sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Fernando Gabeira - O desafio de um país dividido

O Estado de S. Paulo

A grandeza da tarefa que temos pela frente às vezes desanima. Mas é o país que temos e simplesmente não podemos desistir dele, sobretudo agora.

É compreensível que o Brasil esteja mergulhado no debate sobre o segundo turno das eleições. Afinal, o futuro está em jogo. Mas chega a ser desanimador ver o debate nas redes sociais sobre satanismo, canibalismo e outras aberrações, quando sabemos o que nos espera na virada do ano.

No início de 2023, o novo presidente, possivelmente com a oposição de quase metade do País, terá de tratar não apenas da crise econômica, das bombas fiscais montadas por Bolsonaro, mas também de uma conjuntura internacional adversa.

É possível dizer que agora é um momento de paixão e que as reflexões pertencem ao futuro. Mas o período eleitoral é uma excelente oportunidade para definir rumos, trocar ideias, não só porque há nuvens sombrias no horizonte mundial, mas também porque o Brasil está atrasado em inúmeros campos essenciais para sua sobrevivência.

A questão mais ampla diz respeito às mudanças climáticas. Com o potencial de nossos recursos naturais, é necessário não só assumir compromissos, como delinear uma política de redução de emissões, reorientar a economia, atrair investimentos, enfim, correr atrás do tempo perdido.

César Felício - Bolsonaro e Lula avançam pouco no segundo turno

Valor Econômico

Apoios de Zema e Tebet talvez estejam superestimados

A campanha do segundo turno entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traz concretamente dois fatos novos até o momento: o engajamento do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), pela reeleição de Bolsonaro e o apoio da terceira colocada, senadora Simone Tebet (MS), a Lula. Nenhuma das outras variáveis é tão importante quanto essas duas. E essas duas, talvez, estejam sendo superestimadas.

Afora isso, tudo é menor e de alcance mais limitado, ante o fato de esta ser uma eleição com uma cristalização do eleitorado com características únicas.

Com o primeiro turno do domingo retrasado, o Brasil realizou sua 13ª eleição presidencial em circunstâncias democráticas, dentro de uma sequência que se inicia em 1945, interrompida durante o regime militar e retomada em 1989. Em nenhuma delas houve a polarização que se registra agora, em que a soma percentual entre o primeiro e o segundo colocado resultou em 91,6% dos votos válidos.

Eliane Cantanhêde – Só com uma tempestade perfeita

O Estado de S. Paulo

Desafio de Lula é segurar votos, o de Bolsonaro é conquistar eleitores

Por mais que a campanha de Jair Bolsonaro seja mais afiada e sem escrúpulos, a matemática está a favor de Luiz Inácio Lula da Silva, que atravessou a campanha à frente e venceu no primeiro turno – não tão bem como previsto e ele gostaria, mas venceu. Pela lógica e pela história das eleições, é mais fácil manter a dianteira do que virar o jogo no segundo turno, especialmente numa eleição tão polarizada e com alto grau, talvez inédito, de convicção do eleitor.

Há temor do lado lulista, torcida no bolsonarista e dúvidas pairando sobre o País, com uma guerra na TV, nas redes sociais, nos grupos de amigos e famílias, mas o fato, nu e cru, sem paixões, é que só uma tempestade perfeita (que pode acontecer, mas é difícil) tiraria a vitória de Lula. Senão, vejamos os desafios dos dois lados até o dia 30, que parece estar a anos-luz, mas está só a 17 dias.

Luiz Carlos Azedo - A disputa pela direção intelectual e moral da sociedade

Correio Braziliense

Juridicamente, a Operação Lava-Jato morreu de morte matada, mas a questão ética está vivíssima em termos eleitorais, como comprova a eleição do ex-juiz Sergio Moro ao Senado, pelo Paraná

Um dos organizadores da edição brasileira dos Cadernos do Cárcere, de Antônio Gramsci, sob a liderança de Carlos Nelson Coutinho e a participação de Luiz Sérgio Henriques (obra que acaba de ser reeditada pela Editora Civilização Brasileira), o cientista político e professor livre docente da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Marco Aurélio Nogueira, a propósito da coluna publicada ontem, intitulada Guerra de posições, fez observações muito pertinentes sobre a disputa pela direção intelectual e moral da sociedade.

Transcrevo a seguir seus comentários sobre a disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) nesse terreno: “Você usa o conceito de direção intelectual e moral, que é utilíssimo na formulação da hegemonia. Mas acho que não está certo falar que ‘o segundo turno das eleições opõe, de um lado, o domínio político do governo Bolsonaro e, de outro, a direção intelectual e moral da sociedade protagonizada pela oposição liderada por Lula’. Você acrescenta que ‘Quem conseguir juntar domínio, pela via eleitoral, e direção, exercendo o poder, governará o país pelos próximos quatro anos’. E mais: ‘O chefe do Executivo já tem o domínio, mas perdeu a direção moral, que tenta recuperar'”.

Bernardo Mello Franco - O capitão ladra e o governo morde

O Globo

Bolsonaro usa a máquina para constranger e intimidar institutos antes do segundo turno

Após meses de ataques à Justiça Eleitoral, Jair Bolsonaro escolheu um novo alvo: os institutos de pesquisa. A realidade impôs a mudança de discurso. Afinal, ficaria difícil contestar as urnas que lhe deram 51 milhões de votos.

Na noite do primeiro turno, Bolsonaro começou a girar a metralhadora. Disse que os institutos estariam “desmoralizados” e previu o fechamento de empresas do setor. “Isso vai deixar de existir, até porque eu acho que não vão continuar fazendo pesquisa”, provocou.

A declaração atiçou a tropa governista. O ministro Ciro Nogueira, campeão de previsões furadas sobre a corrida presidencial, acusou os institutos de errarem “criminosamente” contra o chefe. O ministro Fábio Faria incentivou os eleitores de direita a boicotarem os próximos levantamentos. “Deixem dar Lula 100 a 0”, ironizou.

Vera Magalhães - A saturação do abuso da fé

O Globo

As cenas de Aparecida se mostraram um tremendo desgaste para Bolsonaro; que sirvam para que ele se modere

Dos muitos abusos cometidos pela campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro — político, econômico, legislativo, de fake news e desinformação —, certamente o abuso da fé dos eleitores é dos mais lamentáveis. Ele atingiu o ponto em que se volta contra o candidato nesta quarta-feira, 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, com as cenas de hooliganismo protagonizadas por seus apoiadores no Santuário dedicado à padroeira do Brasil.

Depois de um primeiro turno colado a lideranças evangélicas como Silas Malafaia, levado nas asas da FAB até para a também ruidosa passagem de Bolsonaro pelos funerais da rainha Elizabeth II, o presidente resolveu tentar se aproximar dos católicos no segundo turno.

A primeira incursão foi no Círio de Nazaré, a maior celebração de fé católica do Brasil, que reúne mais de 2 milhões em Belém, no Pará, e que tem como tradição o caráter apolítico. A presença de Bolsonaro foi vista com desconforto pela Igreja. A Arquidiocese de Belém divulgou nota esclarecendo que o convite não partiu dela e que não desejava nem permitiria uso político da festividade. Já em Belém, o presidente postou em suas redes uma homenagem ao “Sírio” de Nazaré, deixando patente sua falta de familiaridade com o que representa o Círio.

Flávia Oliveira – Múltiplos riscos à democracia

O Globo

Bolsonarismo ataca democracia de todas as formas

O risco democrático que o bolsonarismo representa não se restringe aos ataques do presidente da República a autoridades eleitorais — em particular, ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — nem às insinuações recorrentes contra a segurança e a credibilidade das urnas eletrônicas. Há muito mais. A Constituição de 1988 e o Estado Democrático de Direito também saem feridos quando a percepção supremacista dos extremistas de direita avança sobre mulheres, negros, indígenas, homossexuais, pessoas trans e sobre os direitos à educação, à saúde, a manifestações, e, agora, à liberdade religiosa. É um grupo político antidemocrático de cabo a rabo, de A a Z.

Mesmo após a divulgação do resultado do primeiro turno, realizado em todo o país sem intercorrência na votação ou na apuração, nem Jair Bolsonaro nem as Forças Armadas atestaram publicamente a integridade do pleito. Até hoje, os militares não divulgaram o relatório de fiscalização, por óbvio, positivo. Nos subterrâneos digitais do candidato à reeleição, circulam mensagens que põem em dúvida a totalização dos votos, pretexto para, à moda Donald Trump, contestar a possível derrota no segundo turno. Sem falar na força-tarefa de desqualificação das pesquisas eleitorais.

Simon Schwartzman* - Os trens de Mussolini

O Estado de S. Paulo

O que está em disputa hoje é quem defende ou trabalha para romper o consenso sobre os direitos humanos e o regime democrático.

Lembro-me como se fosse hoje. Era aluno num conhecido ginásio em Belo Horizonte, e, entre uma aula e outra, numa roda de conversa, o professor de Filosofia, ex-integralista, falava entusiasmado sobre as vantagens do fascismo. Eu ouvia espantado, e disse que não poderia concordar com aquilo, que eu vinha de uma família judia e muitos meus familiares haviam sido assassinados nos campos de concentração. “Ah, entendo”, disse o professor, “então você tem um problema pessoal com isso”.

Eram os anos da guerra fria, em que os Estados Unidos e a União Soviética e seus seguidores disputavam não somente a hegemonia internacional, mas também o lugar de quem melhor encarnava os valores dos que haviam se unido para conter o monstro do nazifascismo, proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Os Estados Unidos e a Europa Ocidental empunhavam as bandeiras da democracia, liberdades individuais e direito à propriedade, e a União Soviética, as bandeiras do fim da pobreza, desigualdade e exploração.

Hélio Schwartsman - Cuidado com o que desejas

Folha de S. Paulo

Países protestantes foram os primeiros a se afastar dessas instituições

Alguns pastores e fiéis devem estar orgulhosos. Conseguiram levar a religião para a linha de frente da disputa eleitoral. Pelo menos desde 2010, candidatos presidenciais vinham fazendo genuflexões para líderes religiosos na tentativa de cair-lhes nas boas graças e faturar alguns votos a mais. Este ano, porém, o fenômeno ganhou dimensões inauditas. É isso mesmo que queremos para o país?

Aqueles que nos preocupamos com condições objetivas de bem-estar da população costumamos ver a religiosidade com cautela. A literatura, afinal, mostra de forma inequívoca que quanto mais religioso é um país, mais pobre ele tende a ser. A exceção notável são os EUA. Cuidado, estamos aqui falando de correlação, um conceito traiçoeiro. Quando duas variáveis estão correlacionadas, qualquer uma pode ser a causa da outra ou ambas serem fruto de outros fatores.

Bruno Boghossian - O método Damares

Folha de S. Paulo

Ex-ministra fez carreira com a exploração do pânico moral em cultos religiosos

Em 2013, quando trabalhava como assessora na Câmara dos Deputados, a advogada Damares Alves foi a uma igreja evangélica e alertou os fiéis para o que seria um esquema de violência sexual contra animais. "Há muito hotel fazenda aqui no Brasil que é de fachada. É hotel para turista ir transar com animais", afirmou.

Anos depois, o jornal O Globo perguntou à então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos se ela tinha provas do relato. A pasta respondeu apenas que Damares recebia denúncias, "muitas delas anônimas", e citou a existência de um requerimento numa CPI que investigava maus-tratos a animais. O tal documento, no entanto, não falava da situação descrita por ela.

Mariliz Pereira Jorge - A barbárie em Aparecida

Folha de S. Paulo

Bolsonarismo é mestre em deixar qualquer ambiente com clima de rebelião em presídio

Estamos estarrecidos, não é mesmo? Que alívio perceber que não perdemos a capacidade de nos indignar, que as imagens do dia de Nossa Senhora Aparecida que correram os jornais e as redes sociais ainda são capazes de nos despertar o horror. Mas o episódio, que teve vários momentos dentro e fora do santuário, ilustra a naturalização da barbárie no país.

O bolsonarismo consegue transformar tudo em arruaça, é mestre em deixar qualquer ambiente com clima de rebelião em presídio. Teve tumulto e agressividade. Arcebispo vaiado, fiéis hostilizados, imprensa agredida. Gente bêbada no interior da basílica disputava selfies com Jair Bolsonaro como se estivessem numa festa de peão. Um menino gritava contra jornalistas, tomado pela raiva cultivada por essa que virou uma seita política.

Reinaldo Azevedo - Reconstrução depois da porta estreita

Folha de S. Paulo

Como um criador às avessas, Bolsonaro disse: Façam-se as trevas. E se fizeram

A PEC dos combustíveis e a dos benefícios sociais foram a facada dessa eleição, escrevi no dia 4 de julho, no UOL. E lembrei que a disputa se daria, mais uma vez, num ambiente de excepcionalidade. Em 2014, a morte de Eduardo Campos; em 2018, o ato tresloucado de Adélio Bispo e as ilegalidades da Lava Jato, que tiraram Lula da disputa.

O petista foi condenado sem provas, como sabem, pelo juiz incompetente e suspeito que virou subordinado de Bolsonaro e agora é senador eleito e prosélito de extrema-direita. A Lava Jato enfiou a faca no devido processo legal. E nos legou a terra dos mortos.

Não sei o que o futuro nos reserva. O certo é que o atual presidente, e deixei isso claro aqui mais de uma vez, sempre me pareceu um candidato perigoso. E não porque faça um governo competente. "Perigoso" não quer dizer "competitivo", o que suporia conhecimento e habilidade para ganhar dentro das regras do jogo. Não. O "risco Bolsonaro" sempre foi alto porque ele é o ás da trapaça.

Vinicius Torres Freire - Guerra suja bolsonarista vence

Folha de S. Paulo

Situação está descontrolada e não sabemos quanto, mas o mal já venceu

O inquérito das "fake news" foi instaurado pelo Supremo faz três anos e sete meses. Não chegou ao fim e nem se sabe em que meio está. Até agora, serviu para mandar recados quando o bolsonarismo extrapolava, digamos. Notem a graça sinistra dessa frase. A Justiça tardou, falhou ou inexistiu e, assim, contribuiu para a imundície desatada desta campanha.

Não foi o único caso de tolerância. Jair Bolsonaro (PL) tentou o golpe explícito (não haveria eleições; se houvesse, o resultado será apenas aceitável em caso de vitória etc.). Insultou ministros do SupremoPatrocinou mudanças eleitoreiras na Constituição. A guerra suja da campanha eleitoral eterna de Bolsonaro é apenas parte de seu programa impune de desativação das instituições republicanas.

A campanha de Bolsonaro consiste em lançar gases venenosos e produzir névoa de guerra. É uma combinação do gás tóxico de mentiras com a poeira da alucinação coletiva.

Maria Cristina Fernandes - A trajetória de um partido improvável

Eu & Fim de Semana / Valor Econômico

Celso Rocha de Barros reconstitui a trajetória do partido que tanto emergiu quanto viveu a maior crise quando o país parou de melhorar. Ausente da “transição pelo alto”, aposta na recomposição dos trilhos da democracia

Ambos são conhecidos pelo diminutivo de seus nomes, presidiram os maiores sindicatos de metalúrgicos do país, de São Bernardo do Campo e de São Paulo e, no mesmo ano, elegeram-se para comandar as duas maiores centrais sindicais do país, CUT e Força Sindical. Em 2 de outubro, o destino dos deputados federais Vicente Paulo da Silva (PT-SP) e Paulo Pereira da Silva (SD-SP) voltou a se cruzar.

Depois de cinco e quatro mandatos consecutivos, respectivamente, tanto Vicentinho quanto Paulinho ficarão fora da próxima legislatura. Some-se aí o insucesso da reeleição de Orlando Silva (PCdoB-SP), o parlamentar mais próximo de uma terceira central sindical, a CTB, e se configura o quadro de desempenho da bancada sindical. Do auge, em 2010, quando fez 81 parlamentares, restarão 33, uma redução de um quarto em relação à atual legislatura da Câmara dos Deputados.

No mesmo 2 de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva fez seu melhor primeiro turno das seis eleições presidenciais de que participou, mas foi surpreendido pela resiliência do bolsonarismo que colocou o presidente da República no segundo turno a uma distância inferior à projetada pela campanha petista e pelos institutos de pesquisa.

José de Souza Martins* - A terceira via popular e oculta

Eu & Fim de Semana / Valor Econômico

Pelos resultados do primeiro turno, a hipótese da terceira via não foi vencida

O primeiro turno das eleições confirmou a polarização política que setores de uma corrente centrista e antilulista buscaram superar com a tentativa tardia de encontrar uma terceira via para os nossos impasses políticos. Queriam, também, livrar-se de Bolsonaro e do bolsonarismo, das incertezas quanto aos rumos da sociedade brasileira em decorrência de uma orientação política sectária e intolerante. E de uma orientação econômica que agravou as carências sociais, da insegurança alimentar à irresponsabilidade do modo como foi tratado o problema da covid-19.

Pelos resultados da votação, a hipótese da terceira via não foi vencida. As primeiras pesquisas de opinião eleitoral já indicavam que Lula aparecia como uma opção popular de terceira via alternativa.

Lula comparece às eleições como o candidato de possibilidades objetivas, que dependem de mediações complexas para chegar à consciência do eleitor e da pessoa comum. Ele é interpretado como um vir a ser.

Já Bolsonaro é visto como o que tem sido e é, o antes e não o depois. Comparece ao pleito como refém de seu mandato e da visibilidade de uma personalidade que se mostrou radical, intolerante, transgressora de valores do bem comum, das normas da democracia e das prescrições do mandato que recebeu.

Mas a vitória de Lula por mais de 6 milhões de votos sobre Bolsonaro, na eleição do dia 2, indica o país ainda polarizado. Bolsonaro continua bolsonarista e parece ter tocado o teto de suas possibilidades. Dos dois candidatos, as circunstâncias sugerem ser Lula o que personifica um campo relativamente aberto à assimilação de propostas complementares e inovadoras às de suas concepções de governo. Depende da consciência que desenvolver desse chamamento.

Sergio Augusto de Moraes*, Alfredo Maciel da Silveira* - O que falta para Lula garantir a vitória

Blog Democracia e Socialismo

Lula e sua campanha vêm trabalhando duro para vencer as eleições de 30 de outubro próximo. Mas o que vem sendo feito parece não ser suficiente para garantir a vitória.

Todos falam na “frente ampla”. Mas é preciso constituir esta frente, dar-lhe forma, mediante um pacto político entre os principais líderes e personalidades da frente democrática. Faz-se necessário um grande ato público, solene e histórico, em que se proclame à nação o compromisso de constituir tal governo, que tenha um programa mínimo, que poderia englobar:

1) Cumprir à risca a Constituição de 1988 e garantir o Estado Democrático de Direito;

2) Tirar o Brasil do Mapa da Fome;

3) Ampliar os programas de transferência de renda às camadas mais pobres, instituindo a “Renda Básica de Cidadania”;

4) Equiparação salarial entre homens e mulheres que desempenhem, com currículo equivalente, as mesmas funções;

5) Avançar nas políticas de resgate das desigualdades raciais, de raízes histórico-estruturais;

6) Recuperar os compromissos do Brasil com a preservação ambiental e defesa e proteção dos povos indígenas e da floresta.

7) Promover o desenvolvimento socioeconômico em ritmo sustentado, pactuado com os setores produtivos, e ambientalmente sustentável.

 (*) Editores deste Blog Democracia e Socialismo

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões 

Vilipêndio da fé e da democracia

O Estado de S. Paulo

Bolsonaro avança na manipulação eleitoral da fé e desrespeita até o Dia da Padroeira do Brasil. A tática agride a democracia e tira o foco das questões seculares que precisam ser debatidas

Depois de ter transformado o Bicentenário da Independência em comício, o presidente Jair Bolsonaro valeu-se do Dia da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, para explícita manipulação da fé com fins eleitorais. Infelizmente, tornou-se habitual que candidatos usem espaços religiosos para angariar votos, mas o bolsonarismo pôs a manipulação religiosa noutro patamar. 

O que ocorreu na cidade de Aparecida (SP) no dia 12 – quando Bolsonaro transformou o evento religioso em oportunidade para a produção de imagens para sua campanha e seus fanáticos seguidores fizeram baderna em frente à Basílica, mostrando ter maior devoção por seu “mito” do que pela Virgem – afronta não apenas o regime democrático, como a própria natureza específica do fenômeno religioso.

No Brasil, o Estado é laico – isto é, não abraça, defende ou privilegia as religiões. Nenhum político concorre a uma função de natureza religiosa. A religião pessoal do candidato – ou a ausência dela – não tem nenhuma relevância pública. É tema de ordem privada.

Poesia | Pablo Neruda - O Oleiro

 

Música | Ave Maria -Jorge Aragão e Quarteto de Cordas