2 – As manifestações
políticas dessa oposição assumem forma variada em cada país. Nos Estados
Unidos, está presente na disputa entre democratas e trumpistas, na Europa, nas
várias frentes que se articulam em oposição ao avanço extrema direita. Nos
países em que a democracia já claudicou, por sua vez, a frente é ainda mais
ampla, de resistência permanente à consolidação dos regimes autoritários.
3 – Em todos os países o caldo de cultura do autoritarismo é o mesmo: os sentimentos de insegurança e medo das mudanças provocadas pelo avanço do processo de globalização. No Brasil, particularmente, dois vetores foram relevantes para o crescimento do autoritarismo. Primeiro, a deslegitimação da política institucional, a partir da divulgação dos episódios de corrupção conhecidos como mensalão e petrolão. Segundo, a crise econômica que alcançou tardiamente o país, agravada por erros de condução na política econômica dos governos de então. A sequência desses eventos levou sucessivamente ao impedimento de Dilma Roussef, ao esvaziamento do governo Temer e à vitória, em 2018, do candidato Bolsonaro, representante confesso da extrema direita nacional, articulada organicamente com lideranças políticas e intelectuais afins em outros países.