quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Vera Magalhães - Haddad, Marina e a vanguarda possível

O Globo 


Do ministro da Fazenda depende o sucesso eleitoral do governo, e da titular do Meio Ambiente, o prestígio internacional do presidente 


Fernando Haddad e Marina Silva foram ministros nos governos Lula 1 e 2. Percorreram itinerários bem diferentes em termos de batalhas vencidas, perdidas e de aval que receberam do presidente. Isso ditou o afastamento dela e a aproximação cada vez maior dele em relação a Lula, a ponto de substituí-lo como candidato em 2018. De volta para o terceiro ato do petista na Presidência, representam, mesmo com essa bagagem, a vanguarda possível de um governo que ainda tem o cacoete do retrovisor. 


O bem lapidado discurso de Lula na ONU e a presença de destaque do ministro da Fazenda e da titular do Meio Ambiente a seu lado em Nova York atestam a centralidade que têm hoje no arranjo do governo, de novo de formas bem distintas. 

Bernardo Mello Franco - As voltas do Brasil

O Globo 

Presidente evita deslizes e resgata defesa de valores universais, como paz, tolerância e direitos humanos 

Lula cometeu uma imprecisão ao repetir o mantra de que o Brasil voltou. O país nunca se ausentou da ONU, onde Jair Bolsonaro bateu ponto nos últimos quatro anos. Quem esteve em falta foi a defesa de valores universais, como a paz, a tolerância e os direitos humanos. 

Na marcha rumo ao Planalto, o capitão ameaçou retirar o Brasil das Nações Unidas. “É uma reunião de comunistas”, justificou. Eleito, ele percebeu que a entidade poderia ser útil. Passou a usá-la como palanque para seu discurso radical e negacionista. 

Luiz Carlos Azedo - Lula encontra Biden e Zelensky e antecipa volta ao Brasil

Correio Braziliense 


Lula retomou a tradição brasileira. Tratou de todos os temas que desafiam o mundo globalizado, cobrou dos países ricos os recursos prometidos para a transição energética 

 

A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, depois de quatro anos de governo Bolsonaro, reposicionou o Brasil no cenário internacional, na linha que nos levou à condição de país que faz a abertura dos trabalhos da instituição. O Brasil voltou à defesa do multilateralismo, como é da nossa tradição, e assumiu uma posição de liderança incontestável no enfrentamento das mudanças climáticas e no combate à fome e à desigualdade. Lula fez um discurso no qual foi, sim, um porta voz dos países em desenvolvimento. Enquanto uma das maiores democracias do mundo, essa é a liderança que lhe cabe como presidente.

Zeina Latif - A desesperança e o 'nós contra eles'

O Globo

 

A taxação dos mais ricos não se traduz automaticamente em maior bem-estar dos mais pobres. Não é um jogo de soma zero 


Há uma percepção de melhora na economia que se reflete na recuperação da confiança do consumidor. O subitem de expectativas desse indicador voltou para o campo otimista em maio, segundo a FGV. Já houve retratos mais favoráveis no passado, mas a marca atual está acima do padrão usual. Não por coincidência, a avaliação do presidente, que guarda correlação relevante com a confiança do consumidor, exibe bom desempenho (38% de aprovação pelo Datafolha). 


O comportamento da economia não afasta, porém, o grande descontentamento com o país. Possivelmente porque a recuperação econômica não se traduz em maior bem-estar social de forma disseminada. Uma maioria de 61% dos entrevistados pelo Datafolha se diz triste e, também, desanimada com o país, e 71% se sentem inseguros. 

Elio Gaspari - A Caixa de porteira fechada

O Globo 


Lira avacalha a Câmara e os partidos 


O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, comanda um bloco suprapartidário com inédito poder de fogo. Blocos parlamentares são coisa normal. A troca de pleitos regionais pelo voto de parlamentares também faz parte do jogo. Isso nada tem a ver com a entrega de um banco público “de porteira fechada”. 


A entrevista aos repórteres Julia Chaib, Thiago Resende e Camila Mattoso com Lira teve o seguinte diálogo:

 

— Qual é a situação da Caixa Econômica? A Caixa faz parte do acordo com os partidos. Porteira fechada [com as 12 vice-presidências incluídas]? 


— Esse foi o acordo. (...) Os nomes serão colocados à disposição do presidente, que fará a escolha. (...) Ali as coisas têm que ser tratadas com muita transparência e vão ser tratadas com muita clareza. E vai ter, claro, indicações políticas que não serão criminalizadas por isso. A turma terá responsabilidade. A exoneração é o primeiro convite para quem não andar corretamente. 

Fernando Exman - Uma cartada para aprovar a reforma administrativa

Valor Econômico 


Supressão do artigo que permite ampliar terceirização no serviço público pode ter o condão de descongestionar o debate 


Está em gestação na Câmara dos Deputados uma fórmula para tentar destravar a tramitação da reforma administrativa. 


Na cúpula da Casa, acredita-se que a supressão do artigo 37-A da proposta de emenda constitucional pode ter o condão de descongestionar o debate sobre o tema. É o trecho da PEC que permite ampliar a terceirização no serviço público. Nas palavras dos articuladores da iniciativa, o bode que pode ser retirado da sala para que o projeto ganhe adesões entre parlamentares governistas.

Lu Aiko Otta - Conter abusos sem prejudicar investimentos

Valor Econômico 


O diálogo entre empresas e Fazenda é importante para achar um equilíbrio que contenha eventuais excessos, mas não sacrifique a estabilidade de regras 

 

A discussão no Congresso mal começou, mas é crescente a preocupação com a proposta do governo que pretende cobrar, das grandes empresas, valores descontados de tributos federais com base em programas de estímulo estaduais da “guerra fiscal”. Trata-se da Medida Provisória 1.185/2023. 


Na semana passada, estiveram na Fazenda representantes da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). Essa entidade congrega 440 empresas que respondem por 88% do valor de mercado da B3 e 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Está contra a MP.

Martin Wolf * - Não é o fim da ascensão da China, ainda

Valor Econômico 


O problema econômico mais intratável é a dependência excessiva dos investimentos alimentados pelo crédito, e não pelo consumo 


Qual será o futuro da China? Ela se tornará uma economia de alta renda e, portanto, inevitavelmente, a maior do mundo por um período prolongado, ou ficará presa na armadilha da “renda média”, com crescimento comparável ao dos Estados Unidos? Esta é uma questão vital para o futuro da economia mundial. Também não é menos vital para o futuro da política global. 


As implicações podem ser vistas de uma maneira bem simples. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) o PIB per capita da China (medido pelo poder de compra) foi 28% do nível dos EUA em 2022. Isso é quase exatamente a metade do PIB per capita relativo da Polônia. Também classifica o PIB per capita da China em 76º lugar no mundo, entre o de Antigua e Barbuda, acima, e o da Tailândia, abaixo. No entanto, apesar de sua relativa pobreza, o PIB da China (medido desta maneira) é o maior do mundo. Agora, suponha que seu PIB relativo per capita dobrou, igualando o da Polônia. Então, seu PIB seria mais que o dobro do dos EUA e maior que o dos EUA e o da União Europeia juntos. 

Vera Rosa - A divisão no governo sobre meio ambiente

O Estado de S. Paulo


Discurso na ONU destaca transição energética, mas governo ainda diverge sobre foz do Amazonas 

 

Ao fazer sua reestreia na tribuna da Assembleia Geral da ONU, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu vários recados. Tentou consertar derrapadas quando disse que a guerra na Ucrânia escancara a “incapacidade coletiva de mediar conflitos”, criticou a aposta das grandes potências mundiais em gastos militares e condenou, mais uma vez, o embargo dos Estados Unidos a Cuba. 


Mas foi ao bater na tecla da necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU para combater as desigualdades que Lula fez a conexão com os pilares do G-20, grupo que terá o Brasil no comando a partir de dezembro.