Valor Econômico
As certezas das políticas de metas abriram
as portas para o descaso com o uso de outros instrumentos
O regime de metas, dizem os entendidos, tem
o propósito de definir a regra ótima de reação do Banco Central. Trata-se da
regra que, ao longo do tempo, fortalece a confiança dos mercados no manejo da
taxa de juros de curto prazo entregue à responsabilidade dos BCs. Ao adequar
suas decisões às expectativas (racionais) dos formadores de preços e dos
detentores de riqueza, os bancos centrais tornariam mais suave o processo de
manutenção da estabilidade do nível geral de preços, reduzindo a amplitude das
flutuações da renda e do emprego.
No livro “Interest and Prices”, um dos
luminares do regime de metas, Michael Woodford, recomenda: o regime de metas
deve almejar a estabilização dos preços que são reajustados com pouca
frequência (sticky prices). Flutuações mais intensas nos preços sujeitos a
ajustamentos frequentes ou choques de oferta atípicos devem ser excluídas dos
modelos que adotam o regime de metas de inflação.
Diz Woodford: “Um regime apropriado de metas deve descartar as flutuações nos preços dos ativos (financeiros)... A teoria sugere também que nem todos os bens são igualmente relevantes. Os bancos centrais deveriam adotar a meta de estabilização do núcleo da inflação (core inflation), o que coloca maior ênfase nos preços mais rígidos”, ou seja, menos sujeitos a choques de oferta.