domingo, 26 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA: Roberto Freire

A campanha das Diretas, lançada como forma de pressionar o Congresso Nacional a votar a Emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para presidente da República, teve início já em 1983. O primeiro evento público foi realizado na cidade de Abreu e Lima, em Pernambuco, estado onde comecei minha trajetória política e pelo qual militei durante décadas antes de chegar a São Paulo. Logo depois, a Boca Maldita, em Curitiba, foi palco de mais um ato pelas Diretas Já. Ainda em 1983, no mês de novembro, mais de 10 mil pessoas se reuniram na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu. Os eventos foram ganhando força e amplitude nacional, pavimentando o caminho para o restabelecimento definitivo da democracia no país.

Roberto Freire, “Aniversário de São Paulo e 30 anos do comício na Sé”., Gazeta do Ipiranga & Portal do PPS, 25 de janeiro de 2014

30 anos das Diretas Já: O movimento que fez história

Diretas Já: 30 anos depois, novos desafios

Personalidades que participaram da mobilização ressaltam a necessidade de melhorar a democracia

Maria Lima, Mônica Tavares, Danilo Farielo, Márcia Abos e Ronaldo D'Ercole

BRASÍLIA e SÃO PAULO — No aniversário de 30 anos de um dos maiores comícios do movimento Diretas Já, que aconteceu em 25 de janeiro de 1984 na Praça da Sé, em São Paulo, personagens que participaram da maior mobilização popular da História do Brasil relembraram a união da sociedade e de todas as correntes políticas divergentes em defesa da retomada do voto direto para eleger o presidente da República. Como legado para o País, nesses 30 anos, apontam a consolidação incontestável das instituições democráticas e o fim das ameaças de ruptura da democracia. O desafio daqui para a frente, avaliam, é melhorar a qualidade da democracia, da representação popular e transformar a estabilidade democrática em instrumento de desenvolvimento social para os brasileiros que vivem em situação mais vulnerável.

São Paulo completava 430 anos naquela quarta-feira chuvosa do início de 1984. Mas o clima ruim não dispersou a multidão estimada em 300 mil pessoas que fora à Sé para ouvir discursos de opositores do regime militar. Uma celebração que nem o sistema de som precário esfriou o comício, que durou cerca de quatro horas.

No palanque, os ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, então senador e com 52 anos, e Luiz Inácio Lula da Silva, dirigente sindical na época com 38 anos, dividiam espaço com líderes oposicionistas como o presidente do PMDB Ulysses Guimarães (1916-1992), o governador do Rio, Leonel Brizola (1922-2004), do PDT, e o então prefeito da cidade, Mário Covas, do PMDB.

Fernando Henrique Cardoso destacou hoje ao GLOBO que, sem a mobilização popular, que teve sua alavanca no comício da Sé, dificilmente teria havido a "aceleração da mudança histórica que levou ao fim da ditadura militar no Brasil".

— O vigor da enorme multidão nas ruas surpreendeu ate mesmo aos organizadores do movimento e assustou os donos do poder. Dai por diante o fim do autoritarismo era uma questão de tempo — disse.
O ex-presidente Lula também exaltou hoje o movimento, que começava a tomar corpo naquele comício, e a importância da democracia.

— Nós precisamos aprender a valorizar a democracia, sobretudo os mais jovens, porque a democracia, em qualquer parte do mundo, foi conquistada a custa de muita luta, de muito sacrifício, de muita morte. A democracia não foi de graça em nenhum lugar do mundo — disse Lula.

Herdeiro político e testemunha ocular de todo o movimento, junto com o avô, o presidente Tancredo Neves, então do PMDB, o presidente nacional do PSDB e candidato a presidente da República Aécio Neves (MG), relembra o desfecho da grande mobilização nacional. Em abril de 1984 foi derrotada a Emenda Dante de Oliveira e Tancredo partiu para a disputa no Colégio Eleitoral, sendo eleito. Como secretário do avô, aos 20 e poucos anos, Aécio fazia a ponte entre Tancredo e as principais lideranças das Diretas Já: Ulysses Guimarães, um dos atores mais importantes; Teotônio Vilela, José Richa, Leonel Brizola, Franco Montoro, Lula e Fernando Henrique Cardoso.

— Me lembro de tudo. Viajei com Tancredo para todos os comícios no País inteiro. Foi o movimento mais sublime da política brasileira. A palavra certa é grandeza. Não havia um projeto pessoal, muito diferente da política atual, em que o Brasil enfrenta uma tentativa perversa de dividir o País entre nós e eles, como se o fato de ser oposição nos tornasse menos patrióticos. Sinto saudade e reverência por aquele momento, onde lideranças com visões divergentes como Lula, Tancredo e Fernando Henrique se juntaram a Dante de Oliveira em torno de uma grande causa nacional — diz Aécio Neves.

Depois do comício da Sé, sucederam-se manifestações em diversas outras capitais do país, até culminar com os gigantescos atos da Candelária, a 10 de abril, no Rio de Janeiro, e o do Anhangabaú, a 16 de abril, novamente em São Paulo.

Com a derrota da Emenda Dante de Oliveira e a grande frustração nacional, relembra Aécio, o PMDB estava numa encruzilhada: continuava tentando aprovar uma outra emenda, ou lançava uma candidato ao Colégio Eleitoral, que na prática , continuava sendo uma eleição indireta, sem a participação do povo. Decidiu-se então que Tancredo disputaria o colégio eleitoral para derrotar os candidatos ligados á ditadura.

— A campanha da candidatura ao colégio eleitoral manteve a mobilização popular. Tancredo viajou o Brasil inteiro fazendo comícios para legitimar sua candidatura e ter o respaldo popular, o que aconteceu. No dia que foi eleito , no discurso disse que seria a última vez que o Brasil teria um presidente eleito por um colégio eleitoral e não pelo voto direto. E sua profecia se cumpriu — relembra Aécio.

Com 19 anos na época e já militando no movimento estudantil na Universidade Federal de Pernambuco, onde cursou Economia, o governador Eduardo Campos, candidato a presidente pelo PSB, diz que o movimento das Diretas Já foi uma inspiração para sua atuação no Diretório Acadêmico da UFPE. Lembra que mesmo sem as grandes massas do eixo Rio e São Paulo, Pernambuco foi o berço dos primeiros comícios, como o do dia 31 de março de 1983, no município de Abreu e Lima, e depois em Caruaru.

Como Aécio, acompanhando o avô Miguel Arraes , participou dos grandes comícios pelo País afora.

— Com o movimento das Diretas e a participação maciça da sociedade, incorporamos os valores democráticos de modo indelével na vida brasileira, assumimos um compromisso visceral com a democracia. Desde então, nesses 30 anos, nunca mais tivemos ameaças de ruptura democrática, como na eleição de Juscelino. Isso passou a ser uma causa nacional que une todas as forças que tem responsabilidade no Brasil. Há divergências sobre muitas coisas, mas o compromisso com a defesa desses valores une a todos. Os setores reacionários hoje estão escondidos, envergonhados — diz Eduardo Campos.

O socialista avalia que a única semelhança com a participação popular das Diretas Já com as manifestações de agora, que começaram em junho do ano passado, é a busca da melhoria do País.

— Naquela época o movimento era puxado pelas lideranças políticas. Agora o movimento é autoral, todos e cada um procuram se representar, mas as circunstâncias históricas são difererentes. A semelhança é o desejo de melhorar o Brasil na saúde, educação, moradia, transporte e segurança — diz Eduardo Campos.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS), um dos líderes do movimento pelas Diretas Já disse que naquele momento existiam duas instituições com força de partido: a Arena, o do “sim senhor” e o MDB, o do “sim”. Segundo ele, o Diretas Já não pode ser creditado a um grupo ou partido político, mas a toda sociedade brasileira.

— O movimento Diretas Já, se olhar toda a história do país, foi um momento único, realmente do povo, com a ideia da democracia. Não tem grandes fatos a serem comemorados em toda a nossa História. A República foi um golpe de estado, a abolição da escravatura foi uma assinatura da princesa Isabel — comparou ele.

Em 1970, contou, o MDB perdeu as eleições e por pouco não acabou. Mas em 1974 ele explodiu e foi crescendo, porém de forma desordenada, cada grupo defendia uma forma de atuar. Simon disse que preocupados com a situação, importantes lideranças do partido - Teotonio Vilela, Franco Montoro, Mário Covas, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves — se reuniram no Rio Grande no Sul para discutir o problema.

O fato era que o partido era uma frente e o País vivia a ditadura, mas havia o sentimento de que era necessário garantir a dignidade.

O MDB lança uma “Carta de Princípios”, com vários itens, sendo o principal deles a reivindicação “Diretas Já” em 1983. Foi adotada a emenda Dante de Oliveira (proposta de emenda Constitucional - PEC), disse, apesar de existirem várias outras tramitando no Congresso.

O movimento foi crescendo em todos os estados. E naquele 25 de janeiro de 1984, dia do aniversário de São Paulo, quando a prefeitura faz sempre festas populares, houve uma grande manifestação popular a favor das “Diretas Já”.

Para Pedro Simon, passados 30 anos daquele momento, um muito importante foi feita a Constituinte, mas que tem muitas coisas a serem aprimoradas.

— O grande equívoco da classe política é não fazer a regulamentação dos artigos mais importantes da Constituição, como o da fidelidade partidária e das reformas financeira e política — lamenta Simon.

Com grande atuação no movimento, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembra que, antes do comício do Anhangabaú, ainda em 1983, o Partido dos Trabalhadores havia organizado um evento em favor das eleições diretas na Praça Charles Müller, em frente ao estádio do Pacaembu, com mais de 30 mil pessoas.

— Dado o grande sucesso daquele evento, o PMDB e o então governador Franco Montoro decidiram se engajar na luta pelas diretas mais fortemente. O governador designou o secretário da Cultura, Jorge da Cunha Lima, para que junto com o representante do PT, José Dirceu, pudessem promover com sucesso o comício da Sé, em 25 de janeiro. O governador achou interessante facilitar o acesso à praça da Sé, isentando as tarifas do metrô. Foi o maior comício até então e com enorme ânimo — disse o então deputado federal, que esteve no comício.

Suplicy lembra que, apesar de a emenda Dante de Oliveira não ter sido aprovada, a força que emanou das manifestações populares pelas Diretas Já acabou colaborando com a criação de eleições diretas para prefeitos, governadores e presidente no período até 1989.

— A força foi de tal ordem que se tornou inevitável adotarmos as eleições diretas nos anos seguintes, mesmo com a derrubada da emenda.

Para o senador petista, as manifestações de hoje são diferentes daquelas sobre em defesa das diretas ou das passeatas que resultaram na derrubada do ex-presidente Fernando Collor, em 1992.

— Essas duas grandes manifestações se caracterizaram pelo pacifismo, sem atos de violência e elas de alguma maneira tiveram efeitos muito importantes para a democratização do país. O que esses jovens de hoje podem refletir é que as mudanças surgem quando se tem manifestações muito fortes com legítimos anseios da população, sobretudo dos jovens, como a votação da reforma eleitoral e política ou a proibição das contribuições de pessoas jurídicas (a campanhas). Minha recomendação, que tenho feito aos manifestantes, inclusive black blocs e Anônymous, é seguir o exemplo de pessoas que conseguiram realizar grandes revoluções de forma pacífica, como Mahatma Ghandi e Martin Luther King.

Fonte: O Globo.

Protesto contra a Copa pelo Brasil

No Recife, manifestantes se concentraram no início da tarde no Parque 13 de Maio e saíram em passeata pelas Avenidas Conde da Boa Vista e Agamenon Magalhães

Um grupo de cerca de 100 pessoas realizou um protesto pacífico contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. A manifestação começou na tarde de ontem e se estendeu pelo início da noite. Por volta das 16h, jovens mascarados partiram do Parque 13 de Maio, área central do Recife, em direção à Avenida Conde da Boa Vista. Acompanhados por policiais militares, seguiram pela Avenida Agamenon Magalhães até o Shopping RioMar, onde o ato foi desfeito.

Na Agamenon, os mascarados, conhecidos como Black Blocs, pararam em frente ao relógio que marca a contagem regressiva para o início do torneio. A manifestação ocupou a faixa direita da avenida. "Não vai ter Copa, não vai ter Copa", repetiram, diversas vezes, os manifestantes. O grupo entrou no RioMar, discursou e estendeu uma faixa de protesto no terceiro andar. Não houve registro de conflito ou agressão.

Em outras quatro capitais, protestos contra a Copa foram deflagrados: São Paulo, Rio, Curitiba e Goiânia.

Na capital paulista, um ato interditou a Avenida Paulista. Segundo a PM, havia cerca de mil manifestantes monitorando o protesto no local. Um grupo de aproximadamente 40 Black Blocs, segundo a polícia, conduziu a passeata.

No Rio, o protesto reuniu cerca de 300 pessoas, que fizeram uma caminhada pacífica pela orla de Copacabana (Zona Sul) até o final da praia. Depois disso, formou-se um grande tumulto, provocado pelos Black Blocs, com correria entre os carros presos no engarrafamento.

Já em Curitiba, cerca de cem pessoas participaram de passeata nas ruas do Centro, próximo à Praça Tiradentes e à região conhecida como Boca Maldita.

Na capital de Goiás, um grupo de cerca de cem manifestantes participou pela manhã de um protesto. Não houve confrontos.

O ato começou por volta das 9h30, em frente ao Teatro Goiânia, na região central, e seguiu pelas Avenidas Tocantins e Anhanguera.

Depois, o grupo passou perto do Palácio Pedro Ludovico, sede do governo de Goiás, e o movimento se dispersou na Praça Universitária, também na região central.

De acordo com o porta-voz da Polícia Militar de Goiás, coronel Divino Alves, os manifestantes atearam fogo a latas de lixo e pneus, mas não houve incidentes.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Manifestação contra a Copa termina em violência em São Paulo

O protesto, que começou pacífico, acabou em atos de vandalismo de um pequeno grupo de manifestantes

Gustavo Uribe

SÃO PAULO - A manifestação contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, realizada neste sábado na capital paulista, terminou em depredação na região central de São Paulo. Após a dispersão do protesto, que reuniu cerca de 1,5 mil pessoas, um pequeno grupo depredou um carro da Polícia Metropolitana de São Paulo.

Um carro que passava pelo local da manifestação pegou fogo ao passar por cima de um colchão incendiado. A família que estava dentro do veículo foi retirada por fotógrafos que registravam o protesto.

Um grupo correu para o hotel Lison, na Rua Augusta, onde foram cercados pela polícia. Segundo a rádio CBN, cerca de 40 manifestantes foram detidos. O protesto foi convocado pelas redes sociais e reuniu black blocs, movimentos sociais, partidos políticos de esquerda, entre outros grupos.

A manifestação teve início no Vão Livre do Masp, na Avenida Paulista, por volta das 17h e seguiu para a Praça da Sé, na região central da capital paulista. Durante a movimentação, houve pequenos focos de brigas e confrontos com as forças policiais, que foram rapidamente contornados. Ao todo, o governo de São Paulo mobilizou em torno de 2,5 mil policiais militares para acompanhar o protesto, que recebeu tanto apoio como vaias de moradores da região central de São Paulo.

Os manifestantes carregavam cartazes e entoavam gritos de protesto, como “Dilma, vê se me escuta: na Copa do Mundo vai ter luta”, ou “Brasil, vamos acordar. Professor vale mais do que o Neymar”. Durante a passagem do protesto, comerciantes com lojas ao longo do trajeto da passeata fecharam seus estabelecimentos. Um das presenças ilustres durante a manifestação foi do coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, Júlio Lancellotti.

— São sempre importantes as manifestações, que são o grito preso na garganta das pessoas. A Copa do Mundo não pode se sobrepor às necessidades de vida do nosso povo — disse o religioso.

Ao todo, o governo de São Paulo mobilizou em torno de 2,5 mil policiais militares para acompanhar o protesto, que recebeu tanto apoio como vaias de moradores da região central de São Paulo. Os manifestantes carregavam cartazes e entoavam gritos de protesto, como “Dilma, vê se me escuta: na Copa do Mundo vai ter luta”, ou “Brasil, vamos acordar. Professor vale mais do que o Neymar”.

Durante a passagem do protesto, comerciantes com lojas ao longo do trajeto da passeata fecharam seus estabelecimentos. Um das presenças ilustres durante a manifestação foi do coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, Júlio Lancellotti.

Fonte: O Globo.

Sob tensão com PSB, Rede retoma projeto partidário

Movimento liderado por Marina e que se aliou à sigla de Eduardo Campos reinicia coleta de assinaturas para sair da 'clandestinidade'

Pedro Venceslau, Lilian Venturini

No momento em que a Rede Sustentabilidade da ex-ministra Marina Silva vive um clima de acirramento na relação com o PSB do governador Eduardo Campos nos dois maiores colégios eleitorais do País, São Paulo e Minas Gerais, o grupo dos "marineiros" decidiu retomar a coleta de assinaturas para tirar a legenda da "clandestinidade" e ampliar os limites do projeto.

Congelado desde outubro de 2013, quando Marina anunciou sua filiação e de militantes de seu grupo ao PSB, o processo só agora está sendo retomado. O objetivo é coletar e validar mais 40 mil assinaturas para que a Rede atinja a marca das 492 mil exigida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Só depois disso a agremiação passará a existir legalmente. Em paralelo, a estratégia é tentar eleger em outubro uma bancada ideológica de parlamentares pelo PSB para depois pedir o registro oficial da legenda.

Além do PSB, alguns "filiados" da Rede estão espalhados em outros partidos como o PPS, PDT e PROS. Segundo Bazileu Margarido, membro da executiva nacional, o grupo deve lançar oito candidatos a cargos majoritários - quatro ao Senado e quatro ao governo estadual.

Enquanto isso não acontece, porém, a Rede opera de forma precária e praticamente sem nenhuma sintonia nos Estados com os "parceiros" da sigla de Campos. A estrutura da Rede em São Paulo, maior colégio eleitoral do Brasil, é espartana. Embora tenha alugado recentemente uma sala na Rua da Glória, no bairro da Liberdade, para funcionar como sede, o "partido" ainda não sabe como pagará os aluguéis. A ideia, como explica um ativista, é "passar o chapéu". O problema é que não existe uma conta corrente da Rede estabelecida, uma vez que a agremiação não possui Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. Só no plano nacional o grupo conseguiu registrar o CNPJ por meio de liminar. "Estamos agora regularizando a nossa situação bancária", diz Bazileu.

Ele revela que os militantes serão convidados a contribuir. Os detentores de mandato, pelo estatuto, são obrigados a doar 5% do salário. No Rio Janeiro, o cenário é parecido. "Aqui não temos uma sede própria. A Rede no Estado é muito incipiente", reconhece o deputado Alfredo Sirkis (PSB), principal quadro fluminense da agremiação idealizada por Marina.

No Amazonas, Estado símbolo do movimento ambientalista, a organização da Rede é primária. "Quando fui para Brasília (para um encontro do partido) dividimos a passagem em dez vezes e todos ajudaram", conta o porta-voz do grupo no Estado, Tacius Fernandes.

A legenda de Marina conta com 4.000 militantes de carteirinha em seus quadros, segundo dados fornecidos pela Rede.

A palavra filiados só poderá ser usada quando a sigla for legalmente registrada. Outros 650 interessados no projeto estão em uma fila para terem suas fichas abonadas. Esses números são irrisórios se comparados aos quase 250 mil filiados do PV, o pequeno partido que abrigou o projeto de poder de Marina em 2010. O PT da presidente Dilma Rousseff, por exemplo, conta atualmente com 1,7 milhão de filiados.

Máquina partidária. Apesar da deferência com que Campos, provável candidato ao Palácio do Planalto pelo PSB, trata Marina e suas demandas políticas, a Rede tem pouco peso na máquina partidária da legenda. Em São Paulo, por exemplo, apenas 45 "marineiros" estão filiados ao partido. E nenhum deles foi incorporado à direção. Na prática, o diálogo entre Rede e PSB praticamente não existe.

Enquanto os seguidores de Marina insistiam na estratégia de lançar um candidato próprio do grupo ao governo paulista, o partido de Campos trabalhava para selar aliança com o PSDB do governador Geraldo Alckmin, que disputará a reeleição. Pesou, porém, o veto da ex-ministra à aliança com os tucanos de São Paulo. Com isso, Marina, que conquistou quase 20 milhões de votos em 2010, deu garantias de que vai mesmo dividir como vice a chapa encabeçada pelo governador pernambucano.

No Acre, terra natal e base eleitoral da ex-ministra, apenas seis militantes da Rede se filiaram ao PSB. Atualmente, o partido integra a chamada Frente Popular, da qual o PT também faz parte. "A Marina aqui ainda é vista como alguém do PT. Para as pessoas, ela ainda precisa construir no seu próprio Estado uma diferenciação", avalia Toinho Alves, coordenador da Rede no Acre.

Decorridos três meses do anúncio da aliança entre Rede e PSB, integrantes das duas siglas ainda não se reuniram em Mato Grosso. A Bahia é considerada pelos dois lados como o caso mais bem resolvido da aliança: a Rede lançará Eliana Calmon ao Senado e o PSB, Lídice da Mata ao governo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Apoio declarado a Aécio

Presidente do Solidariedade, Paulinho da Força Sindical reafirma oposição ao governo federal e anuncia adesão à candidatura à Presidência do senador tucano, que renova críticas a Dilma

Bertha Maakaroun

Paulinho, Aécio e Alckmin comemoram aniversário do parlamentar e aliança no pleito de outubro

O deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força Sindical, fundador do partido Solidariedade (SDD), reiterou ontem, durante comemoração de seu aniversário em um clube da capital paulista, que o apoio de sua sigla nas eleições presidenciais será ao senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, pré-candidato tucano para disputar o Palácio do Planalto. "Quero lhe garantir, Aécio, que o nosso partido vai decidir em pouco tempo, oficialmente, o apoio à sua candidatura", discursou, dirigindo-se ao tucano. Declarando ter construído o Solidariedade na oposição – ele era do PDT –, Paulinho avisou que fará "de tudo para tirar o PT do poder". Na rota da oposição, as centrais sindicais ligadas ao Solidariedade também planejam incentivar e dar força a eventuais manifestações de rua por causa da Copa do Mundo.

"Acho que as manifestações vão voltar antes da Copa e nós vamos dar uma mão", disse. "Vamos dar uma mão, já que o governo Dilma não cumpriu nenhum dos compromissos que assumiu conosco", declarou. "O governo federal está quebrando as principais empresas do país e permitindo a volta da inflação", acrescentou o parlamentar sindicalista, antes do almoço que reuniu políticos, trabalhadores, além do senador Aécio Neves e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Segundo ele, esses fatores vão influenciar a insatisfação social, que será maior em pleno processo eleitoral.

Ao salientar a disposição de engrossar em qualquer circunstância a oposição à candidatura Dilma Rousseff (PT), o parlamentar sindicalista deixou claro que se em um eventual cenário de segundo turno estiverem concorrendo Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência da República, e Dilma Rousseff, o Solidariedade apoiará Campos. Em São Paulo, Paulinho disse apoiar a candidatura à reeleição do governador tucano Geraldo Alckmin e, no Rio de Janeiro, a tendência é fechar com o PMDB do governador Sérgio Cabral, que terá como candidato mais provável ao Palácio das Laranjeiras o atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão.

"Irreal" Depois de considerar o Solidariedade "uma esperança nova que surge na vida política brasileira", Aécio Neves, também em crítica a Dilma Rousseff, afirmou que a presidente, ao discursar em Davos, na Suíça, sobre a economia brasileira, falou sobre um Brasil que não é real. "Assistimos à presidente da República em Davos falando de um país que, infelizmente, não é o nosso. Infelizmente também as palavras não têm o dom mágico de mudar a realidade", declarou o senador mineiro.

Aécio disparou: "A presidente fala que o Brasil é um país que respeita contratos ao mesmo tempo em que assistimos à mais violenta intervenção que o setor elétrico, por exemplo, já assistiu, para falar apenas em um setor". O tucano continuou: "A presidente fala que o Brasil sempre busca alcançar o centro da meta inflacionária. Ela vai terminar o seu último ano de mandato lutando e contendo preços, como os de combustíveis, de transportes, de tarifas de energia, para não ultrapassar o teto da meta". De acordo com Aécio, o "Brasil do discurso da presidente não tem conexão com o Brasil real". Para ele, o país gera desconfiança em razão do que chamou "manipulação dos nossos números fiscais".

Citando o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Aécio criticou a alta da inflação da cesta básica. "Vimos uma pesquisa recente, feita em cerca de 10 capitais, onde a cesta básica, em todas elas, ultrapassou alta de 10%. No caso de Salvador (BA), chegou a 17% nos últimos 12 meses. Onde não está a inflação?", questionou. "A fantasia da propaganda oficial não consegue mascarar, não consegue mudar a realidade", disse. Para Aécio, o Brasil está no "fim da fila" daqueles que querem investir. "E a situação interna se agrava a cada dia. Seja na maquiagem para se alcançar o superávit primário, seja para se alcançar um saldo mínimo na balança comercial. Assistimos no Brasil a uma desconfiança generalizada", disse, apregoando acreditar que seja a "hora de a oposição voltar a governar o Brasil".

Fonte: Estado de Minas

Cabral decide exonerar petistas de seu governo

Governador envia e-mail a presidente do PT comunicando decisão que será formalizada na sexta-feira

Cássio Bruno

RIO — Irritado com a decisão de o PT do Rio antecipar a saída de sua administração de 31 de março para 28 de fevereiro, o governador Sérgio Cabral (PMDB) resolveu partir para o ataque. Ele vai exonerar os cerca de 700 petistas que fazem parte de sua administração na próxima sexta-feira. A demissão em massa inclui os dois cargos de primeiro escalão: os secretários Carlos Minc (Meio Ambiente) e Zaqueu Teixeira (Assistência Social).

Cabral comunicou a iniciativa, por e-mail, na madrugada de sábado, ao presidente regional do PT, Washington Quaquá. Os dois vão se encontrar na segunda-feira no Palácio Guanabara. Quaquá, por sua vez, entregará a Cabral a lista dos petistas que têm cargos no governo.

— Ele (Cabral) me mandou um e-mail hoje (sábado) de madrugada. O PT quer entregar os cargos desde novembro do ano passado. Só não o fez porque o próprio Cabral nos pediu. Se ele preferir, as demissões podem ser segunda-feira (amanhã) mesmo — disse Quaquá ao GLOBO.

Cabral confirmou o e-mail. Em nota, agradeceu ao presidente do PT “pelos sete anos e um mês de convívio fraterno”.

A manobra de Cabral tem um objetivo: atrair aliados para compôr a chapa do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que concorrerá à sucessão estadual em outubro deste ano com o apoio do governador. O PT disputará com o senador Lindbergh Farias.

A Secretaria estadual de Assistência Social deverá ser entregue ao Solidariedade. O partido foi criado, em 2012, pelo deputado federal Paulinho da Força. O parlamentar se reuniu com Sérgio Cabral na última semana. A legenda foi convidada por Lindbergh para indicar o vice (a vereadora Rosa Fernandes ou o filho dela, o deputado estadual Pedro Fernandes).

Já a pasta do Meio Ambiente e mais um secretaria serão entregues ao PSD e ao PDT. O PSD, do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, apresentou a pré-candidatura do ex-deputado federal Índio da Costa.

Segundos aliados, Cabral considerou "uma afronta" do PT informá-lo, também por e-mail, meia hora antes, sobre o evento petista do último dia 17, no Sindicato dos Bancários. Neste encontro, que teve a participação de Lindbergh e do presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi anunciada a saída do partido do governo Cabral em 28 de fevereiro. Em seu discurso, Lindbergh atacou Cabral, principalmente na área da Segurança Pública.

Duas horas depois da reunião do PT, Cabral confirmou que deixaria o cargo no mesmo dia (28 de fevereiro) para dar mais visibilidade a Pezão, que aparece com apenas 5% nas pesquisas de intenção de voto. Lindbergh tem 15%, o mesmo percentual do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB). O deputado federal Anthony Garotinho (PR) é o líder com 21%.

- Cabral achou uma afronta a forma que o PT o comunicou - contou um aliado próximo de Cabral.

A decisão de Cabral põe fim a uma novela que se arrasta desde os meados do ano passado. À época, ganhou força dentro do PT fluminense a pré-candidatura de Lindbergh. Revoltado, Cabral recorreu ao ex-presidente Lula. O PT, então, por três vezes, adiou a entrega dos cargos.

A pedido do próprio Lula, os petistas combinaram de deixar Cabral apenas no dia 31 de março já que não houve acordo para uma aliança entre PT e PMDB no estado. O ex-presidente temia que com a briga prejudicasse a aliança nacional e a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O PMDB é o principal aliado do PT no Congresso.

Pezão já tem agenda de governador. Participa de inaugurações de obras e lançamentos de projetos do governo do estado. Na semana passada, o vice-governador anunciou que fará agendas com a presidente Dilma, do mesmo partido de Lindbergh.

Segundo Pezão, Dilma vai inaugurar com ele a Transcarioca (transporte com ônibus BRT que vai ligar a Barra ao Aeroporto Tom Jobim (Galeão), em 10 de maio e o Arco Metropolitano (estrada que ligará Itaguaí a Itaboraí, passando por municípios da Baixada Fluminense), previsto para começar a funcionar até julho.

Fonte: O Globo

Eleições: Dilma prepara 'festival' de entregas de máquinas a prefeituras no 1º semestre

Rafael Moraes Moura, Daiene Cardoso

BRASÍLIA - Uma das principais apostas do Planalto para aumentar a capilaridade das ações do Executivo e estabelecer uma relação direta com prefeituras, o PAC Equipamentos será uma das prioridades do governo federal no primeiro semestre, quando pretende concluir a entrega de todas as máquinas previstas para o ano. São motoniveladoras, caminhões-caçamba, caminhões-pipa e pás carregadeiras doadas a cidades com até 50 mil habitantes do País.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário quer conciliar o calendário turbinado de entrega dos equipamentos com a agenda da presidente Dilma Rousseff, que tentará reeleição. A partir de 5 de julho, as agendas públicas da presidente terão de obedecer à lei eleitoral. Ela não poderá participar pessoalmente das cerimônias de inauguração ou entrega de benefícios.

Levantamento da Confederação Nacional de Municípios mostra que, até o fim do ano passado, 57% dos equipamentos prometidos por Dilma haviam sido entregues (10.259 de um total de 18.073). O ministério pretende entregar, portanto, 8 mil equipamentos que restam num prazo de, no máximo, seis meses. Ou seja, fazer em 180 dias praticamente o que demorou dois anos para fazer até agora.

Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, o cronograma das doações já estava previsto para ser concluído no primeiro semestre. Vargas nega que as datas estejam relacionadas com a proximidade das eleições presidenciais (Mais informações abaixo).

No ano passado, Dilma participou de 14 cerimônias em que entregou chaves de máquinas para prefeitos - a última foi em São Francisco do Sul, Santa Catarina, em novembro passado.

A legislação eleitoral proíbe "a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública" a partir de 5 de julho, exceto para situações em que forem declarados calamidade pública e estado de emergência. No entanto, a lei permite a manutenção de programas com execução orçamentária incluída no ano anterior, como é o caso do PAC Equipamentos.

Ampliação. Inicialmente, o programa previa apenas a entrega de retroescavadeiras, mas devido à demanda dos prefeitos e ao pedido de Dilma de incluir pás carregadeiras, motoniveladoras, caminhões-caçamba e caminhões-pipa, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Equipamentos foi ampliado e ganhou uma segunda fase.

Um dos empecilhos que podem minar a intenção do governo federal de concluir a entrega das máquinas neste semestre é a capacidade produtiva dos fabricantes, que acabaram sobrecarregados pelo programa em 2013. "O importante é que as entregas estão ocorrendo e a própria indústria, às vezes, não tem como fornecer tudo de imediato", disse o presidente da Confederação Nacional de Municípios, Paulo Ziulkoski.

De acordo com o levantamento da entidade, o governo federal conseguiu entregar 100% das retroescavadeiras previstas (5.071), mas só distribuiu 52% das 5.061 motoniveladoras, 27% dos 5.061 caminhões-caçamba, 52% dos 1.440 caminhões-pipa e 32% das 1.440 pás carregadeiras prometidas.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, todos os 5.061 municípios de até 50 mil habitantes que solicitaram as doações receberam até o fim de 2013 pelo menos um equipamento. Apenas o Distrito Federal não foi contemplado no programa. "Se isso vai render voto ou não, não sei. A verdade é que conheço uma centena de prefeitos de pequenas cidades que estão muito exultantes com as máquinas", comenta Ziulkoski.

No ano passado, a presidente intensificou a agenda de eventos Brasil afora, em cerimônias que ganharam caráter eleitoral. Para o Palácio do Planalto, é prioridade a entrega de casas do Minha Casa Minha Vida e de chaves de máquinas a prefeitos, além da divulgação de investimentos em obras de mobilidade urbana. O script deverá se repetir neste ano, pelo menos dentro do prazo da lei eleitoral.

Fiscalização. Os equipamentos do programa são doados para municípios com menos de 50 mil habitantes e devem ser utilizados para abertura, recuperação, readequação e conservação de estradas vicinais na zona rural de municípios com predominância de agricultores familiares e também para mitigação dos efeitos da seca nas regiões do semiárido.

Em dezembro, o Estado revelou que a Controladoria-Geral da União (CGU) intensificou a fiscalização para acompanhar de perto o uso das máquinas em 110 cidades e verificar a utilização adequada dos equipamentos. Multiplicam-se os casos de prefeitos que utilizam para fins particulares as retroescavadeiras e motoniveladoras doadas pelo governo federal.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Santa Fé do Araguaia (TO), onde uma motoniveladora que deveria auxiliar a recuperação de estradas vicinais foi utilizada para a melhoria das estradas internas da propriedade de um aliado do prefeito, conforme ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual. A auditoria da Controladoria-Geral da União ainda não foi concluída.

Fonte: O Estado de S. Paulo

22 anos depois, o PPS comemora mais um aniversário de fundação

Manifesto de fundação do PPS
"Aos seres humanos que, por nascimento ou opção, habitam terras brasileiras,o PPS dedica seus 70 anos de lutas, e todas as lutas futuras"

Há uma crise, no mundo e no Brasil, e todos podemos senti-la. Uma crise que solapa a esperança, que chega ao fundo dos corações, gerando frustrações, descrença e cinismo. Frente aos desafios destes novos tempos, seu compromisso de luta por uma sociedade mais justa e mais humana, o X Congresso do PCB oferece à sociedade brasileira um novo instrumento de luta, o Partido Popular Socialista - PPS.

Um Partido que, desde sua formação, é plural, aberto à participação de todos os que acreditam que é possível, a todos os seres humanos, viverem iguais e livres. Um Partido que, num mundo de mudanças, assume o compromisso central com a vida, entendendo-a como indissociável da natureza e da cultura. Um Partido, que quer contribuir para a construção de uma nova ética, em que o ser humano, sem nenhuma discriminação, seja protagonista e beneficiário das transformações sociais.

Um Partido novo, democrático, socialista, que se inspire na herança humanista, libertária e solidária dos movimentos sociais e das lutas dos trabalhadores em nosso país e em todo o mundo, prolongando hoje a luta que travamos desde 1922. Um Partido que não use o povo, mas seja um instrumento para que cada cidadão seja sujeito de sua própria história. Um Partido socialista, humanista e libertário, que tenha como prática a radicalidade democrática, que permita a cada ser humano exercer sua plena cidadania, na área em que reside e no planeta em que habita.

Um Partido que tem como metodologia de ação política, a não violência ativa, e que repudia toda e qualquer forma de violência (econômica, racial, religiosa, física, psicológica etc). Um Partido que faz da eliminação da miséria a questão primeira de sua política. Porque enquanto houver um ser humano sem comida, sem moradia, sem educação ou sem as mínimas condições de acesso à saúde, nossa luta tem e terá razão de continuar.

Um Partido que defende que a propriedade dos meios de produção e de comunicação deve ser social, com propostas autogestivas, cogestivas e cooperativistas, contrapondo-se aos modelos neoliberais.Um Partido que se empenhará para que o desenvolvimento científico e tecnológico seja considerado prioridade nacional, pois como não haverá progresso social sem o amplo desenvolvimento científico e tecnológico.

Um Partido que tem como objetivo a reforma democrática do Estado para que ele não tutele, mas que seja controlado pelos cidadãos e pela sociedade.

Um Partido que luta por um programa radical de desenvolvimento que tenha o ser humano como sujeito e que seja capaz de eliminar a injusta distribuição de renda, acabando com a brutal concentração hoje existente. A consolidação da democracia política e a retomada do desenvolvimento, pondo fim à recessão e ao desemprego, são claras prioridades para a construção da cidadania.

Um Partido que lutará pela implantação do parlamentarismo, pelas reformas estruturais de que o país necessita e pela preservação dos direitos consagrados constitucionalmente. Um Partido que se dispõe a repensar tudo, 'mas que não abre, de forma alguma, seu compromisso de luta por uma sociedade mais justa e mais humana.

Um Partido que é e será um espaço aberto à participação de todos os que têm aspiração de construir essa sociedade. Um Partido que assume sem medo compromissos com o presente e o futuro, recusando a infalibilidade e o dogma, mas tendo em conta a experiência do passado.

Um Partido que não tem fórmulas prontas e acabadas, e que se propõe a discutir e formular um Projeto para a Nação Brasileira, com a colaboração de todas as forças do campo democrático. Esse é o desafio lançado a todos os militantes deste novo Partido e o convite a todos os que queiram nele se integrar.

Manifesto de fundação do PPS, 26 janeiro de 1992, São Paulo, SP

Lula busca votos para Dilma no Nordeste e em SP

Viagens começam em março; petista quer acabar com hegemonia do PSDB paulista e combater Eduardo Campos

BRASÍLIA - Curado de um câncer que o impediu de participar efetivamente das eleições municipais de 2012, o ex-presidente Lula está determinado a rodar o país na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff a partir de março, com foco especial no Nordeste, para se contrapor à candidatura do presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE); e em São Paulo, onde tentará acabar com a hegemonia do PSDB, há 19 anos no poder.

Na disputa presidencial, os petistas consideram o ex-aliado Campos um candidato mais forte do que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Nas análises feitas pelo comando informal da campanha de Dilma, a avaliação é que o socialista é melhor de debate e tem um discurso mais atraente. Os petistas também estão preocupados com a possibilidade de a ex-ministra Marina Silva, que teve 20 milhões de votos em 2010, ser vice na chapa do socialista.

Por enquanto, o entorno de Dilma aposta nos desentendimentos entre Campos e Marina. Petistas assistem com gosto as divergências entre o PSB e a Rede na formação de palanques regionais e avaliam que ele dará um tiro no pé se, para atender Marina, implodir a aliança com os tucanos em São Paulo e Minas Gerais.

Quando a campanha começar, os petistas pretendem explorar supostas incoerências entre o discurso de Campos e a prática, como a aliança com a família Bornhausen, ex-PFL e ex-DEM, e a defesa de uma nova política.

Aliados de Dilma também avaliam que Marina não terá este ano a mesma força que em 2010, porque se aliou a um político e a um partido tradicionais. Por enquanto, a estratégia de Dilma é não entrar pessoalmente no fogo cruzado da pré-campanha. Mas o Planalto tem cobrado do PT respostas a críticas ao governo feitas por Campos.

Em relação ao PSDB, o PT aposta no fogo amigo do ex-governador José Serra. Petistas atribuem a ele a aliança entre o PPS de Roberto Freire, aliado de Serra, e o PSB de Campos.

Economia é preocupação de petistas na campanha
No próprio quintal, a preocupação do PT, do ex-presidente Lula e do Planalto é com a economia e, principalmente, com o controle da inflação. Outro motivo de apreensão é a antipatia do empresariado em relação ao governo Dilma, considerado fechado, imprevisível e intervencionista. Lula tem se reunido com empresários para tentar reverter o quadro. Ele também tem costurado alianças nos estados para a formação dos palanques, além de tentar resolver os nós da reforma ministerial, fonte de irritação de aliados, como o PMDB.

Seguindo o roteiro da pré-campanha, Lula cancelou viagem a Minas, no dia 7, para participar da largada da campanha do ministro Alexandre Padilha (Saúde) ao governo de São Paulo. Tal é a disposição de Lula para rodar o país que auxiliares de Dilma traçam a logística da campanha como se houvesse dois candidatos: a própria presidente e Lula.

A ideia é articular a agenda dos dois de forma que, quando Dilma estiver no Sul, por exemplo, Lula estará no Norte. Ele terá a vantagem de fazer campanha em tempo integral, enquanto Dilma terá restrições impostas pelo cargo. Na organização das viagens, onde houver mais de um candidato da base aliada para governador, como no Rio, em vez de Dilma ir aos diversos palanques, será organizada uma atividade própria e os aliados serão convidados. Esse modelo tende a gerar menos saias-justas para Dilma.

Lula não estará preso aos compromissos firmados entre Dilma e os aliados. O PT quer que Lula priorize os candidatos petistas a governador, senador e deputado — outro problema com os aliados, que apostam na popularidade dele para conquistar votos.

— É natural que ele priorize os do PT. O que importa é a gravação para o programa de TV, é o palanque eletrônico, que é 99% da campanha — avalia o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp.

Fonte: O Globo

Luiz Werneck Vianna* : 'Este ano não vai ser igual àquele que passou'

"Este ano não vai ser/ igual àquele que passou", cantava a antiga marchinha de carnaval. Não vai, é certo, mas ainda estão ressoando em surdina no novo ano as toadas que tomaram as ruas nas jornadas de junho de 2013. E, como um encontro marcado, não há quem não espere o seu retorno, embora em diverso diapasão, com os jogos da Copa do Mundo e o processo de uma sucessão presidencial competitiva. Foram fundas as marcas deixadas pelo ano que passou: além de suspender o cotidiano com as ondas de protesto das manifestações populares, trouxe à luz novos personagens e um sentimento inédito de urgência quanto a demandas, desatendidas, da população nos serviços públicos.

As manifestações, é verdade, cessaram, mas estão aí presentes os mesmos motivos, o difuso mal-estar e os protagonistas de ontem. A política e os partidos, malgrado um tumultuado esforço despendido na produção legislativa a fim de responder ao clamor por mudanças, passado o susto pelo descontrole das ruas mantêm distância da sociedade, o que mais se agrava por ser este um ano a ser dominado pelo calendário eleitoral. Pior, já se reitera o vezo de um malfadado presidencialismo de coalizão que, na forma como o praticamos, reduz o papel dos partidos a máquinas eleitorais aplicadas à reprodução da classe política que aí está, em detrimento do que deveria ser a busca de rumos para uma complexa sociedade como a nossa.

Não se aprendeu nada, não se esqueceu nada. Não à toa esse dito clássico tem sido invocado por tantos - a política está entregue, como sempre, a próceres empenhados no escambo do horário eleitoral, especialmente no interesse das cúpulas partidárias, conforme um deles declarou sem rebuços dias atrás em entrevista a um importante jornal. Mas desta vez não haverá surpresa, como no ano que passou. A Copa do Mundo tem data, assim como a têm a eleição presidencial, a dos governadores e a parlamentar, para as quais não se deve prever céu de brigadeiro, tal como já se entrevê.

Depois dos idos de junho muita água correu debaixo da ponte: tanto o Estado como o governo se preveniram, em particular em política de segurança e na tentativa de minorar as carências da população em termos dos serviços públicos, embora não faltem à cena gatilhos novos, como, entre outros, a questão dos presídios e a dos indígenas. E a sociedade teve tempo para investir na reflexão sobre aqueles surpreendentes acontecimentos, como testemunha a produção editorial dedicada a eles. Sobretudo não se mostrou insensível ao significado de que eram portadores, qual seja, o de que estamos no limiar do esgotamento de um longo ciclo e já maturam as condições para sua superação.

Vários sinais apontam para essa direção, o principal deles se faz indicar pela recusa em aceitar a reiteração do padrão de discricionariedade irrestrita na administração pública, de imemorial tradição entre nós, terreno em que o Ministério Público se vem mostrando à altura do papel constitucional que a Carta de 88 lhe destinou. O Poder Executivo, especialmente o municipal, em alguns casos significativos, vem acompanhando essa tendência, abrindo canais de participação para a população envolvida em temas do seu interesse. O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) da Ação Penal 470, com a condenação de importantes quadros do partido no governo, exerceu severa pedagogia quanto aos valores republicanos.

São mutações relevantes e em todas elas se registram ecos das manifestações espontâneas de junho que confirmaram, na tradução livre que imprimiram em suas faixas e seus galhardetes, o sentido visado por seus autores institucionais. De uma perspectiva mais larga, nem sempre perceptível a olho nu, essas são transformações que repercutem em cheio no modelo nacional-desenvolvimentista, latente na esquerda brasileira, desentranhado pelo governo do PT do baú da nossa História como resposta à crise financeira mundial de 2008, inclusive com elementos que recebeu da sua versão sob o governo Geisel, que depende visceralmente de um modelo político decisionista.

De passagem, registre-se que tal modelagem, na democracia da Carta de 88, vem sendo reproduzida pelas vias abertas pelo presidencialismo de coalizão à brasileira, ora ameaçado pela votação ainda em curso no STF de uma ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil com a finalidade de interditar o financiamento das competições eleitorais por parte de empresas. Sem a escora dessa peça, uma de suas vigas-mestras, o presidencialismo de coalizão somente poderia persistir em torno de programas, o que supõe ampla deliberação e adoção de rumos compartilhados, minimamente consensuais. Aí, mais um indicador de exaustão do ciclo a que ainda estamos submetidos.

A sensibilidade a esse novo estado de coisas está em todos, até mesmo, se valem os sinais, na presidente Dilma Rousseff e em sua equipe econômica, de que é exemplo sua decisão de comparecer ao encontro de Davos. Os fortes abalos da crise de 2008, que ainda sentimos, se importaram em ruínas e perdas materiais, têm devolvido vigor, aqui e alhures, a muitas lições esquecidas, como as de Marcel Mauss, Karl Polanyi e Antonio Gramsci, tão diferentes entre si, mas convergentes nos seus propósitos de regular o mercado pelo direito, por padrões eticamente orientados e pela política democrática.

Mudanças no modo de interpretar o mundo são influentes e, no caso, um livro recente chama a atenção por sua energia e coragem intelectual. O Mistério e o Mundo - Paixão por Deus em Tempos de Descrença (Rio de Janeiro, Rocco, 2013), da teóloga católica Maria Clara Bingemer, é mais um desses sinais, pois, longe de um diagnóstico desalentado, o que ela apresenta aos seus leitores é um chamado, na estrita linguagem da sua confissão religiosa, para uma ação política transformadora. De verdade, 2014 é um ano novo.

*Luiz Werneck Vianna é professor-pesquisador da PUC-Rio.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Tereza Cruvinel: Camiseta amarela

Os jovens, especialmente os que negam a política, precisam conhecer melhor a história da democracia de que desfrutam

Quase todos que hoje têm 30 anos ou menos ouviram falar da campanha das Diretas. Mas, como não viveram a ditadura e seus horrores, a supressão do voto para presidente e outros direitos, a troca dos generais combinada entre eles mesmos, por melhor informados que sejam, não podem avaliar o que foi aquela explosão. A comparação com as manifestações do ano passado é quase herética. Protestar na democracia é fácil e quase lúdico. Mas vestir uma camiseta amarela sabendo que a cavalaria do general Newton Cruz pode atacar não é fazer um rolezinho. Sabendo que a prisão podia levar ao enquadramento na terrível Lei de Segurança Nacional, embora a ditadura já fosse, então, um leão com alguns dentes a menos.

Muito foi dito e escrito, nos últimos dias, sobre a unidade política da oposição na campanha que reuniu nos palanques figuras díspares, como Ulysses, o líder maior, Lula, Brizola, Montoro, Tancredo, Fernando Henrique, Severo Gomes, Richa, Simon e outros tantos, do centro ou da esquerda. De Teotônio, o menestrel. A coordenação interpartidária da campanha tinha duas figuras mais "executivas": o publicitário Mauro Montorin, indicado por Montoro, pelo PMDB, e José Dirceu, do PT, indicado por Lula. Na democracia que ajudou a construir, Dirceu acabou preso na Papuda. Os dois organizaram juntos a infraestrutura e a liturgia política dos grandes comícios. Entraram também para essa história Osmar Santos, o locutor, Fafá de Belém, a diva, Cristiane Torloni, a musa.

Mas o povo, que vivia acuado, comparecendo aos simulacros eleitorais, foi o grande protagonista. O ascenso das massas em 1968, puxado pelo movimento estudantil, terminara com o AI-5, o recrudescimento da ditadura, da tortura, das cassações e perseguições. Sem caminho, a juventude mais aflita, inclusive a hoje presidente Dilma, jogou a vida na luta armada, apesar da desproporção de forças no confronto. A guerra foi suja, muitos morreram, os mais intrépidos, como Marighela e Lamarca, foram executados a sangue frio. Os do Araguaia foram dizimados, restando hoje dois ou três vivos. Um deles, José Genoino, em prisão domiciliar. A brutalidade do "combate ao terrorismo" calou fundo, e a população se recolheu. Os pobres amargaram o arrocho salarial, e a classe média desfrutou do "milagre econômico". O despertar começou em 1974, quando o PMDB elegeu a maioria dos senadores. Em 1982, a maioria dos governadores. A explosão veio em 1984, a partir do primeiro comício das diretas, que ontem completou 30 anos.

Falou-se pouco de quem, quase inadvertidamente, como quem solta uma borboleta, propiciou tudo isso. Dante de Oliveira chegara à Câmara em 1983 e o que primeiro chamou a atenção no jovem deputado por Mato Grosso foram os ternos brancos, eventualmente acompanhados pelo chapéu na mesma cor. E também o porte e a gentileza. Estávamos, uma tarde, num sofá do Salão Verde, um grupo de repórteres, e ele se aproximou quase constrangido: "Vocês já ouviram falar da minha emenda propondo eleições diretas para presidente? Pois o doutor Ulysses finalmente concordou em apresentá-la à executiva e propor uma campanha pela aprovação. Vocês podiam provocá-lo sobre o assunto". Iríamos todos fazer isso, mas com grande ceticismo. Como aprová-la se o regime tinha maioria no Congresso? O resto é história. Veio a campanha e, para os jornalistas, uma cobertura inesquecível. Dante morreu muito jovem, depois ter governado seu estado.

Em abril, lembraremos o dia em que as multidões foram derrotas no plenário da Câmara. Lembro-me nitidamente do momento em que o painel se abriu e mostrou o resultado: apenas 298 a favor. Faltaram 22 votos. Da lividez de Ulysses, do espanto da oposição, do constrangimento dos que ganharam mas não celebraram, das lágrimas incontidas. Segui o grupo que, com Cristina Tavares e Maria da Conceição amparando-o, conduziu Ulysses ao gabinete do subsolo, onde ainda funciona a presidência do PMDB. Vergado pela derrota, o Senhor Diretas, o timoneiro, titubeava sobre as pernas trôpegas.

A evocação das diretas é pedagógica, por isso mais essas reminiscências. Os jovens, especialmente os que negam a política, precisam conhecer melhor a história da democracia de que desfrutam. Deviam ler o livro de Ricardo Kotscho, Explode um novo Brasil, relato vivo da campanha. No prefácio, Ulysses escreveu, louvando o autor: "Poesia é encontrar uma árvore esquecida à beira de uma estrada e glorificá-la". Chico Buarque nos legou a canção que diz: "Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela". Muita gente guarda sua camiseta amarela. A minha dorme num baú de souvenirs políticos, resistindo a traças e trapaças.

Fonte: Correio Braziliense

Eliane Cantanhêde: Bolsa Manhattan

Do Brasil para a Suíça, da Suíça para Cuba e de Cuba de volta para casa, a presidente Dilma Rousseff tem um bom tempo de voo para discutir com o chanceler Luiz Figueiredo um assunto pouco diplomático e muito prático: os altíssimos custos de diplomatas e funcionários do Itamaraty no exterior.

Com as mortes e decapitações de presos no Maranhão, os escândalos políticos que se amontoam e a reforma ministerial, passou quase despercebida a informação da Folhade que o embaixador Guilherme Patriota aluga um apartamento em Nova York pelo correspondente a R$ 54 mil por mês.

Ele é irmão e segundo do embaixador na ONU, o ex-chanceler Antonio Patriota. E ambos moram na área mais nobre de Manhattan, um dos lugares mais luxuosos do mundo, ao lado de celebridades como Madonna, Al Pacino e Woody Allen.

Ok. Diplomatas têm de se apresentar bem e Nova York é cara. Mas embaixador brasileiro e até jovens secretários (deu no "NYT"!) precisam mesmo morar nos endereços mais exorbitantes? E é diferente na Europa? Na Ásia? E em pequenas embaixadas que não servem para nada?

A imprensa reclama de falta de transparência sobre custos --e luxos-- do Itamaraty. Mas a dificuldade não é só de jornalistas, é da Esplanada dos Ministérios também.

Se passou quase despercebida do grande público, a informação não passou tanto assim dentro do próprio governo. Até porque os exageros do Itamaraty e as perguntas acima estão no caderninho da equipe econômica desde o governo Lula.

Na época, o Planejamento fez um grande levantamento de salários e vantagens de funcionários das diferentes pastas, para efeitos de planos de carreira. Adivinha de onde veio a maior resistência? Do Itamaraty. O pretexto foi que os valores variam muito de um lugar para outro...

Explica, mas não justifica, pois os valores, somados, caem numa mesma conta: a minha, a sua, a nossa.

Fonte: Folha Online

Dora Kramer: Rede de intrigas

Pergunte-se a um aliado de Marina Silva que tenha os pés plantados no chão e a cabeça firme no pescoço se há alguma chance de a ex-senadora vir a ser a candidata do PSB a presidente, trocando de lugar com o governador Eduardo Campos com base nas pesquisas de opinião - onde ela aparece sempre à frente dele - e o que se ouve é o seguinte: trata-se de um sonho de uma noite de verão.

"Mal dormida", acrescenta o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ), para resumir a ópera. Fosse para ser candidata, Marina teria se filiado a algum dos partidos que lhe ofereceram a vaga quando a Justiça Eleitoral recusou o registro da Rede Sustentabilidade a tempo de disputar a eleição deste ano.

De onde, a realidade é que o partido não existe de direito. E, como de fato seu único ativo é a figura de Marina Silva, há muito mais espuma que consistência nessa onda toda em torno das exigências que a Rede estaria fazendo ao PSB em relação às alianças eleitorais nos Estados, inclusive ameaçando não ocupar o lugar de vice na chapa de Campos.

Há de tudo um pouco na Rede: ecologistas, esquerdistas, evangélicos, correntes para todos os gostos com cada qual querendo dar seu palpite. Falar alto e em tom impositivo para também não capitular à condição de mero coadjuvante de segunda linha do PSB sem direito a voz, voto e veto.

Um exemplo foi a recente manifestação do grupo de Minas Gerais, prontamente desautorizado pela direção nacional, exigindo que o PSB se afastasse do PSDB no Estado, onde ambos mantêm uma relação longeva e na qual se embute uma espécie de acordo de cavalheiros entre mineiros e pernambucanos.

O senador Aécio Neves sabe que Pernambuco é território de Eduardo Campos, que tampouco tem a pretensão de disputar Minas com o tucano.

De exigência real o que existe mesmo é uma candidatura própria ao governo de São Paulo, com o consequente rompimento da aliança com o PSDB de Geraldo Alckmin. A avaliação é a de que o "conservadorismo" de Alckmin não faria bem ao projeto da "nova política" e que para Campos seria essencial correr em faixa exclusiva no maior colégio eleitoral do País, ao menos no primeiro turno.

De divergência objetiva que provocou obstáculos concretos houve a manifestação de Marina contra o apoio de Ronaldo Caiado, feita para marcar posição para o público interno. Resultou em avarias sérias com o setor do agronegócio.

No restante do País, inclusive no terceiro colégio eleitoral (Rio de Janeiro), o debate sobre as alianças ainda está no início, sem escolha de nomes, mas sob a égide de uma evidência: o PSB é um partido e a Rede, por ora, um símbolo.

Efeito retardado. Alguns tucanos não gostaram de ouvir o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso dizer no fim da semana passada que prefere que Aécio Neves vá para o segundo turno com Dilma Rousseff, mas, se a vaga na etapa final for de Eduardo Campos, tudo bem também.

FH disse exatamente a mesma coisa no dia 8 de novembro do ano passado, a declaração virou manchete e não houve reação alguma. Esquisito.

Faca nos dentes. Em atenção ao DEM - aliado tradicional e que já concordou em não fazer grandes exigências - o PSDB oficialmente fala em apoiar Paulo Souto para o governo da Bahia.
Extraoficialmente, porém, os tucanos torcem para que Souto não seja candidato porque prefeririam se aliar ao ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima. Pelo perfil combativo, pelo fato de ser um dissidente do PMDB e pela gana dele em derrotar o PT.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Miriam Leitão: Povo e República

A República nasceu sem povo, mas 30 anos atrás foi invadida pelo povo na mais memorável onda de manifestações de rua, a das Diretas. Hoje, vive-se um momento diferente, com uma enorme insatisfação em relação ao sistema de representação. Ao reunir na mesma conversa um historiador e uma atriz, o resultado foi instigante para pensar o Brasil.

O Comício da Praça da Sé, dia 25 de janeiro de 1984, foi o ponto em que ficou claro que o regime militar não controlaria mais as ruas. No palanque, entre os políticos, brilharam atores, atrizes, cantores. Fafá de Belém cantava a capella o Hino Nacional. A atriz Christiane Torloni foi presença frequente. O historiador e cientista político José Murilo de Carvalho esteve no Comício da Candelária, de um milhão de pessoas. Ele sempre estudou os encontros e desencontros do povo e sua República. Por isso, chamei Christiane e José Murilo para um balanço do movimento, 30 anos depois, no programa da Globonews.

O professor José Murilo de Carvalho nos aponta na sua obra o começo descarnado da República e a lenta construção da cidadania. Os militares a instauraram diante da população apática. Perguntei se a campanha das Diretas fora o momento em que o povo reencontrou a República.

— Eu creio que o povo começou a entrar na República em 1945, porque, antes, apenas 5% votavam. Nem pelo voto havia povo. A partir daí veio uma curva ascendente muito forte, vieram as manifestações pela Petrobras. Houve uma invasão da República pelo povo, o sistema entrou em pane e veio o corte de 64 — disse José Murilo.

A atriz Christiane Torloni lembra as Diretas como uma retomada.

— Era a terra pulsando no ritmo do hino nacional; não era o hino roubado, institucionalizado, proibido. Foi o momento em que o povo cantou para dizer “é meu o hino". E ele fazia sentido.

— Símbolos são importantes. Os militares tinham sequestrado o hino, a bandeira. O hino tinha a forma certa de cantar, havia regras para o uso da bandeira. E Fafá cantava o hino fora das regras — completa José Murilo.

A cidadania foi reconquistada naqueles dias. O comício da Sé foi a explosão em número, mas o movimento começou com um encontro pequeno em Abreu e Lima, Pernambuco, convocado pelo PMDB. Depois, o senador Teotônio Vilela propôs uma campanha de rua. O outro comício foi em Goiânia, já a favor da emenda Dante de Oliveira. Depois, veio Curitiba. Aí aconteceu a Sé e seus 300 mil. Os últimos, na Candelária e Anhangabaú, dias 10 e 16 de abril, reuniram um milhão de pessoas. Um ano de movimento e três meses intensos, ao todo, 40 comícios e 4,5 milhões de pessoas.

— Nós íamos andando no meio das pessoas até o palanque, não tinha isso de irem os vips separados. Porque era uma volta para casa. Para a praça, para a rua, que também haviam sido sequestradas. Era o resgate da cidadania, sem ufanismo — diz Christiane.

José Murilo fez um paralelo inquietante. Lembrou dos políticos que estavam na frente do movimento:

— Ulisses, Covas, Montoro, Arraes, Brizola. Os novos eram Fernando Henrique e Lula. Havia confiança na política. Os políticos estavam ali liderando, e as pessoas confiavam neles e na política como instrumento. Nas manifestações de junho, foi o oposto. Aconteceu de repente. Ninguém esperava e houve rejeição aos políticos e à política. Significa que é necessário dar um passo à frente, reformar o sistema representativo que não está dando conta das necessidades. A juventude está perdida em relação ao sistema atual — diz José Murilo.

Christiane fez outra comparação das Diretas com o movimento de junho:

— Não acho que junho aconteceu de repente. Acho que estava atrasado. É muito estranho que a Nação tenha ficado calada durante tanto tempo. Quando começou, era de novo a volta para a casa. Mas depois houve os black blocs. Que gente é essa? São pessoas que gostam do Brasil? Não. Se gostassem, mostravam sua cara. Veja o palanque das Diretas. Tem alguém de máscara? Era o contrário, a gente queria mostrar a cara para dizer: eu sou você, somos um só, é o espírito da Nação. É como o amor, a gente olha a cara do outro.

É cheia de encontros e desencontros a relação da república brasileira e seu povo. Há 30 anos, houve uma bela página. Os eventos recentes estamos ainda tentando entender.

Fonte: O Globo

Elio Gaspari: Mercadante ou José Dirceu 2.0

A escolha do senador Aloizio Mercadante para a chefia da Casa Civil é um luminoso indicador do que é o governo da doutora Dilma e, sobretudo, do que virá a ser. Desde que o PT entrou no Planalto, esse cargo foi ocupado por dois comissários (José Dirceu e Antonio Palocci), dois quadros de perfil técnico (ela e Erenice Guerra), mais Gleisi Hoffmann, que teve um desempenho híbrido. Dos cinco, um está na Papuda e dois deixaram as funções no tapete manchado dos escândalos.

Mercadante será o terceiro comissário. Não tem as mesmas bases que Dirceu teve na burocracia partidária, nem as conexões de Palocci na plutocracia, apesar de buscá-las em cordiais jantares paulistas. Como Dirceu e Palocci, foi um dos fundadores do partido. Como os dois, teve sua carreira tisnada por uma operação que Lula classificou, sem se referir a ele, como obra de "aloprados". Na reta final de sua campanha pelo governo de São Paulo, em 2006, dois militantes petistas foram presos mercadejando dossiês. Um deles carregava R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo. O Supremo Tribunal Federal absolveu Mercadante de qualquer relação com o caso.

Nomeado para os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação pela doutora Dilma, mostrou uma opção preferencial por projetos fantásticos, felizmente adormecidos. Por exemplo: um laboratório de pesquisas oceânicas em alto mar, ou a reciclagem de um plano delirante de Fernando Haddad, que pretendia comprar 600 mil tablets para alunos de escolas públicas, que Mercadante redirecionou para professores. (Em 2004, a Casa Civil de José Dirceu operava 36 grupos de trabalho e ele coordenava 16, inclusive um para tratar de hip hop.)

Como estrategista político, Mercadante fez parte do conclave de comissários que conceberam uma resposta do governo às manifestações de julho do ano passado. Propunha uma Constituinte exclusiva e um plebiscito para desenhar uma reforma política. Esse caos se desarticulou em três dias. Havia ainda uma proposta de cinco pactos. Um deles previa a abertura de mais vagas nos cursos de medicina. Mercadante deixa o Ministério da Educação enquanto a doutora vai a Cuba negociar a vinda de mais dois mil médicos e o Rio arrisca perder a maior faculdade (decadente) do País, com 2,4 mil alunos.

A grande virada do governo de Lula se deu quando ele trocou José Dirceu por Dilma Rousseff, pondo ordem na administração e mantendo-a parcialmente ao largo do troca-troca. Agora, deu-se o contrário, abrindo-se mais espaço para o projeto partidário. Foram muitos os enganos de José Dirceu. Talvez o maior deles tenha sido a ideia de que a Casa Civil poderia ser sua plataforma para chegar à Presidência da República.

Barbosa deu uma aula imprópria
No dia 2 de janeiro, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, decidiu a prisão do mensaleiro João Paulo Cunha, não assinou o necessário mandado e saiu de férias pouco depois. Tratava-se de autografar um despacho relacionado com um processo que relatara e os recursos que negara.

De Paris, ele condenou os colegas Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que o substituíram: "Eu, se estivesse como substituto, jamais hesitaria em tomar essa decisão".

Tudo bem, mas esteve, como titular, e não assinou.

Barbosa diz que a ministra Cármen Lúcia não discutiu com ele qualquer problema: "Ela não me telefonou. Não falou comigo".

Um curioso ouviu de Cármen Lúcia, numa conversa casual, anterior a essa declaração de Barbosa, que ela lhe telefonou no dia 3, falou e perguntou se o doutor deixaria alguma questão relevante sobre a mesa. Ele disse que não.

Copa é Copa
A militância que jogou na rede o slogan "Não vai ter Copa" está enganada.

Copa, todo mundo quer que haja. O que não se quer é roubalheiras na construção de estádios, mordomias para a Fifa e faculdades de medicina fechando.

Durante a Copa de 1970, quando a ditadura alavancava sua popularidade com os êxitos da seleção, houve dias em que militantes da Aliança Libertadora Nacional festejavam os gols acompanhando o foguetório com tiros de Winchester disparados de seus "aparelhos".

Tucanato tonto
A admissão, por Fernando Henrique Cardoso, de que o mensalão mineiro "foi, eventualmente, desvio de recursos para campanha eleitoral" mostra que o tucanato ainda não sabe o que fazer com a história da sua caixa mineira e com ex-governador Eduardo Azeredo, que à época presidia o partido.

"Desvio", o caixa dois nunca é. Pelo contrário: é tiro certo.

Isso tudo num aviário que também está tonto com o caso das propinas da Alstom e seu cartel.

Sinal amarelo
Diretores de uma grande empresa brasileira voltaram estarrecidos depois de um giro pela calota norte em busca de parceiros para uma de suas iniciativas. A América Latina pegou uma inhaca e mesmo que se diferencie o Brasil da Venezuela, surgiu uma tendência para associá-lo à Argentina, cuja moeda dá sinais de colapso.

Como diria José Genoino, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas um pedaço do comissariado encanta-se com algumas medidas da senhora Kirchner.

Eremildo, o idiota
Eremildo é um idiota e está em busca de alguém que o ajude a fazer um site para receber doações. Decidiu-se ao saber que Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT e integrante do diretório da Papuda, pretende coletar na rede os R$ 466 mil que deve à Viúva por causa da multa que lhe impôs o Supremo Tribunal Federal.

Eremildo jura que não tem um tostão, mas espera melhorar suas finanças com alguns projetos que tem em andamento. O cretino não sabe nada, só lembra. Ele recorda que em 2004 a fazenda da família Soares, em Buriti Alegre (GO), dobrou de tamanho, chegando a 60 alqueires. A expansão teria um valor de mercado de R$ 800 mil, mas o valor declarado da transação foi de R$ 150 mil pagos em dinheiro vivo, levados num saco de pano.

Nessa época, Delúbio era conhecido pela qualidade de seus charutos.

Cheiro de queimado
O velho e bom BNDES empresta dinheiro a juros camaradas, e a taxa de juros do Banco Central voltou a subir.

Com isso, reativou-se uma modalidade de dinheirinho fácil. O sujeito pega dinheiro no banco (mais do que precisa), põe uma parte na empresa e outra em títulos do governo. Caso faça as escolhas certas, com aquilo que empresta à Viúva, ganha, garantidos, 4% ao ano. Numa parte dessa ponta virtuosa teria entrado o componente das doações de campanha.

Houve um tempo em que o velho e boníssimo BNDE emprestava dinheiro em condições semelhantes e muito mais vantajosas. Quem foi para o papelório continua rico. Quem investiu na produção quebrou.

Fonte: Jornal do Commercio / O Globo

João Bosco Rabello: Efeito colateral

Não é de todo ruim para o PSB o conflito interno com a Rede, que ganha visibilidade no estágio atual de construção das alianças regionais para as eleições deste ano.

Dissidente à esquerda, que troca a parceria com o PT pelo PSDB, Eduardo Campos se beneficia da crítica de Marina Silva aos tucanos, que sublinha o perfil socialista de sua candidatura, distinguindo-a da imagem neoliberal aplicada ao aliado natural do primeiro turno.

Não obstante a manipulação política que localiza o PSDB à direita, vitoriosa pela ausência de um partido conservador autêntico e atuante, ela se estabeleceu como verdade ideológica no imaginário do eleitor.

Nesse contexto, torna-se importante situar a aliança PSDB/PSB como uma união de forças oposicionistas empenhadas em convencer seus eleitorados de seu acerto estratégico.

Se limitados ao plano retórico, os excessos de Marina Silva, materializados nos vetos públicos a alianças estaduais, compensam os desgastes e se inserem no legítimo exercício político de preservar a individualidade de atores distintos unidos pelo objetivo comum de derrotar o mesmo adversário.

Marina, assim, vocaliza o que convém a Campos calar.

Papel comum também a correligionários de Aécio, quando este precisa reagir publicamente, permitindo vislumbrar na forma cavalheiresca, conveniente agora, os embates acirrados que os separariam na remotíssima hipótese de irem ao segundo turno. A solidez da parceria poderá ser avaliada na segunda quinzena de março quando o mapa das alianças de PSDB e PSB ganhará mais definição.

Essa leitura pode tornar precipitadas previsões sobre o desfecho de casos mais rumorosos como o suscitado pelo veto de Marina Silva à aliança com o PSDB em São Paulo.

Território caro a Marina pela expressividade na luta em defesa do meio ambiente, o Estado é, porém, mais estratégico eleitoralmente ao PSB, que administra o ímpeto da ex-senadora em favor da preservação de uma aliança já consolidada com os tucanos.

O partido informa dispor de uma pesquisa em que 46% dos eleitores de Marina, ou seja, 20% das intenções de voto no Estado, apoiam o governador Geraldo Alckmin, e outros 30% que defendem candidatura própria não a identificam em um candidato da Rede, mas do PSB.

São dados consistentes a desafiar o limite da concessão de Marina ao pragmatismo político, em favor do objetivo maior que motivou a aliança da Rede com o PSB. Desconsiderar a pesquisa, pode equivaler a avalizar o diagnóstico de tucanos, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que a Rede faz do PSB seu cavalo de Troia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Diário do Poder- Cláudio Humberto

• Até a CGU aponta irregularidades na Conab
Auditoria sigilosa da Controladoria-Geral da União (CGU), em geral muito boazinha com órgãos do governo federal, apontou dezenas de irregularidades no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que motivaram operação da Polícia Federal na qual foram presos ou conduzidos coercitivamente altos funcionários da Cia Nacional de Abastecimento (Conab). A CGU avaliou repasses de R$ 1,3 bilhão dos ministérios da Agricultara e do Desenvolvimento Social só em 2013.

• Impunidade

Apesar das divergências nos dados da prestação de contas da Conab, a CGU lamenta: “Não foi observada a aplicação de penalidades”.

• Mau exemplo
Em uma das compras da Conab em Pernambuco, em 2011, apenas 8% dos R$ 575 mil em alimentos foram entregues a associações.

• Memória
Acusações de desvios na Conab resultaram na demissão de diretores como Sílvio Porto, apadrinhado político do ministro Gilberto Carvalho.

• Abastecimento farto
Os gastos da Conab com o PAA, fonte dos escândalos, representam 68,33% do total de 2009 a 2012. A informação é da própria CGU.

• Itamaraty ouvirá diplomata que libertou senador
O diplomata Eduardo Saboia, que ajudou o senador Roger Molina a fugir da Bolívia, deve prestar depoimento no Itamaraty nas próximas semanas. Após travar o processo por quase seis meses, o Palácio do Planalto autorizou seu andamento. Se ele for ouvido em fevereiro, a comissão terá dez dias para decidir se vai punir o diplomata que teve a coragem de salvar o senador perseguido pelo regime de Evo Morales.

• Prejuízo
Saboia está sendo submetido a perdas expressivas (salarial, moral e profissional) ao ser jogado no calabouço dos serviços burocráticos.

• Banzo
Em Brasília, Roger Molina aguarda ansioso pelas eleições na Bolívia, em outubro, para talvez viabilizar seu retorno à Bolívia.

• Renovação
A autorização de permanência de Roger Molina no Brasil vence em 24 de fevereiro, mas poderá ser renovado.

• Visão quadrada
O futuro ministro da Saúde, Arthur Chioro, enfrenta resistência na bancada do PT e sobretudo entre parlamentares ligados à saúde, que o acusam de ser “sectário” demais: “só favorece aos seus”. Clientes?

• Patriota com Campos
Circula no Itamaraty que o ex-chanceler Antonio Patriota opera como conselheiro informal do presidenciável Eduardo Campos (PSB), em política externa. Trata-se de uma grave ameaça: em caso de vitória do pernambucano, ele poderia voltar a ser ministro. Mangalô, três vezes.

• Só uns trocados
Nem mesmo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), consegue liberar emendas: em 2013, ele só conseguiu R$ 4,6 milhões dos R$ 15 milhões que destinou para Alagoas, todo o ano de 2013.

• Tapas e beijos
Presidente do DEM, José Agripino (RN) vai cobrar do presidenciável Aécio Neves (PSDB) “mais diálogo” em dois estados onde os partidos divergem seriamente: Otávio Leite (PSDB) x César Maia (DEM) no Rio e Marconi Perillo (PSDB) x Ronaldo Caiado (DEM) em Goiás.

• Kassab sem saída
José Serra acredita que Kassab, que foi adversário político do PT durante seu mandato na prefeitura de São Paulo, ficará “liquidado eleitoralmente” se apoiar o petista Alexandre Padilha ao governo.

• Não é a praia da PRF
Há pelo menos dois anos uma quadrilha assalta regularmente ônibus que deixam Brasília pela rodovia BR 040, diante de uma Polícia Rodoviária Federal abobalhada, que demonstra na prática não ser qualificada para posar de polícia judiciária, como tem feito Brasil afora.

• Genial guia dos povos
Lula tinha razão: “nunca antes na história deste país”, o Brasil teve o maior déficit em conta corrente, a menor criação de empregos em uma década, e a confiança do consumidor mais baixa desde junho de 2009.

• Mesma direção
Na disputa pela liderança do PDT, Marcos Rogério (RO) garante que tanto ele quanto concorrentes Vieira da Cunha (RS) e Félix Mendonça (BA) seguem perfil de independência em relação ao governo Dilma.

• Pensando bem…
…como diria Dilma, quando você olha um Fórum Econômico Mundial sempre vê um grande capitalista por trás.

Fonte: Diário do Poder