre 177 titulares e 59 suplentes.

O voto é secreto, registrado por meio de cédula.

Pelo estatuto, somente os filiados há pelo menos seis meses antes da realização da convenção podem votar.

Composição – Além do presidente de honra do partido e de ex-presidentes, a Executiva é composta do presidente, primeiro vice-presidente, quatro vice-presidentes, secretário-geral, primeiro e segundo secretários, tesoureiro e tesoureiro-adjunto, dez vogais, bem como os líderes na Câmara e no Senado e o presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV).

Encerrada a eleição, o presidente, os integrantes do Diretório Nacional e da Executiva tomam posse automaticamente.

O mandato tem duração de dois anos, sendo facultada uma reeleição.

No dia 18, também serão definidos os nomes dos membros do Conselho de Ética e Disciplina, do Conselho Fiscal, do Conselho Político e o presidente do ITV.

Convenção Nacional do PSDB – eleição da Comissão Executiva Nacional
Data: 18 de maio
Horário: das 9h às 14h
Local: Centro de Eventos Brasil 21, (SHS Quadra 6, Lote 1, Conjunto A- ao lado da Torre de TV)

Fonte: Portal do PSDB

Convenção do PSDB

O favorito

O PSDB paulista fará o secretário-geral da Executiva do partido, na convenção de sábado. Por sua ligação com o governador Geraldo Alckmin, o deputado federal Emanuel Fernandes é apontado como provável ocupante da posição.

Uma pedra em cima da divisão

A expectativa dos aecistas é colocar um ponto final na divisão interna com a convenção do PSDB, no sábado. Acreditam que ficará claro para a opinião pública que o partido tem um líder e um candidato, não havendo espaço para a ambiguidade. Dizem que eleito o novo comando, os tucanos vão parar de olhar para o umbigo e se voltar para fora, à sociedade e aos aliados.

Fonte: O Globo / Panorama Político / Ilimar Franco

Candidatura única?... Lula diz que mídia tenta inventar candidato para enfrentar Dilma

PORTO ALEGRE - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff participaram ontem de um seminário do PT em Porto Alegre. No evento, Lula reafirmou a candidatura da petista à reeleição e, sem fazer referência ao governador Eduardo Campos (PSB-PE), declarou que os meios de comunicação agora "começaram a inventar candidato contra ela".

Nos últimos meses, Campos vem emitindo sinais de que poderá ser candidato a presidente em 2014.

Durante o seminário, tanto Dilma quanto Lula disseram que esse sentimento de pessimismo não corresponde à situação real do Brasil.

Segundo Lula, na semana passada, após a exibição do programa do PT, uma rede de TV colocou no ar um jornal "que dava a impressão de que o Brasil tinha acabado. A inflação acabou com o Brasil".

Os discursos otimistas foram feitos em um momento em que o governo enfrenta problemas na relação com a base aliada e sofre críticas à sua política econômica.

"Ao contrário de muitos segmentos no Brasil que fazem papel de pessimistas sistemáticos, especializados em pessimismo, a visão que se tem do Brasil é incrivelmente mais realista", disse Dilma.

Ela rebateu críticas à situação da Petrobras. Segundo a petista, a parceria feita por empresas estrangeiras com a estatal no leilão da Agência Nacional de Petróleo e a captação bilionária feita pela Petrobras no exterior mostram a boa situação da empresa.

Dilma disse ainda que, no segundo semestre, a produção de petróleo irá reequilibrar a balança comercial.

Fonte: Folha de S. Paulo

Ministro deve explicar apuração sobre Rose

Governistas cochilam e Gilberto Carvalho é convidado por comissão do Senado

Júnia Gama, Luiza Damé

BRASÍLIA - A Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle do Senado aprovou ontem um convite para que o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, preste esclarecimentos a respeito de denúncias de que a pasta que comanda teria conduzido investigação paralela à sindicância realizada pela Casa Civil sobre a atuação de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo. O ministro não é obrigado a comparecer.

O requerimento solicitando o depoimento do ministro foi apresentado pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e aprovado por cinco dos oito parlamentares presentes à sessão, devido a um cochilo da base governista.

De acordo com o pedido, o ministro terá de dar explicações sobre a suposta interferência, a pedido da presidente Dilma Rousseff, na apuração conduzida pela Casa Civil, conforme reportagem publicada pela revista "Veja" há duas semanas.

Gilberto contesta denúncia

Gilberto Carvalho disse, por meio da assessoria de imprensa, que considera "natural e democrático" o Congresso pedir esclarecimentos aos ministros de Estado. Afirmou ainda que será uma oportunidade boa para "esclarecer diversas informações falsas e interpretações equivocadas decorrentes da matéria da revista "Veja"".

Segundo a publicação, a Secretaria Geral da Presidência teria solicitado documentos levantados pela Casa Civil e tentado interferir na sindicância interna. Rosemary Noronha, amiga próxima do ex-presidente Lula, foi afastada do escritório após a deflagração da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. Ela é acusada de usar o cargo para tráfico de influência e enriquecimento ilícito.

- É um convite, mas tenho certeza de que ele irá comparecer. Seria, no mínimo, descortês com os senadores recusar um convite para explicar essas denúncias - afirmou Aloysio Nunes.

Fonte: O Globo

PSB busca alianças para 2014

Rosália Rangel, Aline Moura

RECIFE — Nem mesmo a pressão do Palácio do Planalto para evitar que os partidos aliados se afastem do projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) fez com que o governador Eduardo Campos (PSB), potencial adversário da petista, mudasse de estratégia. Apesar da blitz petista, ele trabalha para manter o canal de diálogo com outras legendas da base. Um dia depois de receber o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira, o socialista almoçou, ontem, no Recife, com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. E assinou, horas depois, a ficha de apoio à criação da Rede, durante encontro com a ex-senadora Marina Silva.

Eduardo tem esperanças de atrair partidos que ainda não bateram o martelo no apoio à reeleição de Dilma Rousseff. O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, por exemplo, não nega a gratidão que tem pelo governador, de quem recebeu apoio para fundar o PSD. Ontem, depois de conversar reservadamente com Eduardo Campos, Kassab definiu o encontro como uma “visita de cortesia”. “Praticamente não se falou de política”, despistou.

Questionado sobre as articulações do governador para disputar a Presidência, afirmou que é difícil dizer, agora, se Eduardo será pré-candidato. “O PSB está avaliando o quadro com calma. É um direito que ele tem. Isso é uma questão do PSB”, observou. Sobre a especulação de que teria vindo ao Recife para repassar ao governador o desejo da maioria dos diretórios estaduais de apoiar a reeleição da presidente Dilma, resumiu: “Nossa posição é de conhecimento público. Não falei sobre isso com ele”.

Ligação

Mesmo com cargo no governo Dilma (Secretaria da Micro e Pequena Empresa), a forte ligação do PSD com o PSB permite vislumbrar que os partidos podem estar juntos no futuro. “Existe um interlocução entre o PSD e o PSB. É uma interlocução fácil e de apreço visível. A maioria quer apoiar a reeleição da presidente, mas ainda é um horizonte distante para se falar em aliança para 2014”, comentou o presidente estadual do PSD, André de Paula, deixando claro que essa é uma avaliação pessoal.

Já Marina Silva, que se reuniu por 50 minutos com Eduardo e obteve dele o apoio formal à criação do novo partido, evitou falar sobre alianças futuras. Ressaltou apenas que ambos estão afinados contra a movimentação no Congresso para impedir a criação da Rede, o que os dois chamaram de “casuísmo”.

A ex-senadora também fez críticas à condução da política econômica da presidente Dilma. “Em 2008, foram tomadas medidas por parte do governo que deram muitos resultados. Agora, a realidade é completamente diferente. É o momento de investir em educação, tecnologia, inovação, e na ampliação das nossas bases produtivas”, pontuou.

Fonte: Correio Braziliense

MP Titanic - Denise Rothenburg

Notícias sobre a liberação de emendas parlamentares em troca da votação da MP dos Portos servirão para acelerar a proposta de aprovar a liberação automática desses recursos. Os partidos estão cansados de ficar à mercê da vontade do Planalto

A forma com que o governo negociou a medida provisória que fixou o novo marco regulatório dos portos serviu para acelerar algo que o Planalto não quer ouvir falar: a proposta que torna automática a execução de emendas de deputados e senadores ao Orçamento da União. Assim, na avaliação dos políticos, estaria dispensado esse “apelo” para que os deputados votassem favoravelmente os projetos do Poder Executivo.

O Orçamento impositivo é desejo antigo dos congressistas, mas, dada a falta de recursos para executar tudo e a vontade do Executivo em controlar os gastos — e sua base política — na boca do caixa, esse sonho jamais saiu do papel. Agora, entretanto, Dilma parece ter conseguido um consenso: não há um só partido contra a liberação automática das emendas.

No mais, apesar das perspectivas de acordo para tentar concluir a votação da medida provisória na madrugada de hoje, a história da negociação dessa MP é de naufrágio. Naufrágio do modo de negociação por parte do governo. Em administrações anteriores, não foram raras as vezes em que o Planalto chamou a oposição e fez acordos de mérito, dando aos oposicionistas um certo ar de vitória, de forma a dispensar os pedidos mais exacerbados por parte da própria base. Nessa temporada governamental, entretanto, a oposição simplesmente é esquecida. Em nenhum momento foi chamada a discutir a proposta de forma transparente.

No plenário da Câmara, o que se viu foi um deputado chamando o outro do “chefe de quadrilha” para cima, como fez ontem o líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO) ao se referir ao do PR, Anthony Garotinho (RJ). Isso sem contar o deputado Toninho Pinheiro, de Minas Gerais, que atravessou em frente à mesa principal da Câmara munido de uma faixa reclamando mais recursos para a saúde. Saiu à força e sob os gritos “Se me cassarem não tô nem aí, não sou mensaleiro”. Ao fundo outro dizia “Isso aqui virou um circo e os palhaços somos nós”. Triste, muito triste. Ou Dilma, a partir de agora, põe a bola no chão e passa a se antecipar os problemas, ou todos os dias serão assim. Ruim para todos.

Enquanto isso, no plenário do Senado...

Entre os senadores, embora o Orçamento impositivo seja considerado ponto de honra da mesma forma que na Câmara, a MP dos Portos tem mais apoio porque, ali, a intenção do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), é prestigiar o relator, Eduardo Braga (PMDB-AM). Mas o sucesso é incerto. Embora a sessão de ontem tenha sido prorrogada até a meia-noite para garantir a leitura da MP a fim de votar a proposta ainda hoje ou na quinta-feira, as dúvidas persistem.

PP, PSDB e DEM não pretendem votar a matéria. “Depois do que aconteceu na Câmara, não podemos votar essa matéria. Criou-se uma ideia de negociata. O assunto é urgente, mas é preciso discutir o projeto, às claras e com transparência”, defende a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS). O ex-presidente do partido, Francisco Dornelles, é da mesma opinião. E, da parte do PMDB, a maioria não é segura. “Eu não voto esse assunto!”, bradava o senador Roberto Requião (PMDB-PR).

Pelo andar da carruagem, os próximos capítulos da medida provisória indicam que só um milagre salvará o governo de um naufrágio total nesse tema. Não por acaso o comentarista José Simão apelidou ontem no rádio a proposta do governo de MP Titanic. Com o navio, não houve tempo de operar milagre. Hoje, saberemos se ainda haverá esse recurso para a Medida Provisória. Talvez, o milagre seja mesmo transformar em projeto de lei e seguir o velho conselho que recomenda “muita calma nessa hora”.

E na Comissão Mista de Orçamento...

Quem estava feliz da vida pelos corredores da Câmara era o deputado Danilo Forte, do PMDB do Ceará. Ele ontem virou relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), como parte do acordo para o PMDB levantar a obstrução e votar a MP dos Portos. Mas nem ele deixou de reclamar: “O governo mais uma vez demonstrou dificuldade na articulação política. Se tivesse fechado esse acordo na semana passada, teria dado mais tempo ao Senado. Agora, o resultado é incerto”, diz ele. E o futuro também.

Fonte: Correio Braziliense

O grande debate - Merval Pereira

Na visão do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, aceitar os "embargos infringentes" na Ação Penal 470, a do mensalão, seria gesto "gracioso, inventivo, ad hoc, magnânimo", mas "absolutamente ilegal". Essa definição, feita ao rejeitar o pedido da defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, abre uma discussão que o STF vai ter de enfrentar nos próximos dias, quando o assunto for levado ao plenário.

É uma questão que deveria ter sido objeto de análise desde que a Constituição de 1988, e posteriormente a Lei 8.038, que regulamenta os procedimentos nos tribunais superiores, deixou de prever a figura dos "embargos infringentes". Mas eles continuaram constando do Regimento Interno, e, com base nisso, há juristas que entendem que os "embargos infringentes" devem ser acatados pelo Supremo. Mais que isso, um dos ministros da Casa, o decano Celso de Mello, já antecipou sua posição no próprio julgamento do mensalão, que está registrada no acórdão: "Não obstante a superveniente edição da Lei nº 8.038/90, ainda subsiste, com força de lei, a regra consubstanciada no artigo 333, parágrafo I, do Regimento Interno do STF, plenamente compatível com a nova ordem ritual estabelecida para os processos penais originários instaurados perante o STF."

O que o presidente Joaquim Barbosa considera "criar ou ressuscitar vias recursais não previstas no ordenamento jurídico brasileiro", para o ministro Celso de Mello, os embargos infringentes permitiriam "a concretização, no âmbito do STF, do postulado do duplo reexame, que torna pleno o respeito ao direito consagrado". O decano do STF ainda afirmou que com os embargos infringentes "serão excluídos da distribuição o relator e o revisor, o que permitirá, até mesmo, uma nova visão sobre o litígio penal".

Há ainda uma aparente contradição na Procuradoria Geral da República, que será aproveitada pelas defesas dos réus que querem, através dos "embargos infringentes", reduzir suas penas. Em ação penal aberta contra o ex-prefeito de Caucaia, no Ceará, José Gerardo Oliveira de Arruda Filho, a subprocuradora-geral Claudia Sampaio Marques afirmou que não eram cabíveis "embargos infringentes" quando não houver quatro votos divergentes pela absolvição do acusado. A aprovação do procurador-geral, Roberto Gurgel, está sendo entendida como uma concordância com a tese, que implicaria a aceitação dos "embargos infringentes" quando houver quatro votos a favor dos réus. Com relação ao mensalão, Gurgel declarou que "os infringentes são manifestadamente inadmissíveis".

Há juristas, como o professor de Direito da USP Antonio Scarence Fernandes, em entrevista ao "O Estado de S.Paulo", que entendem que há necessidade de haver um duplo grau de jurisdição. Segundo ele, a própria Convenção Americana de Direitos Humanos prevê que ninguém poderá ser julgado apenas uma vez.

Já o procurador de Justiça no Rio Grande do Sul Lenio Luiz Streck, respeitado constitucionalista, tem opinião diversa, já registrada aqui na coluna. Para ele, esses embargos infringentes previstos apenas no Regimento Interno do STF, ignorados pela Lei 8.038, "parecem esvaziados da característica de recurso. Logo, em face de tais alterações, já não estaríamos em face de um "recurso de embargos infringentes", mas, sim, apenas em face de um "pedido de reconsideração", incabível na espécie".

Para Streck, não parece ser um bom argumento dizer que os embargos infringentes se mantêm em face do "princípio" do duplo grau de jurisdição. Para ele, o foro privilegiado acarreta julgamento sempre por um amplo colegiado, que é efetivamente o juiz natural da lide. "Há garantia maior em uma República do que ser julgado pelo Tribunal maior, em sua composição plena? Não é para ele, o STF, que fluem todos os recursos extremos?", argumenta.

Esse será o próximo grande debate no Supremo Tribunal Federal e, segundo o seu presidente, Joaquim Barbosa, "admitirem-se embargos infringentes no caso é, em última análise, apenas uma forma de eternizar o feito, o que seguramente conduzirá ao descrédito a Justiça brasileira, costumeira e corretamente criticada justamente pelas infindáveis possibilidades de ataques às suas decisões".

Fonte: O Globo

Manobra de risco - Dora Kramer

O advogado de Delúbio Soares está obrigando o Supremo Tribunal Federal a se manifestar sobre os embargos infringentes antes do que estava previsto e pode, com isso, levar a Corte a desde já aceitar examinar a possibilidade de modificação das penas de todos os réus cujas sentenças tiveram no mínimo quatro votos pela absolvição.

Mas pode também ter aberto espaço para a antecipação do pedido de prisão dos condenados. Se o STF resolver não aceitar o exame daquele tipo de recurso, seguindo a posição do presidente e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, o mais provável é que o Ministério Público peça a prisão imediata de todos os condenados.

O criminalista Arnaldo Malheiros fez, em tese, um movimento arriscado ao apresentar os embargos infringentes relativos ao seu cliente, ex-tesoureiro do PT, junto com os embargos de declaração - aqueles que buscam corrigir omissões, contradições, ambiguidades ou pontos obscuros no acórdão do julgamento.

Na segunda-feira, o ministro Joaquim Barbosa rejeitou o embargo infringente alegando que, pela legislação vigente, esse tipo de recurso não cabe em tribunal superior e que, na prática, levaria à reabertura do julgamento.

Malheiros apresentou um agravo regimental pedindo que o plenário do STF examine a questão. A posição de Barbosa era conhecida, mas não necessariamente é a mesma do restante dos ministros. Há uma divisão na Corte quanto a isso. Por ora, apenas o decano Celso de Mello tem opinião conhecida, a favor desse tipo de embargo, e foi nela que se baseou o advogado de Delúbio Soares para recorrer ao colegiado.

Antes disso, essa era uma polêmica a ser resolvida mais adiante, quando encerrada totalmente a fase do exame dos embargos de declaração, inclusive com possíveis recursos ao novo acórdão contendo as correções que venham a ser aceitas (ou não) pelo tribunal.

Agora, o debate ocorrerá assim que o plenário se posicionar sobre o agravo apresentado por Arnaldo Malheiros. Nessa decisão ficará firmada a jurisprudência: se aceito o embargo no caso de Delúbio, as penas ficam passíveis de modificação para todos os que tiveram ao menos quatro votos pela absolvição. Se não, o assunto estará encerrado e Roberto Gurgel poderá requerer a prisão dos condenados.

Monitor. Nas pesquisas encomendadas pelo PSDB, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, aparece como o candidato do PT ao governo de São Paulo com maior potencial de causar danos à reeleição do governador Geraldo Alckmin.

Não tem os índices de Marta Suplicy, mas tampouco tem o grau de rejeição da ex-prefeita e ministra da Cultura. Nas consultas qualitativas, ressaltam-se os seguintes atributos positivos na visão do eleitorado: boa imagem e, sobretudo, não se enquadra no perfil do petista tradicional exibindo feições tucanas com a vantagem de não ser do PSDB, cuja longevidade no poder em São Paulo dá sinais evidentes de cansaço.

Cardozo quando vereador na cidade teve 250 mil votos. Na avaliação dos adversários, com dois ou três fatos (ou factoides) criados na área de segurança pública durante a campanha, o ministro iria direto ao calcanhar do governo paulista, podendo até impingir com isso um golpe fatal na candidatura de Alckmin.

O PSDB não é o único que vê José Eduardo Cardozo com esses olhos, embora da perspectiva oposta. Lula, que não reza nesse altar, mas é pragmático, já admitiria deixar de lado a preferência por Alexandre Padilha, ministro da Saúde.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O lobby no Ccongresso - Fernando Rodrigues

O lobby melífluo no Congresso está pagando a conta da conturbada votação da MP dos Portos. Essa é uma verdade parcial.

Os empresários com interesses no sistema atual de concessão dos portos atuaram nas últimas semanas. Mas foram beneficiados pelo clima de tocaia formado há algum tempo no baixo clero -duas ou três centenas de deputados pouco conhecidos, uma vez classificados por Lula como "300 picaretas com anel de doutor".

Esses deputados nunca são atendidos no Planalto. Não têm contato com os grandes empresários por trás das pressões e contrapressões no jogo da MP dos Portos. O que esses políticos conhecem muito bem é o nome e o sobrenome dos seus colegas com acesso ao poder, aqueles cardeais convidados para reuniões demoradas com ministros.

Foi o que se passou nesta semana. O líder do PMDB na Câmara, o deputado fluminense Eduardo Cunha, foi chamado para discutir a MP dos Portos com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. O governo fez o certo, só que na última hora. "Não quiseram conversar nada antes", diz ele.

Aos olhos do baixo clero, Cunha é um herói. Conseguiu ser recebido pelo poderoso Palácio do Planalto em meio ao tumulto atual.

E onde entra o lobby? Os representantes de empresas interessadas em influir na redação final da MP dos Portos instruem seus prepostos a galvanizar a seu favor a insatisfação do baixo clero. Essa massa disforme de congressistas ouve um bom argumento: esta é a hora de vocês mostrarem que merecem respeito. Em bom português, ganhar um dinheirinho das verbas do Orçamento.

Para uma parcela da oposição, falta ao governo um projeto nacional para engajar os congressistas. Parvoíce pura. FHC e Lula conseguiram suas principais vitórias na base da fisiologia. Ruborizada, Dilma segue a mesma cartilha. Fica só com o ônus. É a fisiologia sem resultado, um festim pantagruélico dos lobistas.

Fonte: Folha de S. Paulo

Rio: plataforma e bunker do PMDB - Rosângela Bittar

Há mil e uma razões para o PMDB empregar toda sua disposição política na consolidação do poder que conquistou no Rio de Janeiro. Uma, talvez principal, é manter aquele espaço como bunker político, cidadela de onde, tal uma plataforma, fará seus lançamentos de longo alcance. Inclusive, ou principalmente, para voltar a sonhar com as disputas presidenciais.

Impedido de ressuscitar seu espaço no primeiro colégio eleitoral, São Paulo, onde veio perdendo espaço ao longo dos últimos anos, e com uma proeminência do PT na aliança entre os dois partidos nas disputas do segundo colégio, Minas Gerais, o PMDB tem razões de sobra para agarrar-se ao que já conseguiu no Rio. Ainda mais que todos os dias, nas avaliações internas, aparece alguém para lembrar que a perda de poder político e eleitoral se deu por falta de participação nas disputas, no melhor exemplo da máxima de que "time que não joga não tem torcida".

Acreditava ter sido mestre ao abrigar Gabriel Chalita e apostar que, com ele, iria criar um mundo eleitoral novo em São Paulo. Há equívoco para tudo. O lançamento não alcançou velocidade de voo além da primeira barganha, a da eleição para a prefeitura da capital de São Paulo. O PMDB atribui também ao parceiro preferencial, o PT, o abate de Chalita na decolagem, com a divulgação de denúncias e dossiês. Em Minas o partido, embora mais forte, tem sofrido um revés atrás do outro e deixou que o PT tomasse a dianteira para a sucessão em 2014. Será caudatário.

Beltrame, novato na modalidade, caiu na armadilha

No Rio, portanto, afirmam dois dos principais dirigentes do partido, em sua linguagem peculiar, "ninguém tasca". Nem o PT. Por isso o PMDB faz questão de que a aliança para a reeleição de Dilma tenha apenas um palanque no Rio, e este seja o do vice-governador Luiz Fernando Pezão, candidato ao governo, exigindo-se do PT o afastamento do pretendente ao mesmo cargo, Lindberg Farias. Uma candidatura bem situada como há muito o PT não tem naquele colégio, o que não tem sensibilizado praticamente ninguém.

Sobre essa questão o PMDB já colocou suas cartas na mesa em reunião com Rui Falcão, presidente do PT, e Aloizio Mercadante, coordenador das preliminares da campanha da reeleição em nome da presidente Dilma. Só não se reuniu ainda com o ex-presidente Lula, o principal ator da montagem dos palanques estaduais e senhor absoluto das decisões do PT. Mas tanto Mercadante quanto Rui Falcão estão levando a posição do partido a Lula.

Entre as cláusulas de uma norma não escrita que o PMDB quer preservar está a de alimentar a força e o poder do governador Sérgio Cabral, em quem vê a capacidade de liderar o partido no Rio e representar o grupo nas disputas nacionais do pós Lula (aí incluída a presidente Dilma). Portanto, em poucas palavras, Cabral é a possibilidade de o PMDB voltar a disputar a Presidência da República, plano que está na meta do partido para 2018.

Esse cenário encerra a razão de estado para a geladeira em que o PMDB depositou o Secretário de Segurança do Rio, o até aqui festejado José Mariano Beltrame, depois de tê-lo jogado no fogo da hipótese de candidatura no ano que vem, como vice governador na chapa de Pezão.

Beltrame conseguiu o que nenhum Estado e o governo federal conseguiram, um plano para enfrentar a violência, um projeto de segurança pública para o Rio, onde o crime organizado, até sua chegada, dominava. O PMDB não titubeou para transferir a eficiência do combate à violência para o embate eleitoral. Não se preocupou em perseverar em um caminho de gestão bem sucedida ali descoberto e resolveu testar se à satisfação do eleitorado com a ação de seu secretário correspondiam votos na urna.

Esse foi o primeiro erro, e partiu do partido. Beltrame vinha dizendo que não queria ingressar na carreira política mas, ao mesmo tempo, dava sinais de que se a mosca azul quisesse se aproximar, ficasse à vontade. Foi a programas de televisão e começou a se apresentar para fora do Estado, até esse momento dentro do projeto desenhado pelo PMDB.

Em abril, durante uma viagem ao Rio para reunir o PSB, que tem presença no Estado, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, eventual candidato do PSB à sucessão, teve uma reunião com Beltrame ao fim da qual duas versões foram produzidas. O secretário informou que foi convidado para ser candidato a governador pelo PSB, e o governador de Pernambuco e presidente do PSB, quando procurado pelo PMDB do Rio para explicar o significado da atravessada partidária, disse que conversou com Beltrame sobre um plano de segurança pública, não sobre candidatura.

O PMDB ficou realmente de pé atrás com Beltrame. Começou até a negar protagonismo central à sua participação no sucesso da ação na área de segurança. Além de não ter inventado o modelo, nascido na Colômbia, o secretário seria apenas o executor de um plano de governo, para o qual o recebeu todo apoio, inclusive com a realização de concurso para contratação de policiais bem treinados e remunerados.

O ato seguinte foi tirar Beltrame das conjecturas, até mesmo para a vice, e passar a considerar as possibilidades de composição da chapa nas negociações com o PT. Beltrame foi afastado das conversas, passou-se a dizer que, no Rio, não é usual Secretário de Segurança eleger-se pelo voto popular, que Marcelo Itajiba (eleito deputado) foi exceção, e que Beltrame foi mordido pela mosca azul porque passou a querer ser governador e não só vice.

Para se eleger é preciso fazer acordos e dificilmente um secretário de segurança consegue este tipo de negociação, convenceu-se o PMDB. Para o partido, a situação, no Rio, está em aberto, pois, novato na modalidade, Beltrame caiu na armadilha. "O Beltrame está no governo, tem toda a cobertura, conversa com Sérgio Cabral e de uma hora para outra está conversando também com Eduardo Campos, o adversário de Cabral em 2018?" Esse é o ponto: o PMDB do Rio acredita que, até por pertencerem à mesma geração, a sucessão de 2018 terá, inevitavelmente, Cabral e Eduardo na arena.

Fonte: Valor Econômico

Por uma esquerda reformista - Adelson Vidal Alves

As transformações sociais, políticas e culturais do mundo contemporâneo e suas conseqüentes reconfigurações no perfil dos atuais atores coletivos, impõem a esquerda o desafio de se renovar para continuar influenciando nos rumos das sociedades.

Não há receita pronta, apenas pistas. Não cabe, por exemplo, invocarmos em nossos dias a “ditadura do proletariado” como meta revolucionária. Onde foi implantada ela se transformou em ditadura, primeiro do Estado, depois do partido e por último de uma pessoa só. Não se aceita, também, a busca de uma revolução insurrecional que tome o Estado de assalto. Este já não é o espaço único da expressão do poder, e veio a se esparramar em meio a numerosas instituições da sociedade civil, que guardam na cultura a força central de construção de consensos políticos, e assim, de capacidade de governo.

Uma esquerda moderna deve, assim, apoiar-se numa luta gradual por dentro do ordenamento existente. É o Estado democrático de direito o palco exclusivo para se lutar por mudanças estruturais na sociedade, e a democracia política elemento indispensável para o aprofundamento do processo civilizatório.

No Brasil, não há outro caminho para alcançarmos vitórias contra o capitalismo senão lançando mão de um “reformismo forte” capaz de alterar o jogo de forças forçando transformações mais significativas na espinha dorsal da vida política do país.

Quanto a Constituição federal de 1988, erguida sob forte presença da esquerda e de setores democráticos moderados, é ela o programa central a ser seguido por esta esquerda reformista, que tem agora o dever de obter vitórias graduais, porém, permanentes na construção de outra ordem social.

Uma esquerda reformista para o nosso tempo nada tem a ver com a timidez da social-democracia, que emplacou reformas dentro do sistema capitalista, mas quando este era ameaçado em suas estruturas contou com o recuo social-democrata. O novo reformismo é revolucionário. Obedece a estratégia gramsciana de guerra de posição, pretende-se romper a ordem capitalista, obedecendo a “ocidentalidade”das sociedades modernas, mas com a ambição de quebrar a hegemonia do capital.

Faltam recursos e forças políticas para darem conta de um projeto deste tamanho. Nossa esquerda ainda oscila entre cooptação conservadora e radicalismo sectário. Refletir, debater e conseguir organizar novos atores políticos para esta empreitada é um desafio a ser vencido.

Historiador, pós graduado em História contemporânea

Fonte:Blog Democracia e socialismo

O eterno Hermann Hesse - Ivan Alves Filho*

Herman Hesse foi, talvez, o grande escritor da minha mocidade. Aquele que eu mais gostava de ler. Sentia que sua literatura aproximava os homens, trabalhava para compor uma Humanidade mais sadia.

Eu não apreciava os livros de Herman Hesse tanto pelo conteúdo filosófico deles: seus textos me encantavam muito mais pelo vigoroso sopro estético que emanava de suas páginas.

Eu até hoje penso que a força da sua obra - ficcional ou não - repousa na qualidade estética de sua narrativa. Eu me recordo

bem que, aos 16 anos, meu pai me dera Sidarta para ler. Fiquei imediatamente fascinado pelo livro. Contudo, eu me lembro de ter feito alguns reparos ao excessivo idealismo filosófico de Hesse. Uma ousadia da minha parte, sem dúvida. De qualquer forma, meus comentários surpreenderam meu velho pai. E provavelmente a mim mesmo...Ou seja, a leitura de Sidarta representou um divisor de águas: eu me tornei, a partir daquele momento, um leitor um pouco mais consciente, tendendo a separar, desde então, o caráter das ideias expostas por um escritor da forma como essas mesmas ideias eram anunciadas por ele no texto. Ainda que isso não estivesse tão claro para mim naquela época quanto o está hoje.

O contato com outras obras de Hermannn Hesse reforçou isso em mim. Vale dizer, seus escritos me seduziam pela beleza do relato. O livro Caminhada, por exempo, eu li cinco ou seis vezes - e nunca me canso de admirar as descrições impactantes que o narrador-andarilho faz das paisagens alpinas e de seus camponeses, esses homens forçosamente fixados ao solo. Há nesse livro uma serenidade e - como dizer? – um intimismo quase objetivo verdadeiramente desconcertante. Uma visão de mundo que podemos encontrar ainda nos papéis memorialísticos do Autor, como Vivências e Minha vida. São obras transbordantes de humanismo e cultura, nos quais Hesse busca, de forma obsessiva, até, ligar o Ocidente ao Oriente, à maneira de um Paul Gauguin. Pacifista, homem forjado pelos ideais socialistas durante a juventude, Hermann Hesse encarava a História como um processo passível de unificação um dia. E não estava equivocado em sua busca. Afinal, o ser humano é um só.

A chave para se entender a obra de Hermann Hesse está dada, paradoxalmente, de forma clara em seus incontáveis e esplêndidos escritos. A vida interior do Autor foi tão rica quanto sua experiência exterior. Ambas, as vidas, interagem dialeticamente. Advém daí sua imensa riqueza literária, eu penso. Ou seja, escritor e homem se completam. Daí também Hermann Hesse seguir sendo também o grande escritor da minha maturidade.

Um amigo que sempre esteve a meu lado - embora eu nunca o tenha visto.

* Ivan Alves Filho é historiador e jornalista.

Gavota-Choro (Villa-Lobos) - Duo Milênio (Ricardo Santoro e Paulo Maurício)

Esperemos – Pablo Neruda

Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.