terça-feira, 22 de novembro de 2016

Opinião do dia – Rubens Bueno

Uma figura pública como Roberto Freire, respeitado e admirado no mundo cultural, só engrandece o atual governo. Neste momento de grandes dificuldades políticas, ele passa a ser peça fundamental.

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Rubens Bueno é deputado federal (PR) e líder do PPS na Câmara

Governo corta previsão de alta do PIB em 2017 para 1%

• Revisão foi anunciada pelo novo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, e fica em linha com a expectativa dos analistas

Eduardo Rodrigues, Idiana Tomazelli e Lorenna Rodrigues - O Estado de S. Paulo

O governo federal admitiu oficialmente que os números previstos anteriormente para a economia brasileira não serão alcançados. A previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 foi reduzida de 1,6% para 1%. Para este ano, a projeção de uma queda de 3% ficou pior: agora, prevê-se uma contração de 3,5%.

O anúncio aconteceu no mesmo dia da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, onde os empresários mostraram pessimismo com a recuperação da economia no ano que vem.

O novo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, atribuiu a piora nas projeções principalmente ao crédito para as empresas. “O crédito está mais caro, e esse é um indicador do risco que o setor bancário percebe nas empresas”, disse. “Crédito mais caro é um fenômeno natural de todos os processos recessivos. A lucratividade das empresas é ligada à atividade econômica e cai quando a economia cai. E como o lucro caiu, as empresas estão relativamente mais endividadas.” Segundo ele, a dimensão desse efeito só ficou mais clara agora.

Sair da recessão leva tempo, afirma Temer

Por Andrea Jube, Cristiane Bonfanti e Bruno Peres – Valor Econômico

BRASÍLIA - Na reunião de retomada do Conselho de Desenvolvimento, Econômico e Social (CDES), o "Conselhão", o presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, defenderam que o governo não está parado, mas ressalvaram que é preciso tempo para vencer a recessão, e só então, recuperar o crescimento e o emprego. Temer discursou por uma hora, em que fez as mais veementes críticas desde que tomou posse à sua antecessora Dilma Rousseff, afirmando que além do déficit fiscal, o problema do Brasil era o "déficit de verdade". Temer anunciou que a reforma da Previdência Social segue para o Congresso Nacional em dezembro.

Durante a tarde, os 78 conselheiros presentes elegeram cinco temas a serem trabalhados no próximo ano: ambiente de negócios, desburocratização e modernização do Estado, produtividade e competitividade e educação.

Governo piora projeção do PIB

O PIB deve crescer só 1% em 2017, segundo o Ministério da Fazenda, que antes previa alta de 1,6%. O presidente Temer disse que o país, no governo anterior, tinha não só déficit fiscal, como também “um certo déficit de verdade”.

Governo reduz para 1% a previsão de expansão da economia em 2017

• Endividamento das empresas é um dos fatores que atrasam recuperação

Martha Beck- O Globo

-BRASÍLIA- O governo piorou suas projeções para o comportamento da economia em 2016 e 2017. Para este ano, a retração do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) passou de 3% para 3,5%. Para o próximo, a estimativa passou de um crescimento de 1,6% para 1%. Os números foram apresentados ontem pelo novo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk.

Essa foi a terceira revisão das projeções para 2017 feita pelo governo Michel Temer. Quando encaminhou a revisão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 ao Congresso, a área econômica previu um aumento de 1,2% no PIB. No entanto, na Lei Orçamentária, o valor havia sido elevado para 1,6%. Originalmente, o projeto da LDO de 2017, que foi encaminhado ao Legislativo pela equipe da presidente Dilma Rousseff, previa um crescimento de 1% para o PIB do ano que vem.

Governo reduz previsão de alta do PIB de 1,6% para 1% em 2017

Maeli Prado – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Ministério da Fazenda reduziu sua previsão para o crescimento da economia brasileira no próximo ano de 1,6% para 1%, pondo de lado o otimismo da projeção feita em agosto e aproximando-se das estimativas mais modestas feitas por analistas do mercado nas últimas semanas.

O secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, disse nesta segunda (21) que a mudança foi feita por causa dos efeitos da recessão econômica sobre o mercado de crédito para as empresas, que encareceu nos últimos meses.

Ele não esclareceu o que será feito com as projeções de receitas e despesas embutidas na proposta de Orçamento de 2017 enviada pelo governo ao Congresso, feitas com base numa expectativa de crescimento de 1,6% do PIB (Produto Interno Bruto).

Temer diz ter encontrado ‘déficit de verdade’ no governo

Carla Araújo, Idiana Tomazelli, Lorenna Rodrigues e Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A uma plateia cheia de empresários, o presidente Michel Temer fez ontem o seu mais longo discurso (42 minutos) desde que assumiu e responsabilizou as tentativas de “disfarçar a realidade” pela atual crise econômica.

“No Brasil que nós encontramos não havia apenas um déficit fiscal, havia também – e lamento dizê-lo – também um certo déficit de verdade. E não é possível continuar assim”, discursou, na abertura da 45.ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.

O presidente disse não ter dúvidas de que a “gigantesca crise” que herdou é, em parte, consequência das tentativas do governo anterior de “disfarçar a realidade”. “É preciso encarar os fatos como eles são”, afirmou. Temer disse ainda que removeu o “manto da chamada contabilidade criativa”.

Empresários veem 2017 como ano de incertezas

• Membros do ‘Conselhão’ defendem mais medidas para destravar o crescimento

Luisa Martins, Idiana Tomazelli, Lorenna Rodrigues, André Borges, Carla Araújo e Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - A saída da recessão em 2017 é ainda incerta entre os representantes do setor privado que participaram ontem do primeiro encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, no governo Michel Temer. Nomes importantes do empresariado indicam que o grande desafio no próximo ano é impedir que recessão deteriore ainda mais a atividade econômica.

Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF e sócio do Carrefour, não escondeu o pessimismo e descarta a retomada do crescimento no curto prazo. “A previsão é muito ruim. Não podemos imaginar que vamos chegar a 2017 com crescimento”, disse o empresário durante a reunião no Palácio do Planalto.

Delcídio: Lula afirmar que não sabia ‘é surreal’

• Ex-senador afirma a Sérgio Moro que corrupção na Petrobras era conhecida por toda a classe política

Tiago Dantas, Dimitrius Dantas, João Carlos Silva e Sérgio Roxo - O Globo

SÃO PAULO - O ex-senador Delcídio Amaral disse ontem, em depoimento à Justiça Federal, achar “surreal” o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que não sabia de um esquema de pagamento de propina montado nas diretorias da Petrobras para sustentar partidos políticos.

Ex-líder do governo Dilma e agora delator da Lava-Jato, Delcídio foi ouvido como testemunha de acusação no processo em que Lula é acusado de receber um tríplex em Guarujá, em São Paulo, da construtora OAS. O ex-presidente alega que nunca teve a posse desse apartamento.

— Queria só registrar. Ele vai dizer assim: “Eu não sei”. A classe política e a torcida do Flamengo inteira sabiam disso aí (corrupção na Petrobras). Toda a classe política sabia. É uma coisa até surreal esse tipo de afirmação — disse Delcídio.

Moro e advogados de Lula batem boca em audiência

Estelita Hass Carazzai – Folha de S. Paulo

CURITIBA - Começaram a ser ouvidas nesta segunda (21) as primeiras testemunhas da ação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Justiça Federal do Paraná.

A audiência foi marcada por bate-bocas entre a defesa de Lula e o juiz Sergio Moro, que conduz o processo e tem sido acusado de parcialidade pelos advogados do ex-mandatário.

Um dos defensores, José Roberto Batochio, chegou a afirmar que "o juiz não é o dono do processo" e sugeriu que Moro queria "suprimir a defesa" com suas atitudes.

"Eu imaginei que isso tivesse sido sepultado em 1945, e vejo que ressurge aqui, nesta região agrícola do nosso país", afirmou.

O juiz rebateu: "A defesa está tumultuando a audiência, levantando questão de ordem atrás de questão de ordem. É inapropriado".

Renato Duque relatou que Lula sabia de tudo, diz ex-líder do governo

• Delcídio Amaral relatou a juiz da Lava Jato ter ouvido de ex-diretor de Serviços da Petrobrás, que seria indicado pelo PT, ligação de ex-presidente com esquema de desvios na estatal

Julia Affonso, Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Mateus Coutinho

O delator Delcídio Amaral (ex-PT-MS) afirmou em audiência com o juiz federal Sérgio Moro, nesta segunda-feira, 21, que o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque disse que Luiz Inácio Lula da Silva sabia do esquema de arrecadação de propinas na estatal, por partidos da base aliada do governo, em especial PT, PMDB e PP. Ex-líder do governo Dilma Rousseff no Senado e ex-PT do Mato Grosso do Sul, ele foi ouvido como primeira testemunha de acusação contra o ex-presidente, em ação penal do caso do tríplex do Guarujá (SP) – pago pela OAS.

Questionado por um advogado de defesa se Delcídio pode dar o nome de uma pessoa disse “olha o presidente sabe de tudo, porque eu presenciei”.

“Renato Duque”, respondeu o delator.

“Não… Renato Duque…isso, isso, é outro colaborador…”, disse o advogado, antes de ser corrigido. “Não, não é delator.

“Ele respondeu o que o doutor perguntou”, intercedeu o juiz Sérgio Moro.

Ex-diretor. Duque está preso desde abril de 2015 em Curitiba, acusado de ser o principal indicado do PT no esquema de arrecadação de propinas na Petrobrás. Ele tenta pela terceira vez um acordo de colaboração premiada com procuradores da força-tarefa da Lava Jato, mas sem sucesso até aqui.

Mercado tem 22,9 milhões de trabalhadores subutilizados, aponta IBGE

Por Robson Sales – Valor Econômico

RIO - O mercado de trabalho tem 22,9 milhões de trabalhadores subutilizados, mostraram dados da Pnad Contínua divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Isso quer dizer que, além dos 12 milhões de desempregados, há ainda outros 4,8 milhões de pessoas que trabalham menos horas do que gostariam para ganhar mais e 6,1 milhões de pessoas que até gostariam de trabalhar, mas não procuraram vaga por algum motivo, a chamada força de trabalho potencial.

Desta forma, a taxa de subutilização da força de trabalho no terceiro trimestre chegou a 21,2%; nos três meses anteriores, estava em 20,9%. Entre julho e setembro de 2015, essa taxa correspondia a 18%.

A maior taxa da subutilização da força de trabalho foi observada no Nordeste (31,4%) e a menor, na região Sul (13,2%). Bahia (34,1%), Piauí (32,6%) e Maranhão e Sergipe (ambos com 31,9%) foram os Estados com os percentuais mais altos; já as taxas mais baixas foram observadas em Santa Catarina (9,7%), Mato Grosso (13,2%) e Paraná (14,2%).

Cai ritmo do crescimento do desenvolvimento humano do país

• Entre 2011 e 2014, IDHM cresceu em média 1% ao ano, frente a 1,7% na década anterior

Daiane Costa – O Globo

RIO - Apesar de o desenvolvimento humano no Brasil ter seguido sua trajetória de crescimento entre 2011 e 2014, esse ritmo desacelerou em relação a década anterior. É o que mostram os dados mais recentes do Radar IDHM, divulgado nesta manhã de terça-feira. Enquanto entre 2000 e 2010 o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) cresceu a uma taxa média anual de 1,7%, entre 2011 e 2014 o ritmo caiu para 1%. O IDHM é um número que varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano de um país, estado, município ou região metropolitana. Entre 2011 e 2014, o IDHM brasileiro passou de 0,738 para 0,761, se mantendo dentro de uma classificação considerada alta, numa escala que vai de muito baixo (0 a 0,499) a muito alto (a partir de 0,800). O trabalho é fruto de uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro (FJP).

Roberto Freire toma posse como ministro da Cultura nesta quarta-feira

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), toma posse no cargo de ministro da Cultura nesta quarta-feira (23). A cerimônia será às 12h, no Salão Leste do Palácio do Planalto. Os detalhes foram definidos nesta segunda-feira durante encontro de Freire com o presidente Michel Temer.

Desde que foi convidado pelo presidente Michel Temer para assumir o MinC (Ministério da Cultura) com a demissão do ex-ministro Marcelo Calero, na última sexta-feira, Freire vem reiterando em entrevistas à imprensa que sua gestão à frente da pasta será de continuidade e reformista, 
principalmente em relação a Lei Roaunet, alvo de CPI na Câmara dos Deputados

O novo ministro é favorável a política de incentivo cultural, mas defende a reformulação da Lei.

Rubens Bueno diz que Freire será peça fundamental no governo Temer

O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), destacou nesta terça-feira que a nomeação do presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP), para o cargo de ministro da Cultura é um grande reforço para o governo de Michel Temer. A indicação de Freire foi publicada hoje no Diário Oficial da União e a cerimônia de posse acontece nesta quarta-feira, às 12 horas, no Salão Leste do Palácio do Planalto.

“Uma figura pública como Roberto Freire, respeitado e admirado no mundo cultural, só engrandece o atual governo. Neste momento de grandes dificuldades políticas, ele passa a ser peça fundamental”, destacou Rubens Bueno.

Desde que foi convidado pelo presidente Michel Temer para assumir Ministério da Cultura com a demissão do ex-ministro Marcelo Calero, na última sexta-feira, Freire vem reiterando em entrevistas à imprensa que sua gestão à frente da pasta será de continuidade e reformista, principalmente em relação a Lei Roaunet, alvo de CPI na Câmara dos Deputados

O novo ministro é favorável a política de incentivo cultural, mas defende a reformulação da Lei.

O Conselhão de Temer - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• O Palácio do Planalto precisa mudar o padrão das relações do governo com os grandes interesses privados

No domingo à noite, o publicitário Nizan Guanaes se reuniu com um grupo de jornalistas para trocar ideias sobre a situação do país e sentir o clima político de Brasília. Para bom entendedor, não queria chegar de paraquedas na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do presidente Michel Temer. Como sempre acontece nesse tipo de conversa, foi uma catarse coletiva em que se falou de quase tudo. Mas se chegou à conclusão de que ninguém sabe o que vai acontecer no próximo ano. Nizan dizia que empresários e executivos com quem conversa, para investir, querem exatamente o contrário: previsibilidade. Ele próprio organiza um fundo de investimento que depende apenas disso para decolar.

Cuidado com a corda! - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

• Geddel fica e a economia patina, mas Temer não pode esticar a corda

O que é pior para o governo Michel Temer, a crise Geddel Vieira Lima ou a revisão do PIB para baixo em 2016 e 2017? A resposta é difícil, porque são duas más notícias muito importantes e com efeito direto sobre o humor da população. Temer, lembre-se, não é exatamente um campeão de popularidade.

O julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE e a delação premiada da Odebrecht já rondam o Planalto, tirando o sono de muita gente, e a opinião pública está focada em Lava Jato, nas prisões de implicados e na votação de hoje da Comissão Especial anticorrupção. Não dá para brincar com suspeitas de tráfico de influência, até porque Geddel não é um ministro qualquer. Foi um dos líderes do impeachment de Dilma e é do núcleo duro do governo.

Mal-estar na copa e cozinha do Planalto - Raymundo Costa

- Valor Econômico

• Governo não deveria perder de vista a sua razão de ser

Premissa do impeachment, o desafio do presidente Michel Temer é fazer a travessia para 2018 e entregar o país ao sucessor com as bases minimamente assentadas para a retomada do desenvolvimento. Para tanto precisa fazer ao menos as mudanças na legislação trabalhista, aprovar a PEC do teto de gastos e a reforma da Previdência Social. É difícil, costumam dizer os ministros políticos do governo, mas o fato é que não há divergências incontornáveis sobre o conteúdo dessa agenda, tanto no governo quanto na base aliada no Congresso, estimada em 415 deputados. O governo é que pode se complicar, se perder a bússola e fechar-se para o que acontece do lado de fora dos palácios e do círculo dos mais chegados.

Riqueza suspeita - Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

O pacote de leis anticorrupção conhecido como "dez medidas" melhorou depois que o deputado Onyx Lorenzoni retirou os exageros da proposta original. Se o substitutivo avançar na forma em que se encontra, não precisaremos mais temer restrições ao habeas corpus nem a validação de provas ilícitas, o que é uma boa notícia.

O projeto traz, porém, uma série de inovações jurídicas sobre as quais ainda nutro dúvidas sinceras. Uma delas é a criminalização do enriquecimento ilícito de servidores públicos. Meu primeiro impulso foi o de apoiar a medida. Um funcionário do Estado, afinal, deve ser capaz de oferecer explicações plausíveis para a origem de seus bens. Mas, depois de refletir mais sobre o assunto, estou me inclinando a opor-me à proposta.

A economia patina - Míriam Leitão

- O Globo

A economia patina, e o governo bate cabeça. Houve uma piora recente das expectativas e dos indicadores, depois da ligeira melhora na economia após a definição do impeachment. Em um primeiro momento, o que foi dominante foi a sensação de alívio com o fim do longo impasse político e isso se refletiu nos índices de confiança. No segundo, entraram na análise as muitas dificuldades do governo Temer e a fraqueza da atividade econômica.

A economia parou de piorar por um tempo, mas o que parecia ser um período de estabilidade se transformou em um novo ciclo de queda. Os últimos indicadores do comércio, da indústria e dos serviços foram muito fracos, e a alta recente do dólar deixou o Banco Central com uma margem menor para cortar os juros. As apostas que antes eram de redução de meio ponto na Selic agora são de uma queda de 0,25 no final do mês. Ao governo, só resta focar no ajuste fiscal.

Desigualdade versus pobreza - José Márcio Camargo

- O Estado de S. Paulo

Após uma campanha atípica, Donald Trump venceu a eleição presidencial nos Estados Unidos. A vitória surpreendeu os analistas. Existia uma quase unanimidade de que a candidata do Partido Democrata, cuja campanha se concentrou em denunciar as características negativas do candidato republicano (sexismo, machismo, xenofobia, misoginia, sonegador de impostos, etc.), dando pouca ênfase às suas próprias propostas, sairia vencedora. Ao mesmo tempo, a grande mídia adotou uma postura claramente favorável à candidata democrata. Entretanto, a vitória do Partido Republicano foi total. O que aconteceu?

Presente - Nizan Guanaes

- Folha de S. Paulo

Participei nesta segunda (21) de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (o Conselhão) como representante da propaganda brasileira –um setor vital no qual cada R$ 1 investido gera R$ 10 para o conjunto da economia.

A contribuição da propaganda para a construção da sociedade brasileira é imensa. Muitos empresários que estão no Conselhão tiveram seus negócios erguidos com a ajuda indispensável da propaganda na formação de marcas e mercados.

Foi isto o que fui dizer ontem na reunião em Brasília: presente.

Este governo, e qualquer outro governo, atravessa um grande desafio de comunicação.

Complementar o ajuste - José Paulo Kupfer

- O Estado de S. Paulo

• Desmontar parte das renúncias fiscais é um caminho auxiliar no reequilíbrio das contas públicas

Está marcada para hoje reunião dos governadores estaduais com representantes do governo federal, representado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para a busca de respostas emergenciais a problemas tão agudos quanto a falta de recursos para honrar a folha de salários de servidores e aposentados. Ainda que a esta altura a definição de um alívio imediato para as contas públicas dos Estados seja inevitável, os conflitos decorrentes do colapso das finanças estaduais, dos quais o caso do Rio de Janeiro é apenas o exemplo mais premente e dramático, reafirmam a urgência de uma solução estrutural para os desequilíbrios fiscais existentes.

Segredos de Nelma – José Casado

- O Globo

• Foi a pessoa mais influente no governo do Rio nos últimos anos. No Palácio Guanabara nunca houve uma mulher clandestina e poderosa como ela

Atendia no 21-9972-33315. Raríssimos sabiam quem era. Atravessou a última década no circuito Leblon-Laranjeiras, Zona Sul do Rio. Criou uma rotina de clandestinidade no Palácio Guanabara e uma rota de fuga para o Galeão, que usava para escapadas privadas a Paris, na companhia de amigos-patrocinadores.

Nelma, Nelma de Sá Saraca — era a identidade por trás daquele número telefônico. Foi a pessoa mais influente no Rio nos últimos anos, com poder real sobre as decisões do governo estadual. Usou e abusou da capacidade de influir na política e nos negócios, desde janeiro de 2007, quando o governador Sérgio Cabral assinou seus primeiros decretos.

O homem-bomba americano - Arnaldo Jabor

- O Globo

Quando o Trump foi eleito, fiquei doente. Juro. Só conseguia pensar nele. Como é que um sujeito tão repulsivo foi eleito presidente? A explicação talvez esteja na aparência horrenda de seus seguidores. É impressionante a estupidez estampada nas caras, a feiura do rancor, da ignorância e da obtusa fé, são assustadores os esgares malignos dos primeiros assessores contratados por essa caricatura que vai mandar em um novo mundo velho, um mundo que volta a celebrar todas as doenças que a inteligência, a ciência e a cultura política conseguiram debelar. O horror do totalitarismo é que sua prática corrói os sentimentos críticos e, aos poucos, vamos nos acostumando ao atraso que voltou. Com as consciências massificadas, é difícil reverter o horror e voltar à democracia. A liberdade se esvai e esquecemo-la. Neste tempo em que a barbárie toma o poder, os Estados Unidos eram o único porto, a grande exceção segura para a democracia que constituíram há 240 anos. Agora, dançou.

Entramos na fase das humilhantes racionalizações tipo: “Ahh... Vai ver ele é legal... Ahhh... Tudo bem, ele vai ter de se submeter às regras e aos rituais do cargo”. O problema é que ele não vai. Ele é louco, não vai se curvar a nada. Ele mesmo declarou : “Adoro ser imprevisível...”

Necessário equilíbrio – Editorial /O Estado de S. Paulo

Hoje, o parecer do relator, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), ao Projeto de Lei (PL) 4.850/2016 – que reúne as medidas anticorrupção propostas pelo Ministério Público Federal (MPF) – deve ser votado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Trata-se de assunto da máxima importância, que interfere no equilíbrio da legislação penal.

Não restam dúvidas sobre a necessidade de melhorar a legislação anticorrupção. Há tempos o País convive com um alto grau de impunidade, absolutamente incompatível com a civilidade institucional e social que a população brasileira almeja. É, nesse sentido, muito oportuna a iniciativa do MPF de propor ao Congresso as “Dez Medidas Anticorrupção”.

Atenção redobrada – Editorial/Folha de S. Paulo

Vive-se "um susto a cada esquina", disse um dos responsáveis pela Operação Lava Jato, o procurador Deltan Dallagnol, em entrevista à "TV Folha" na quinta-feira (17). Ele se referia às notícias de que, na Câmara e no Senado, multiplica-se o esforço para diminuir o alcance dos instrumentos legais de combate à corrupção.

Com efeito, duas manobras cujo resultado seria determinar uma anistia oculta a envolvidos em irregularidades já foram barradas na undécima hora.

A primeira, que se acreditava capaz de anular os processos em curso sobre uso de caixa dois nas campanhas eleitorais, a custo foi contida quando a Câmara, em sessão excepcionalmente realizada numa noite de segunda-feira, preparava-se para o voto em plenário.

Gravidade da crise fiscal não é explicada pela corrupção – Editorial /O Globo

• A coincidência da derrocada financeira do Rio de Janeiro com a prisão de Cabral e associados leva à ideia equivocada de que o combate aos corruptos resolve os problemas

Termo usado para designar uma conjunção de fatores cujo desfecho é catastrófico, “tempestade perfeita” entrou nas análises sobre a conjuntura econômica nacional a partir de 2013, quando as perspectivas internas se deterioravam e aumentavam as expectativas no mundo de uma elevação dos juros nos Estados Unidos. Inflação interna, recessão e consequente desemprego seriam turbinados por uma acelerada desvalorização do real, promovida pela corrida de divisas de mercados como o brasileiro em busca de juros menos baixos nos EUA. Em alguma proporção, a tempestade ocorreu.

Educação ainda é grande barreira à mobilidade social – Editorial/Valor Econômico

No momento em que o governo discute um limite para os gastos públicos, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga novos dados que ajudam compor o quadro das dificuldades na área de educação. O suplemento "Mobilidade Sócio-ocupacional da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios" (Pnad 2014), realizado em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS), mostra a influência da formação dos pais no progresso educacional e profissional dos filhos e a necessidade de se implementar políticas públicas adequadas para compensar essas forças ainda hoje determinantes da desigualdade.

Houve algum progresso nos últimos anos, que ajudou a reduzir a desigualdade. Segundo o IBGE, 47,4% das pessoas com mais de 25 anos atingiram um nível de instrução superior ao do pai e 51,4% ao da mãe. Mas os dados também revelam que persistem as dificuldades de progredir nos estudos para aqueles que nascem em famílias menos instruídas. Entre aqueles cujos pais não tinham instrução, 63,6% se mantiveram no mesmo nível ou conseguiram apenas começar o ensino fundamental, sem chegar à conclusão. Apenas 4% dos filhos de pais analfabetos completaram o ensino superior, o equivalente a um milhão de pessoas. Já dos que têm pais com ensino superior, 69,1% completaram o curso universitário.

Eu escrevi um poema triste - Mario Quintana

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Elis Regina - Atrás da porta