quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Aécio Neves

Houve uma sucessão de mentiras, todas tentando justificar a parada técnica em Lisboa. Ministros faltaram com a verdade. Descobriu-se agora que, a parada técnica, já estava prevista desde quinta-feira (passada). Não tinha agenda pública lá, não tinha interesse público. A presidente ter escolhido ficar em um hotel cuja diária de quase R$ 30 mil, equivalente a 30 salários mínimos, carregando dezenas de pessoas, agride o país e ofende os brasileiros. É um péssimo exemplo para o país, uma conduta inaceitável.

Aécio Neves, “Tucanos querem investigação”. O Globo, 29 de janeiro de 2014.

PSDB cobra explicações sobre a escala em Lisboa

Leandro Keber, Grasielle Castro

As informações divulgadas pelo Palácio do Planalto sobre a viagem da presidente Dilma Rousseff a Portugal no último sábado — uma escala não divulgada entre Zurique (Suíça) e Havana (Cuba) — são alvo de questionamentos e pedidos de investigação por parte da oposição. Ontem, o líder do PSDB na Câmara, deputados Carlos Sampaio (SP), pediu a abertura de inquérito na Procuradoria Geral da República (PGR) contra Dilma por improbidade e eventual crime contra a administração pública na escala em Lisboa. O pedido se estende aos ministros que integraram a comitiva presidencial. O tucano também entrou com uma representação na Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Na noite de ontem, a presidente Dilma Rousseff negou qualquer irregularidade e enfatizou que, no jantar em um sofisticado restaurante lisboeta, cada membro da comitiva pagou a própria conta.

Para Sampaio, o governo exagerou nos gastos. "A se confirmarem essas informações, a presidente da República não apenas fez uma escala injustificada em Lisboa, mas deliberou por transformar essa escala ociosa em uma alucinante cena de ostentação supérflua custeada pelo patrimônio público brasileiro", diz o parlamentar.

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), classifica as informações dadas pelo governo como "um monte de mentiras que beira o ridículo". "As mentiras são tantas... Quem é que vai acreditar numa bobagem dessa (em referência à declaração dada ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, de que cada membro da comitiva pagou a própria conta do restaurante)? É você pensar que o Brasil é um país de tolos", disparou.

Em entrevista em Havana, a presidente minimizou a polêmica. Ela reafirmou que a aeronave não tinha autonomia de voo para fazer o trajeto entre Suíça e Cuba sem escalas. Segundo ela, a parada não ocorreu nos Estados Unidos por causa das nevascas. "Quem anunciou que eu estava passando um fim de semana em Lisboa não sabe fazer conta, eu dormi em Lisboa. No que se refere ao restaurante, é exigência para todos os ministros — e eu só faço exigência do que eu também exijo de mim — que quem jantar ou almoçar comigo pague a sua conta", disse a presidente. E provocou: "Eu posso escolher o restaurante que for, desde que eu pague a minha conta".

O Ministério das Relações Exteriores também reforçou a explicação da presidente. A pasta informou que é de praxe as representações diplomáticas serem informadas sobre a possibilidade de visita da presidente previamente e se organizar. O ministério, entretanto, não soube informar se o consulado em Boston (EUA) teria tomado alguma providência. A comitiva presidencial ocupou 45 quartos em um dos principais hotéis de Lisboa, a um custo total estimado de R$ 70 mil. O valor da diária da suíte ocupada por Dilma é equivalente a R$ 26 mil.

Fonte: Correio Braziliense

Dilma diz que pagou jantar do próprio bolso e por isso pode ir aonde quiser

Presidente afirmou que dá o exemplo e não usa cartão corporativo

Catarina Alencastro

HAVANA, CUBA – Pela primeira vez depois de surgir a polêmica sobre a escala da comitiva presidencial em Lisboa, Portugal, fora da agenda oficial, a presidente Dilma Rousseff se pronunciou sobre o caso, nesta terça-feira, em Cuba. A presidente destacou que era preciso fazer uma parada e que por causa de nevasca nos Estados Unidos, foi escolhida Lisboa. Sobre o jantar no restaurante Eleven, um dos mais caros da capital portuguesa, Dilma reforçou que pagou do seu bolso e que por isso podia ir aonde quisesse. A presidente participa hoje da abertura da 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

Segundo a presidente, o cartão corporativo não foi usado para pagar o jantar. Dilma disse ainda que “dá o exemplo” e não usa cartões bancados pelo governo.

— Eu posso escolher o restaurante que for, desde que eu pague a minha conta. Eu pago a minha conta. Pode ter certeza disso. Pode olhar em todos os restaurantes que eu tive, em alguns causando constrangimento. Porque fica esquisito uma presidente e uma porção de ministros fazendo aquela conta de quanto deu pra cada um: “Soma aí, deu quanto?” e com a calculadora. Eu acho isso extremamente democrático e republicano. Não tem a menor condição de alguma vez eu usar cartão corporativo. Não fiz isto. No meu caso está previsto para mim cartão corporativo, mas eu não faço isso porque eu considero que é de todo oportuno que eu dê exemplo, diferenciando o que é consumo privado do que é consumo público — afirmou a presidente.

Dilma ainda relembrou as notícias que circularam no ano retrasado, sobre uma viagem à Rússia em que a comitiva presidencial foi ao Bolshoi, um dos mais exclusivos restaurantes da capital russa para celebrar o seu aniversário de 68 anos, e todos tiveram de pagar do próprio bolso pelo jantar.

— No que se refere a restaurante, eu quero avisar pra vocês o seguinte: é exigência para todos os ministros, e eu só faço exigência que eu também exijo de mim, que quem jantar ou almoçar comigo pague a sua conta. Já houve casos chatos. No dia do meu aniversário porque a conta foi um pouquinho alta e tinha gente, que eu não vou dizer quem, que tava acostumado que seria um pagamento do governo. No meu aniversário eu paguei a minha parte porque é assim que eu lido com isso — disse.

Dilma defendeu, ainda, a opção em fazer escala em Portugal. Ela afirmou que os gastos da parada foram menores do que os dispêndios com a viagem ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na semana passada.

- Não dá para comparar os gastos de Lisboa com Zurique. Interessante é que foram procurar meu gasto lá em Portugal. Houve aquela crítica violenta ao Aerolula, o avião chamado Aerolula ele não tem autonomia de voo. Ao contrário de outros aviões do México e de outros países. Aqui você vai achar vários avões com maior autonomia que o meu. Eu para ir faço uma escala, para voltar eu faço duas. Neste caso eu podia ir para Boston, Pensilvânia ou Washington, mas tinha um problema das fortes nevascas. A Aeronautica montou uma alternativa, fui para Lisboa.

O Globo

‘Escolho o restaurante que for porque pago minha conta’, diz Dilma

Presidente disse não ver problema em viagem de comitiva para Lisboa e afirmou ser uma 'exigência' dela que todos os ministros que a acompanham paguem suas contas

Vera Rosa

A presidente Dilma Rousseff rebateu ontem as críticas à sua agenda secreta em Lisboa, entre sábado e a manhã de domingo, quando realizou uma parada técnica na capital portuguesa durante a qual se hospedou no hotel Ritz e jantou no badalado restaurante Eleven. "Eu escolho o restaurante que for porque eu pago a minha conta", afirmou Dilma, em entrevista coletiva em Cuba. "Não há a menor condição de eu usar o cartão corporativo e misturar o que é consumo privado e público."

Questionada se o fato de a agenda ter sido revelada não afeta sua imagem de austeridade, Dilma respondeu que já se acostumou com notícias negativas. "Cheguei a um ponto em que o couro ficou duro", disse ela.

Dilma estava na Suíça participando do Fórum Econômico Mundial desde quinta-feira passada. No sábado, sua agenda dava conta da viagem a Cuba para a 2.ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. O Estado descobriu, porém, que a presidente e uma comitiva pararam em Lisboa sem avisar. A explicação foi que se tratava de uma parada técnica necessária para abastecer o avião.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, ela foi decidida de última hora. O governo português e o chef do restaurante onde Dilma jantou, porém, disseram que tinham sido avisados da visita presidencial já na quinta-feira.

A polêmica levou o PSDB, partido de oposição a Dilma, a entrar nesta terça-feira, 28, com uma representação na Procuradoria-Geral da República para que a passagem pela capital portuguesa seja investigada, assim como os gastos públicos envolvidos no episódio.

Além do Ritz, onde a suíte em que a presidente ficou tem diária de R$ 26 mil no preço de tabela, parte da comitiva se hospedou também no hotel Tivoli.

Dilma afirmou na entrevista que é uma "exigência" dela que todos os ministros que a acompanham na comitiva paguem sua conta. Disse que já houve até um "caso chato", como em um de seus aniversários, quando ela foi a um restaurante em Moscou e uma pessoa da comitiva se assustou com o valor da conta, mas desembolsou o dinheiro.

"No meu aniversário eu também paguei. Tinha gente que estava acostumada que o pagamento seria do governo", disse a presidente, irônica. "É que tem gente que acha esquisito uma presidente dividir a conta. Acho isso extremamente democrático e republicano", completou.

Ela reafirmou a versão já dada por seu chanceler segundo a qual a parada técnica era obrigatória, já que o avião presidencial, conhecido como Aerolula - um Airbus A319 comprado na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva - não tem autonomia para fazer a viagem entre a Suíça e Cuba. Segundo Figueiredo, havia duas possibilidades para uma parada técnica, em Lisboa e em Boston, nos EUA. Por causa do mau tempo nos EUA, optou-se por Lisboa.

Dilma aproveitou para dizer que o avião presidencial brasileiro tem o mesmo problema de autonomia dos aviões presidenciais de México e Argentina. O governo diz que não há plano de comprar uma aeronave com maior autonomia de voo.

Auxiliares do Planalto dizem que a Aeronáutica sempre estuda os lugares onde o avião pode fazer escalas técnicas e considera normais os contatos com embaixadas ou para reservas de hotéis e restaurantes. "Não tem nada ilegal com a viagem", disse a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PPS pede à PGR investigação sobre escala de Dilma

Parada da comitiva em Lisboa, após Davos, não constava na agenda oficial da presidente

O PPS ingressou segunda-feira (27), com representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) em que pede abertura de uma investigação para apurar a escala da comitiva da presidente Dilma Rousseff em Lisboa, neste sábado (25). A parada na capital de Portugal, que não constava da agenda oficial de Dilma, aconteceu após ela deixar o Fórum Econômico Mundial (FEM), em Davos, na Suíça, em direção a Havana.

Dilma e a comitiva ocuparam 25 quartos de dois hotéis luxuosos em Lisboa, o Ritz e o Tívoli. Auxiliares da presidente disseram que o preço pago pela hospedagem não foi o divulgado porque, quando muitos quartos são reservados, a tarifa não é a de balcão. A diária da suíte presidencial no Ritz, onde Dilma se hospedou, custa o equivalente a R$ 26,2 mil.

Na representação ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot o partido afirmou que, em princípio, a despesa é "desnecessária e divorciada do interesse público". A situação poderia caracterizar "ato de improbidade administrativa". 

"Além disso, é possível vislumbrar-se também o 'auferimento' de vantagem patrimonial indevida em razão do mandato, o que poderia importar em enriquecimento ilícito", completou o pedido, assinado pelo líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). "É mais do que razoável a expectativa de que o principal mandatário da Nação exerça seu cargo com respeito ao erário público e procedendo de forma exemplar. A se confirmarem os fatos, a representada terá contrariado essas expectativas", afirmou a nota.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Aécio vai ao TCU mapear obras atrasadas

André Borges

BRASÍLIA - O senador e pré-candidato pelo PSDB à Presidência, Aécio Neves (MG), decidiu bater na porta do Tribunal de Contas da União (TCU), para mapear obras federais que estejam paralisadas, um sinal claro de que a atraso na área de infraestrutura deverá pautar boa parte do debate nas eleições.

No fim do ano, Aécio pediu ao órgão de controle que apontasse quais são as causas das paralisações e que descrevesse as obras com valor acima de R$ 100 milhões, "incluindo nas descrições quais as empreiteiras envolvidas".

Esse levantamento, que chegou ontem à tarde às mãos do senador, pode não ter correspondido às suas expectativas. O relatório do TCU, ao qual o Valor teve acesso, apresenta um resumo de diversas auditorias que o tribunal realizou nos últimos anos, com paralisações específicas de obras federais. Um mapeamento atual e detalhado, porém, não foi fornecido, por conta, segundo o TCU, da "inexistência de um cadastro de obras públicas executadas com recursos federais", situação que "dificulta que se levante informações precisas e atualizadas sobre que obras estão atualmente em execução, concluídas ou paralisadas".

O tribunal alegou haver restrições técnicas para o mapeamento e afirmou que sistemas usados pelo governo (como Siafi, Siasg e Sigplan) "gerenciam informações sobre a execução orçamentária e financeira, mas não são capazes, em várias situações, de evidenciar uma obra".

Em seu voto, o ministro-relator Valmir Campelo disse que informações reunidas em um único banco de dados "fazem-se prementes, ainda mais considerando o histórico de obras inacabadas publicamente conhecido".

Ao justificar as limitações, o TCU faz menção ao esquecido portal ObrasNet, site que foi lançado pelo então presidente Fernando Henrique, em abril de 2000. O portal só foi ao ar em outubro de 2002, em uma versão parcial. "O acesso ao sistema seria feito via internet e nele estão disponíveis informações do Sistema Nacional de Preços de Insumos, que conta com itens básicos de engenharia cadastrados e podem servir de parâmetros de comparação dos custos das obras. Na verdade, as informações que existem hoje nesse sistema acessado pelo endereço eletrônico www.obrasnet.gov.br são apenas dados de contratos de repasse geridos pela Caixa Econômica Federal."

O relatório sustenta que, "se todos os módulos concebidos no projeto inicial tivessem sido implantados, o ObrasNet permitiria o controle de custos e qualidade das obras, a garantia de conclusão, o controle da liberação de pagamentos."

Na página do site, uma explicação dá conta de que seu conteúdo "está sendo desenvolvido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão em parceria com a Caixa Econômica Federal". Para o TCU, apesar dos esforços para melhorar a eficiência das obras públicas custeadas com recursos da União, "não há controle específico para esse tipo de investimento, já que a atuação deveria estender-se desde a alocação de créditos orçamentários até a fiscalização das respectivas obras."

Procurada pelo Valor, a assessoria de Aécio Neves informou que o senador só teve acesso ao relatório na tarde de ontem e que ainda não tinha uma avaliação precisa do levantamento do tribunal.

Por meio de nota, o Ministério do Planejamento informou que, desde 2008, todas as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), executadas com recursos do orçamento da União, estão organizadas e detalhadas em um sistema de informação que atende às demandas do TCU, o SisPac. "Sobre as obras do PAC, programa que reúne a maior parte das obras de infraestrutura do governo federal, são enviados quatro relatórios anualmente para o órgão", destacou o ministério.

Em 2010, segundo a Pasta, o TCU recomendou que todas as demais obras do governo federal fossem organizadas, da mesma forma, em um sistema de informação. "Tal sistema está em fase de implementação e já passou pelo processo de homologação. O sistema é complexo, pois reúne informações de órgãos da administração direta, fundações e autarquias e processos automatizados com outros sistemas de informação", informou o Planejamento.

Fonte: Valor Econômico

Em SP, Aécio reúne com FHC e grupo de peso para discutir programa de governo

O vereador Andrea Matarazzo, o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Lafer, o deputado fedral Sérgio Guerra e o ex-embaixador Rubens Barbosa também estiveram presentes no encontro

Beatriz Bulla

SÃO PAULO - Provável candidato tucano na disputa pelo Palácio do Planalto, o senador mineiro Aécio Neves reuniu em São Paulo nesta tarde um grupo de peso que deve auxiliá-lo na elaboração do projeto de governo que irá apresentar à população durante a campanha eleitoral. Participaram de um almoço organizado pelo senador o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati, o vereador Andrea Matarazzo, o jurista e ex-ministro das relações exteriores Celso Lafer, o deputado federal Sérgio Guerra e o ex-embaixador Rubens Barbosa.

Durante cerca de uma hora e meia, o grupo conversou em um restaurante na capital paulista sobre programa de governo e sobre Brasil, de acordo com Aécio. O tucano ressaltou a "preocupação com os rumos" que o País está tomando e, ao sair do local, disse ao Broadcast estar satisfeito com a disposição das pessoas na construção conjunta de um programa.

Aécio, que tem feito duras críticas à gestão da presidente Dilma Rousseff, disse que o grupo não se deteve na conversa sobre as recentes viagens da presidente. Depois de ir ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, Dilma passou um final de semana em Lisboa, antes de partir para Cuba. "Só lamentamos", disse Aécio, questionado se o grupo, composto por um ex-embaixador e um ex-ministro das Relações Exteriores, conversou sobre o assunto. "Falamos que finalmente a presidente inaugurou a primeira grande obra de seu governo. Pena que não foi no Brasil", disse Aécio, em referência ao financiamento do BNDES ao Porto de Mariel, a 45 quilômetros de Havana. "Falamos de Mercosul, de economia, nosso projeto é Brasil", reforçou o senador mineiro.

No encontro, Tasso Jereissati foi novamente abordado por Aécio para que se candidate mais uma vez a uma cadeira no Senado pelo Ceará. Ele é tido pelos tucanos com um nome forte para projetar Aécio no Nordeste, região do País em que o PSDB tenta ganhar espaço e zona do provável adversário Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco. Aécio enfatizou a possibilidade de candidatura de Tasso, que desconversou sobre a decisão. "Como ele (Aécio) será presidente, pedi para tirarmos uma foto com a mão dele no meu ombro", brincou. O mineiro foi enfático e afirmou que Jereissati caminha para a candidatura ao Senado. Mas Tasso é apontado também como um possível coordenador geral da campanha de Aécio, posto que pode ser destinado ainda ao senador tucano Aloysio Nunes.

Já o ex-embaixador Rubens Barbosa foi assediado por Aécio para que se comprometesse a auxiliar os trabalhos do PSDB. Depois do almoço, assumiu o desafio e deve atuar junto ao atual governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia. A marca que os tucanos devem apontar como bandeira é o da eficiência da gestão em Minas Gerais.

O vereador Andrea Matarazzo chegou atrasado ao encontro. Para o almoço, que aconteceu no restaurante Ici Bistrô, em Higienópolis, bairro onde reside o ex-presidente, Aécio escolheu um robalo como prato principal e Fernando Henrique preferiu um frango ao molho rôti.

Mais tucanos. Na segunda, 27, o senador mineiro já havia se encontrado com tucanos: o governador paulista, Geraldo Alckmin, e o ex-governador José Serra. Os três se encontraram durante evento em homenagem às vítimas do holocausto, realizado no Palácio dos Bandeirantes.

Fonte O Estado de S. Paulo

Aécio convida ex-embaixador para ajudar em programa

Em SP, o tucano sondou Rubens Barbosa para colaborar com propostas na área internacional

Gustavo Uribe

O ex-embaixador do Brasil nos EUA, Rubens Barbosa, em 2002 Roberto Stuckert Filho
SÃO PAULO - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, convidou nesta terça-feira o ex-embaixador Rubens Barbosa, que atuou como representante do país em Londres e Washington, para colaborar na elaboração do programa de governo do tucano para a campanha presidencial deste ano. A sondagem ocorreu após almoço promovido em um restaurante, na capital paulista, para discutir ideias para documento, que deverá ser lançado até maio deste ano, com as propostas do partido à disputa ao Palácio do Planalto.

Segundo tucanos, o pré-candidato do PSDB acredita que Barbosa deve aceitar o convite. O desejo de Aécio é que o ex-embaixador coordene as propostas na área internacional do programa de governo da campanha eleitoral. Entre outros convidados, participaram do almoço desta terça-feira o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-PE) o presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), Tasso Jereissati, o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, entre outros.

No encontro, discutiu-se a política externa do governo federal, a situação da indústria nacional e o andamento das alianças estaduais na disputa eleitoral. Segundo tucanos, Aécio pediu a Tasso que concorra novamente ao Senado pelo Ceará, mas o presidente do ITV respondeu que ainda não tomou uma decisão sobre o tema.

Até o momento, o dirigente nacional do PSDB já confirmou três nomes para a sua equipe de campanha eleitoral: o do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, o da jornalista Andréa Neves, irmã do senador, e o do diretor do Instituto FHC, Xico Graziano.

Fonte: O Globo

Encontro tucano em São Paulo

Juliana Ferreira

Após anunciar que o lançamento de sua candidatura à Presidência da República será em São Paulo, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) se reuniu ontem com um grupo político de peso para definir um programa de governo. Em passagem pela capital paulista, o tucano esteve no apartamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, onde também encontrou o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati e o deputado federal Sérgio Guerra. Os três seguiram para um restaurante, no Bairro Higienópolis, para um almoço com o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, o ex-embaixador Rubens Barbosa e o vereador Andrea Matarazzo. Segundo Aécio, o objetivo da reunião foi discutir questões internacionais da política e da economia. A conversa perpassou a situação atual argentina e a crise do Mercosul, mas desembocou em estratégias e alianças para a candidatura do mineiro.

O almoço de uma hora e meia serviu para a construção de uma programa, segundo o senador, que reforçou sua "preocupação com os rumos do Brasil". "Falamos que finalmente a presidente inaugurou a primeira grande obra de seu governo. Pena que não foi no Brasil", disse, sobre o Porto de Mariel, em Cuba, financiado pelo BNDES. Aécio, mais uma vez, demonstrou interesse em criar uma conjunção política para que Tasso Jereissati concorra ao Senado pelo Ceará. A intenção é colocar alguém com uma imagem forte no Nordeste, região em que o PT vence em votos e de onde surgiu um terceiro provável candidato ao Palácio do Planalto, o governador de Pernambuco, Eduardo Campo (PSB). Tasso desconversou sobre a proposta. Ele também é cotado para a coordenação-geral da campanha tucana à Presidência da República. Já o ex-embaixador Rubens Barbosa foi convidado a ajudar nos trabalhos do PSDB. Ele aceitou e deve atuar com o governador de Minas, Antonio Anastasia, centrando a campanha na eficiência da gestão estadual mineira.

Também ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse em entrevista coletiva que o lançamento da candidatura de Aécio no estado é uma retribuição. "Quando fui candidato à Presidência da República, a convenção que me lançou foi em Belo Horizonte. Então, é uma retribuição. Se essa é a decisão do diretório nacional, ficamos muito honrados", disse. O PSDB deve oficializar a candidatura até março, na capital paulista ou em uma cidade de sua região metropolitana.

Alvos
Além de reforçar o compromisso com os paulistas, o maior colegiado eleitoral do país, a escolha do estado para o anúncio tem outra razão. Segundo o ex-deputado e presidente do PSDB no estado Nilton Flávio, São Paulo pode dar a diferença a Aécio em "eventuais tropeços no Nordeste". Para estreitar os laços, o senador mineiro estará em eventos em Araçatuba, São Carlos e Santos ao longo de fevereiro. Ele também é presença confirmada no Congresso Paulista de Municípios, em Campos do Jordão.

O Nordeste é o segundo alvo do PSDB, de acordo com o deputado federal Marcos Pestana, presidente do PSDB mineiro. "Nossa prioridade estratégica é São Paulo e os estados do Nordeste. O Sul e o Centro-Oeste sempre votaram com o PSDB. No Espírito Santo, a gente sempre ganha. E Rio de Janeiro é um caso à parte."

Pai mais uma vez
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), postou ontem em uma rede social a foto do nascimento do quinto filho, Miguel. "É um menino forte e saudável, nasceu cercado por carinho, felicidade e muito amor. Tem o nome do bisavô e de São Miguel Arcanjo. Seu significado em hebraico ("Quem será como Deus?"), lembra a nossa humildade diante do senhor", escreveu o virtual candidato do PSB na disputa eleitoral de outubro para a Presidência da República. Campos disse que gostaria de agradecer o carinho recebido. "Hoje é um dia muito feliz para minha família. Eu, Renata, Maria Eduarda, João, Pedro, José e o pequeno Miguel, que agora dorme tranquilo, queremos compartilhar essa alegria com vocês", disse.

Fonte: Correio Braziliense

Tucano, Elias Gomes prega reeleição de Jarbas Vasconcelos ao Senado

Após declarar apoio ao ex-ministro Fernando Bezerra Coelho para o governo do Estado, prefeito de Jaboatão externa apoio para a reeleição do senador peemedebista

Bruna Serra e Jumariana Oliveira

Após declarar publicamente sua preferência pelo ex-ministro Fernando Bezerra Coelho (PSB) para suceder o governador Eduardo Campos (PSB), o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes (PSDB), defendeu a escolha do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) como o candidato da Frente Popular ao Senado. Para ele, não é justo rifar o senador da disputa pela reeleição. No almoço oferecido pelo peemedebista no último sábado, o tucano conversou reservadamente com Eduardo.

Ontem, Elias divulgou um artigo tecendo elogios ao peemedebista. “Os pernambucanos querem a continuação de Jarbas Vasconcelos como um dos representantes de Pernambuco no Senado”, escreveu. Na conversa com Eduardo, ele falou sobre suas preferências para a majoritária.

Com a escolha do candidato a governador provocando desentendimentos internos no PSB, o governador Eduardo Campos, está voltando a sua atenção para a formação da chapa que dará sustentação ao escolhido. Até amanhã, Eduardo terá um encontro com Jarbas Vasconcelos para que ambos possam definir se será ele o candidato à vaga do Senado. Jarbas tem a torcida do ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, que alimenta a tese de que, com Jarbas, ele conseguirá viabilizar seu nome como candidato a governador.

Campos está realizando uma sondagem silenciosa com os prefeitos para sentir qual a melhor opção entre os secretários que estão na bolsa de apostas: Tadeu Alencar (Casa Civil) e Paulo Câmara (Fazenda). Ouvirá também de Jarbas Vasconcelos qual é sua preferência. Depois que o PMDB anunciou como prioridade a reeleição do senador, Campos precisou apressar a conversa com Jarbas.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Campos aponta 'esgotamento' de modelo petista

Documento a ser divulgado na próxima terça mira reivindicações de protestos de junho

BRASÍLIA - Ex-aliados do PT, o governador Eduardo Campos (PSB-PE) e a ex-senadora Marina Silva defenderão no documento de diretrizes do programa de governo, a ser divulgado na próxima terça em Brasília, que há um "esgotamento" do atual modelo de desenvolvimento do país.

Tanto Campos --ex-ministro e aliado do governo petista até setembro de 2013-- quanto Marina --ex-ministra e aliada do governo até 2008-- devem sugerir que esse diagnóstico contribui para a necessidade de interrupção do ciclo do PT no poder.

O evento não será usado para anunciar Marina como vice de Campos. Isso ainda é objeto de negociações.

Quatro meses após a adesão de Marina ao projeto presidencial de Campos, os dois usarão a solenidade para apresentar a consolidação das diretrizes discutidas entre PSB e Rede desde então.

A redação final do texto ainda está sendo alinhavada pelo PSB e pela Rede e deve sofrer mudanças até terça.

Segundo a Folha apurou, a ideia é divulgar a tese de que o desenvolvimento é um conceito que não pode se resumir ao crescimento da economia, tendo que levar em conta saúde, educação e saneamento.

O discurso mira as reivindicações das manifestações de rua em junho, que cobraram melhores serviços públicos do Estado, e vai na linha do que tanto Marina quanto Campos já manifestaram.

No programa de TV do PSB de 2013, o pernambucano disse que o país não trilhou o caminho errado, mas emendou: "Temos que admitir, estamos no caminho que já deu o que já tinha que dar."
A estratégia de marketing é reconhecer ganhos econômicos e sociais nas gestões de PSDB e PT, aliado ao discurso de que é preciso avançar.

As diretrizes tendem a ser genéricas sobre as propostas para o "novo modelo", como a necessidade de fim do loteamento da máquina federal entre partidos --prática que é usada por Campos para governar Pernambuco.

Fonte: Folha Online

Zuenir Ventura:Saudades das Diretas Já

Um espetáculo de ressurreição da esperança. Após 20 anos de ditadura, o país foi para as ruas e, como nunca, manifestou-se com vigor, mas em ordem e em paz

Três datas terminadas em 4 devem ser lembradas neste 2014. A primeira é 1954, do suicídio de Getúlio Vargas. A segunda é 1964, do golpe militar apresentado como Revolução. A terceira, 1984, das Diretas Já. Na primeira ocorreu um drama. Na segunda, uma farsa. Na terceira, um épico. Elas marcaram a história política do país e de uma geração. Quando soube da morte de Getúlio, naquele 24 de agosto (um mês também cabalístico, da renúncia de Jânio Quadros), eu me encontrava na porta da antiga Faculdade Nacional de Filosofia, onde cursava Letras Neolatinas. Estava fechada, como tudo o mais. Eu era tão politicamente alienado que, diante do país em choque, minha reação foi de alívio, e por um motivo mesquinho. Não ia precisar entregar os trabalhos de casa passados por aqueles geniais catedráticos: Alceu Amoroso Lima, Cleonice Berardinelli, Manuel Bandeira, Celso Cunha, José Carlos Lisboa, entre outros. Tenho vergonha de dizer que só mais tarde me dei conta da gravidade e importância daquele momento em que mais me interessavam Lorca, Camões, Pessoa, Camus, Machado.

Já 1964 foi completamente diferente, com a instauração do que ficou conhecido como “terrorismo cultural”: perseguições e prisões políticas, censura, arbítrio. Chegamos a Brasília, minha mulher (grávida) e eu, justamente na noite de 31 de março, depois de uma viagem de dois dias num Fusca sem ar-refrigerado, sem rádio e, portanto, sem saber o que estava acontecendo. A chamado de Pompeu de Souza, ia lecionar Jornalismo na universidade recém-criada por Darcy Ribeiro. Voltamos dias depois sem emprego e infiltrados num avião só de militares. Até hoje não sei como.

Se num caso um presidente se matou e no outro matou-se a democracia, no terceiro houve um dos mais bonitos espetáculos cívicos de ressurreição da esperança. Depois de 20 anos de ditadura, o país foi para as ruas e como nunca, antes ou depois, manifestou-se com vigor, mas em ordem e em paz. Até os políticos, passando por cima de divergências partidárias e em perfeita consonância com a sociedade, se uniram de maneira inédita em torno de uma mesma causa: o restabelecimento das eleições diretas.

O que mais fascinava naquela campanha, e ainda fascina vista à distância, era a crença com que milhões de pessoas iam para as ruas reivindicar e propor. Talvez porque fosse um movimento afirmativo, a favor, não mais de negação, o fato é que, se não foi a “maior manifestação popular da História do Brasil”, como se diz, foi pelo menos a mais alegre, colorida e musical que se viu. Em termos de cena urbana, não há como não comparar, com nostalgia, as gloriosas mobilizações de 30 anos atrás com os rolezinhos de hoje.

Fonte: O Globo

Dora Kramer: Passado a limpo

Não está claro quando a verdade saiu contundida: se no presente ou no passado.
 
Mas, tenha maquiado a realidade antes ou esteja agora adaptando o discurso às circunstâncias eleitorais, fato é que o governo apresenta versões diferentes daquelas que divulgava meses atrás sobre os protestos de junho e o grau de dificuldade da reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Todo mundo tem direito a mudar de opinião. Desde que, principalmente em se tratando de governos, fique bem explicado e justificado que se trata de uma mudança de posição. Do contrário, o que se tem é um exercício de "apagamento" da memória coletiva, a falta consentida de compromisso com a palavra dita.

Na sexta-feira passada, o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse no Fórum Social, em Porto Alegre (enquanto Dilma falava no Fórum Econômico, na Suíça) que houve perplexidade no governo federal e até um sentimento de "ingratidão" em relação aos manifestantes do mês de junho de 2013.

Segundo Carvalho, levou-se "um susto" em Brasília. "Nós ficamos perplexos". E, por "nós", explicou, falava do governo e dos "movimentos tradicionais". Sentiram "dor", como quem diz, "fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós", relatou o assessor presidencial à plateia.

Perplexo e assustado certamente ficou, ao ler a declaração, quem se lembrava das declarações de governistas à época dos protestos. Nada a ver com o que disse o secretário-geral agora.

A avaliação corrente entre esse grupo era a de que as manifestações ocorreram devido aos êxitos das administrações do PT, pois elas melhoraram a vida das pessoas e aumentaram o nível de exigência dos incluídos. Além disso, os protestos, afirmavam com razão, não eram contra o governo federal, mas contra todos os partidos e políticos.

A presidente Dilma, especificamente, disse mais de uma vez que entendia e ouvia a voz das ruas, que o "Brasil acordou mais forte" e que as queixas e os queixosos mereciam todo respeito e consideração. Onde a mágoa? Onde o sentimento de ingratidão? Onde a sensação de que "fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós"? Onde a verdade? Neste caso, provavelmente na fala atual de Gilberto Carvalho. Maquiados estavam os discursos oficiais da época.

Reportagem de João Domingos publicada na edição de segunda-feira do Estado, tendo como personagens vários petistas importantes, mostra que na avaliação do partido a disputa eleitoral será muito difícil e sem perspectiva de vitória no primeiro turno.

Os analistas citados: Gilberto Carvalho, o ex-presidente Lula da Silva, o presidente do PT, Rui Falcão, e o vice- presidente da Câmara, André Vargas.

Eram os mesmos que juntos a outros tantos até recentemente ironizavam a oposição, menosprezavam os oponentes, provocavam, davam a entender que a eleição seria praticamente uma formalidade. Apenas por acidente Dilma não seria reeleita no primeiro turno.

O jornalista João Santana, tido como 40.º ministro tal a sua influência como arquiteto das magias palacianas e eleitorais, disse em altaneiro tom após a primeira grande queda da presidente nas pesquisas, ao prever a recuperação: "A Dilma vai ganhar no primeiro turno, porque ocorrerá uma antropofagia de anões. Eles (os adversários) vão se comer lá embaixo e ela, sobranceira, vai planar no Olimpo".

Onde a verdade? Nas palavras de Santana, na arrogância anterior das lideranças ou nas avaliações mais comedidas de hoje? Aqui, tudo indica que as circunstâncias atuais recomendaram uma conciliação entre realidade e humildade. Pela razão prática do recuo estratégico para abrir espaço ao avanço tático.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Igor Gielow: Opacidade

Enquanto os "rolezinhos" se encaminhavam ao previsível oblívio midiático, cortesia de ressurgentes "black blocs" paulistanos, Dilma Rousseff dava o seu rolé pela terrinha no sábado passado.

O moralismo barato apresenta-se tentador. Ora, Dilma deve ficar em um bom hotel. É preciso hospedar a comitiva que transitava entre encontros internacionais. E todos podem comer num restaurante estrelado se decidirem pagar por isso.

O problema é outro: falta de transparência. É a visão distorcida de um valor absoluto conferido à privacidade na agenda presidencial. De que explicações não são devidas quando quem paga a conta somos nós.

Sob Dilma, no ano passado a Presidência passou a esconder seus variados gastos de viagem, com a duvidosa alegação de risco à segurança.

Sobram perguntas legítimas. A escala do Airbus presidencial é obrigatória, sim, mas por que não encher o tanque e seguir viagem para Havana? É também cabível perguntar se não haveria opção mais barata para acomodar o resto da comitiva.

São meras perguntas, para as quais provavelmente há respostas razoáveis, mas a menção a elas gera indignação, versões e enrolação generalizada. Dilma ontem propagandeou que não usa cartão corporativo; por que não aproveita e acaba com o meio nos gastos da Presidência?

No fundo, está o DNA dos nossos políticos. Basta ver a primeira reação de qualquer uma das tantas autoridades flagradas fazendo uso pouco republicano de aviões da FAB.

O que parece escapar à presidente é que há muitos fios desencapados na confusa malha social brasileira. Coisas assim, que antes passariam por "bobagem" ainda que não o fossem, geram curtos-circuitos.

É curioso o enfado, já que a própria reação hiperbólica do governo aos "rolezinhos" mostrava uma ansiedade quanto a esses detalhes. Afinal de contas, a reeleição está longe de ser uma realidade garantida.

Fonte: Folha Online

Carlos Pereira: Mudar para que tudo continue como está

Sem abrir mão de poder, o PT diminui chances de mantê-lo

É chegado mais um ano eleitoral e com ele abre-se uma janela de oportunidade para uma reforma ministerial. Ajustes na alocação de poder entre os partidos da coalizão de governo estão à vista. Este sempre é um momento de tensão e risco. Estão em jogo possibilidades para se ganhar ou perder espaços já ocupados. O partido da presidente, o "formateur" da coalizão, tentará ocupar ainda mais posições. Por outro lado, aliados procurarão aumentar sua participação, que têm sido extremamente reduzida sob os governos do PT.

Como o ex-presidente Lula, Dilma montou uma coalizão extremamente ampla e heterogênea. Entretanto, o marco das coalizões dos governos do PT tem sido a desproporcionalidade entre o peso político dos aliados no Congresso e a fatia de poder delegada aos seus parceiros.

O PT tem ocupado cerca de 46% dos ministérios no governo Dilma, enquanto o seu peso político não passa de 26% de cadeiras ocupadas pela coalizão na Câmara dos Deputados. O PMDB, que tem praticamente o mesmo peso político do PT na Câmara e um peso maior no Senado, tem apenas 16% de ministérios. O PSB, ainda no governo, tinha cerca de 5% de ministérios e uma bancada na Câmara de quase 11%. Com exceção do PT, todos os partidos aliados dos presidentes Lula e Dilma têm sido sub-recompensados. Esta superdominância do PT no governo Dilma também é verificada nos cargos de livre nomeação do segundo e terceiro escalões, ocupando 30% de cargos na burocracia federal. Outros partidos da base, tais como PMDB, PP e PTB, ficam relegados à ocupação de apenas 12%, 6%, e 5% respectivamente. Como pode ser notado, trata-se de uma situação que se assemelha à condição de monopólio, circunstância na qual os bônus políticos são definidos pelo monopolista, neste caso o PT, e não pelo conjunto de "stakeholders" do governo.

Por que o PT tem tanta dificuldade em compartilhar poder com aliados? Uma explicação decorre do grande número de suas facções internas. A estratégia de não contemplar algumas dessas facções com cargos no governo não é destituída de custo político. Difícil dizer para alguma dessas facções que não há espaço no governo, diante da necessidade de acomodar aliados externos que tem peso real de poder no Congresso.

O aumento de escândalos de corrupção é uma das consequências dessa estratégia monopolista. Além disso, deserções de aliados são mais frequentes, como a recente saída do PSB do governo e o lançamento da candidatura de Eduardo Campos à Presidência e problemas na montagem de palanques com aliados em alguns Estados importantes como na Bahia. Dilma também tem amargado mais derrotas no Legislativo, com a menor média de apoio em votações, aproximadamente 44% do total da Câmara dos Deputados, comparando-se com as duas legislaturas anteriores (ver gráfico). Mais preocupante é que a taxa de apoio ao governo Dilma tem sido progressivamente menor entre os partidos que fazem parte da coalizão do governo. Percebe-se uma espécie de saturação ou cansaço do modelo centralizador e não proporcional de gerência da coalizão, implementado pelos governos do PT.

Talvez o PT não tenha percebido que chefes do Executivo enfrentam, inexoravelmente, um dilema inerente aos regimes multipartidários: a condição de que o partido do presidente não desfruta de maioria legislativa. Além de alocar benefícios monetários e fazer concessões políticas, se torna necessário distribuir ministérios, como forma de manutenção de coalizões políticas majoritárias. Ao delegar autoridade ministerial para um membro de sua coalizão, presidentes assumem riscos de verem suas preferências expropriadas. Apesar de nomeados pelo Executivo, ministros possuem espaços próprios de atuação, sem que haja mecanismos de absoluto controle sobre as ações efetivamente realizadas.

Uma ferramenta de gerência de coalizão mais eficiente do que monopolizar gabinetes tem sido a nomeação de secretários-executivos da confiança do presidente para ministérios, como mecanismo de controle dos seus parceiros. Essa ferramenta é especialmente utilizada quando parceiros são ideologicamente distantes das preferências de presidentes. Por outro lado, quando não compartilham poder com aliados, ao montarem governos de coalizão desproporcionais, como tem feito o PT, presidentes perdem a capacidade de controlar aliados via nomeação de secretários-executivos. Tal decisão poderia aumentar ainda mais a tensão com aliados que já se sentem desprestigiados por não verem seus pesos políticos reconhecidos pelo governo.

Portanto, em vez de continuar nutrindo uma atitude preconceituosa e desconfiada em relação a seus parceiros políticos, seria melhor o PT aprender com os seus sucessivos erros e aproveitar a atual janela de oportunidade para fazer uma reforma ministerial que reflita a efetiva correlação de forças políticas no Congresso. Do contrário, novas defecções podem ocorrer, em um ano capital, quando a presidente concorre à reeleição. É importante ressaltar que Lula conseguiu manter uma coalizão de governo com muitos aliados, além de heterogênea e desproporcional. Isso porque sempre desfrutou da qualidade particular em obter popularidade e ter habilidade no trato com seus parceiros. Além do mais, Lula enfrentava poucos riscos eleitorais em um ambiente marcadamente favorável à continuidade, o que diminuiu o poder de barganha dos parceiros. Diferentemente, a presidente Dilma deve enfrentar uma disputa política difícil e imprevisível com dois candidatos de oposição competitivos, em um cenário em que 2/3 dos eleitores brasileiros já externalizaram um claro desejo de mudança. Enfim, esse é o momento de mudar caso o PT pretenda continuar onde está: na Presidência.

Carlos Pereira é professor titular na Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) da Fundação Getulio Vargas (FGV), coautor do livro "Making Brazil Work: Checking the President in a Multiparty System"

Fonte: Valor Econômico

Roberto Romano*: Ingratos!

Ao falar sobre defeitos e virtudes humanos, Spinoza afirma que "só os homens livres têm reciprocamente, uns para com os outros, o mais alto reconhecimento" (Ética). Quando, sob pressão oficial, a um povo é subtraída a escolha efetiva, torna-se uma perigosa crueldade dele exigir gratidão pelos feitos dos governantes. A lição foi dada a Spinoza por Maquiavel.

Os palácios brasileiros, movidos pela propaganda, tentam coibir a oposição e a crítica usando a chantagem orçamentária ou abusando da força física. Acostumada à demagogia que, desde Vargas, lhe rende uma legitimidade de encomenda, a cortesania não aceita que o povo, presumidamente beneficiado por suas administrações, recuse praticar as zumbaias e os rapapés tão comuns nos gabinetes. Com muitos eleitores ainda funciona o "é dando que se recebe". Mas graças às formas de comunicação como a internet, tal prática se atenua a olhos vistos. O controle face a face, tradicional no Brasil, perde terreno para formas coletivas de trato entre mandatários e cidadania. Exigir gratidão pelo favor recebido mostra pleno anacronismo e sinaliza uma tendência reacionária dos governantes.

Segundo entoam os atuais ocupantes do poder federal, imitados por seus bajuladores, vivemos sob um governo de esquerda. Toda crítica aos dirigentes é vista como atentado ao processo revolucionário que habita a alma dos líderes e militantes, mas é invisível aos seres humanos comuns. Quem está a par da teoria leninista conhece a distinção lógica entre o bom proletário e a massa apegada às reivindicações "puramente econômicas" (aumento de salário, condições de consumo, etc). O primeiro sacrifica tudo, até a vida, em favor do socialismo. A segunda só chegaria à lucidez sob o guante dos intelectuais (a consciência vinda de fora...) e do partido. Sem tal obediência o trabalhador é visto como inimigo pelos apparatchiks. Se for grato e adiar suas reclamações financeiras ou políticas, ele é reconhecido pelo Estado, recebe medalhas como digno êmulo de Alexei Stakhanov. Com semelhante domesticação se construiu o poder estatal na pátria do socialismo.

Ainda hoje, na mente de muitos líderes nominalmente de esquerda e modernizadores, a massa popular tem apenas o direito de ser tangida pelos iluminados que, em seu nome, a conduzem rumo ao melhor dos mundos possíveis. Josef Stalin, num retrocesso histórico à guisa de realismo político, retomou com mão de ferro os ritos czaristas para impor os seus planos à plebe ignara (leia-se O Homem, o Capital Mais Precioso). Nos governantes brasileiros de agora se afirma o mesmo sestro contrário à soberania popular.

Em comícios, Luiz Inácio da Silva repreende a massa e define quem deve ser por ela enaltecido ou excomungado. Na faina de controlar os adeptos e com abuso do cajado no pastoreio, chegou ao ponto sublime no enunciado (com sotaque do Antigo Regime) de que José Sarney não é um cidadão comum. A populaça levanta-se contra o patrimonialismo maranhense porque, imagina o Grande Líder, ignora o saber político. Ela precisa aprender históricas lições de realismo tendo em vista a governabilidade, ou seja, a grata obediência ao oligarca. Outra cena caricata e trágica de retorno ao passado ocorreu nos jardins da casa de Paulo Maluf num abraço que apunhalou a própria elite esquerdista.

O dono do partido considera a política pública que, desde o Plano Real, incluiu no mercado milhões de brasileiros um favor devido à sua pessoa. Stalin regrediu ao período monárquico, unindo a honraria de ser "pai do povo" (título comum aos reis europeus antes da Revolução Francesa) ao populismo sem peias. Herdeiro da cultura política imposta pelo absolutismo português, o Brasil jamais aniquilou a prática do favor, da clientela, da suposta gratidão dos pobres diante dos "benfeitores". Tais costumes vêm da República Romana, que jamais foi democrata. Nela a fé pública dependia do rico que mantinha a plebe na abjeta dependência. O favor prestado pelo patrão era retribuído agradecidamente pelo favor do voto. Como a soberania popular era um mito a ser respeitado, embora desobedecido, mesmo o aristocrata que concorria aos cargos era obrigado a pedir o voto dos clientes como se fosse um beneficium.

O eufemismo ainda encobre o controle político. Poucos (fora os ditadores que se atribuíram o título de Benefactor, como Anastasio Somoza) ousam exigir "gratidão" das massas por suas benfeitorias, reais ou imaginárias. Gilberto Carvalho, secretário da Presidência, rompeu a barreira das formas decorosas ao evidenciar o seu estado de espírito em face das manifestações populares (que ameaçam retornar em ano eleitoral). Em junho de 2013, confessa ele, "houve quase que um sentimento de ingratidão, de dizer:

'fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós'". O lapso revela muito da alma governista.

Temos, ademais, notícias de preparo das Forças Armadas e da polícia para a próxima Copa do Mundo. No manual repressivo com normas para o uso da força física pelos agentes oficiais (o Ministério da Defesa prepara uma edição mais branda, para inglês ler) o inimigo é o povo ingrato. Este não amadureceu o bastante para reconhecer os benefícios trazidos pelos patrões do Planalto. A fala do ministro evidencia: se houve ideal modernizante em sua grei, ele foi sepultado na vala do realismo político.

De tanto se unir aos oligarcas que forçam seus eleitores a ver como "um favor" as obras públicas e os recursos arrancados do campo federal, os governistas os mimetizam. Nunca antes neste país os nhonhôs foram tão gratos aos que habitam os palácios. A palavra "esquerda" é folha de parreira que encobre uma prática que deveria, se exibida na TV, ser proibida aos menores de idade. "Ah, sai daí", senhor ministro!

*Roberto Romano é professor da Universidade Estadual de Campinas e autor de 'O Caldeirão de Medeia' (Perspectiva).

Fonte: O Estado de S. Paulo

Elio Gaspari: Para onde vai o PT?

Os comissários buscam um novo rumo e oferecem dois: num, há uma ameaça; no outro, uma pergunta sem resposta

Nas últimas semanas o comissariado petista lançou duas pontes para o futuro. A primeira veio de Tarso Genro. Num artigo intitulado “Uma perspectiva de esquerda para o quinto lugar”, defendeu uma ofensiva política para colocar o Brasil no seu devido lugar, admitindo que em 2023 ele se torne a quinta economia do mundo. Com uma mistureba da China de Deng Xiaoping com a reforma econômica leninista de 1921, o comissário propõe um “levantar âncoras” com “uma nova Assembleia Nacional Constituinte” amparada na voz das ruas, “sem aceitar a manipulação dos cronistas do neoliberalismo amparados na grande mídia”.

É um caminho essencialmente político: muda-se a ordem constitucional e faz-se o que é preciso. Desde a chegada de Tarso Genro ao mundo, em 1947, o Brasil já foi regido por duas constituições saídas da vontade popular. Nenhuma das duas resolveu o problema dos presídios gaúchos. Muito menos os 18 governadores do estado que governa. (Dois deles vieram do PT.)

A outra ponte foi lançada pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Ele admite que os progressos sociais dos últimos dez anos mostraram-se “insuficientes”. O país quer “serviços de qualidade”. Educação de qualidade, saúde de qualidade, polícia de qualidade.

As duas propostas parecem complementares, mas são divergentes e refletem a ansiedade da nação petista. Não há garantia de que, com a Constituição de Tarso Genro, consiga-se o que as outras não conseguiram. (Noves fora outras duas, dos generais.) Invertendo o raciocínio, pode-se dar qualidade aos serviços sem Constituinte. Por exemplo: como ministro da Educação, ele criou o ProUni sem grandes mudanças legais. (Esse programa pode ser comparado à GI Bill de Franklin Roosevelt, berço da nova classe média americana.) O MEC dos companheiros preservou a promiscuidade dos educatecas com a rede de ensino superior privada e manteve Pindorama no mesmo patamar medíocre no ensino médio e fundamental. Prometeram dois Enems a cada ano e patinam na lorota. O programa Ciência sem Fronteiras, da doutora Dilma, chega ao último ano de sua meta tendo cumprido apenas 35% da promessa.

Na segurança (que não é atribuição do governo federal), os companheiros esbanjaram marquetagem, até caírem no atoleiro maranhense. Na saúde, ajudados pela oposição e pelos interesses corporativos da elite médica, o programa Mais Médicos virou panaceia. Trata-se de um curativo, mas em cidade sem médico curativo já é muita coisa. Levaram dez anos para começar a desinfetar o mercado de planos de saúde e para começar a cobrar das operadoras a devida compensação do SUS nos casos de atendimento de seus clientes.

A doutora Dilma vai buscar nas urnas um mandato que dará ao PT o predomínio de um bloco partidário por 16 anos, coisa jamais vista no país. Buscando-se o desempenho na direção dos “serviços de qualidade” mencionados por Gilberto Carvalho, acha-se pouco num balanço dos últimos anos. Falta botar mercadoria na mesa. O caminho oferecido por Tarso Genro vem da família do “começar tudo de novo”. Ela já apareceu sem sucesso no Brasil, e com êxito na Venezuela, onde o presidente Maduro viu-se obrigado a lidar com a falta de papel, quer os rolos higiênicos, quer os que imprimem jornais.

Fonte: O Globo

José Nêumanne*: Da banca de peixes ao mercado de escravos

Em seu discurso no Fórum Econômico de Davos Dilma Rousseff tentou, ao que tudo indica, erigir um marco de referência para sua campanha. Como o fora a Carta aos Brasileiros, na qual o PT abandonou seu discurso avesso ao sistema financeiro internacional para facilitar o acesso de Lula à rampa do Planalto afastando a desconfiança dos investidores. E da Suíça Sua Excelência embarcou para Cuba para agradecer a Raúl Castro os médicos exportados para o Brasil e assim conquistar votos para candidatos oficiais combatendo as falhas da saúde pública no interior.

Há 12 anos, inspirado pela visão pragmática do ex-prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci, que passou a coordenar o programa de governo do candidato petista na campanha presidencial após a morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, Lula deu uma guinada de 180 graus na retórica econômica do PT. Com isso, acalmou o mercado inquieto e ganhou a eleição. Hábil, intuitivo e esperto, o ex-dirigente sindical apoiou seu compromisso nos pilares da austeridade monetária, do equilíbrio fiscal e da flutuação cambial ao nomear o banqueiro tucano Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central.

E não ficou nisso: solidamente ancorado em seu proverbial bom senso, o antecessor, padrinho e fiador da atual presidente nunca estimulou nem permitiu que nenhum espírito santo da sua orelha esquerda desautorizasse a política, na prática, autônoma, da autoridade monetária nacional. Foi isso que amainou a procela que parecia inevitável caso prevalecessem os impulsos desenvolvimentistas e os flertes populistas com seus melodiosos, mas também venenosos, cantos de sereia. Nem mesmo a queda de Palocci no epicentro de um furacão de escândalos de corrupção e sua substituição pelo inexpressivo, e às vezes até caricato, Guido Mantega alteraram a rota singrada pela nau da economia, que correria o risco de ficar à deriva. E assim o País continuou prosperando e os eleitores garantiram seus dois mandatos e o triunfo de Dilma.

Já a sucessora de padim Lula de Caetés é mandona, voluntariosa e pouco afeita ao exercício da esperteza política. Embora Lula tenha sido mantido no alto posto de eminência parda, a gestão de rotina da política econômica, sob a insignificância de Mantega e a absoluta falta de brilho e de estilo próprio de Alexandre Tombini, um burocrata incapaz de suceder a Meireles à altura, independe da sensatez do profeta do ABC. Ao contrário, limita-se tão somente aos espasmos tirânicos de vontade da chefe geral, economista de formação acadêmica basal, mas sempre disposta a deitar regra em função do diploma. A Carta foi feita para a campanha e entrou na História. A peça de Dilma é mera fantasia de palanque.

No reino encantado de dona Dilma, "a inflação permanece sob controle. Nos últimos anos, perseguimos o centro da meta e trabalhamos para lograr esse objetivo". Trata-se de um logro de fazer o Dr. Pangloss corar de pudor. Pois pelo quarto ano consecutivo a inflação fechou 2013 acima do centro da meta, embora abaixo do teto preestabelecido de 6,5%. "Nosso sucesso estará associado à parceria com os investidores do Brasil e de todo o mundo" - é o doce sonho da chefe do governo. Com 13 procedimentos exigidos e 107,5 dias de prazo para abrir uma empresa, o Brasil está no 116.º lugar entre 189 nações no ranking "Facilidade para Fazer Negócios" do Banco Mundial. Quase um terço de executivos do mundo ouvidos em levantamento da KPMG apontou a complexidade tributária como maior obstáculo para investir no País.

Justiça seja feita, a presidente teve um momento de modéstia realista ao registrar a necessidade de investir muito mais em infraestrutura, lembrando que apoia as parcerias com o setor privado. No entanto, protecionismo, barreiras governamentais, questões políticas e incertezas na regulação põem o Brasil em 71.º lugar entre 148 nações, segundo o Fórum.

Após haver afagado na banca de peixes de Davos bolsos dos quais deverão sair doações para a campanha de sua reeleição, à qual é favorita, menos por competência própria do que por incompetência da oposição, Dilma foi a Cuba. Lá inaugurou a primeira etapa da construção do porto de Mariel, bancado por nós e para o qual doou mais US$ 290 milhões de mão beijada. Então, se não pôde fugir da obviedade de que é preciso investir mais para melhorar nossas condições rodoviárias, portuárias, aeroportuárias e de outros setores necessários à circulação de mercadorias, financiar um porto no qual nunca será embarcada uma saca de soja nacional é uma contradição. Na ocasião, atacou o embargo dos Estados Unidos a Cuba, uma decisão anacrônica e nada inteligente dos gringos, que só serve para reforçar a desculpa furada de que a situação deplorável da economia da ilha caribenha se deve à intransigência ianque. Sua posição é correta, mas óbvia e dispensável. Não parece lógico que os americanos corrijam tal erro só para lhe agradar. E o Brasil até tem cacife para sustentar Cuba, como antes o fizeram a União Soviética e a Venezuela. Mas para quê?

O aspecto mais surreal de sua visita ao canavial dos irmãos Castro, contudo, foi ter levado na comitiva o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, candidato petista ao governo paulista, e seu sucessor, Arthur Chioro, para os três agradecerem em coro o envio de paramédicos cubanos para preencher vagas do Mais Médicos nos grotões pátrios. Ora, esculápios são o maior produto de exportação da miserável Cuba e o Brasil paga o equivalente a R$ 10 mil por mês diretamente aos tiranetes locais por profissional importado, ficando para cada um destes um mísero troco. Trata-se de uma inversão na prática da mendicância: é a primeira vez na História que quem dá a esmola agradece ao mendigo. Ao anunciar mais 2 mil contratados em tais condições, a vendedora de peixe na Suíça comporta-se como receptadora de escravos no Caribe 125 anos após a Abolição.

*José Nêumanne é jornalista e escritor.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Luiz Carlos Azedo: Na cadeia da globalização

O livro Sobre a China (da Editora Objetiva), do ex-secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, termina de forma perturbadora: depois de lembrar que o século passado foi marcado por uma disputa pelo controle do comércio no Atlântico entre Inglaterra, a potência naval, e Alemanha, uma potência continental — o que levou a duas guerras mundiais —, conclui que o atual será pautado por uma disputa pelo comércio do Pacífico, para onde se deslocou o eixo da economia mundial. Agora, a potência naval são os Estados Unidos, e potência continental, a China. E ninguém sabe como isso vai terminar.

Lembra Kissinger que os chineses são "astutos praticantes da realpolitik". Em raras ocasiões, arriscaram embates de tudo ou nada, enquanto a tradição ocidental prezava o choque decisivo de forças. O jogo mais tradicional da China é o wei qi (pronuncia-se "uei tchi"), cujo tabuleiro tem uma grade com 19 posições e 19 linhas, que começa vazia. Cada jogador tem 180 peças, ou pedras, todas de igual valor. As pedras vão sendo postas de forma alternada em algum ponto do tabuleiro, na tentativa de cercar e capturar as peças do oponente, em múltiplas e simultâneas batalhas, em diferentes regiões do tabuleiro. O equilíbrio de forças muda progressivamente, até o adversário ficar imobilizado.

Enquanto no xadrez o objetivo é o xeque-mate, no qual o rei oponente fica numa posição em que ele não consegue se mover sem ser destruído, o wei qi é uma campanha prolongada. O primeiro adota conceitos clausewitzianos de "centro de gravidade" e "ponto decisivo" — luta-se pelo centro do tabuleiro. O wei qi ensina a arte do cerco estratégico, no qual o jogador se move pelos espaços vazios do tabuleiro.

O $urreal
Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu à redução do dinamismo da economia da China e à decisão do Federal Reserve (FED), o Banco Central norte-americano, de fazer nova intervenção na economia dos Estados Unidos a responsabilidade pela instabilidade no mercado de câmbio, que levou o dólar a ultrapassar os R$ 2,40. Teme perder o controle da inflação por causa disso. Na última vez em que o FED atuou para reduzir os estímulos, retirou da economia norte-americana US$ 10 bilhões. No caso da China, a redução do crescimento desvaloriza as moedas em função das commodities. Até que ponto o $urreal das praias cariocas (cujos preços estão nas alturas) — olha aí o instinto animal de nossa economia informal! — não é um antecipação do que pode vir?

Na verdade, quem apostou na crise geral do capitalismo perdeu: com perdão do trocadilho, o Brasil não era o elo forte da globalização, ou seja, não rompeu a barreira da dependência pelo fato de ampliar o seu mercado interno em meio à crise mundial. Mas essa é outra discussão. O que interessa registrar são certos paradoxos de nossa estratégia de inserção no mercado mundial, que apostou nos países emergentes contra os países desenvolvidos. É o caso do Porto de Muriel, a 50 quilômetros de Havana, inaugurado segunda-feira pelo presidente cubano, Raul Castro, ao lado da presidente Dilma Rousseff, um justo orgulho para a engenharia brasileira. Terceiro porto da América Latina e o maior do Caribe, o porto recebeu do BNDES US$ 802 milhões em financiamentos para bens e serviços na sua construção. Na segunda etapa, mais US$ 290 milhões serão emprestados para a implantação da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel.

Como bem lembrou a colega Tereza Cruvinel na sua coluna de ontem, o empreendimento garantiu 150 mil empregos no Brasil e R$ 800 milhões em compras. Mas isso é consumo, não é formação de capital fixo, como em Cuba. Eis a pergunta que não quer calar: por que não se fez a mesma coisa com os portos brasileiros, que o governo recentemente privatizou e que estão subinvestidos. Neles foram aplicados apenas 7% dos US$ 218 milhões previstos, equivalente a US$ 15,5 milhões, ou seja, 15 vezes menos do que a média anual de Mariel, que tem capacidade 30% superior à do Porto de Suape, em Pernambuco, o maior do Nordeste brasileiro.

Diante do boicote econômico norte-americano a Cuba, justamente criticado pela presidente Dilma Rousseff, quem utilizará o Porto de Muriel e para quê? Cuba não produz minérios nem soja e milho, muito menos bens de consumo duráveis e não duráveis. Ora, o porto será um grande entreposto comercial da China, que o utilizará, via Canal do Panamá, para exportar seus produtos para as Américas do Sul e Central, países do Caribe e, claro, para os Estados Unidos. Quiçá o Brasil! O que a nossa economia ganhará com isso, nesse jogo entre ianques e chineses pelo controle do comércio mundial?

Fonte: Correio Braziliense

Diário do Poder – Cláudio Humberto

• Odebrecht é a que mais ganha obras no exterior
Em dez anos, cresceram 1185% os financiamentos do BNDES para empreiteiras brasileiras no exterior, escolhidas a dedo e isentas de fiscalização de órgãos de controle. Amiga do ex-presidente Lula, que utiliza seus jatinhos, a baiana Odebrecht faturou 26 dos 48 projetos de infraestrutura na América Latina até 2012. Somente em Angola, a empreiteira teve financiamento do BNDES para 35 grandes projetos.

• O nirvana
A ditadura cubana não viu a cor dos US$ 678 milhões (R$ 1,64 bilhões) do BNDES para o Porto de Marial. A grana foi direta para a Odebrecht.

• É uma festa
A Camargo Correa tem 7 projetos financiados pelo BNDES em Angola. A Andrade Gutierrez tem 13 e a Queiroz Galvão, 18.

• O jeitinho
O BNDES financia para as empreiteiras o “envio de bens já existentes ou de serviços” a outro país. Chamam isso de “Exim Pós-Embarque”.

• Multinacional
A Odebrecht tem contratos com dinheiro do BNDES em Angola, Peru, Argentina, República Dominicana, Equador, Venezuela e Uruguai.

• Imóveis funcionais rendem merreca ao governo
Proprietário de 33 imóveis funcionais nas mais nobres áreas do Distrito Federal, o governo arrecada a merreca de R$ 29,2 mil com a taxa de ocupação cobrada dos seus privilegiados inquilinos, assessores do governo. O valor não daria para pagar nem sequer o aluguel de duas das mansões que fazem parte dessa lista, no Lago Sul, atualmente transformadas em aprazíveis sedes de dois órgãos governamentais.

• Alerta vermelho
O Twitter não perdoa: a sugestão é que na volta de Cuba, o avião de Dilma faça uma “parada técnica” no Triângulo das Bermudas.

• Obras inesquecíveis
Além de estradas de biscoito e pontes de papel machê, agora temos passarelas para pedestres construídas com papelão.

• Águas de bacalhau
A página no Facebook do restaurante Eleven, onde Dilma jantou com a comitiva em Lisboa, virou alvo de chacota e sugestão de boicote.

• Mais do mesmo
O motorista irresponsável e o operário que não apertou os parafusos da passarela serão os únicos punidos na tragédia da Linha Amarela, no Rio. Menos o grupo Invepar-Lamsa-OAS, que opera a concessão.

• Mistério em Lisboa
Dilma deixou no ar e desviou a polêmica da inauguração do porto de Mariel, em Cuba: os olhos roxos nas fotos em Lisboa revelam noites mal dormidas. Ou, mais provável, uma plástica na estadia em Zurique.

• Valec: maré de sorte
O ministro César Borges (Transportes) e o presidente da Valec, José Lucio Lima Machado, têm sorte: um tal Paulo Ruy Godoy Filho ameaça processá-los, tentando melar a compra de trilhos da Ferrovia Norte-Sul.

• …com figura manjada
Paulo Godoy, que ameaça acionar o governo, dono de quatro CPFs, é réu em mais de 90 ações por estelionato, contrabando, formação de quadrilha, lavagem etc. Ajuizou 8 ações contra a Valec. Perdeu todas.

• Opaca transparência
Há um ano nº 2 da CGU, que supostamente fiscaliza a União, Carlos Higino não desocupa imóvel funcional do governo do DF. Diz que fez permuta com uma colega, como se fossem deles próprios os da União.

• Conexão Brasil-Canadá
O diplomata Pedro Brêtas Bastos entregou ontem suas credenciais de embaixador do Brasil ao governador geral do Canadá, David Johnson, que representa a rainha Elizabeth. A embaixada é sediada em Ottawa.

• Exploração Airlines
Apesar dos sites que comparam tarifas, as empresas aéreas tratam os clientes como otários. Para uma mesma data, voo Ilhéus-Brasília custa R$ 259 na Avianca, 1.350 na TAM, 1.780 na Gol e R$ 3.179 (!) na Azul.

• Vexame consentido
A Anistia Internacional denunciou uma onda de prisões em Cuba às vésperas do encontro da Celac, com a participação de Dilma. Cinco ativistas estão em prisão domiciliar e 18 proibidos de ir a Havana.

• Pensando bem…
…a empreiteira é Odebrecht, mas pode chamá-la de OAL (Obrigado, Amigo Lula). Lembra outra baiana, OAS, aquela do amigo sogro ACM.

Fonte: Diário do Poder

Brasília-DF - Denise Rothenburg

Duda &Júnior
O publicitário Duda Mendonça desembarca hoje em Goiânia para apresentar ao pré-candidato do PMDB ao governo de Goiás, José Batista Júnior, o Júnior da Friboi, um diagnóstico de ação política para derrotar o tucano Marconi Perillo (PSDB), que disputará a reeleição.
Júnior reuniu-se ontem com o vice-presidente Michel Temer em Brasília, que teve a participação dos deputados Sandro Mabel e Leandro Vilela. Mabel vai concorrer à reeleição, pois sabe que não será ministro de Dilma Rousseff.

Depois do escândalo do mensalão, do qual foi absolvido pelo STF, Duda Mendonça ficou desgastado junto ao PT e Lula. Vão se reencontrar, ainda que de maneira indireta. Júnior da Friboi estava com um pé no PSB. Filiou-se ao PMDB por pressão de Lula e do Palácio do Planalto.

Problemas à vista I
Antes fechado com o PMDB, o PT goiano agora fala em lançar o nome do prefeito de Anápolis, Antonio Gomide, ao governo estadual. Júnior e Mabel pediram que Temer interceda junto à direção nacional do PT para que isso não aconteça.

Problemas à vista II
O PMDB de Goiás quer lançar Íris Rezende ao Senado, na chapa do ex-dono da Friboi. Falta combinar com ele. Íris ainda está chateado por ter sido preterido pelo próprio partido na disputa ao governo local.

Problemas à vista III
Ex-ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho desembarca hoje em São Paulo para avaliar com as lideranças locais qual a melhor estratégia para os socialistas. O PSB paulista quer aliança com o tucano Geraldo Alckmin. A sonhática Marina Silva, não.

CURTIDAS
Lá vêm eles/ O Planalto vai anunciar amanhã, oficialmente, os nomes de Arthur Chioro, Henrique Paim e Aloizio Mercadante, como novos ministros da Saúde, Educação e Casa Civil, respectivamente. A posse está prevista para segunda-feira.

Lá vai ele/ Aproveitando cada minuto da exposição gratuita a que ainda tem direito, Alexandre Padilha (foto) vai aparecer hoje, pela última vez, em cadeia de rádio e televisão, para lançar a campanha de combate ao HPV. A partir de segunda-feira que vem, o futuro ex-ministro da Saúde vai se dedicar à campanha para o governo de São Paulo.

Devolve/ O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), vai questionar o pronunciamento de Padilha no Tribunal Superior Eleitoral. "A nossa estratégia é pedir o ressarcimento do dinheiro gasto com essa "campanha publicitária" e pedir a inelegibilidade do ministro." Estima-se que o pronunciamento custe em torno de R$ 100 mil.

Fechado/ Valdir Simão aceitou o convite e será secretário executivo de Aloizio Mercadante na Casa Civil. Sinal ainda mais de prestígio. Atualmente, ele coordena o gabinete digital do Palácio do Planalto, área que tem crescido de importância na estratégia eleitoral de Dilma.

Tráfico/ A ativista Bandana Pattanaik, coordenadora internacional da Aliança Global Contra o Tráfico de Mulheres (GAATW), lança hoje, no Ministério da Justiça, o livro Tráfico de pessoas: uma abordagem para os direitos humanos, fruto da parceria entre a pasta e o Instituto de Estudos de Direito e Cidadania (IEDC).

Fonte: Correio Braziliense

Panorama Político – Ilimar Franco

Os espaços “Fan Protest”
O governo pode criar áreas delimitadas para a realização de protestos na Copa. A proposta foi levada à presidente Dilma pelo Ministério da Defesa. E será um dos temas da reunião de amanhã no Planalto. Integrantes do governo justificam: não há tempo para suprir o despreparo da polícia nem há espaço para dissuadir os manifestantes. O “Fan Protest” não terá telão nem o glamour das “Fan Fest".

CUT quer o lugar de Berzoini
O presidente da CUT, o bancário Vagner Freitas de Moraes, vai concorrer à Câmara disputando votos na base do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Por isso, Berzoini não deve concorrer, habilitando-se para integrar o ministério do governo Dilma. Mas ele não está só neste movimento. É sustentado por um grupo integrado pelo líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e pelo ex-presidente da Casa Marco Maia (PT-RS). Eles estão de olho em futura disputa pela direção da Câmara. E, para isso, tentam derrubar a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) ou o ministro Paulo Bernardo (Comunicações). Esse último é o alvo preferido de Berzoini.

“Rodei 1.760 km, em quatro dias, no interior do Ceará, e constatei que o PAC Estiagem não saiu do papel e o programa “Água Para Todos” não supre com eficiência as necessidades”
Danilo Forte
Deputado (PMDB-CE), relator da LDO de 2014

Reação da Câmara
Diante da proposta da senadora Katia Abreu, presidente da CNA, de colocar um senador na Agricultura, o líder na Câmara, Eduardo Cunha, pergunta: “os senadores do PMDB querem que a bancada de deputados vá para a oposição?”.

A aposta
Os estrategistas do candidato Aécio Neves (PSDB) apostam em duas linhas nas eleições. A inflação, que está corroendo o poder de compra da população. E os protestos na Copa. As pesquisas feitas para eles, mostram que depois da classe política de uma forma geral, o governo federal é o principal alvo das manifestações.

Podia ter sido a Flórida
O piloto da presidente Dilma, o brigadeiro Joseli Camelo, sugeriu duas alternativas de parada técnica no voo de Davos a Cuba. A presidente escolheu Portugal. Mas poderia ter sido a Flórida, terra adotiva dos opositores do governo cubano.

O primeiro passo
O governo publica hoje portaria, dos ministérios de Relações Institucionais e Planejamento, com as regras e o fluxo de liberação das emendas parlamentares. Ontem, o funcionamento do orçamento impositivo foi explicado para assessores de partidos do governo e da oposição.

Campanha dura
A candidata do PT ao governo do Paraná, ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), foi informada que seus adversários encomendaram uma biografia sobre sua trajetória política. O livreto deve ser lançado ainda nesse semestre.

A grande pergunta
Petistas e governistas se perguntam. Agora que Aloizio Mercadante será o poderoso chefe da Casa Civil, será que ele vai deixar de interferir na gestão do ministro Guido Mantega (Fazenda)? Esta é a expectativa da presidente Dilma.

A assessoria da presidência do STF registra que o ex-relator do mensalão mineiro, Joaquim Barbosa, facilitou a vida do relator, Roberto Barroso.

Fonte: O Globo

A difícil escolha de Dilma

Octávio Costa

A passagem da presidente Dilma Rousseff e sua imponente comitiva pelo World Forum de Davos valeu a pena. Não pela pompa e pelos discursos otimistas, mas, sim, pelo resultado do contato direto com empresários e altos executivos. Ficou claro que o mercado financeiro internacional está de pé atrás em relação à economia brasileira e exige ações concretas e objetivas que comprovem que o Brasil continua a zelar pela solidez dos fundamentos econômicos. Não bastam palavras e boas intenções. É necessário pôr em prática ações que restabeleçam a confiança dos investidores. Do contrário, o país corre o risco de ser colocado na vala comum de países emergentes em apuros, em companhia de Argentina e Venezuela.

A ficha caiu e as providências estão sendo tomadas antes mesmo do retorno de Dilma Rousseff a Brasília. Enquanto ela fazia sua peregrinação emotiva por Cuba, técnicos dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento debruçaram-se sobre os números do Orçamento da União de 2014, com o objetivo de demonstrar ao mundo a firme disposição do governo de garantir a solidez fiscal e a estabilidade da dívida pública. Pelos cálculos preliminares que vazaram da equipe econômica, o corte no Orçamento poderá chegar a R$ 30 bilhões, acima, portanto, dos R$ 28 bilhões do ano passado. Além disso, fala-se também em elevação da meta de superávit primário para 2,09% do PIB.

Em ano eleitoral, de sucessão na Presidência da República, é muito difícil acreditar num ajuste fiscal para valer mento de despesas, mas dessa vez não fez firula e foi direto ao ponto. Haverá um esforço fiscal maior e os novos números devem ser reve -lados até o dia 20 de fevereiro. Embora sem antecipar a dimensão exata do aperto, o ministro Guido Mantega confirmou a decisão. "Não está definido qual vai ser o corte que nós vamos fazer no orçamento, mas certamente será um corte que vai manter a solidez fiscal e a estabilidade da dívida líquida", disse. Mantega informou que estão sendo feitos estudos e simulações antes de chegar ao número definitivo. O corte ainda será submetido à presidente Dilma quando voltar de Havana. Também caberá a ela fazer a escolha de Sofia sobre os setores mais sacrificados

Trata-se, sem dúvida, de uma resposta aos críticos que apontam descompromisso do atual com os gastos correntes e equilíbrio das contas públicas. Mas se trata também de medida necessária para manter a inflação sob controle e vem se somar ao arsenal de juros do Banco Central. Muita gente diz que a tarefa do Banco Central tem sido ingrata nos últimos meses: enquanto o Copom aperta o torniquete monetário, a Fazenda mantém frouxa a política fiscal, preocupada em assegurar uma taxa de crescimento razoável. Com o corte do Orçamento, seria restabelecida a harmonia na equipe econômica. Mas há que aguardar os acontecimentos.

Em 2010, Dilma Rousseff foi apresentada ao país como a mãe do PAC, gerente de um canteiro bilionário de obras públicas. Ela foi eleita em grande parte graças ao sucesso das políticas anticíclicas do governo Lula, que permitiram ao Brasil navegar ao largo da crise internacional. Um ajuste mais forte agora pode significar uma freada de arrumação na economia, com aumento do desemprego. Esse pode ser o preço para conter a inflação, mas não é o cenário ideal para quem pretende se reeleger.

Fonte: Brasil Econômico