Tarifa zero é uma solução oportunista e inadequada
O Globo
Liberação das catracas em São Paulo é medida
eleitoreira que beneficia mais as empresas que os usuários
Faltando menos de um ano para as eleições
municipais de 2024, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB),
candidato à reeleição, anunciou que os ônibus municipais não cobrarão
passagem aos domingos. A gratuidade, que começa amanhã, abrangerá
1.175 linhas da capital mais populosa do país. As catracas serão liberadas
também no Natal, no Réveillon e no aniversário da cidade. O governo não
descarta estender o programa às madrugadas.
O custo, obviamente, não será zero. O
município deixará de arrecadar R$ 283 milhões por ano. A Câmara reservou R$ 500
milhões no orçamento do ano que vem para financiar as gratuidades (entre elas,
a já existente para idosos). Mais dinheiro para as empresas de ônibus
paulistanas, cujo subsídio não para de crescer. A Prefeitura já despeja R$ 5,3
bilhões anuais, ante R$ 520 milhões em 2011.
Em véspera de ano eleitoral, projetos de tarifa zero têm se multiplicado, esquentando os debates entre pré-candidatos não só em São Paulo, mas em cidades como Belo Horizonte, Florianópolis, Salvador e Fortaleza. Tudo indica que será tema central nas eleições do ano que vem. Sua adoção na maior cidade brasileira daria impulso a uma política pública de eficácia duvidosa.