Macron usa clima para justificar protecionismo
Folha de S. Paulo
Presidente francês ataca acordo entre
Mercosul e UE, sob pressão do setor rural de seu país, que teme competição
externa
Muito amigável na visita de três dias ao
Brasil, o presidente da França, Emmanuel
Macron, foi também claro a respeito de um tema essencial da agenda
econômica. Rechaçou sem meias palavras os termos do acordo de livre comércio
entre Mercosul e União
Europeia, defendendo novas negociações a começar do zero.
Para o mandatário francês, o
acordo negociado há mais de 20 anos ficou antiquado e seria
péssimo para as duas partes, pois olharia para o passado e não levaria em conta
a biodiversidade e o clima.
Macron disse que a França não poderá abrir
seu mercado agrícola a produtores externos que não estejam sujeitos às mesmas
exigências ambientais. Não se disfarça o protecionismo, posição tradicional
francesa que sempre foi o maior obstáculo nas negociações.
Embora as tratativas não sejam bilaterais e
ocorram entre os dois blocos, a oposição de membros dificulta ou inviabiliza
uma conclusão.
O momento político também não é propício na Europa. Vários países enfrentam protestos maciços de agricultores contra a agenda climática, que obriga o setor a reduzir emissões de carbono e aumenta os custos da produção local já pouco competitiva.