sábado, 20 de agosto de 2022

José Eduardo Faria* - A Constituição e suas emendas – da resiliência à degradação

Estado da Arte – Revista de cultura, artes e ideais (19.8.22.)

Há quase dez anos, a Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, publicou um importante estudo sobre a trajetória da Constituição brasileira nos seus primeiros 25 de vigência. Intitulado Resiliência Constitucional: compromisso maximizador, consensualismo político e desenvolvimento gradual[1], o trabalho foi preparado para ser apresentado num evento da Iniciativa Latino-americana em Direito e Democracia (ILADD) apoiado pela Ford Foundation.

O texto é uma análise dos mais variados aspectos da ambiciosa Constituição brasileira e seu denominador comum foi a ideia que ela demonstrou resiliência ao longo dessas duas décadas e meia. Na física, resiliência é a propriedade que possuem determinados materiais de acumular energia, quando submetidos a situações-limite, sem que ocorram rupturas ou mudanças permanentes. Por isso, à medida que acomodam estímulos e pressões, esses materiais preservam sua função e identidade em diferentes ambientes. Ao trazer esse conceito da física para o direito, o trabalho lembra que, apesar das duras críticas que sofreu na época de sua promulgação, em 1988, a Constituição teria não só conseguido manter estável o sistema político, mas, também, adaptar-se às necessidades políticas e econômicas do país, ao longo de distintos momentos de tensão institucional e de governos com ideologias conflitantes.

A ambição da Constituição decorre do fato de que ela abrigou diversos interesses, direitos e metas para o desenvolvimento da economia e o bem-estar da sociedade, o que foi chamado pelo coordenador do estudo de “compromisso maximizador”. Além de ambicioso, o que por si só já era um problema dadas desigualdades de uma sociedade complexa e heterogênea como a brasileira, o processo político de elaboração do texto foi fragmentário. Segundo o trabalho, ao estabelecer direitos, proteger interesses e distribuir poderes, a Constituição foi produto de um processo de conciliação entre as forças políticas que moldaram uma transição do autoritarismo militar para a democracia representativa. Todavia, ela não foi fruto de um pacto simétrico de mútuos interesses – pelo contrário, foi uma estratégia de estabilização de uma ordem assimétrica.

Detalhista bem como programática, simultaneamente, e com problemas de antinomia, por ser resultante desse pacto assimétrico, a Constituição não se limitou a definir as regras do jogo político e da institucionalidade jurídica. Ela também ampliou os direitos fundamentais e as prerrogativas do Ministério público. Transferiu para o sistema político e para o Judiciário a responsabilidade da concretização, ao longo do tempo, de suas metas e dos direitos em que elas se fundamentam. Um dos avanços do texto constitucional foi a criação do Sistema Único de Saúde, por meio de uma estrutura democrático-participativa e da autonomia dos entes federativos. Outro avanço está no âmbito das questões urbanas, que pela primeira vez foram abordadas por um texto constitucional. A Carta foi, ainda, inovadora na área da seguridade social, compreendendo o conjunto de ações estatais e da sociedade voltadas à implementação da previdência e da assistência social. Há vários outros exemplos nesse sentido.

Ascânio Seleme - O rebanho é cego

O Globo

Bolsonaro não apenas mente e incentiva a mentira como instrumento político, mas também ataca quem tenta conter fake news nas redes sociais

Jair Bolsonaro é o candidato a presidente que mais se distancia da doutrina cristã. Em todos os aspectos da sua vida privada e política, é aquele que melhor encarna a antítese do Cristianismo. Mesmo assim, com a abundância de evidências que comprovam esta premissa, quase metade dos evangélicos brasileiros pretendem votar nele, segundo a pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira passada. Mais do que a falta de empatia, que já o transforma numa pessoa nefasta, é impossível olhar para Bolsonaro e não enxergar o ódio que emana da sua figura.

Ódio, aliás, é o primeiro sinal de que Bolsonaro se importa com os princípios cristãos. Cristo pregou o amor como o caminho para a salvação. Quem aqui consegue perceber um único sinal de amor verdadeiro no presidente do Brasil? Este homem odeia, não ama. Odeia todos os que não pensam exatamente como ele. Mesmo entre os seus aliados e subordinados, não há um que ele ame verdadeiramente. Seus adversários são inimigos, que ele odeia violentamente e contra os quais dissemina o ódio. Seus adversários são também objetos de suas mentiras escancaradas que visam a destruir. Bolsonaro prefere destruir a erguer pontes.

A mentira é outra evidência de que o candidato à reeleição não se pauta pela mesma régua dos evangélicos que o apoiam. Mentir é pecado em qualquer religião. Bolsonaro não apenas mente e incentiva a mentira como instrumento político, mas também ataca quem tenta conter fake news nas redes sociais, como o Supremo Tribunal Federal, que investiga o que além de pecado é crime. O candidato é um mentiroso contumaz. Numa única entrevista na semana passada mentiu sete vezes. Segundo o site de checagem Aos Fatos, Bolsonaro mentiu mais de cinco mil vezes desde a sua posse. Pelas suas piores mentiras, que podem ter tirado a vida de milhares de brasileiros, as que disseminaram desinformação sobre a Covid, a Polícia Federal pediu o seu indiciamento.

Carlos Alberto Sardenberg - A opção Lula

O Globo

Falta ainda um teste importante para o petista: a campanha no rádio e TV, quando os adversários vão se fartar com as denúncias de corrupção

Do economista John K. Galbraith: “Os economistas gostam de ficar brigando entre si para não correr o risco de estar todos errados ao mesmo tempo”.

Outra hipótese: e se todas as análises, embora divergentes, estiverem igualmente erradas? Parece estar acontecendo isso no panorama mundial. Por exemplo: haverá ou não recessão nos Estados Unidos? A resposta não depende da orientação deste ou daquele economista. Depende da semana em que é apresentada a opinião. Ou do dia. O que nos leva a uma primeira conclusão unânime — a situação de fato é bastante complexa —, que não serve para nada.

Aqui no Brasil, a situação também é complexa, mas por causa dos políticos, não dos economistas. Os que estão no governo, Bolsonaro e o Centrão, promovem uma farra fiscal. Sim, a expressão é antiga, mas fazer o quê? O hábito permanece.

No lado da oposição, Lula, o favorito, denuncia os “gastos eleitoreiros” para logo em seguida prometer um governo de mais ... gastos. Diz que não se pode colocar teto na despesa pública — o teto que Bolsonaro e sua turma já detonaram há muito tempo.

Vai daí que nenhum lado mostra como pretende lidar com o Orçamento, já furado, do ano que vem e dos próximos. Pode-se tentar adivinhar, porque estamos tratando com um governante de plantão e um ex-governante.

Pablo Ortellado – Bolsonaro

O Globo

O presidente Jair Bolsonaro é candidato à reeleição apoiado por uma coligação de partidos do Centrão: PP, PL e Republicanos. Com Lula, Bolsonaro polariza a intenção de voto para presidente, deixando muito pouco espaço para os outros concorrentes. Nas pesquisas, cerca de 75% dos eleitores votam num dos dois candidatos quando é apresentada uma lista. Sem a apresentação da lista, no voto espontâneo, surpreendentes 70% citam um dos dois, um indicador da consolidação da intenção de voto. A disputa de fato está praticamente restrita a Lula e a Bolsonaro.

Como nas eleições de 2018, há grande divergência entre o que diz Bolsonaro nas entrevistas e o que diz seu programa de governo. Foi justamente para nomear seu desinteresse pelas políticas públicas que Bolsonaro cunhou o bordão “fala com meu Posto Ipiranga”, referindo-se ao futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que deveria cuidar dos assuntos propriamente político-administrativos.

Enquanto nas entrevistas Bolsonaro dá grande ênfase a temas das guerras culturais, como o direito de adquirir armas e o combate à ideologia de gênero, seu programa de governo tenta esboçar uma proposta que trate dos problemas reais do Brasil. Uma avaliação da sua candidatura precisa ao mesmo tempo olhar para o plano de governo e para as manifestações do candidato. Tudo isso sem deixar de ver seus três anos e meio de governo.

Eduardo Affonso - Não há ateus na política

O Globo

Quando se faz o diabo para conseguir votos, lambuzar-se na gordurama do pastel de feira por puro populismo chega a ser pecado menor

Demonstrações oportunistas de fé no Altíssimo e apreço à baixa gastronomia são tão tradicionais nas campanhas políticas quanto a troca de ofensas entre os novos adversários e de afagos entre os ofendidos na eleição passada.

Deus é testemunha de que, no Estado laico em que vivemos, campanha que se preze tem de ter candidato comendo pastel de feira e/ou em pose contrita — sempre de joelhos, se possível de mãos postas —, invocando a intercessão divina para ganhar mais voto do que peso. Pode até haver ateus em aviões que despencam — na propaganda eleitoral, jamais.

Tecnicamente, Estado e Igreja estão separados no Brasil desde 1891. Mas a atual Constituição foi promulgada “sob a proteção de Deus”. Nas cédulas, há a recomendação de que “Deus seja louvado”. O presidente de turno chegou ao poder com o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. É um Deus nos acuda em tempo integral.

Hélio Schwartsman – Anjos e demônios

Folha de S. Paulo

A religião é uma assombração que não conseguiremos exorcizar

Na batalha pelo voto evangélico, bem, mal, anjos e demônios têm sido invocados. Religião e política compõem um coquetel complexo, por vezes explosivo. Ainda assim, são, na democracia, indissociáveis um do outro. E é uma relação bem assimétrica.

No cômputo geral, a democracia faz mais bem do que mal às religiões, especialmente àquelas que são minoritárias. É só quando a liberdade de culto, uma das marcas registradas do Estado democrático, está assegurada que as fés não dominantes têm condições de prosperar. Os efeitos da religião sobre a democracia são mais problemáticos.

Alvaro Costa e Silva - Na terra da milícia tudo é possível

Folha de S. Paulo

Religião, polícia e até Wilson Witzel embaralham eleição no Rio

Em dois pontos as eleições no Rio de Janeiro reproduzem o cenário nacional. O primeiro é a preocupação com abordagens e temas religiosos, a quase guerra santa que hoje se confunde com a conquista do eleitor. Os três principais candidatos ao governo do estado —Cláudio Castro, Marcelo Freixo e Rodrigo Neves— iniciaram a campanha de joelhos, visitando igrejas, pedindo bênçãos e fazendo orações.

O segundo demonstra o crescimento do número de candidatos policiais militares e de outras forças de segurança, que costumam agregar a patente ou função ao nome que aparece no santinho: Delegado Fulano, Coronel Sicrano, Capitão Beltrano.

Há um terceiro aspecto semelhante, mas nem tanto, envolvendo o voto para presidente. As últimas rodadas de pesquisa apontam a lógica da campanha que se iniciou cedo demais: grande parte dos eleitores está convicta de sua escolha, resistindo a mudar de opinião. Como se sabe, Lula lidera. Em comparação aos dois maiores colégios do país, Minas Gerais e São Paulo, a disputa no Rio está mais apertada —o que também não é bom sinal para Bolsonaro, que em 2018 ganhou de lavada na preferência de cariocas e fluminenses.

Demétrio Magnoli - Stalingrado, versões de uma batalha

Folha de S. Paulo

Adoração a Putin pela extrema direita é normal, mas simpatia da esquerda pede investigação

No 23 de agosto de 1942, 80 anos atrás, começou a Batalha de Stalingrado, ponto de inflexão da guerra mundial no teatro europeu. Desde 2013, Volgogrado reverte a seu antigo nome nos aniversários da batalha crucial. O culto a Stalingrado descortina a evolução do nacionalismo russo, de Stálin a Putin.

A primeira versão sobre a batalha fixou-se em 1943, na Conferência de Teerã, quando Churchill passou às mãos de Stálin a Espada de Stalingrado, oferenda do rei George 6º à cidade heroica. Originalmente, a URSS traduziu a vitória como marco da unidade das potências aliadas contra o nazifascismo.

Durou pouco. Desde 1947, Stálin ergueu uma segunda versão, adaptada à nova rivalidade da Guerra Fria. Os antigos aliados foram reinterpretados como herdeiros do nazifascismo e a batalha transformou-se na certidão de batismo da Grande Rússia soviética. Duas décadas depois, numa cidade já renomeada, Kruschev inaugurou A Pátria Convoca, a estátua de 85 metros de altura, no estilo do realismo socialista, de uma mulher guerreira empunhando uma espada.

Fernando Schüler* - A sociedade dos militantes

Revista Veja

As redes sociais de fato deram voz aos sábios de mesa de bar. Mas a internet é só uma ferramenta. O problema está no coração humano, e vem de longe

Os militantes estão em toda parte. O chato do WhatsApp talvez seja o pior de todos. O pessoal cria um grupo para trocar ideias sobre a escola, e lá está ele, todo santo dia, mandando figurinhas contra ou a favor do Bolsonaro. Tem o xarope do Twitter, cuspindo suas pequenas frases de efeito, dia e noite. A vantagem desse é que se pode bloquear, e o sujeito some do mapa. Há muitos outros. Um deles é o militante da faculdade. O vereador Fernando Holiday foi impedido de falar, aos gritos e pontapés, na Unicamp, em um episódio constrangedor. As universidades são públicas, mas o militante acha isso conversa fiada. Seu mundo é Star Wars. Forças do bem contra forças do mal. É um mundo divertido, não há dúvida, ainda que possa soar um tanto ridículo, visto a certa distância.

O problema é o militante fora do lugar. Ele ainda não invadiu as reuniões de condomínio, mas o mesmo não se pode dizer das empresas e agências de publicidade. E da Netflix, claro. Estes dias vi uma lista de “séries que você pode ver sem um sermão a cada episódio”. Guardei. Outro espaço colonizado é a imprensa, mas não toda. A existência de uma mídia profissional, fiel aos fatos e imparcial, é elemento essencial para a qualidade do debate público. É espaço de confiança, onde pessoas e grupos com visões antagônicas podem buscar informação, e com isso formar uma base comum de fatos e razões para lidar com a realidade. Isto tudo vai pelo ralo com o jornalismo militante, no qual a opinião pende sempre para o mesmo lado, e o noticiário vem misturado com a adjetivação, perdendo-se a distinção elementar entre fato e interpretação.

José Casado - Salários surreais

Revista Veja

Não importa a crise, a elite de servidores sempre aumenta os ganhos

A felicidade existe, alguns conseguiram localizá-la na folha de pagamentos do serviço público brasileiro. Ali, a elite do funcionalismo descobriu uma fonte de satisfação na remuneração pelo dever, alheia à crise na paisagem ao redor dos palácios de Brasília, onde mais da metade das famílias patina na pobreza e no endividamento recorde.

O Judiciário, por exemplo, decidiu aumentar salários em 18%. O Ministério Público soube e correu atrás, agitando a bandeira da “paridade”. Como é inevitável o efeito em cascata, quase 800000 servidores de carreiras jurídicas na União, nos Estados e nos Municípios devem ter novos motivos para sorrir no réveillon.

O Judiciário já paga, na média, o triplo da remuneração do Executivo e o dobro do Legislativo, informa o Ipea. O novo aumento vai custar 6 bilhões de reais nos próximos dois anos, somente na área federal. É volume de dinheiro equivalente ao que a Petrobras conseguiu recuperar dos prejuízos com má gerência e corrupção desvendadas na Lava-Jato. Numa conta de padaria, é quantia suficiente para construir creches em metade dos municípios.

João Gabriel de Lima - A tática húngara de Bolsonaro

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro vai usar tática semelhante à de Orbán: congestionar o debate com temas que lhe são favoráveis

“As pesquisas eleitorais se sofisticaram e, hoje em dia, não mostram só o resultado do jogo. Elas analisam o esquema tático e revelam quem está fazendo as jogadas certas ou tomando as decisões erradas.” A metáfora futebolística, tão ao gosto de Lula e Bolsonaro, líderes da corrida presidencial, foi cunhada por Felipe Nunes. Diretor do instituto Quaest, o atleticano Nunes – entrevistado no minipodcast da semana – é um craque em analisar as nuances que se escondem por trás dos números.

Na semana que marcou o início oficial da campanha eleitoral, três dos principais institutos – Ipec, Datafolha e o próprio Quaest – divulgaram levantamentos. Lula e Bolsonaro encontraram motivos para comemorar. Lula festejou o placar, que há meses não se mexe. Segundo o agregador do Estadão, o petista segue ganhando de goleada desde abril, com vantagem que varia entre 12 e 16 pontos.

Bolsonaro não cresceu, como esperava, entre os que recebem auxílio emergencial, mas pode comemorar um gol. Os institutos rastrearam seu avanço entre os evangélicos. Onde há três meses havia um empate técnico, Bolsonaro abriu 24 pontos de vantagem sobre Lula, em números do Quaest. “Trata-se de um público que foi decisivo para eleger o presidente em 2018, e ele está conseguindo atraí-lo de volta”, diz Nunes.

Adriana Fernandes - Negociações para depois das eleições

O Estado de S. Paulo

O presidente eleito em outubro vai precisar do ‘velho Congresso’ para fechar o Orçamento

Enquanto na frente das câmeras os presidenciáveis disparam promessas aos eleitores, é nos bastidores que os atores políticos e econômicos já se movimentam nas negociações sobre o que fazer no dia seguinte das eleições.

Candidato a deputado federal por Alagoas, o presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou a campanha de lado nos últimos dois dias para se posicionar nesse debate.

Em evento no BTG, na quinta, Lira foi no ponto ao dizer que Lula, se eleito, terá de conviver de forma “harmônica” com ele de outubro a fevereiro (quando os deputados eleitos escolhem o novo presidente da Casa). São dois meses até a posse do presidente da República.

É nessa reta final do ano que o presidente eleito, seja quem for, precisará de apoio político do “velho Congresso” para aprovar um Orçamento que permita ao novo governo tocar os primeiros meses e garantir condições para a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600 no dia 1.º de janeiro.

Ricardo Henriques - Uma agenda para a educação

O Globo

É preciso canalizar esforços para implementar uma trajetória sustentável e acelerada de desenvolvimento educacional

Entramos em período eleitoral, com o risco de o debate sobre temas fundamentais para o país ser ofuscado pelo radicalismo e pelas ameaças de ruptura democrática. Porém, mesmo diante da atual conjuntura, é preciso tratar de nosso futuro. E isso implica falar de educação.

Neste sentido, o documento “Educação já!”, composto por uma coalizão de 18 organizações da sociedade civil, articulado pelo movimento Todos Pela Educação, traz importante contribuição, que se soma a propostas de outras organizações também comprometidas com o tema.

Temos o desafio de estabelecer um bom plano de voo, factível, e que nos permita chegar aos objetivos propostos. É preciso coragem para definir e priorizar quais são as transformações essenciais, integradas e perenes nas políticas públicas, capazes de superar o voo de galinha da educação brasileira.

A complexidade atual não permite estabelecer uma rota única. O “Educação já!” nos ajuda nesse ponto, pois propõe uma agenda sistêmica que compreende a necessidade de ações emergenciais relacionadas aos impactos da pandemia e do ensino remoto. Ademais, apresenta caminhos específicos para a primeira infância, a alfabetização, os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio.

Alvaro Gribel - As cinco maiores incertezas sobre as contas públicas

O Globo

Dívida bruta pode chegar a 2027 em 81% do PIB, no melhor cenário, ou disparar para 100%, no pior, dizem economistas do Itaú

Os economistas Pedro Schneider, Luiz Cherman e Fabio Diniz, da equipe de análise do Itaú Unibanco, mapearam cinco incertezas fiscais que dão direções completamente diferentes para a dívida pública. Por aí, percebe-se o tamanho da insegurança dos investidores em relação ao futuro econômico do país.

Dependendo do que for decidido pelo próximo governo sobre esses cinco temas, a dívida bruta pode chegar em 2027 em 81% do PIB, no melhor cenário, ou disparar para 100% do PIB, no pior deles.

“A trajetória futura da dívida pública dependerá de várias decisões de política fiscal que serão tomadas nos próximos 6 a 12 meses. Elas vão desde decisões que afetam as receitas e os gastos de curto prazo, até a discussão mais estrutural sobre a regra fiscal que irá ancorar as expectativas de longo prazo”, explicam os economistas.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Brasileiro valoriza democracia acima de todos os regimes

O Globo

Apoio ao sistema democrático voltou a atingir o pico histórico no Brasil, segundo pesquisa do Datafolha

O mês de agosto tem se destacado por um sinal claro e determinado da sociedade brasileira em defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito.

No último dia 11, duas cartas em favor do sistema eleitoral foram lidas na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) — a enorme repercussão atraiu a assinatura de mais de 1 milhão de cidadãos para uma e de mais de cem entidades do setor produtivo e da sociedade civil para a outra. Na noite da última terça-feira, a posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reuniu as principais autoridades da nação para ouvir e aplaudir de pé um discurso enfático em defesa das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral. Por fim, ontem o Datafolha divulgou que o apoio à democracia retornou ao pico histórico na sociedade brasileira.

Para 75% da população, a democracia é um regime preferível a qualquer outra forma de governo, patamar mais alto desde 1989, que havia sido atingido apenas no levantamento realizado em 2020. Desde o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, o apoio incondicional à democracia subiu 13 pontos percentuais na sondagem do Datafolha. Ao mesmo tempo, aqueles que dizem que uma ditadura pode ser preferível “em certas circunstâncias” não passam de 7%, o menor índice nos 33 anos da série histórica.

Poesia | Carlos Drummond de Andrade - Nosso Tempo

 

Música | Zé Ramalho & Overdriver Duo - Sinônimos