Uso político volta a ameaçar Petrobras
O Globo
Presidente da estatal resiste a pressão para
baixar preço do combustível, mas retoma investimentos questionáveis
O presidente da Petrobras, Jean Paul
Prates, anunciou em agosto que a estatal investiria em 47 projetos
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na ocasião, revelou que o
financiamento da estatal geraria encomenda interna de 25 navios e afretamento
de 11 outras embarcações. “Vamos lotar nossos estaleiros de novo”, disse,
exultante.
Na semana
passada, a estatal apresentou seu plano de investimentos para o quadriênio
2024-28. Serão ao todo US$ 102 bilhões, 31% acima do valor
previsto no ano passado. O plano era visto com reservas pelo Planalto, cujo
interesse é criar empregos no curto prazo. O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva critica projetos de longo prazo, querendo resultados logo. Mesmo assim, a
Petrobras atendeu a todos os anseios do desenvolvimentismo estatista que guia
os economistas do PT.
Além dos projetos do PAC, estão lá US$ 16 bilhões destinados a refino, área que a estatal vinha abandonando com a privatização de refinarias, necessária para trazer competição ao mercado brasileiro de combustível. Não apenas as privatizações foram suspensas, mas agora o refino deverá ser ampliado. Vale lembrar que, entre 2007 e 2014, nas gestões petistas, a Petrobras investiu em refino 70% dos recursos destinados à atividade desde a fundação da empresa, em 1953. O retorno foi, segundo estudo do Ibre/FGV, ridículo. Símbolos do desperdício são as inconclusas refinarias Abreu e Lima e Comperj. Focos da corrupção desmascarada na Operação Lava-Jato, voltarão a receber investimentos.