Revista Veja
Vaticínios sobre a inviabilidade da chamada
terceira via são feitos sem que se dê a esse caminho ao menos o benefício da
dúvida
Três ideias rondam o ambiente político
neste início do ano eleitoral de 2022: Luiz Inácio da Silva voltará à
Presidência, Jair Bolsonaro lançará mão de ilegalidades para resistir à derrota
e nenhuma alternativa a tal cenário é possível. Fala-se disso como se o
inesperado não pudesse nos fazer uma surpresa, conforme descrito por Johnny Alf
em Eu e a Brisa, nos
idos de 1967.
Pois no imprevisível junto às artes do
acidental é que residem a graça e a essência de uma eleição sob as regras da
democracia, onde o que vale é a vontade de milhões de pessoas envolvidas num
processo que só acaba quando termina.
Portanto, aos arautos das convicções
inamovíveis conviria flexibilizar as respectivas mentes de modo a não se
tornarem reféns de profecias que se autorrealizam.
De algum modo já vivemos isso desde quando
forças políticas começaram a se mobilizar em torno de outra hipótese que não a
repetição de velhos erros. De de lá para cá, o que se vê são vaticínios sobre a
inviabilidade da chamada terceira via.
Isso sem que se dê a esse caminho ao menos o benefício da dúvida. Uma chance real, não meramente retórica, expressa em frases do tipo “…caso subam nas pesquisas” acompanhadas de toda sorte de desqualificações porque ninguém ainda foi capaz de ameaçar a dianteira de Lula e Bolsonaro. A oito meses da eleição.