O Globo
Escolha do quarto ministro da Educação de sua gestão pode ser também a definição do que será o governo Bolsonaro
A escolha do quarto ministro da Educação de seu governo pode ser também a definição do que será o governo Bolsonaro no tempo que lhe resta. Esse tempo não depende unicamente dele, mas o comportamento, digamos assim, recatado dos últimos dias pode lhe dar mais fôlego, ou pelo menos não apressar o fim do mandato.
Amordaçado pelas circunstâncias nada favoráveis depois da prisão de Queiroz e do processo contra seu filho Flávio, o presidente encontra-se fragilizado diante da mudança de postura. A escolha de Renato Feder, atual secretário de Educação do Paraná, leva em conta aspectos técnicos que não agradam a setores importantes de apoiadores, embora cada um tenha razões distintas para esse incômodo.
Os militares têm candidato próprio, o reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) Anderson Ribeiro Correia, e consideram que a escolha de um secretário com ambições políticas será prejudicial. Esses assessores palacianos, que ganharam mais espaço nos últimos tempos, querem um governo, se não de “notáveis”, como na tentativa de salvar Collor do impeachment, pelo menos técnico, e não militarizado.
A escolha do reitor do ITA junta essas duas coisas: dirige uma instituição de ensino militar de alta qualificação, e não é militar. A excelência do ITA vem de sua reconhecida qualidade de ensino, sendo uma instituição em que não é preciso querer ser militar para nela ingressar.