- O Globo
Por mais que queira mostrar-se contido, apaziguador, negociador, o verdadeiro Bolsonaro sempre prevaleceu
Além da nomeação do novo ministro da Educação, que teria um perfil técnico, ao contrário do guerrilheiro de direita Weintraub de triste memória, há comentários insistentes em Brasília de que o presidente Bolsonaro, nessa fase de calmaria pós prisão do Queiroz, tiraria do governo outros dois ministros problemáticos, o das Relações Exteriores Ernesto Araujo e o do Meio-Ambiente Ricardo Salles.
Seriam medidas saneadoras, para melhorar a imagem do governo, sobretudo externamente. Bom se fosse verdade. Mas não acredito, simplesmente porque os ministros citados, e outros, não fazem o que fazem por que querem, mas porque representam uma visão de mundo que é de Bolsonaro.
Seria preciso mudar o software que comanda o retrocesso nessas e em outras áreas, não apenas o hardware. Por mais que queira mostrar-se contido, apaziguador, negociador, o verdadeiro Bolsonaro sempre prevaleceu, não dando margem a uma mudança de comportamento por ter sido eleito presidente do Brasil.
Se tivesse capacidade para fazer esse jogo político, Bolsonaro teria pelo menos tentado. Como fez Lula ao ser eleito. Alguém imagina Bolsonaro convidando para sua equipe um ícone da esquerda, como Lula fez ao colocar no Banco Central o banqueiro internacional Henrique Meirelles, que havia acabado de ser eleito deputado federal pelo arqui-inimigo PSDB?