Folha de S. Paulo
Os eleitores da chapa votarão sinceramente
e não estrategicamente em polarização tripolar
O voto útil é um subtipo de voto
estratégico.
Nele o eleitor(a) não quer
"desperdiçar o voto": se sua primeira preferência não tem chance de
vitória, acaba optando pela que rejeita menos entre aquelas com mais chances.
Há outros subtipos:
1. Voto em partidos pequenos para que logrem atingir cláusulas de barreira,
viabilizando coalizões de governo lideradas por partidos grandes que sejam a
primeira preferência do eleitor (ex., Alemanha: eleitores do CSU/CDU que votam
no FDP).
2. Voto em adversário mais fraco no
primeiro turno, que seria mais facilmente derrotado pelo candidato de primeira
preferência no segundo.
3. Voto em opções rivais buscando sinalizar
insatisfação com o partido de primeira preferência que já tenha eleição
garantida (ex., França, como mostrou Piketty,
que formalizou o argumento).
O voto estratégico acontece assim sob qualquer regra eleitoral e para diferentes tipos de eleições e sistemas de governo. Ele tem duas características básicas: nele o eleitor não vota na sua primeira preferência (quando o faz, o voto é "sincero", no jargão) e age levando em conta o resultado final. O voto estratégico caracteriza apenas o segmento que tem preferência por "partidos não viáveis" (todas as opções fora os dois contendores principais).