quarta-feira, 14 de junho de 2017

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

Temos responsabilidades e apoiamos um governo que está fazendo reformas. Se formos embora pode complicar mais do que ajudar. O que acontece quando um partido sai de repente? Cria mais dificuldades.

O PSDB não tem que pensar em eleição. Eleição é em 2018. Agora tem que pensar em como se resolvem as questões do Brasil.

Sei que há muitas acusações algumas quase evidentes, mas é preciso que haja o carimbo da Justiça para que possamos dizer: é verdade. A cada dia um rumor novo. Não posso guiar politicamente o partido em função de rumores.

Acho também que tudo está condicionado ao que vier a acontecer. Havendo algum pronunciamento da Justiça não há o que defender. Espero que o partido seja capaz de entender esse momento. Se for verdadeiro o que está sendo dito o partido não pode ficar no governo.

O PSDB precisa olhar com mais atenção a reação da base, do partido, da sociedade.

A preocupação eleitoral não deve primar sobre nada. Com o grau de insatisfação popular, a população sabe Deus em quem vai votar. Isso é um perigo. Abre espaço efetivamente para aventureiros, salvadores da pátria.”

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Fernando Henrique Cardoso é sociólogo, ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, no Seminário no IFHC, São Paulo, 13/6/2017

Senado se recusa a afastar Aécio; STF mantém irmã presa

Mesa diretora do Senado se recusa a afastar Aécio

Argumento dos senadores é de que não há previsão regimental nem constitucional para acatar decisão do STF; ministro diz que Casa descumpre determinação

Breno Pires, Isabela Bonfim, Julia Lindner, Isadora Peron e Vera Rosa, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Quase um mês após o Supremo Tribunal Federal determinar o afastamento do senador Aécio Neves (PDSB-MG), o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), informou nesta terça-feira, 13, que mantém em funcionamento o gabinete, nome no placar de votação e outros benefícios do tucano até que a Corte envie novas orientações. O Senado argumenta que não há previsão regimental ou na Constituição para o afastamento. Para o relator do inquérito na Corte, ministro Marco Aurélio Mello, porém, a Casa está descumprindo a decisão do Supremo.

“Comuniquei ao senador Aécio a decisão do STF de afastá-lo. Não tem previsão regimental ou constitucional de afastamento pela Justiça. Cabe ao ministro Fachin determinar a forma do afastamento e eu cumprirei a decisão complementar”, afirmou Eunício.

No STF, Marco Aurélio, que assumiu a relatoria da investigação contra Aécio, reagiu e disse que o Senado está descumprindo a decisão da Corte porque não foi convocado o suplente para a vaga. “Ele está realmente afastado. Se ele foi afastado do exercício, alguém tem de ocupar a cadeira. O Senado é integrado por 81 senadores, e não 80”, afirmou Marco Aurélio. O ministro disse não entender por que o suplente ainda não foi convocado. “Para isso, o Senado tem dois suplentes, para que não fique vazia a cadeira.”

Poderes em desequilíbrio

Quanto mais o Supremo quis ampliar seus poderes, mais abertura deu para o questionamento da sua autoridade para tomar tais decisões e realizar essas interferências

Rubens Glezer*, O Estado de S.Paulo

A disputa em torno da suspensão do mandato do senador Aécio Neves (PSDB-MG) faz parte de um cenário estabelecido desde 2015 no qual o Supremo Tribunal Federal (STF) está em choque constante com o Congresso Nacional. A marca desse período não tem sido apenas a de conflito, mas de ações e respostas inusitadas que, por sua vez, colocaram em xeque a autoridade e a legitimidade das instituições envolvidas.

O Supremo tem se sentido cada vez mais à vontade para interferir no equilíbrio do poder político no Legislativo por meio de mecanismos que não constam expressamente de qualquer legislação. Isso ocorreu ao decidir sobre a situação de Delcídio Amaral (preso com base em critério fora dos previstos na Constituição) e a de Eduardo Cunha (criando a figura da suspensão de mandato).

Defesa de Aécio nega descumprimento de decisão do STF

Advogados afirmam que senador está afastado conforme determinado pelo tribunal em 18 de maio

Isadora Peron e Breno Pires, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Aécio Neves (PSDB-MG) negou nesta terça-feira, 13, que o tucano esteja descumprindo a decisão da Corte de afastá-lo do cargo em 18 de maio, quando foi deflagrada a Operação Patmos.

"Com efeito, após o dia 18 de maio de 2017, o ora defendente jamais esteve nas dependências do Senado Federal e nem exerceu qualquer atividade parlamentar. Não esteve no Plenário e nem em qualquer Comissão daquela Casa Legislativa", diz a petição assinada pelos advogados José Eduardo Alckmin e Alberto Zacharias Toron.

Segundo a defesa, "em total respeito e reverência devidas à decisão emanada do colendo Supremo Tribunal Federal", o senador não praticou "qualquer ato inerente ao exercício do mandato" desde que foi afastado.

Defesa diz que Aécio está afastado do cargo

Letícia Casado, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) protocolou nesta terça (13) documento no STF (Supremo Tribunal Federal) para informar que o tucano está afastado das funções parlamentares. O Senado ainda não cumpriu a decisão do ministro Edson Fachin, tomada em 18 de maio, conforme antecipou a Folha.

O nome do tucano permanece no painel de votação e na lista de senadores em exercício do site do Senado. Seu gabinete tem funcionado normalmente. Se o tucano comparecesse a uma sessão estaria apto a votar, de acordo com técnicos consultados. Mas, de acordo com os advogados, a decisão de Fachin vem sendo cumprida com rigor.

Tasso aguarda decisão judicial sobre Aécio para atuar

Por Vandson Lima | Valor Econômico

BRASÍLIA - O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), na próxima terça-feira, de recursos envolvendo o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) será o ponto decisivo na definição dos rumos do PSDB no futuro próximo. O colegiado irá decidir, de um lado, sobre o pedido de prisão feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e, de outro, o agravo que o tucano ajuizou para tentar retomar suas atividades legislativas.

Há no PSDB a percepção de que o partido está "travado" pela indefinição da situação de Aécio. Isso ficou claro na reunião da cúpula dos tucanos anteontem, em Brasília. Muitas reclamações foram feitas, em especial mais reservadamente, de que apenas pensando em seu próprio benefício, Aécio fez forte pressão para o partido não deixar a base do governo de Michel Temer. Vários integrantes do partido ficaram incomodados com o que consideram uma ação indevida do presidente da sigla, afastado das funções desde que apareceu em grampos no âmbito da delação do grupo JBS.

Em aceno a Estados, governo vai renegociar R$ 50 bi de dívidas com o BNDES

Segundo fontes, a renegociação dos débitos terá duas etapas: a primeira se dará ainda este ano, com o pagamento de R$ 20 bi em dívidas, e a segunda a partir de janeiro de 2018, refinanciando os R$ 30 bi restantes

Idiana Tomazelli e Julia Lindner, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Em jantar oferecido no Palácio da Alvorada, na noite desta terça-feira, 13, aos governadores para tratar da regulamentação do refinanciamento da dívida dos Estados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o presidente Michel Temer defendeu "uma solução" para as dívidas que somam R$ 50,46 bilhões.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a renegociação dos débitos com o banco de fomento terá duas etapas. A primeira fase se dará ainda este ano, com a renegociação de R$ 20 bilhões em dívidas com garantia da União, segundo uma fonte presente à reunião.

Temer oferece ajuda a governadores na repactuação de dívida

Gustavo Uribe, Bruno Boghossian, Mariana Carneiro, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em busca de apoio para seguir no cargo, o presidente Michel Temer reuniu na noite desta terça-feira (13) governadores da base aliada e de partidos de oposição para oferecer ajuda do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) para repactuação das dívidas estaduais.

No encontro no Alvorada, o peemedebista anunciou que o novo presidente do banco público, Paulo Rabello de Castro, fará um estudo sobre as dívidas estaduais e defendeu que se chegue a um acordo que não seja prejudicial nem às unidades da Federação nem ao governo federal.

"Há dívidas que são garantidas pela União e têm um determinado tratamento e há dívidas não garantidas pela União que têm outro tratamento", disse. "Temos de encontrar um caminho que seja saudável para os Estados e que também não seja prejudicial para o BNDES e para a União."

Em busca de apoio, Temer negocia dívida de estados

Sob pressão, presidente leva BNDES a apressar revisão de R$ 50 bi

A governadores, promessa de liberar medida aprovada há 6 meses no Congresso

Em busca de apoio político às vésperas de ser denunciado ao STF no inquérito aberto após a delação dos donos da JBS, o presidente Temer apresentou a 20 governadores e vices, no Alvorada, proposta do BNDES para apressar a renegociação de R$ 50 bilhões em dívidas dos estados. Aprovada há seis meses, a medida não tinha saído do papel. O BNDES receberá os pedidos dos governadores até julho. O governo também pretende corrigir a tabela do IR e aumentar o Bolsa Família.

Alívio aos estados

Temer recebe governadores e apressa renegociação de R$ 50 bi em dívidas com BNDES

Geralda Doca, Martha Beck e Danielle Nogueira, O Globo

-BRASÍLIA E RIO- Em busca de apoio em meio à crise política, o presidente Michel Temer reuniu ontem 20 governadores e vice-governadores em um jantar no Palácio da Alvorada. O encontro foi intermediado pelo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, que enviou ofício aos estados com a promessa de tratar da repactuação das dívidas dos governos regionais com a instituição. Essa renegociação havia sido aprovada pelo Congresso há seis meses, mas ainda não saiu do papel por falta de regulamentação. No total, os valores envolvidos somam R$ 50 bilhões.

Câmara aprova projeto que libera R$ 8,6 bi ao governo

União poderá resgatar precatórios parados nos bancos há mais de dois anos, sem serem pleiteados pelos seus beneficiários

Igor Gadelha e Idiana Tomazelli, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira, 13, em votação simbólica, o projeto de lei que permite ao governo federal resgatar os precatórios que estão parados nos bancos e não foram pleiteados por seus beneficiários em dois anos. A receita extra de R$ 8,6 bilhões com essa medida deve liberar uma parte do corte no orçamento anunciado pela equipe econômica para cumprir a meta fiscal.

Precatórios são requisições de pagamento expedidas pela Justiça para cobrar de municípios, Estados ou da União, assim como de autarquias e fundações, o pagamento de valores devidos após condenação judicial definitiva. A matéria seguiu para análise do Senado.

Reforma trabalhista vai à votação na CCJ no dia 28

Projeto avança após TSE dar mais fôlego a Temer

Bárbara Nascimento, Eduardo Bresciani, O Globo

-BRASÍLIA- O governo deu ontem mais um passo para aprovar a reforma trabalhista e conseguiu ler o parecer do relator, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. Um acordo firmado com o Legislativo prevê que o texto seja votado na CAS na próxima terça-feira e apresentado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia seguinte. A previsão de votação na CCJ é 28 de junho, quando o texto ficará disponível para apreciação em plenário.

Foi a primeira movimentação após vitória do presidente Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a permanência do PSDB na base governista. O apoio à reforma, porém, serve pouco como termômetro para a força do presidente no Congresso, porque esta já foi abraçada pelos partidos da base, de forma independente de Temer.

Desemprego deve cair a partir de agosto, diz Meirelles

Maeli Prado, Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Quase duas semanas após a última divulgação da taxa de desemprego pelo IBGE, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, usou a rede social para dizer que o desemprego parou de subir em abril, após três anos de alta, e que a taxa deve cair a partir de agosto.

No dia 31 de maio, o IBGE divulgou que a taxa passou de 13,7%, no trimestre encerrado em março, para 13,6% nos três meses encerrados em abril. Porém, essa comparação não é a mais precisa, pois repete dois meses na base de comparação —no caso, fevereiro e março.

Emprego volta a crescer no comércio atacadista de São Paulo em abril, aponta FecomercioSP

Por Valor | Valor Econômico

SÃO PAULO - Depois da pequena redução no nível de emprego do mês anterior, o comércio atacadista do Estado de São Paulo voltou a registrar saldo líquido de contratações em abril, com abertura de 576 vagas, de acordo com a Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado (FecomercioSP). O saldo decorre de 13.360 admissões e 12.784 desligamentos no período. Em abril do ano passado, o setor havia fechado, liquidamente, 1.517 postos de trabalho formal. Com o crescimento no nível de emprego, o atacado terminou abril com 491,7 mil pessoas formalmente ocupadas em São Paulo.

Para FHC, deixar a base pode 'complicar mais'

Por Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que a decisão de seu partido de permanecer na base do governo Michel Temer foi de "cautela" e afirmou que os tucanos estão apoiando uma gestão que "está fazendo reformas". FHC reconheceu que há "muitas acusações" contra Temer, mas disse que é preciso o carimbo da Justiça contra o presidente para o PSDB repensar sua posição. Para o ex-presidente, se a sigla deixar o governo pemedebista, "pode complicar mais do que ajudar".

"Temos responsabilidades e apoiamos um governo que está fazendo reformas", disse Fernando Henrique ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, no intervalo de um seminário sobre produtividade e competitividade promovido pelo Instituto FHC, na capital paulista. "Se formos embora pode complicar mais do que ajudar. O que acontece quando um partido sai de repente? Cria mais dificuldades", disse.

PPS lamenta a morte do jornalista Jorge Bastos Moreno

“O PPS lamenta a morte do jornalista Jorge Bastos Moreno, aos 63 anos, nesta quarta-feira (14), no Rio de Janeiro. Ele era colunista de “O Globo”, jornal que publicava o “Blog do Moreno”, e apresentador da rádio CBN.

Moreno era um dos mais respeitados repórteres políticos do País, com mais de 40 anos de carreira e vários prêmios pelo seu trabalho jornalístico.

O PPS apresenta condolências à sua família pela perda de uma das maiores referências do jornalismo brasileiro.

Roberto Freire
Presidente do PPS”

PSDB na berlinda | Merval Pereira

- O Globo

O desconforto de parlamentares chamados de “cabeças pretas” do PSDB com a decisão do partido de permanecer apoiando o governo Temer, não apenas com posições programáticas, mas com cargos e ministérios, fica evidente no movimento que já se esboça entre os deputados para votar em bloco a favor de um provável processo a ser pedido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer.

Mas há “cabeças brancas” também descontentes, como o próprio presidente interino do partido, o senador Tasso Jereissati, que teve que se submeter à maioria da cúpula partidária. Sua frase sobre ser o apoio “uma incoerência que a História nos impõe” explica bem como viu a decisão, que poderá ser revista a qualquer momento, assim que fatos novos surgirem, como todos suspeitam.

Temer e o relógio | Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

Michel Temer tem pressa. Após recuperar um pouco do fôlego com a absolvição na Justiça Eleitoral, o presidente se movimenta para que a Câmara arquive ainda antes do recesso de julho a denúncia que o Ministério Público Federal deverá apresentar contra ele.

Acontece que a prorrogação do inquérito pelo ministro Edson Fachin levará a um atraso na apresentação da peça pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Antes esperada para a semana passada ou para esta, a denúncia agora deverá ser endereçada à Câmara apenas no final da semana que vem ou na segunda-feira seguinte.

Restará, portanto, pouco tempo entre a acusação contra o presidente e o fim do semestre legislativo. Aliados do presidente têm dúvida se haverá segurança no apoio de uma base aliada cada vez mais gelatinosa para que Temer arrisque a sorte no plenário. Assim, a aposta mais ouvida na Câmara é que, assim como a reforma da Previdência, a análise do pedido para processar o presidente deve ficar para o segundo semestre.

Estado capturado | Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

Em seu alentado voto, o ministro Herman Benjamin levantou uma questão importante que não parece ter recebido a devida atenção. Se as delações premiadas são corretas, como ficam as leis que foram aprovadas mediante o pagamento de suborno a autoridades? Apesar de parte dos esquemas de desvio ter sido desmantelada, muitos desses diplomas continuam em vigor, gerando milionárias vantagens para empresas corruptoras e distorcendo a livre concorrência.

Para dar uma ideia da escala do problema, vale rememorar o levantamento feito pela Folha em dezembro passado mostrando que apenas duas medidas provisórias encomendadas pela Odebrecht renderam ao grupo R$ 8,4 bilhões entre 2006 e 2015. A MP 255/05 diminuiu a tributação sobre a nafta, reduzindo os custos operacionais da Braskem, o braço petroquímico da Odebrecht. Já a MP 677/15 permitiu à Braskem comprar energia mais barata da Chesf. Pelo par, o grupo teria pago R$ 17 milhões em propinas —sob qualquer análise, um negócio da China. Só a Odebrecht teria comprado nove MPs.

Sucessão em stand by | Rosângela Bittar

- Valor Econômico

Sustadas as negociações, o novo lance é de Janot

Foram sustadas as articulações para composição das chapas de presidente e vice-presidente em eleição indireta para a sucessão de Michel Temer. As conversas, embora informais, seguiam adiantadas, andaram muito à frente na fase anterior à legalização da vitória da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral, mas agora reduziram o ritmo, contidas que foram à espera dos fatos novos que virão por aí.

Chegaram a se consolidar três chapas para a disputa em pleito indireto, como determina a Constituição, e não foram desfeitas. Nem desmobilizados reuniões e jantares em que se discute a sucessão de Temer.

Sucessão que, segundo o entendimento claro nessas reuniões, teria que ter, como princípio básico, a pacificação das forças políticas para chegar a 2018 sem esse paralisante clima de confronto.

Mudança de eixo | Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi embora cedo ontem da Câmara, depois de aprovar em votação simbólica a primeira das medidas necessárias para o “pacote de bondades” que o Palácio do Planalto preparou para ver se melhora a popularidade do presidente Michel Temer. Como sempre acontece nos momentos de crise política grave, o governo raspa o fundo do tacho com uma das mãos para poder gastar com a outra. No caso, trata-se da restituição aos cofres públicos dos precatórios depositados há mais de dois anos que não foram sacados pelos beneficiários. Com a aprovação da proposta, o governo federal espera reforçar os cofres da União com R$ 8,6 bilhões.

O STF fala demais e cala demais | Elio Gaspari

- Folha de S. Paulo

Mais uma crise: o governo acionou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para xeretar a vida do ministro Edson Fachin, do STF. Como Michel Temer, ele teria voado num jatinho da JBS.

De bate-pronto, a ministra Cármen Lúcia disse que "é inadmissível a prática de gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, contra a democracia e contra as liberdades, se confirmada a informação de devassa ilegal de um dos seus integrantes."

O procurador-geral Rodrigo Janot acrescentou: "Não quero acreditar que isso tenha acontecido. Usar um órgão de inteligência do Estado de forma espúria para investigar um dos Poderes da República (...) é a institucionalidade de um Estado policial, de um Estado de exceção."

O ministro Gilmar Mendes emendou: "A tentativa de intimidação de qualquer membro do Judiciário, seja por parte de órgãos do governo, seja por parte do Ministério Público, ou da Polícia Federal, é lamentável e deve ser veementemente combatida."

Anarriê | Monica de Bolle*

- O Estado de S.Paulo

O Brasil precisa rapidamente descobrir o seu Macron para não acabar no retrocesso. Anavan, com ou sem Temer

Alguns casais eram anacrônicos, outros de passo bem marcado. Dilma Rousseff e Michel Temer, Rosa Weber e Luiz Fux. Mestre Gilmar Mendes puxou o Arraial do TSE, mas ofuscado foi pela grande atuação do protagonista, o sanfoneiro Herman Benjamin. Foi ele quem deu o grito: “Olha a cobra!”. Ao que quatro dos sete juízes responderam: “É mentira!”. Anavantu.

Anavantu? Seguir em frente não será nada fácil. Verdade que seguir em frente caso a chapa tivesse sido cassada também seria difícil. O caminho da roça no Brasil estava bifurcado por dois tipos de instabilidade antes do Arraial do TSE: para um lado, a incerteza do pós-Temer e seus desdobramentos jurídicos, políticos, institucionais e econômicos; para o outro, a incerteza do com-Temer e seus desdobramentos jurídicos, políticos, institucionais e econômicos. Há no Brasil coro crescente que insiste na tese “ruim com Temer, pior sem Temer”. Essa tese ignora que em qualquer caminho haveria o grito: “Olha a chuva!”. E a verdade indigesta da resposta: “Não é mentira!”.

Valor presente | Míriam Leitão

- O Globo

O que o Brasil tem no momento é um governo acuado que tentará na economia procurar algum capital para se fortalecer politicamente. Se fizer isso, será outro erro porque a economia ainda anêmica anda precisando, ela mesma, de força para dar novos passos na recuperação. Na economia existe o fenômeno que antecipa os eventos, e esse é o risco no momento atual.

O pacote de bondades que o presidente Temer pensa em usar para se fortalecer pode ser visto como abandono do esforço para reduzir o desastre fiscal do Brasil. Se isso ocorrer, a possível piora futura da política fiscal será trazida a valor presente e terá efeito agora. É assim que acontece na economia.

A importância da OCDE para o Brasil | Cristiano Romero

- Valor Econômico

Nos governos do PT, MRE impediu que país aderisse à organização

Fazer parte da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o grupo que reúne desde os anos 60 as maiores economias do mundo, foi durante muito tempo uma aspiração do Brasil, rejeitada pela instituição. Durante o último boom da economia brasileira (2004-2010), a OCDE, reconhecendo não apenas os avanços econômicos do país, mas também os institucionais, passou a fazer a corte. Desta vez, porém, quem não quis conversa com o "clube dos ricos", a alcunha pejorativa atribuída por décadas ao grupo, foi o governo Lula, mais especificamente o Itamaraty, na ocasião chefiado pelo chanceler Celso Amorim. No início deste mês, o Ministério da Fazenda e o Itamaraty se engajaram numa nova tentativa de aproximação.

O necessário compromisso ético – Editorial | O Estado de S. Paulo

Se é verdade que Michel Temer mudou de ideia acerca da “linha de corte” traçada por ele mesmo para afastar assessores enrolados em escândalos – agora, segundo consta, não basta que sejam formalmente denunciados –, o presidente terá feito uma leitura equivocada das raras vitórias políticas e judiciais que vem obtendo até aqui.

Apenas se se sentisse enormemente fortalecido após a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de não cassar a chapa que ele integrou na eleição de 2014 como vice de Dilma Rousseff, Temer poderia acreditar que agora seria capaz de preservar na vizinhança de seu gabinete pessoas que há muito tempo deveriam ter sido demitidas, por ligarem a imagem do governo à profusão de escândalos que abalam o País.

Conforme reportagem da Folha de S.Paulo, que não foi devidamente desmentida, o presidente Temer estaria considerando que toda e qualquer denúncia contra ministros seria motivada por um desejo da Procuradoria-Geral da República de desestabilizar o governo. Por essa razão, teria transformado em letra morta o discurso que fez em fevereiro, quando anunciou que, “se houver denúncia, que é um conjunto de provas, que eventualmente pode levar ao acolhimento, o ministro denunciado será afastado provisoriamente” e, “se acolhida a denúncia e o ministro se transformar em réu, o afastamento é definitivo”.

Cúpula do PSDB opta pela velha política – Editorial | O Globo

Partido contraria imagem de indeciso, escolhe ficar no governo Temer, mas com isso vai contra a tendência de parte do eleitorado de pedir renovação

É parte do folclore que acompanha a história do PSDB a imagem de um partido indeciso, sempre estacionado sobre o muro, como um tucano, ave que simboliza a legenda. Mas não foi o que aconteceu nas quatro horas de discussão promovida pela Executiva Nacional do partido, na segunda, para decidir se ficaria ou sairia do governo Michel Temer, depois da delação de Joesley Batista e desdobramentos, incluindo a absolvição da chapa Dilma-Temer, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por excesso de provas, diz-se com ironia.

Não houve indecisão, ao contrário do que levava a crer a fama do partido. Apesar de pressões nas redes sociais e dos “cabeças pretas” do partido, parlamentares e lideranças mais jovens, o PSDB decidiu manter o apoio a Temer e os cargos no governo. No primeiro escalão, os ministros Aloysio Nunes, das Relações Exteriores; da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy; e das Cidades, Bruno Araújo.

Se estava no muro, dele desceu, mas do lado errado. O apoio às reformas — a trabalhista, da Previdência e outras — justificou o voto vencedor dos “cabeças brancas", à frente deles o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Pragmatismo e medo – Editorial | Folha de S. Paulo

Até os azulejos de Athos Bulcão no Salão Verde do Congresso sabem que o PSDB, confrontado com um dilema, quase sempre se decide por perpetuá-lo. Não foi outra a conclusão do encontro de sua direção na segunda-feira (12).

Em aparência, os tucanos tomaram, sim, uma decisão: continuar no governo Michel Temer (PMDB). Na prática, ao deixar aberta uma rota de fuga caso caiam novos obuses sobre o Planalto, seguem na situação ambígua, de apoio ressabiado a um presidente sob ameaça de denúncia iminente pela Procuradoria-Geral da República.

O partido se entrega à procrastinação —a qual lhe mantém a benesse de quatro pastas na Esplanada— porque vários de seus líderes enxergam a própria sobrevivência em risco, seja na esfera eleitoral, seja nas barras dos tribunais.

Derrocada histórica dos investimentos – Editorial | Valor Econômico

Apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) ter subido no primeiro trimestre, após dois anos seguidos de baixa, a taxa de investimento não reagiu. Enquanto o PIB avançou 1% do quarto trimestre de 2016 para o primeiro deste ano, a formação bruta de capital físico (FBCF) recuou 1,6%, frustrando as expectativas de crescimento, ainda que modesto. Em comparação com o primeiro trimestre de 2016, o PIB recuou 0,4%; e a FBCF, nada menos do que 3,7%. Em relação ao PIB, a taxa de investimento encolheu para 15,6%, o menor patamar da série histórica, ou seja, em 21 anos - muito menor do que o dos países do grupo dos Brics, onde a China brilha com 44%, a Índia, com 31,4%; a Rússia, 25,6%; e até a África do Sul está à frente, com 19,5%.

O investimento cai há 12 trimestres seguidos no Brasil. Desde o último ano do primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, despencou cinco pontos. Justificativas teóricas de diversos matizes, como a taxa de câmbio apreciada, pouco incentivo ao investimento, escassez de poupança, baixa competitividade no mercado internacional e infraestrutura precária também perderam espaço. No primeiro trimestre, até a taxa de poupança aumentou de 13,9% para 15,7%, sem reflexo positivo no investimento. Há analistas que explicam que os recursos disponíveis estão sendo canalizados para pagar dívidas.

Amigo | Pablo Neruda

Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e canções.

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este inútil e velho desejo de vencer.

Bebe do meu cântaro se tens sede.

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.

Amigo,
se tens fome come do meu pão.

Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verás na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
- como o meu coração - sempre buscando altura.

Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe
entregar nas mãos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança...

... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
é uma rosa branca que se abre em silêncio...

Pablo Neruda, in "Crepusculário"

Astor Piazzolla - Nightclub 1960 (History of Tango) for Violin and Guitar