Orçamento vai a plenário repleto de distorções
O Globo
Comissão mista inflou fundo eleitoral e
emendas parlamentares, tirando autonomia do Executivo
O relatório final da Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), aprovado na semana passada na Comissão Mista de Orçamento
(CMO) do Congresso, confirmou as piores expectativas: deputados e senadores
tentam aumentar o dinheiro das emendas parlamentares e controlar seus prazos de
execução, em detrimento do planejamento do Executivo. Se nesta semana for
aprovado como está, representará um retrocesso.
Com o fim das emendas do relator, os
parlamentares têm agora à disposição três tipos de emenda: individual (proposta
por senadores ou deputados), de bancadas estaduais e de comissão (apresentada
pelas comissões técnicas e mesas diretoras da Câmara e do Senado). As duas
primeiras são impositivas — de pagamento obrigatório. Havia o temor de que o
texto da LDO, sob relatoria do deputado Danilo Forte (União-CE), também
tornasse impositivas as emendas de comissão. Felizmente, isso não aconteceu.
Em contrapartida, o texto aumentou em 61% o total das emendas de comissão (para R$ 11 bilhões) e em 23% as individuais e de bancada (para mais de R$ 37 bilhões). Com isso, cada deputado terá direito a alocar R$ 37,8 milhões e cada senador R$ 69,6 milhões ao longo do ano. Não satisfeitos com o valor, os parlamentares da CMO estabeleceram prazos para o governo analisar as emendas individuais e de bancada e empenhar os recursos: 105 dias para as emendas individuais e 90 dias para as de bancada. Na ausência de problema técnico, o dinheiro deverá ser liberado em 30 dias. Em ano eleitoral, o Parlamento tenta garantir o dinheiro logo no primeiro semestre.