Valor Econômico
Dúvida sobre o que Lula viria a fazer, se
eleito, não tende a desaparecer tão cedo
“Eles
não aprenderam nada, e não esqueceram nada”. A frase, atribuída a Talleyrand,
influente político da época, refere-se aos Bourbon, família que retornou ao
poder na França, em 1814, com a queda de Napoleão. Para ele, as políticas do
rei Luís XVIII (e seu irmão, depois Carlos X) ignoravam as mudanças ocorridas
na França com a Revolução Francesa e, depois, com Napoleão.
Não é raro ver essa citação em referência
ao Partido dos Trabalhadores (PT). Isso, talvez, por sua tendência a não
reconhecer erros e, assim, a não mudar, insistindo sempre nas mesmas políticas.
Em certo grau, um padrão presente no artigo de Guido Mantega publicado este mês
no jornal Folha de São Paulo.
O artigo só vê méritos nas políticas dos
governos do PT e atribui nossos problemas apenas àqueles que vieram depois.
Porém, já ao parecer datar em 2014 o fim das administrações petistas, ignorando
a brutal recessão de 2015-16, gerada no governo Dilma, a maior da nossa
história, o artigo, por ausência, chama a atenção para os erros, que não foram
poucos, da gestão petista.
As políticas defendidas para um novo
mandato do PT são uma volta ao passado. Além da reversão do teto de gastos e da
reforma trabalhista, propõe-se mais gastos públicos, mais política industrial e
uma revisão dos objetivos de política monetária, para darem menos peso à
inflação e mais à atividade econômica e ao impacto sobre as despesas com juros.
Em suma, um retorno à Nova Matriz Econômica, ainda que esse termo não seja
citado no texto.
Mantega foi, de longe, a principal
autoridade econômica do governo do PT, chefiando o Ministério da Fazenda de
2006 a 2014. Mas, em artigo que saiu neste espaço faz uma semana, Nilson
Teixeira argumenta que propostas como essas visam apenas a campanha eleitoral,
servindo “para agradar as bases mais aguerridas”, e não são “uma sinalização
(...) sobre a linha a ser adotada” em um eventual terceiro mandato de Lula.